História Apartment 23. - Jogo do amor. (Bônus)

Jimin não fazia ideia do que se levava para um piquenique, e também não fazia ideia de que as pessoas podiam fazer piquenique na praia. Um lugar tão ruim de tantas formas... Jimin realmente nunca ia entender como as pessoas conseguiam relaxar em um lugar onde tem areia que se intromete em todos os cantos, mar sujo e um cheiro horrível de maresia. Era definitivamente o fim. Mas Jimin não ia desistir, ele iria ter aquele piquenique com Tom e quando eles estivessem bêbados o bastante, diria simplesmente que Thomas tinha o atacado, mesmo sabendo que tinha sido totalmente ao contrário. Mas Jimin pouco se importava com isso, como pouco se importava com o fato de que estaria mentindo e impedindo Tae de tentar algo com Tom. Pensando bem, era aquilo mesmo que ele queria. Tae tinha que tirar a ideia de arrumar um homem para casar da cabeça, era tão clichê quanto um beijo na chuva, e Jimin odiava coisas clichês assim como odiava vodka barata e Jin.

Tom estava sentado um pouco próximo ao mar, as pernas dobradas e o peso de seu corpo apoiado nos braços, observava o mar como se nada em volta lhe importasse mais. E talvez fosse isso mesmo. Sua mente vagava entre Tae e seu encontro na boate e a escolha de Jimin, de se encontrarem em uma praia, fim de tarde. Era estranho como ambas situações, não faziam sentido. Tae era o garoto que deveria estar fazendo o piquenique com Tom e não Jimin. Jimin se parecia mais com caras tirando a roupa em cima do palco ao som de Lady Gaga e Tae se parecia com praia, fim de tarde e maresia. Por fim, Tom desistiu de tentar entender o que estava acontecendo. Talvez tenha se enganado com os garotos e Jimin seja uma pessoa calma. Ou quase calma. Na verdade, Tom percebeu que Jimin não era nem um pouco calmo ao seu grito invadir o silêncio da praia. Um grito fino, como se tivesse visto alguma coisa assustadora ou encontrado uma blusa linda em promoção, mas na verdade ele tinha apenas encontrado um Tom sem blusa, concentrado no mar.

- Eu trouxe algo para comermos! - Colocou a cesta entre os dois, o sorriso aumentando ao levantar a tampa da cesta.

- Você trouxe cinco garrafas de vodka, por que vamos beber? - Tom deslizou a ponta do dedo por uma garrafa, sentindo o gelo contra a sua pele.

- Eu vou beber, se você quiser pode ir ali no quiosque comprar algo. - Jimin puxou uma garrafa e logo a abriu, tomando um gole. - Meu corpo sentiu falta disso e faz só dez minutos que eu bebi.

- Você é estranho. - Tom cerrou os olhos, analisando Jimin. - Primeiro, marca um encontro na praia. Segundo, não traz comida para um piquenique e terceiro, vai beber todas as vodkas sozinho.

Jimin deixou a garrafa de lado e olhou para Tom, com a testa levemente franzida em pura confusão. Se tornara estranho por causa daquelas pequenas coisas? Apostava que metade da população do mundo não sabia que precisava levar comida para um piquenique e ele apoiaria cada uma dessas pessoas. Afinal, não era melhor comprar tudo na hora? Levar comida de casa, em uma cesta era a coisa mais brega que Jimin tinha visto depois do pijama de bolinhas do Tae.

- 'Tá okay? - Tom perguntou ao perceber o olhar do ruivo em si. - Eu posso ir comprar alguma co- - Sua fala foi cortada pela boca de Jimin sendo pressionada contra a sua desesperadamente e pelo susto, Tom acabou caindo contra o pano vermelho, trazendo o outro para cima dele.

Jimin queria que aquilo acabasse logo, estava cansado do jogo do amor e das regras idiotas de J-Hope. Como assim sexo só depois do quinto encontro? Cinco minutos ouvindo a voz do Tom falandos coisas idiotas ao em vez de gemer o nome de Jimin, o tinha deixado entediado e com vontade de beijá-lo.

- Jimin! - Tom o empurrou para o lado, se sentando e limpando a boca com as costas da mão. - O que houve?

- Cansei de ouvir você falando. - Levantou as mãos em forma de redenção. - Não sei para que fui aceitar esse jogo.

- Que jogo?

- Jogo?

- Você disse jogo. - Tom apontou para o menino deitado e riu baixo da expressão confusa de Jimin.

- Ah! - O ruivo se sentou, cruzando as pernas. - Eu, Tae e o Jeon estamos em um jogo... você é o prêmio.

Tom piscou algumas vezes, tentando assimilar as palavras de Jimin.

- A bebida fez efeito mais cedo?

- Não está acreditando? - Jimin puxou o celular do bolso, colocando em suas mensagens de voz. - Escuta.

- "Jimin, não esqueça que seu encontro hoje é na praia e mesmo que não goste da escolha do Tae de esse ser o local, lembra que é um jogo." - A mensagem se encerrou com J-Hope dizendo boa sorte e se despedindo.

- Espera... - Tom passou as mãos pelo rosto, tentando raciocinar. - Está me dizendo que tudo isso é um jogo e... eu sou o prêmio?

- Você é lerdo assim mesmo ou só se faz? - Jimim guardou o celular, olhando para a garrafa de vodka. - Na verdade, só quero você porque o Tae quer... se não fosse isso, eu estaria em casa e não aqui.

- Vocês são dois loucos! - Tom levantou, juntando suas coisas. - Meu Deus, onde eu estava com a cabeça quando sai da casa da minha vó? - Jimin soltou um riso baixo e o homem em pé lhe encarou. - Do que está rindo?

- Você tem o que? - O ruivo analisou Tom de cima a baixo. - Vinte e sete anos?

- Na verdade, são vinte e cinco. Além de louco, quer dar uma de adivinha?

- Quero falar que você ainda morava com a vovó...

- O que tem? Ela é legal, joga dominó comigo e não me coloca como prêmio em um jogo.

- Você é virgem? - Jimin arqueou as sobrancelhas. - Aposto que perdeu o BV com o Tae!

- Jimin? - A voz conhecida atingiu Jimin como um soco. Aquilo definitivamente não podia estar acontecendo. - O que faz aqui com esse cara?

- Ele estava comigo. - Tom vestiu o casaco, olhando para Daniel. - Esse menino é um idiota, ele e aquele amigo dele.

- Veja lá como fala com o meu marido. - Daniel levantou o dedo, quase enfiando o mesmo no rosto assustado de Tom.

- Marido?! - O grito de Tom ecoou pela praia e Jimin sorriu amarelo. - Eu não quero ver você e Tae nunca mais! Nem pintados de prata!

- Não seria de ouro? - Jimin bebeu um gole da vodka.

- Que seja. - Tom balançou a mão e saiu correndo, murmurando alguns xingamentos.

- Ainda não me disse o que faz aqui. - Daniel abriu a cesta e pegou uma garrafa, a abrindo. - Um piquenique precisa de comida.

- Eu sei tá? - Jimin bufou. - Eu queria transar com o Tom mas sou meio impulsivo e acabei falando que ele fazia parte de um jogo.

- Querendo transar com qualquer um enquanto tem marido? Que ruim da sua parte, Jimin. - O ruivo levantou a cabeça, encarando o idiota parado um pouco atrás de si. Daniel olhava para o mar, com a garrafa de vodka na boca e a mão dentro do bolso, parecia ter um sorrisinho idiota sambando nos lábios. Ele sabia que aquela história atingia Jimin, porque apesar de tudo, ele ainda gostava de Daniel, só não tinha percebido isso ainda. Nenhum amor acaba de uma hora para outra e Jimin gostava do modo que Daniel levava o relacionamento, só tinha medo do que poderia acontecer quando ele descobrisse de J-Hope. Por isso, o melhor foi terminar a força e fugir da maldita mansão de Daniel em Seattle, voltar para Nova York e conseguir comprar o apartamento 23, onde estava muito feliz, obrigado.

- Você tem que assinar os papéis do divórcio. - Disse, assim que uma ideia lhe atingiu em cheio.

- E o que ganho com isso?

- Tae me pediu em casamento e se você não assinar, não vou conseguir me casar com o cara que gosto. - Jimin sorriu cínico ao ver a surpresa de Daniel. - E você ganha... nada.

- Você e Tae vão casar? - Daniel riu curto e nasalado. - Parece até piada. Tae não é para você Jimin... quer dizer, você não é para ele.

- Ah, é? - Jimin levantou, parando em frente ao homem. - Pois eu vou provar como eu e Tae somos um casal melhor do que eu e você éramos.

- Um jantar...

- Não estou com fome.

- Você e Tae, vão jantar na minha casa. E se recusar, os papéis do divórcio só vão ser assinados quando eu quiser. - Daniel sorriu orgulhoso, passando a ponta do dedo pelo rosto de Jimin, o vendo se arrepiar pelo contato. Era bom saber que ainda tinha algum tipo de poder no menino.

- Você não vai acreditar que somos um casal. - Jimin estapeou a mão do homem, bufando.

- Então, você passa um mês comigo. - Daniel sussurrou próximo ao rosto de Jimin.