História Apartment 23. - Namjoon, nosso herói.

Empurrei a porta com o quadril enquanto tentava equilibrar as três caixas em meus braços e entrei na cafeteria, tentando achar o balcão com a ponta dos pés. Quando achei, tratei de jogar as caixas em cima do mesmo, soltando um suspiro de alívio.

- Namjoon, eu acho que todas as caixas estão aqui. - Limpei minhas mãos na calça jeans e olhei em volta, procurando por alguém. - Namjoon? Eli?

- Oi! - Namjoon saiu do banheiro segurando um desentupidor e meio rolo de papel higiênico. - Muito obrigado, Tae. Não estou tendo tempo nem para respirar...

- Digo o mesmo. - Peguei meu celular ao senti-lo vibrar no bolso da minha calça. Era uma mensagem de Jimin, falando que sentia minha falta. Soltei uma risada baixa, olhando rapidamente para Namjoon para ver se ele estava prestando atenção em mim e respondi, falando que também sentia sua falta.

- Como está sendo morar com Jin? - Namjoon pegou uma das caixas e a abriu, tirando as coisas de dentro. - Fiquei sabendo que Oliver visita você de vez em quando...

- Sim! - Me virei para o meu chefe, sorrindo. - Nós passamos a maior parte do tempo jogando vídeo game ou dublando os filmes...

- Tem perigo de voltarem?

- Tem perigo de você virar gay?

- Okay, você gosta mesmo do Jimin. - Ri com sua resposta e o ajudei a levar as caixas para a dispensa.

- Cadê a Eli? - Joguei a caixa no canto e a abri, tirando os pacotes de café e colocando nas prateleiras.

- 'Tá fugindo do assunto? - Namjoon puxou duas cadeiras, as colocando uma de frente para a outra. - Senta aí, Tae.

- Eu não queria fa-

- Cala boca. - Sentei na cadeira em frente a ele e encolhi as pernas, o encarando.

- Precisamos de dinheiro. - Falei, fechando os olhos ao lembrar como Jimin chorou quando Daniel o ligou. - Para o divórcio...

- Ainda essa história? - Suspirei, balançando minha cabeça. - Quanto precisam?

- Mil e quinhentos dólares.

- Eu pago.

- O que?! - Encarei Namjoon com os olhos arregalados e abri a boca, tentando pronunciar mais alguma palavra.

- Eu e Jennifer temos muito dinheiro... lembra da tia dela? Morreu um dia desses e ficamos com metade da bofunfa toda.

- Mil e quinhentos dólares, Namjoon! - Levantei da cadeira, me aproximando dele. - Mil e quinhentos dólares!

- Equivale a três dólares para a Jennifer. - Ele riu baixo, olhando para o chão.

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"Venha para a praia. AGORA!" Mandei a mensagem enquanto andava apressadamente pela areia molhada, apertando a pequena bolsa contra a minha barriga e olhando a cada segundo em volta, me certificando de que não estava sendo observado.

Eu devia minha vida a Namjoon ou talvez apenas mil e quinhentos dólares. Ele tinha me DADO aquele dinheiro sem nem ao menos questionar se era para o divórcio mesmo que eu iria usar, acho que meu amor por Jimin está tão escrito na minha testa que ninguém mais desconfia que eu só vivo para fazer bem a ele. 

- O que houve? - Jimin parou ao meu lado com os braços cruzados e eu o olhei assustado.

- Como você...

- Daniel e eu viemos para um restaurante aqui perto. - Virei o rosto para o outro lado e revirei meus olhos, tentando manter a calma.

- Tenho boas notícias. - Bati a bolsa contra o seu peito e ele gemeu baixo, a pegando. - Espero que ajude.

- O que é isso? - Jimin abriu o zíper da bolsa e olhou para dentro, logo vi um sorriso largo aparecer em seu rosto. - Céus, como você conseguiu isso?

- Namjoon, nosso herói... - o empurrei com o ombro e ri baixo. - Agora, por favor... se livra do Daniel, okay?

- Não é tão fácil assim. - Jimin fechou a bolsa e suspirou. - Digo, a papelada toda... e ainda ter que fazer isso tudo escondido de Daniel, é complicado.

- Podemos te ajudar. - Falei, pensando em Jungkook.

- Não quero você envolvido nisso. - Ele aproximou seu rosto do meu pescoço e depositou um beijo delicado, me fazendo sorrir. - Logo logo, estaremos juntos.

- Jimin... - parei em sua frente com os olhos apertados devido a claridade repentinha do sol que apareceu entre as nuvens. - Quando percebeu que gostava de mim?

- Quando te vi querendo sair com o Thomas.

- Tom.

- Que seja. - Ele riu baixo. - Fiquei furioso e quis separar vocês, de qualquer jeito.

- E sobre a farsa do casamento?

- Eu não estava fingindo. - Arqueei as sobrancelhas, sentindo meu ar ir embora.

- Quer dizer que...

- Fiz aquilo para que eu mesmo acreditasse que meu gostar era real e que Daniel abrisse os olhos para isso e superasse nosso casamento. - Ri de sua careta e o abracei pela cintura. - Quando percebi acho que foi um baque, sabe? Você é sempre tão bom com todo mundo e eu queria que você fosse bom só para mim.

- Ciumento? - Fiz bico e ele se inclinou para me dar um selinho.

- Com você? Demais. - Rimos juntos e eu apertei sua cintura. - Eu tenho que ir...

- Já?

- Daniel está me esperando e eu sei que ele desconfia que vim encontrar você... não posso deixar muito na cara. - Jimin me deu um selinho demorado, mais outro e mais outro até ter coragem de ir embora, escondendo a bolsa dentro de sua calça.

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- Você colocou cinco jogadores como zagueiros! - Oliver soltou uma risada histérica e eu dei um tapa em seu braço, falando que a culpa não era minha se eu tinha medo de levar gol.

- O que eu peço para jantar? - Jin sentou na poltrona com o telefone em mãos e um papelzinho. - Tenho o número da comida mexicana anotado.

- Comida mexicana? - Suga saiu da cozinha com uma garrafa em mãos e sentou entre eu e Oliver. - Não faz o meu forte...

- Podemos pedir três pizzas família, que tal? - Falei enquanto esperava Oliver ajeitar seu time. - Ótimo, o que é o Barcelona sem o Messi?

- Não preciso do Messi para vencer você, Tae. - Oliver jogou a almofada em mim e deu início a partida.

Um tempo mais tarde, Jin decidiu pedir duas pizzas grandes, comida mexicana e uma torta de limão, já que eu tinha uma mania chata de querer comer doce após comer algo salgado. Todos comeram em silêncio, apenas o barulho da TV era possível de se escutar naquele apartamento, junto com os murmúrios de Suga dizendo o quanto amava pizza portuguesa. Eu adorava quando Suga aparecia de surpresa e ainda trazia alguém com ele, tipo hoje, hoje ele trouxe Oliver e eu não o via a mais de uma semana... sinto falta de quando todos nós ficávamos juntos no apartamento e nem nos importávamos com a vizinhança reclamando do barulho. Éramos só nós e eu queria que permanecesse assim para sempre.

Normalmente, eu me sentia sozinho porque Jin era muito ocupado cuidando das coisas de J-Hope que estava em outro país. Suga passava o dia todo aqui e chegava a dormir no sofá, mas de madrugada ia embora porque lembrava do ensaio da banda que acontecia em sua casa, Oliver só dormiu uma única vez e depois de eu insistir muito, falando que já era tarde e as ruas ficam perigosas aquela hora. Jungkook nunca veio me visitar, diz Suga que ele acha que por causa de mim, Jimin estava passando por isso tudo, o que me deixava surpreso, Jungkook era inteligente, sabia tudo da vida do Jimin e ainda achava que aquilo era culpa minha? Ou ele realmente me odeia ou está cego. Mas eu deixava isso para lá, porque o meu maior problema no momento era: Daniel. Daniel e seu dinheiro infinito, Daniel e sua possessão por Jimin, Daniel e sua decisão de que não ia assinar os papéis do tão sonhado divórcio. Só de pensar em Daniel, meu sangue fervia e a minha vontade era de juntar todos os meus salários da cafeteria e pagar uma gangue para bater nele. Mas Jin dizia que o acontecimento iria tirar a magia das coisas, então deixo a ideia de lado e parto para o jeito mais prático e menos doloroso: pagar para o divórcio acontecer sem a assinatura do idiota ladrão de namorados. Sim, eu já chamava Jimin de namorado e falava aquilo alto também, todos sabiam que no final das contas, ele iria ficar comigo e iríamos ser o mais novo casal de Nova York, então chamá-lo de namorado era só um adiantamento do futuro, que parecia estar tão longe quanto meus pais.

Estava tão perdido em pensamentos que nem notei Oliver indo embora, Jin recolhendo a sujeirada toda e Suga subindo para dormir no quarto de hóspedes, eu estava sozinho na sala, acompanhado apenas do Homer Simpson que fazia seu porco-aranha andar pelo teto de sua casa. Levantei do sofá, indo até a cozinha e lavando minhas mãos ao som de Jin reclamando que eu sonhava demais acordado. Me desculpei o abraçando e agradecendo pela paciência, e subi para o meu quarto, cansado daquele dia idiota, que só me serviu para perceber que Jimin estava mais longe de mim do que nunca.

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Eu escutei meu nome sendo chamado uma, duas, três vezes antes de sentir algo se chocando contra a minha barriga repetidas vezes e a voz de Suga gritando que eu estava morto. Levantei meu braço sem saber o que queria pegar e agarrei a barra da blusa de Suga, puxando a mesma para baixo até ele cair no chão por pura desistência.

- Será possível que nem na minha folga eu tenho sossego? - Falei abafado devido ao travesseiro.

- Você tem visita. - Levantei meu pescoço, olhando Suga deitado no chão de pernas abertas. - Começa com J de Jimin.

Dei um pulo na cama e levantei, passando as mãos pelo cabelo, querendo pelo menos abaixar aquela coisa rosa que já estava ficando um pouco clara. Escovei meus dentes rapidamente e sai do quarto, com Suga ainda deitado no meu chão. Desci as escadas escorregando pelo corrimão e dando um pulo para o chão, olhando pela sala toda. Vi Jin sentado calmamente na mesa de jantar com uma xícara e um jornal em mãos, ele deu bom dia e apontou para a porta, me avisando para ter cuidado porque Jimin não estava sozinho. Logo imaginei Daniel parado ao seu lado, de braços cruzados e uma cara de nojo por não querer estar ali. Mas Jimin estava sozinho sentado na calçada, jogando pedrinhas para o meio da rua.

- Ei! - Apertei seus ombros e ele me olhou, sorrindo. - O que te trouxe aqui?

- Além do carro? - Apontou para o automóvel preto parado um pouco mais a frente de nós. - Vim te pedir uma coisa.

- Precisa de mais dinheiro? - O observei levantar, limpando suas mãos no short xadrez. - Eu tenho algu-

- Não, não é isso. - Me interrompeu com uma risada. - Eu só queria perguntar se...

- Se...?

- Se você quer namorar comigo?