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História Apelo. - Capítulo Único.


Escrita por: MimQueen

Capítulo 1 - Capítulo Único.


Apelo

Capítulo Único

 

Tenho uma máscara, queria não ter, mas nessa altura é quase como se fizesse parte de mim. Ela é minha pele, minha casca, minha proteção, sem ela me sinto uma ferida aberta, fico frágil, vulnerável e acabo sangrando. A proporção das coisas mudou, eu cresci e os problemas também. Minha máscara já não é tão eficiente como antes, está apertada, dói, sufoca e eu preciso tira – lá de vez em quando. Nesses momentos, me escondo. Porque ninguém pode me ver, se virem vão saber. Eu não quero isso, sem minha máscara é impossível, sou podre

No entanto, ainda estou aqui dentro, habitando este corpo pequeno, magrelo, desengonçado e triste, arrastando-o aqui e acolá. Como uma espécie de parasita que se alimenta dos curtos e raros lapsos de alegria. Sou a visita indesejada dentro da minha própria casa. Presa no mundo, na rotina e acorrentada no aglomerado de matéria. Condenada. Corroendo. Desmoronando. Ás vezes sinto vontade de por um fim nisso, porém, não consigo, não sei como e tremo de medo.

Há momentos em que me sinto cheia, transbordando, sei que tem alguma coisa, mas não sei o que é. Então decido procurar, vasculhar e tentar entender. Aí eu entendo. E entender é a pior parte, pois só aí eu tenho noção do que está acontecendo. Embora tente arduamente encontrar palavras para descrever o que sinto — ou o que não sinto —, nunca as encontro. Tudo que sei é que me envolve, me puxa, me enrola, me molda, e me domina.

Então sempre acabo chegando à mesma deprimente conclusão: É o vazio.

Este é como um muro, que me separa e afasta do restante. Fez com que eu deixasse de amar meus pais,  e passasse a recusar sair com minhas amigas. Mesmo querendo convencer minha mente de que isso não importa, meu coração dói e eu me lembro que sou patética.  Queria saber o que se passa na cabeça das pessoas ao me verem carregando este corpo por aí, tenho certeza de que elas não são capazes de enxergar nada além do que vêem, mas isso não muda o fato de que não há absolutamente nada para ser visto. A partir daí não existe mais nada.

Caí numa espécie de buraco, é fundo, sujo, escuro e apertado, rastejei para dentro dele sem sequer perceber. Mas não faz diferença, afinal, é tudo que tenho, minha morada que proporciona uma eterna queda livre. 

 

Espero um dia finalmente cair e alcançar o tão desejado solo duro de concreto.

 

 



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