História Apartment 23. - Jogo do amor.

Certo, para ser sincero, não sou bom em paquerar. Meu ex noivo e eu estávamos juntos desde o colégio, então, nunca tive muita experiência. Minha amiga diz que eu devia ver isso como um jogo. Nunca entendi muito bem o que ela quis dizer, mas tento levar tudo para o lado em que eu tenho um controle em mãos e posso fazer o que quiser.

Isso é muito diferente da realidade.

Tinha esse cara, ele não era como Oliver e muito menos como Kyong. E na mente de Jimin, isso era muito bom, já que eu tenho que lidar com as várias personalidades que encontrei e futuramente aquilo poderia me ajudar em algum trabalho em Wall Street. Com um nó na minha cabeça, concordei com ele e segui para o meu quarto.

O nome dele é Thomas, mas eu o chamo de Tom, por pedido dele, explicou que está mais acostumado com as pessoas o chamando de Tom do que de Thomas. Eu concordei, salvei seu número como Tom e voltei para a mesa onde passei o resto da noite com Jimin.

Na manhã seguinte, J-Hope e Suga me acordam aos gritos, perguntando o porque de eu não ter feito o café da manhã ainda. Mas meus olhos se recusavam a abrir, meu corpo se recusava a se movimentar e a minha cama parecia mais gostosa naquele momento. E então, depois de alguns longos minutos, eles saíram do meu quarto, antes me xingando - claro -, bateram a porta e eu caí da cama, com o susto que levei com o baque.

Nos dias que se passaram eu sai com Tom apenas uma vez, e nessa única vez, aconteceu a segunda maior merda que poderia ter me acontecido na cidade que nunca dorme.

Enquanto Tom ia pegar uma bebida para mim, me virei para Jimin que estava um pouco distante de nós e o chamei com a mão.

- O que foi? - Perguntou, com a voz um pouco lenta.

- Eu acho que estou me dando bem com ele. - Sorri.

- Que ótimo, Tae. - Jimin acariciou meu rosto e riu. - Vai arrumar esse cabelo rosa, 'tá descabelado.

Entrei no banheiro rapidamente, me olhando no espelho e arrumando o descabelado que Jimin tinha visto ali. Passei uma água no rosto e respirei fundo, antes de sair do banheiro, indo até Tom sentado no bar.

- Oi, eu fui ao banheiro. - Sentei ao seu lado, bebendo um gole da bebida que julguei ser minha. - Desculpa não avisar...

- Tudo bem. - Ele sorriu.

- Ahn... eu sei que nós acabamos de nos conhecer, mas, gostei muito da sua companhia e a conversa entre a gente flui... - mordi o lábio, olhando para o cubo de gelo em meu copo. - Queria saber se você não topa sair mais uma vez comigo.

- Que estranho. - Tom riu, balançando o copo. - Um menino acabou de me chamar para sair. - Apontou com o queixo para uma pessoa sentada um pouco atrás de mim e eu me virei.

E, se pudesse voltar no tempo, deveria ter escolhido ficar quieto na minha e aceitar que Tom era um cara atraente e chamava atenção de todos.

- Jimin? - Perguntei, olhando meu rommate claramente bêbado sentado em uma mesa com vários travestis e caras sexualmente frustrados. - Como assim Jimin te chamou para sair?

- Você... você conhece ele? - Voltei a mirar Tom, ele tinha um sorriso idiota nos lábios como se tivesse se divertindo com aquilo.

- Conheço! - Revirei os olhos, pegando o copo e bebendo o resto da bebida em um gole. - Jimin mora comigo e é um idiota filho da puta.

- Ahn, ele parece estar um pouco bêbado demais... - A careta de Tom me fez pensar que Jimin estivesse dançando em cima da mesa enquanto tirava a blusa e pedia para que passassem a mão em seu abdômen. Mas quando voltei a olhar Jimin, vi que era totalmente o contrário. Na verdade, um contrário que eu nunca imaginaria acontecer.

Jimin estava desmaiado no chão, tinha um cara entre as suas pernas, fazendo movimentos de penetração e gemendo alto para todos ouvirem, como se aquilo desse qualquer tipo de prazer. Levantei e fui correndo até o corpo caído de Jimin, empurrando o cara babaca para o lado e dando um chute em sua barriga.

- Isso é pra você nunca mais se aproveitar do meu amigo. - Peguei a bebida mais próxima que vi e joguei em seu rosto. - Idiota.

- Está tudo bem? - Ouvi Tom perguntar e sem olhá-lo, balancei a cabeça afirmando. - Quer ajuda com ele?

- Não precisa. - Levantei Jimin facilmente, o colocando deitado em meu ombro. Até que ele não era tão pesado assim quanto aparentava ser.

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- Jogo do amor? - Perguntei, arqueando as sobrancelhas. Aquela ideia era a coisa mais absurda que J-Hope poderia ter inventado.

- Sim! - Ele sorriu, pegando alguns papéis com Jin. - Você e Jimin querem o mesmo cara, mas nunca vão conseguir resolver entre vocês dois. Então, a única saída é um jogo.

- Uh, gostei dessa. - disse Jungkook, jogando alguns amendoins em sua boca.

- E como vai ser esse jogo? - Jimin estava sentado do meu lado no sofá, sorria minimamente porque ele sabia que ia ganhar fácil.

- Cinco encontros para cada. - Jin mostrou o primeiro papel e o colocou sobre a mesa.

- Cinco? - Eu e Jimin perguntarmos em uníssono.

- Eu nunca passei de cinco encontros. - Sorri com o comentário de meu rommate e decidi ficar quieto. Jimin poderia ser legal, gostoso, bonito e engraçado, mas Taehyung já tinha passado de cinco encontros e estava confiante de que iria ganhar aquela.

- Sem sexo, a não ser que seja depois do quinto encontro e ele avance. - J-Hope colocou mais um papel sobre a mesa e eu peguei.

- "Regra dois. Sexo apenas no quinto encontro." - Dei de ombros. - Jimin vai quebrar essa regra.

- E o que acontece? - Jimin puxou o papel da minha mão e leu o resto. - "Ao quebrar a regra número dois, o seu adversário poderá interferir em um de seus encontros, usando a carta "Reverte"." - Ele me olhou como se tivesse acabado de ver um fantasma e começou a rir. - Que patético.

- Posso participar? - Jungkook levantou de seu banquinho e sentou entre eu e Jimin. - Eu não quero o Tom mas, quero ficar perto do Jimin...

- Claro, claro! - J-Hope se animou. - Será ótimo! Mais um competidor.

- Agora vocês vão escrever aqui - Jin deu uma folha em branco para cada. - O encontro perfeito para vocês, e deixem em cima da mesa.

- Espera - Jimin levantou as mãos, piscando algumas vezes. - São apenas duas regras?

- Sim. - J-Hope respondeu dando de ombros.

- Cinco encontros e sem sexo antes disso... - eu sabia o que Jimin estava pensando ao ver um sorriso malicioso brotando em seus lábios. - Dá pra sobreviver. - deu de ombros, pegando uma caneta e a deslizando pela folha branca.

Enquanto Jungkook questionava para si mesmo qual era seu encontro perfeito, o papel rabiscado em minhas pernas indicava que eu não tinha muitos problemas em decidir qual seria meu encontro perfeito.

- Coloquem os papéis virados em cima da mesa, por favor. - Disse J-Hope, com uma pose de apresentador de reality show.

- Agora... - Jin embaralhou os papéis e eu já não sabia qual era o meu e qual era os dos meus adversários. - Peguem um e por favor, leiam em voz alta.

Jimin e Jungkook pegaram uma folha rapidamente e as leram. Soltando risadas baixas.

- Uh, piquenique na praia olhando o pôr do sol. - Arregalei os olhos ao ouvir a voz risonha de Jimin. Aquele era o meu encontro perfeito.

- Boate de stripp. - Disse Jungkook. - Espera, eu não quero me encontrar com o Tom.

- Caminhada na floresta. - Senti meu estômago revirar. Eu odiava florestas. Mosquitos. Bichos estranhos. - Eu não quero fazer caminhada na floresta.

- Prefere boate de stripp? - Jin deu um sorrisinho provocativo e eu o mandei ir a merda.

- Okay! - J-Hope trocou o meu papel com o de Jungkook. - Pronto. Como a floresta é o encontro preferido de Jungkook, só Tae e Jimin trocam.

- Como você sabia que a floresta era do Jungkook? - Jimin arqueou as sobrancelhas.

- Não é óbvio? - Comentei baixo, lendo o encontro perfeito de Jimin dez vezes seguidas. Sem acreditar que meu segundo encontro com Tom seria em uma boate. Com pessoas peladas dançando.

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- Não sabia que você curtia esse tipo de lugar. - Tom disse por cima da música alta, me fazendo dar um sorriso amarelo.

- Eu também não sabia. - Comentei baixo, olhando para o homem em cima do palco.

- Vai jogar algum dinheiro?

- E tem que jogar?

- Pensei que você viesse aqui todos os dias... - Tom soltou um risinho e eu o olhei, percebendo que ele estava um pouco perto demais.

- Não venho. - Sorri, analisando seu rosto fino. - Mas quis fazer algo diferente.

- Me surpreendeu. - Tom se aproximou de mim, alternando o olhar entre meus olhos e a minha boca.

Os segundos seguintes passaram em câmera lenta, como em um filme onde a mocinha e o seu amor se beijam pela primeira vez. Eu agarrei o pescoço de Tom, feito um desesperado, mas era apenas para impedir ele de se afastar. Ele continuava sorrindo, o que me deixava mais nervoso com tudo que estava acontecendo. A música alta, homens semi-nus dançando no palco, cheiro de bebida e cigarro, pessoas esbarrando em nossas pernas. O lugar era uma merda mas era exatamente o que Jimin imaginaria para o seu primeiro encontro. E isso me fez lembrar que amanhã, Jimin sairia com Tom para uma praia, talvez ele achasse mais interessante do que essa boate e queira ficar com o meu lindo rommate ruivo. Eu me importava. Até porque, Tom tinha despertado algo bom em mim. Ele parecia ser tão responsável, carinhoso e atencioso. Além de ser lindo e bem humorado. Mas tudo que eu pensava, sumiu quando a boca rosada do homem a minha frente encostou timidamente na minha, como se o toque o deixasse apavorado e ele não quisesse aprofundar.

Ele se afastou. Cedo demais, sem necessidade e me deixando com uma cara de peixe morto.

- 'Tá tudo bem? - Perguntei após perceber que ele não tinha nenhuma reação. Nenhum sorriso, uma desviada de olhar. Apenas me olhava, sério.

- 'Tá sim. - Deu de ombros, me deixando mais confuso que antes.

No final da noite, quando paramos em frente ao meu prédio, Tom ainda estava estranho, e às vezes parecia que ele evitava me encarar. Mas eu não conseguia calar a boca, falei o tempo todo sobre a tal boate, onde me obrigaram a subir no palco, tirar a blusa e dançar no meio de dois homens enorms que me alisavam. Bom, foi naquele momento que eu entendi porque o Jimin gostava daquele lugar.

- Eu gostei da experiência de ter um encontro em uma boate de stripp. - Tom riu, segurando uma das minhas mãos. - Desculpa por ter ficado estranho do nada.

- Tudo bem. - Sorri, olhando sua mão entrelaçada com a minha. - Foi bom de qualquer forma.

- Você dança bem.

- Obrigado. - O olhei. - Fiquei um pouco assustado mas acabei me acostumando...

- Nos vemos outro dia? - Tom soltou minha mão, e aproximou seu rosto do meu.

- Uhum. - Balancei a cabeça, prestando atenção em cada um de seus movimentos.

Lentos, delicados e atenciosos. Ele prestava atenção em cada coisinha, como se quisesse gravar tudo em sua mente, e ao perceber isso, meu sorriso cresceu automaticamente, e eu sabia que estava parecendo um idiota. Tom riu baixo antes de grudar seus lábios nos meus novamente, iniciando um beijo devagar mas necessitado. Suas mãos se alternavam entre a minha cintura e o meu quadril, parecia indeciso, mas mesmo assim eu estava adorando porque suas carícias faziam meu corpo tremer. Puxei o cabelo de sua nuca devagar e ele suspirou entre o beijo, apertando minha cintura.

O beijo foi sendo quebrado aos poucos, passaram a ser selinhos molhados, sorrisos sinceros e carícias gostosas. Tom fazia tudo com um brilho no olhar, e eu sabia que estava do mesmo jeito.

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- Tae. - Ouvi J-Hope me chamar e me virei. - 'Tá tudo bem?

Estranhei a pergunta, mas mesmo assim balancei minha cabeça para afirmar que não estava tão mal. Hoje era o dia em que o Jimin iria ter o meu encontro perfeito com Tom, e tinha saído daqui com uma cesta de piquenique enorme, detalhe que não tinha nenhum tipo de comida lá dentro, só bebida. Mas pra minha sorte, Jin tinha ido com ele para garantir que Jimin não avançaria.

- Quer fazer alguma coisa? - Peguei as revistas em cima da mesa de jantar e balancei. J-Hope apenas riu. - Estou falando sério!

- Okay. O que tem para ver nessas revistas? - Ele se jogou do meu lado no sofá e pegou duas revistas. - Olha, tem uma matéria falando sobre a minha participação no Dancing With Stars.

- Eu li. - Abri a revista que estava sem seu colo. - Está falando que você pode ser um dos finalistas porque tem um bom gingado.

Passamos o resto da tarde bebendo as vodkas escondidas do Jimin e lendo matérias sem sentido das vinte revistas que achei pela casa. J-Hope já estava um pouco zonzo, falando coisas idiotas e se jogando no chão, falando que estava sentindo que o mesmo estava derretendo e se abrindo em uma cratera. Eu só sabia rir, imaginando que poderia pegar meu celular pra filmar e mandar para Jimin, eu também estava me divertindo.

Até um certo ponto em que eu fiquei assustado, J-Hope - de repente - parou de se mexer no chão, disse que estava sentindo vontade de fazer isso a muito tempo. Eu fiquei um tempo encarando seu rosto pálido, seus olhos vermelhos e a boca rosa.

- Desculpa, okay? - Ele se aproximou de mim e meus olhos se arregalaram um pouco.

Não sei se foi o efeito da vodka ou a vontade de realmente fazer aquilo, mas quando percebi o que estava acontecendo, eu estava sentado no colo do J-Hope, as mãos dele passeando pelas laterais do meu corpo e pequenos suspiros saíam da minha boca. Abracei o pescoço de J-Hope, descendo beijos pelo seu maxilar.

- Tae... - ele deslizou as mãos para as minhas coxas, apertando devagar.

- Huh? - Desci minhas mãos até a barra de sua camisa, descendo leve mordidas pelo seu pescoço.

- Tae. - A voz dele engrossou e eu o olhei, um pouco assustado. - Você não quer isso.

- Eu quero sim. - Balancei minha cabeça, mordendo o lábio. Na verdade, eu não sabia exatamente o que eu queria naquele momento, mas estava precisando - com certeza - de uns amassos, mãos passando pelo meu corpo e me fazendo não pensar em nada, além do prazer que eu por inteiro estava precisando.

- Tae, por favor... - levantei do seu colo, sem nem pensar antes de agir. J-Hope me olhou um pouco decepcionado, mas não pediu para que eu voltasse, e talvez uma decepção tenha surgido em mim também.