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História Apenas Ela - Cartas na mesa


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Não falei que o fim de semana estava logo aí? Chegou rapidinho.
E com capítulo um pouco maior que os outros, porque sou boazinha.
Depois de passar do morno pro quente, acho que chegou a hora do clima ferver.

Capítulo 12 - Cartas na mesa


Taylor só entrou novamente no táxi depois de se certificar que Laura já estava dentro de seu apartamento em segurança. Imaginou que a morena ia acordar com uma tremenda ressaca no dia seguinte e ficou em dúvida se lembraria de tudo que aconteceu.

Na verdade, mesmo ela, que não tinha bebido tanto quanto Laura e nem tinha dormido ainda, já estava com dificuldades para pôr em ordem tudo que ocorrera naquela noite. Assim que chegou em casa tomou um banho para relaxar e tentar dormir logo. Deixaria para pensar naquilo só no dia seguinte.

Mas quem disse que conseguiu? Acabou desistindo e enviou mensagem para a única pessoa que sabia que teria paciência para ouvi-la àquela hora da madrugada. Depois de cinco minutos seu telefone tocou.

- Oi... adivinha? Já estou com saudade- Taylor falou com uma voz manhosa.

- Cala a boca, lésbica. Deu alguma merda?- Natasha parecia não estar com tanta paciência assim.

- Você já chegou em casa?

- Acabei de chegar. Por quê? – ela ouviu Natasha batendo porta.

- Porque eu preciso que me ajude a entender o que aconteceu ou eu vou enlouquecer.

- Deu merda, então. Conta logo.

Schilling tentou fazer um resumo da noite. Só entrou um pouco mais nos detalhes a partir do momento em que ela e Laura ficaram sozinhas ao lado do bar.

- Acabou? Qual o problema? Porque até agora eu não vi nenhum. – Taylor desconfiou que a noite da amiga não tinha terminado bem, o mau humor era evidente.

- Tasho, você tá entendendo o que eu falei? Eu queria... melhor... quero beijar a Laura. A Laura Prepon.-  era a primeira vez que tinha coragem de admitir aquilo em voz alta.

- E daí? Eu também adoraria beijar aquela boca. E sei de mais um monte de gente que tem o mesmo desejo de nós duas.

- Você não está ajudando, Tasho – ela achou que ia começar a chorar a qualquer momento.

- Tayloface, eu já tava sacando que isso ia acontecer. Você se ligou demais nela, desde o início. Mesmo antes de ficarem amigas, já havia algo mais ali entre vocês. – Lyonne resolveu que estava na hora de ajudar.

- Pode ser... mas o que tá me matando é tentar entender o que aconteceu com ela hoje. Ela praticamente veio pra cima de mim. Pediu para eu não levar a Chloe, admitiu estar com ciúmes da amiga da Samira, ficou dançando de forma provocativa. Será que eu tô ficando louca ou ela só fez isso porque bebeu demais?

- Você sabe que provavelmente é a desculpa que ela vai dar amanhã né? Essa é clássica.

- Eu tô achando que é a mais a cara dela fingir que não aconteceu nada.

- Pode ser também. Mas escuta o que eu vou te falar: cuidado. De verdade, Tay. Você sabe o quanto gosto de você e vi como ficou simplesmente porque ela te deu um bolo numa festa. Não quero nem imaginar se acontecer coisa mais séria.

 Schilling lembrou daquele dia, de toda a sensação ruim pela qual passou e sentiu o coração apertar.  Como a loira não falasse nada, Lyonne continuou:

- Se fosse comigo eu teria agarrado ela hoje e foda-se o resto. Se ela deu abertura, eu ia matar minha vontade. Mas não se trata de mim. E eu sei que um beijo entre vocês jamais significaria só isso pra você. Eu não sei qual é a dela. Ela sempre deixou claro que é hetero e duvido que já teve algum tipo de envolvimento com uma mulher antes.

- Eu também acho que não. – Taylor prestava bastante atenção às palavras de Natasha.

- Ela parece estar mais solta desde que voltou, mais divertida, mais leve. Mas pode estar agindo assim pra se vingar do ex, pode tá querendo compensar o tempo que ficou longe da gente, pode estar querendo experimentar algo diferente ou pode mesmo estar sentindo alguma coisa por você.

Taylor arrepiou-se toda quando ela disse essa última parte. Laura sentindo algo por ela? Ela adoraria, mas duvidava muito que fosse esse o caso.

- Ainda está aí ou dormiu?

- Tô aqui pensando em tudo que você está dizendo.

- Faz sentido pra você, baby? – Natasha falou de forma mais carinhosa.

- Sim. Faz. – Taylor já estava se sentindo bem menos confusa depois de ter as coisas expostas daquela forma.

- A questão número um é: até onde você está disposta a ir pra descobrir o que realmente tá acontecendo? E a questão número dois é: até onde você está preparada pras consequências que podem vir?

- Eu te adoro, Tasho. Você foi uma das melhores coisas que Orange me trouxe, sabia?

- Ah... para com essa melação que tá tarde. Vai dormir, anda. – Lyonne odiava essas demonstrações de amor explícitas.

- Boa noite. Obrigada por me ouvir.

- Disponha.

Assim que desligou o telefone, a loira se meteu embaixo das cobertas. Por mais confuso que tivesse sido o comportamento de Laura naquela noite, era óbvio que o que tinham jamais passaria de amizade. A morena era hetero, acabara de sair de um relacionamento sério com um homem. Talvez o contato entre elas tenha se tornado mais íntimo por carência ou algo do gênero. O que tinham era tão bom, porque misturar tudo e atrapalhar os sentimentos?

Ao pegar no sono, ela já tinha decidido: aquela noite não acontecera.

-----------

Laura acordou às dez da manhã se sentindo péssima. A cabeça pesava uma tonelada e a sede que tinha era fora do normal. Foi se arrastando até a cozinha. Bebeu dois grandes copos de água, tomou um remédio e decidiu que precisava de um longo banho.

No chuveiro, ela foi tentando lembrar os fatos da noite anterior. Porque bebera tanto daquele jeito? As imagens apareciam em sua mente de forma desordenada. Tinha quase certeza que dera um pequeno ataque de ciúmes com Taylor. Mas que merda! E o que eram aquelas cenas das duas falando de forma sussurrada no ouvido uma da outra? Mas que merda maior ainda! Quando começou a lembrar de algumas reações que seu corpo tivera ao toque da loira, resolveu que era hora de parar com os flashbacks.

Tentou ligar para Taylor, mas não teve resposta. Provavelmente ela ainda estava dormindo. Resolveu dar uma caminhada para terminar de expelir todo o álcool que estava em seu corpo. Precisava de ar puro.

Assim que voltou pra casa, seu celular tocou. Era ela.

- Boa tarde. Acho que alguém dormiu demais. – Prepon resolveu sondar o terreno primeiro.

- Você é a única pessoa que conheço que acorda de ressaca e de bom humor. – a voz de Taylor ainda estava sonolenta.

- Como você sabe que acordei de ressaca?

- Porque se você disser que depois daquela mistura toda de ontem, acordou bem, meu espanto vai ser duplamente maior.

- É... vamos dizer que não acordei na minha melhor forma. Mas já me recuperei. Acabei de voltar do Central Park.

- Você me ligou para... -  Schilling deixou a continuação no ar para ela completar.

- Primeiro pra agradecer por ter me trazido pra casa sã e salva. E em segundo lugar, para saber se fiz algo ontem que eu tenha que me desculpar com você. – Pronto, era hora de finalmente ir ao ponto principal.

- Tipo o que? – Taylor não facilitou.

- Tipo... atrapalhar sua noite, me comportar de forma ridícula. Não sei Tay. Eu não lembro exatamente de tudo. – Laura estava extremamente desconfortável.

- Fica tranquila, Laura. Você não fez nada demais.

- Sério?

- Sim.

- Que bom. Não sabe o peso que tirou dos meus ombros – ela realmente estava aliviada – Marquei com uma amiga de sair pra almoçar e depois fazer umas compras. Tenho que ir agora. Nos falamos depois?

- Claro. Bom almoço.

-------------

O mês de julho chegou e enfim Orange Is The New Black estreou na Netflix. Como esperavam, a série causou um grande burburinho pelo tema que apresentava e pela riqueza do elenco. Os pedidos de entrevistas vinham de todas as partes e Laura teve de adiar seus planos de ir para Los Angeles por um tempo antes de voltar a gravar.

Porém, não se importou com isso. De certa forma até gostou. Ela e Taylor continuavam se vendo com frequência, mas sempre por conta de compromissos profissionais. Houve uma festinha das meninas na casa de Natasha e a velha ida ao pub em uma outra ocasião, mas nas duas vezes a loira não apareceu. Alegou que já tinha marcado outra coisa. Laura desconfiava que deviam ser encontros com Chloe, pois Taylor nunca mais apareceu com a garota perto dela.

 Prepon já estava até achando que era melhor Schilling ir acompanhada do que não ir, pois sentia sua falta. Percebeu que sem a amiga, as reuniões do grupo perdiam um pouco da graça.

Um fenômeno estranho passara a acontecer com Laura, pelo menos era assim que ela via. Desde a tal noite na casa noturna, alguns flashs surgiam em sua mente sem qualquer aviso prévio. Ela não conseguia achar explicação para aquilo. Estava no meio de uma entrevista e de repente lembrava da mão de Taylor em sua cintura. Estava dirigindo e ouvia a voz baixa de Taylor bem próxima a seu ouvido. Pegava um livro e em vez de enxergar as letras, via sua própria mão pousada sobre a coxa da loira. O pior é que as imagens vinham acompanhadas de uma quentura que tomava todo o seu corpo. No início ela tentou ignorar aquilo, tentou se convencer que era apenas seu subconsciente lhe pregando peças.

Só que depois de um tempo ficou difícil não pensar no que sentia. Principalmente porque a cada dia tinha mais vontade de estar perto de Taylor. Ao fim de um compromisso, quando se despediam, ela sempre pensava em convidar a loira para ir até sua casa. Mas na hora de formalizar o tal convite, acabava desistindo. Pegava-se tarde da noite querendo mandar mensagem pra saber se ela ainda estava acordada, porém ficava sem coragem.

Chegou um momento em que teve de admitir a si mesma que algo novo estava acontecendo com ela. E que o único nome que poderia dar aquilo era atração. De uma forma louca, ela começava a se sentir atraída por Taylor Schilling.

Admitir esse sentimento porém, não ajudou muito, porque ela não tinha a menor ideia do que fazer com ele. Tinha certeza absoluta de sua opção sexual e mulheres não faziam parte dela. Sabia que na adolescência algumas de suas amigas tinham beijado ou até mesmo feito sexo com outra mulher para experimentar, saber como era. E isso nunca fez delas lésbicas. Foi só uma forma de diversão passageira. Elas mesmas disseram isso a Laura.

 Será que estava vivendo essa fase tardiamente? Talvez atiçada pelo universo de sua personagem na série somado ao fracasso recente de seu relacionamento com Dylan. E não podia esquecer que havia um outro componente mais explosivo nessa mistura: Taylor. Aquela mulher tinha algo especial que ultrapassava o fato de ser linda, carinhosa, amiga, divertida. Havia mais, muito mais.

Achando que ia enlouquecer se não fizesse algo, Laura considerou a possibilidade de deixar todo o lado racional de lado. Parar por um tempo de querer buscar os motivos e simplesmente deixar a coisa prosseguir naturalmente. Sabendo que iria passar 15 dias em Los Angeles a partir da semana seguinte, pensou em chamar Taylor para sair. E só então lembrou de que haveria uma oportunidade perfeita no sábado que não poderia deixar escapar. Tinha deixado um certo convite de lado, pois nem cogitara a possibilidade de ir. Mas se Schilling aceitasse ir com ela, era muito diferente.

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Taylor estava sentada em um café com Natasha. Após receber um telefonema de Laura ficara tão ansiosa que convenceu Lyonne a encontrá-la para que pudesse falar sobre aquilo.

- E ela não deu detalhes?

- Não, Tasho. Foi só isso. Perguntou se eu queria acompanhá-la a um lugar no sábado à noite. Mas disse que eu só saberia do que se tratava quando chegasse lá.- Taylor roía as unhas de nervoso.

- Ela não deu nenhuma dica? – Após ver Taylor confirmar que não, Natasha sugeriu: - Porque você não diz que só vai se ela contar o que tá planejando?

- Pensei nisso. E se ela desistir do convite? - a loira corou um pouco ao admitir que essa possibilidade a incomodava.

- Então vai, garota. Vai... se joga.

- E aquela história de tomar cuidado pra não quebrar a cara depois? – Natasha a estava deixando confusa.

- Porra, Tayloface. Eu continuo achando que isso vai dar merda. Você não é uma lésbica predadora. Vai querer ficar de amorzinho depois. - ela fez uma pausa. – Mas... a ruiva tá jogando pesado e sei que você não vai resistir. Então vai lá conferir o que ela tá aprontando.

Taylor deu um suspiro e ficou calada remexendo seu copo de café. Nesse instante o telefone de Natasha tocou e ela deu uma gargalhada antes de atender. A loira estava tão imersa em seus pensamentos que só saiu do transe quando ouviu Lyonne dizer:

- Estávamos falando de você agora, garota.

Houve uma pausa rápida onde a pessoa do outro lado da linha devia estar dizendo algo.

- Eu e uma certa loira. Acho que você conhece. Mas o assunto você pergunta pra ela.

- Tasho, eu vou te matar. Que droga. Você é uma péssima amiga. – Taylor não podia acreditar que era Laura ao telefone e que Natasha estava entregando-a daquele jeito.

Resolveu levantar para ir ao banheiro. Não queria escutar mais nada daquela conversa.

Quando voltou pra mesa, a ligação havia sido encerrada e elas se prepararam para deixar o local. Despediu-se de Natasha, agradecendo a disponibilidade da amiga em ouvi-la naqueles momentos de loucura.

No caminho para casa recebeu uma mensagem:

Anda falando de mim pelas costas?

Sem saber o que responder, acabou digitando a primeira coisa que veio à cabeça:

Era mentira da Tasho. Você sabe como ela gosta de agitar.

A resposta veio em segundos:

Porque será que acredito nela e não em você?

Taylor achou melhor não responder mais nada. Porém alguns minutos depois, outra mensagem:

Confirmado no sábado? Te pego às 21h.

Ela estava encrencada. Tinha total consciência disso. Mas recusar aquele convite misterioso estava fora de cogitação.

- Ok. Sábado às 21h.

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Assim que saiu do edifício e viu Laura parada dentro do carro esperando-a, Taylor teve uma sensação de dejá-vu. Andou em sua direção com um sorriso largo. Apesar de estar apreensiva, só de ver a morena começou a relaxar.

Entrou no veículo e sentiu o olhar de Laura percorrendo-a de cima a baixo, a primeira frase que ouviu foi:

- Nada de vestido curto hoje?

- Alguém me censurou da última vez, então preferi vir comportada. – Taylor optara por usar uma calça jeans escura e uma blusa de alça em seda na cor branca. A jaqueta estava em suas mãos por garantia. – Mas pelo visto hoje estava permitido.

Dessa vez era Laura quem estava usando um vestido justo e curto. Como se tivessem combinado de trocar entre elas os looks que usaram na última noite que saíram juntas.

A loira afivelou o cinto de segurança e o veículo começou a andar.

- Já pode me dizer para onde vamos?

- Você é curiosa demais, mocinha. – Laura estava se divertindo com o nervosismo dela. – Que tal usarmos o velho método de ouvir música para relaxar?

Como Taylor continuasse muda, Laura mexeu no equipamento de som. Quando os primeiros acordes da música começaram a ecoar pelo carro, a loira não conseguia acreditar. De novo “aquela” música. Olhou a morena de rabo de olho e viu que ela cantarolava o início da canção com um sorriso nos lábios. Em pouco tempo seu tom de voz aumentou:

Yeah, I know, I know (Sim eu sei, sei)

When I compliment her she won't believe me (Quando eu a elogio, ela não acredita)

And it's so, it's so (E é tão, é tão)

Sad to think that she doesn't see what I see (Triste pensar que ela não vê o que eu vejo)

But every time she asks me, do I look okay (Mas sempre que ela me pergunta se está bonita)

I say (Eu digo)

Prepon olhou para Taylor:

- Eu pensei que você gostasse dessa música.

- Eu gosto Laura. Na verdade, amo.

- E porque não canta quando eu coloco?

Sem obter resposta, Laura continuou:

Her lips, her lips (Os lábios dela, os lábios dela)

I could kiss them all day if she let me (Eu poderia beijá-los o dia todo se ela me permitisse)

Her laugh, her laugh (A risada dela, a risada dela)

She hates but I think it's so sexy (Ela odeia, mas eu acho tão sexy)

She's so beautiful (Ela é tão linda)

And I tell her everyday (E eu digo isso pra ela todo dia)

- Porque ouvir a música só observando você cantar é muito melhor. - Schilling demorou, mas tomou coragem para dar a resposta verdadeira.

E sentiu que enfim conseguiu quebrar toda aquela segurança de Laura, já que essa ficou muda de repente e passou a se concentrar unicamente no trânsito.

Pouco tempo depois chegaram finalmente ao local de destino. Assim que desceu do carro, Taylor viu que estavam diante de uma das boates mais badaladas do momento. E sabia, apesar de nunca ter estado ali antes, que aquela era reconhecidamente voltada para o público gay. Como se ouvisse seus pensamentos, a outra perguntou:

- Já tinha vindo aqui?

- Não, Lau. Mas porque diabos viemos pra cá?

Laura foi se encaminhando para a entrada enquanto conversavam.

- É aniversário de um grande amigo, o Jonathan. O mágico que me ajuda com meus cabelos sempre que preciso. Ele vai comemorar aqui só com os amigos mais próximos, mas fez questão de me convidar. A princípio, eu não vinha. Não conheço ninguém além dele e achei que poderia ficar deslocada. Só que ele ligou essa semana de novo me intimando a comparecer e sugeriu que eu trouxesse alguém. Foi então que pensei em você. Achei até que você já conhecesse a boate.

- E por que pensou isso? Porque essa é uma boate “gay” e nada melhor do que trazer sua amiga “gay” - fez questão de frisar a palavra ao pronunciá-la - pra te fazer companhia e deixar você mais segura?

Schilling estava incomodada com a situação. Achara que Laura tinha planejado algo para elas. Nunca imaginara que estava sendo levada como acompanhante para um local onde a morena não se sentia confortável de ir sozinha.

Elas já estavam na porta e como Taylor continuasse parada, não fazendo menção de entrar, Laura a pegou pela mão e foi levando-a para dentro da casa noturna.

- Laura, você não me respondeu.

A morena virou-se para ela:

- Tay, eu chamei você porque foi a única pessoa que eu tive vontade que viesse comigo hoje. Respondida a sua pergunta? Agora vem.

A loira ficou tão chocada com a resposta direta e com a profundidade daqueles olhos verdes encarando-a, que demorou um tempo pra tomar consciência do calor que ia subindo de sua mão para seus braços e espalhando-se por seu pescoço.

Laura atravessava o local, que já estava bem cheio, procurando pelo amigo, mas em nenhum momento soltou a mão de Taylor. E aquele toque teve um efeito calmante imediato. Ela nem ligava mais para o motivo de estar ali, o importante era que estava ali. Com Laura. De mãos dadas.

O salão era enorme e comprido. As duas laterais eram tomadas de ponta a ponta por sofás confortáveis. Mesas de vidro baixas, que serviam de apoio, estavam em frente a esses sofás, e a distância entre elas acabava por criar pequenos espaços para que as pessoas se acomodassem em grupos maiores ou menores. A parte central do salão ficava totalmente livre funcionando como pista de dança. Mas o que realmente dominava o ambiente era o colorido da iluminação que vinha de centenas de pontos nas paredes e no alto. Para completar, o teto era preenchido no centro por pendentes compridos e transparentes. Um sistema computadorizado controlava as lâmpadas de led, conseguindo os mais variados efeitos de cores e formas à medida que a programação era modificada. Quando essas cores refletiam nos pendentes, o efeito era hipnotizador.

Enfim chegaram onde o amigo de Laura se encontrava, que pareceu surpreso ao vê-la ali. Taylor foi apresentada e achou ele bastante simpático. O grupo estava em uma área reservada e rapidamente as duas já estavam com uma taça de espumante na mão. 

- E então? O que está achando? - Laura perguntou.

- Ainda tá cedo pra saber. Mas tirando aquela irritação lá na porta, estou gostando do lugar. Obrigada por me trazer com você. – seus olhos brilharam ao ver o sorriso de Laura aparecer.

Jonathan veio até elas e chamou Prepon, queria lhe mostrar algo.

- Já volto - ela disse para Taylor.

A loira acomodou-se um dos sofás observando a movimentação ao redor. Não se passou muito tempo e uma mulher morena aproximou-se. Ela tinha cabelos curtos, era baixa mas possuía curvas generosas e lhe entregou uma taça cheia:

- Vi que já esvaziou a sua.

- Oh, obrigada. – Taylor ficou sem jeito e pegou o novo espumante.

- Prazer. Sou Amy. Posso sentar? - a mulher estendeu a mão e esperou a resposta antes de se mover.

- Taylor. - a loira apertou a mão estendida. – Pode se sentar, claro.

As duas engataram uma conversa sobre a música de alguma diva pop que tocava naquele momento. Como estivesse de lado no assento, com o corpo levemente voltado para Amy, Schilling sentiu, antes de ver, que alguém sentava ao seu lado no sofá. Quando virou para trás, a primeira coisa que notou foi a sobrancelha arqueada de Laura, que olhava-a fixamente. Esperou que Prepon dissesse algo, mas em vão.

O silêncio começou a ficar incômodo, então voltou-se para a mulher com quem conversava antes. Mas ela também estava muda. A loira percebeu o motivo pouco depois: Laura agora encarava Amy. A mulher ficou tão sem graça que se levantou e saiu de cabeça baixa sem dizer nada.

- Como é que você consegue fazer isso só com o olhar? – Schilling estava espantada. – Você expulsou a mulher, Laura.

- Você pelo visto é irresistível né? – Laura ignorou o comentário da loira.

- Qual a gracinha agora?

- Eu te deixo sozinha por cinco minutos e quando volto já tem uma mulher pendurada em você. Foi assim no dia do show também com a amiga da Samira.

Taylor riu ao perceber que Laura mais uma vez estava com ciúmes.

- Isso é engraçado? – Laura olhou brava.

- Um pouco. Mas vou avisando que se me largar aqui de novo, quando você voltar, provavelmente estarei com duas mulheres penduradas em mim.

- Tay... para.  Eu não vou mais sair daqui. E se sair, te carrego a tiracolo.

- Melhor assim. – Schilling estava se sentindo tão bem que ousou pegar no queixo da morena e lhe dar um beijo estalado na bochecha. - Eu não sabia que você era tão ciumenta.

- Não é questão de ciúme. – Laura tentou se defender. – Mas você se aproxima de qualquer desconhecida e me deixa sozinha.

- E que nome você daria a isso se não é ciúme?

- Humpf - a morena resmungou. - Vamos mudar de assunto. Como vai a Chloe?

- Você está mesmo interessada em saber como ela está? - Taylor fez uma cara de quem não estava acreditando naquela pergunta.

- Na verdade não. Queria saber se vocês ainda estão juntas. – Laura não conseguiu olhar para Taylor ao dizer isso.

- E porque você quer saber?

- Ah Taylor. Você tá muito chata. Esquece, não quero saber mais nada.

Logo outros amigos de Jonathan vieram interagir com elas e todos entraram em uma conversa divertida. Quando começou a tocar hip hop, as pessoas ficaram mais animadas e a pista de dança encheu. Um casal que estava conversando com as duas se levantou e chamou-as.

- Vamos? - Taylor animou-se.

- Vamos. – Laura riu.

Mas antes passaram pelo bar. Taylor já tinha enjoado do espumante e queria uma bebida destilada. Escolheu um drink com vodca, Laura acompanhou-a. Foram para um canto da pista e começaram a dançar de forma tímida no início. As duas pareciam estar sem jeito tão próximas uma da outra. Schilling rapidamente esvaziou seu copo e decidiu que precisava de mais uma dose.

Aos poucos elas foram se soltando. O álcool rapidamente fez efeito e Taylor passou a se sentir mais corajosa. Chegou mais perto da morena e falou em seu ouvido, com a desculpa da música alta:

- Precisava usar um vestido tão curto?

Laura soltou uma gargalhada antes de dizer:

- Vamos dizer que estou dando o troco.

Taylor olhou-a e pensou quanto tempo mais conseguiria resistir. Não sabia o que Laura queria exatamente com aquele jogo, mas a cada minuto estava ficando mais difícil para a loira se controlar. Como se o destino quisesse lhe pregar uma peça, naquele momento o efeito de iluminação escureceu ainda mais o ambiente e a batida da música transformou-se em um ritmo mais lento.

Laura virou-se buscando o local onde estava o dj, e acabou parando de costas para Taylor. E antes que pudesse fazer qualquer outro movimento, a loira colou seu corpo ao dela, pousou uma mão em sua cintura e disse:

- Dança essa comigo? – terminou a frase com um beijo no pescoço de Laura.

A morena não respondeu, mas também não se afastou. Fechou os olhos e deixou que seus quadris fossem guiados pelo ritmo de Taylor. Sentindo que estava no controle da situação, Schilling foi descendo lentamente a mão que estava na cintura de Laura pela lateral de seu corpo até que chegasse na perna. Parou ali e deu um leve aperto em sua coxa. Era evidente que a respiração dela estava tão acelerada quanto a sua.

Nenhuma das duas dizia nada, deixavam que a música ditasse o ritmo de seus corpos. Taylor começou a ficar realmente excitada, fechou os olhos e imaginou o que aconteceria se jogasse Laura em uma parede e a beijasse ali mesmo, na frente de todos. Continuou de olhos fechados absorvendo todo aquele clima sensual que as envolvia até ouvir o término da música. Quando os abriu, parecia que tudo girava ao seu redor e que ia cair. Voltou a fechar os olhos imediatamente.

- Taylor, o que foi? – a voz de Laura era preocupada.

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Desde o momento em que estacionou diante do apartamento de Taylor, Laura prometeu a si mesma que não iria pensar demais enquanto estivessem juntas. Deixaria as coisas fluírem naturalmente. Somente quando voltasse para casa pararia para analisar os fatos.

E até aquele momento, podia dizer que tudo estava indo até melhor do que esperava. Tirando o incômodo que sentiu ao ver a tal mulher sentada ao lado da loira, só porque ela teve de sair por uns instantes, estava gostando da proximidade que ela e Taylor estavam experimentando naquela noite.

Mas quando foram para a pista de dança, a coisa ficou complicada. Laura não estava conseguindo disfarçar o quanto se sentia atraída pelo corpo de Taylor enquanto ela dançava. A loira estava extremamente sexy naquela calça colada e naqueles saltos e parecia que não tinha consciência disso. Aquele era seu jeito natural, o que deixava Prepon ainda mais encantada.

No momento em que as luzes se apagaram quase que totalmente e Schilling grudou seu corpo ao dela, chamando-a para dançarem juntas, ela sentiu que ia derreter ali mesmo. Deixou que todos os pensamentos escapassem de sua mente e concentrou-se apenas nas mãos da loira percorrendo seu corpo.

Por isso demorou um pouco a perceber que a música mudou e que Taylor tinha se afastado. Quando virou para trás, viu que ela estava parada de olhos fechados.

- Taylor, o que foi? – disse preocupada.

- Fiquei um pouco tonta. Tudo começou a girar de repente. - ela abriu os olhos.

- Vem, vamos tomar uma água. Consegue andar?

- Sim, claro. Já tô me sentindo melhor, Lau.

Laura ignorou o comentário e foi levando a loira até um espaço próximo ao bar onde havia umas mesinhas altas com banquetas ao redor. Como a pista continuasse cheia, havia bastante lugar disponível por ali. Fez com que Taylor se sentasse e foi buscar uma água. Quando voltou, a teimosa já estava de pé, sorrindo pra ela.

- Bebe essa água toda. E não vai colocar mais uma gota de álcool na boca hoje. – Laura foi distribuindo as ordens.

- Sim, mamãe. - a loira estava achando graça. Mas tratou de obedecer.

Prepon sentou em um dos bancos altos e ficou observando Taylor. Ela tinha terminado de beber a água e estava olhando para um ponto fixo, mas não parecia prestar atenção em alguma coisa realmente.

- Tá se sentindo melhor mesmo? – a morena atraiu sua atenção.

- Estou. Foi só uma leve tontura.

- Vem cá. – Laura chamou.

Taylor olhou-a como se não tivesse entendido o que ela queria. Então Laura afastou as pernas levemente e chamou-a novamente com as mãos. A loira foi andando devagar e parou na frente de Laura. O cabelo estava um pouco bagunçado, alguns fios loiros sempre caíam em seu rosto quando ela se agitava demais. A morena passou a mão por esses fios e colocou-os atrás da orelha.

As duas ficaram se olhando por alguns segundos, até Laura quebrar o silêncio:

- Quer ir embora?

- Não. - ela negou também com a cabeça como se quisesse reforçar a informação.

- O que quer fazer?

- Ficar perto de você – Taylor fez um biquinho tão fofo ao dizer aquilo, que Laura sentiu uma vontade enorme de abraçá-la.

E foi o que fez. Trouxe Taylor para mais perto, encaixando-a entre suas pernas e ficou abraçada a ela. A loira abaixou a cabeça, encostou a testa no ombro de Laura e ficou com o rosto escondido. Mas sua orelha estava bem próxima aos lábios da morena.

- Melhor assim? - Prepon perguntou suavemente.

- Sim.

Elas ficaram abraçadas por um longo tempo sem dizer nada. As mãos de Laura saíram das costas de Taylor e foram parar dentro dos bolsos de trás da calça da loira, ou seja, em seu traseiro. Qualquer pessoa que as visse daquele jeito, teria certeza que eram um casal. Mas nenhuma das duas estava preocupada com aquilo naquela hora.

O cheiro dos cabelos de Taylor, estava deixando Laura embriagada. Ela então resolveu dizer algo para interromper aquele estado em que se encontrava:

- Uma vez a Natasha me disse uma coisa que na hora eu não entendi, mas às vezes lembro e isso me incomoda.  – ela fez uma pausa antes de continuar: - Alguma vez eu te fiz chorar, Tay?

Ela sentiu a loira se remexer em seus braços e teve medo de que ela se afastasse, então tornou o abraço ainda mais apertado.

- Não foge, baby. Só me responde.

- Naquela maldita festa que você não foi. Foi idiotice da minha parte. Mas acabei chorando, a Tasho viu e ficou com raiva de você.

- Porque você chorou? - era ela quem estava com vontade de chorar agora.

- Não sei. Eu queria muito te ver antes de você ir pra França. Fiquei triste quando você disse que não iria. Mas quando vi sua foto com Dylan e todo mundo começou a me questionar se eu já sabia daquilo, me senti ainda pior. Mas fui boba, já disse.

- Desculpa. – Laura deu um beijo na cabeça da loira.

- Eu tinha comprado um presente pra você.

- O que? – agora foi a vez de Laura se remexer no banco e de Taylor apertá-la para que não se levantasse. – Tay, olha pra mim.

- Não.

- O que era? E porque você nunca me deu depois que eu voltei?

- Quem sabe um dia eu resolva te entregar?

- Eu vou pra Los Angeles na segunda. Você podia me dar para eu levar e lembrar de você.

- Você vai ficar quanto tempo lá? -  Taylor não gostou da mudança de assunto.

- Duas semanas. Volto para as gravações em Chicago.

- Duas semanas é muito tempo. Vou sentir sua falta.

- Até parece. Vai correr praquela outra lá e dar graças a Deus que não vou estar aqui para te atrapalhar. – Laura falou em tom de brincadeira, mas ela realmente achava que aquilo aconteceria.

- Idiota. – Taylor deu um soquinho braço da morena.

- Achei vocês! Pensei que tinham ido sem se despedir. - era Jonathan que chegava para estourar a bolha em que as duas tinham se colocado.

Taylor se afastou completamente sem graça e saiu logo em seguida dizendo que precisava ir ao banheiro.

- Garotaaa... porque não me contou? - mal a loira saiu, ele foi pra cima de Laura bastante empolgado.

- Contei o que? – ela sentiu que não ia gostar do rumo daquela conversa.

- Que você e a loirinha estão juntas? A vida imita a arte é uma frase tão clichê, mas que se aplica em tantos momentos não é? – ele chegou mais perto como se não quisesse que mais alguém os ouvisse: - Eu não sabia que você era gay. Você sempre disfarçou tão bem.

Ouvir Jonathan dizer que ela era gay, deixou Laura extremamente nervosa. Todo o esforço para não racionalizar nada do que estava acontecendo enquanto não chegasse em casa, foi por água baixo.

O que ela e Taylor estavam fazendo minutos antes? Apesar do local ser frequentado por artistas infinitamente mais famosos que elas e da última preocupação das pessoas ali ser a vida sexual uns dos outros, alguém poderia registrar aquele momento de intimidade entre elas e tornar público. Mesmo tendo acabado de estrear, a série já tinha conseguido um certo reconhecimento.

- Eu e Taylor não temos absolutamente nada, Jonathan. Somos amigas. Ela não estava se sentindo bem e eu estava cuidando dela, só isso. E aproveitando que você está aqui, já vou me despedindo. Amanhã tenho que acordar cedo. - Laura sentiu uma vontade enorme de sair dali.

Após despedir-se do amigo, foi até o banheiro e encontrou Taylor saindo de lá.

- Vamos?

- Tão rápido assim? – Taylor ficou confusa.

- É... quero ir pra casa. Você vai ficar?

- Óbvio que não, Lau. Aconteceu alguma coisa? – ela percebeu que o humor da morena tinha mudado totalmente.

- Não, tá tudo bem.

Foram até o carro sem que nenhuma das duas dissesse uma só palavra.

Passados alguns minutos, depois que já estava dirigindo há um tempo, Laura pareceu relaxar novamente. Eram somente ela e Taylor ali no veículo e podia voltar a curtir a presença da loira ao seu lado.

- Precisamos repetir essa noite qualquer dia desses hein. Gostei da versão Taylor dançarina de hip-hop.

- Você é bipolar? – Taylor soltou inesperadamente.

- Como é que é? – Laura sempre caía na gargalhada quando Schilling vinha com aqueles comentários loucos do nada.

- Eu me acho meio doida às vezes. Mas você supera. Uma hora está rindo, na outra está brava, aí fica divertida, segundos depois está séria. Tem que ver isso Laura. Transtorno de bipolaridade é coisa séria.

- Idiota. Vou ficar muda então. – Laura revirou os olhos.

- Você podia fazer melhor. Que tal cantar minha música pra mim novamente?

- Quem disse que Just the way you are é sua música e que eu canto ela pra você?

Taylor deu um gritinho e começou a bater os pés no assoalho do carro.

- Aha... eu só desconfiava, mas você acabou de confirmar. Eu nem disse qual era a música. Achei que você fosse mais esperta, Lau.

- Taylor Jane Schilling, você tá começando a me irritar. Tá se achando demais.

- Também adoro você, girl.

O restante do trajeto foi todo nesse clima, com as duas se provocando. Quando o carro parou no edifício de Taylor, elas ficaram se olhando. Uma esperava que a outra tomasse a iniciativa da despedida, já que nenhuma delas queria fazer isso realmente.

- Quer subir um pouco? – Taylor resolveu agir.

- Tá meio tarde.

- Você pode dormir aqui, se quiser.

- Melhor eu dormir em casa mesmo, Tay. – mas assim que viu a decepção no rosto da loira, sentiu o coração apertar. – Eu subo um pouquinho e te coloco pra dormir, pode ser?

- Você realmente acha que é minha mãe às vezes né?

Saíram do carro e entraram do prédio. No elevador Laura sentiu que o espaço estava carregado de eletricidade. Ela queria chegar mais perto de Taylor, mas não conseguia encontrar uma desculpa para isso. Enfim chegaram ao andar da loira e logo estavam dentro do apartamento.

- Você quer beber alguma coisa? Ou comer? Sei que provavelmente não vai gostar de nada que está na geladeira, mas posso fazer um sanduíche. – Taylor não parava de falar, assim era mais fácil esconder seu nervosismo.

- Não quero nada, obrigada. – Laura ficou observando a loira andar pela sala sem um rumo definido.

- Eu vou até o quarto rapidinho e já volto. Pode ligar a TV, se quiser. - Taylor falou e saiu andando.

Sem saber por que fazia aquilo, Laura não ficou onde estava. Foi seguindo Taylor pelo corredor, e quando a loira sentiu sua presença atrás dela parou por um segundo.

- Lau, o que você está fazendo?

- Não sei, Tay. – Laura não conseguia mais raciocinar, estava agindo por puro instinto.

E foi por instinto que fechou os olhos quando sentiu que Taylor se virava. Duas mãos a seguraram pelos braços e ela foi empurrada contra a parede do corredor. Tomou coragem para abrir os olhos e no instante em que viu aqueles olhos azuis em chamas a uma distância perigosamente próxima, soube que não dava mais pra fugir. E ela queria muito que aquilo acontecesse, sentia até que precisava.

Taylor foi se aproximando lentamente sem desviar os olhos dos seus em nenhum momento, como se quisesse dar a ela a oportunidade de interromper o contato que estava prestes a ocorrer. Mas ela não se mexeu um milímetro sequer, esperando ansiosamente que aqueles lábios tomassem os seus. E quando aconteceu, Laura sentiu um tremor percorrer todo o seu corpo.

Sabendo que aquela era uma experiência nova para a morena, Taylor começou de forma gentil, encostando seus lábios de forma suave para que Laura se acostumasse com eles. Mas logo o beijo foi correspondido e ficou mais intenso. Bastou que Laura entreabrisse a boca um pouquinho para que sentisse a língua de Taylor invadindo-a. Seu corpo foi pressionado ainda mais contra a parede e sentiu as mãos da loira apertando sua cintura.

Prepon sentia como se aquele fosse seu primeiro beijo de tão nervosa que estava, e de certa maneira era. Ela achou que seu corpo fosse entrar em combustão espontânea a qualquer momento. Afastaram as bocas por um segundo para que pudessem tomar um pouco de ar e foi inevitável que Laura deixasse escapar um gemido. Aquilo pareceu deixar Taylor ainda mais acesa e uma das mãos subiu até a nuca de Laura.

- Lau, você tá me deixando louca. Eu quero você. - ela sussurrou entre os lábios da morena.

Laura não conseguiu dizer nada, mas ao sentir que a mão de Taylor que ficara em sua cintura começou a descer até a barra do vestido e passou a levantá-lo, ela teve total consciência do que poderia acontecer. E entrou em pânico.

- Tay, não!! Para! Por favor. – Ela teve que fazer um esforço para conseguir que a loira se afastasse. – Isso não tá certo. Você está confundindo as coisas. Eu não sou gay. Adoro você... mas somos amigas. Nada além disso.

As bochechas de Taylor começaram a ficar vermelhas e ela baixou o olhar, deixando que o rosto ficasse parcialmente encoberto pelos cabelos.

- Desculpa, Laura. Sinto muito, eu não sei o que me deu. - sua voz saía trêmula.

- Eu vou indo. Amanhã a gente conversa. - a morena foi em direção à sala e rapidamente chegou até a porta de entrada do apartamento. Mas assim que colocou a mão na maçaneta, ouviu a voz firme atrás de si.

- Laura... espera.

Laura se virou com medo de não resistir e voltar correndo pros braços de Taylor. Bastava que ela pedisse. Mas não foi bem isso o que veio a seguir:

- Eu retiro minhas desculpas. E quero dizer também que não sinto muito. Porque eu gostei. Queria esse beijo há um bom tempo já e sei que você também queria. Então não vou mentir pra você e pra mim mesma dizendo que estou arrependida. Porque não estou.

- Tay, não complica as coisas. – Laura não sabia o que fazer.

- Você é quem tá complicando, Lau. Se você não estava preparada para esse passo, ok. Eu entendo. Realmente entendo. Mas não coloque a culpa em mim, dizendo que estou confundindo as coisas. Você tá me provocando tem um tempo já.

- Eu te provocando? – Laura ficou indignada quando ouviu aquela acusação.

- Claro que estava. Você vai ter a cara de pau de negar? – Taylor também estava irritada. – Você mudou comigo. Ficou mais próxima, mais carinhosa. Sempre com insinuações de duplo sentido. A música no carro. A forma como dança quando sabe que estou te olhando. E o que foi aquilo hoje quando estávamos abraçadas? Tudo isso é confusão da minha cabeça?

- Somos amigas, Taylor. É normal que amigas tenham mais intimidade uma com a outra do que com o resto das pessoas. - Laura dizia aquilo mais para tentar convencer a si própria.

- Ah, é normal? Também é normal as cenas de ciúme com a Chloe e com qualquer outra mulher que chega perto de mim? Você também põe a mão na bunda das suas amigas como fez hoje enquanto me abraçava? É normal você sentir por elas o que estava sentindo há alguns minutos atrás enquanto eu te beijava?

- Taylor, para... já está passando dos limites. Você é linda, sexy pra caramba, mas eu não curto ficar com mulheres. Isso não faz parte do meu mundo. - seus olhos começaram a arder, e o que ela menos precisava naquele momento era de uma crise de choro. - Não sou de ferro, poxa. Você veio pra cima de mim dessa forma sensual e acabou me envolvendo...

- Para você, Laura. Não quero mais ouvir. Eu que seduzi você? É isso que tá tentando dizer? – Taylor sacudia a cabeça e começou a rir de nervoso.- Quanto tempo para você usar também a desculpa de que bebeu demais?

Laura não respondeu.

- Quer saber de uma coisa? Você vive dizendo que a Chloe é uma criança, que é muito nova pra mim. Mas quem tá agindo de forma infantil aqui é você, que é incapaz de assumir pra si mesma seus sentimentos. Aquela garota, nesse aspecto, é muito mais madura do que você porque ela sabe bem o que quer. – Laura se contraiu ao ser comparada daquela forma à Chloe. - Se você quer agir como se o que aconteceu ali naquele corredor foi um grande engano, tudo bem. Eu também posso jogar esse jogo tão bem quanto você.

Aquilo foi a gota d’água. Laura sabia que ia desabar em lágrimas e não podia fazer isso na frente de Taylor.

- Então vai correndo atrás dela. Vai Taylor! – ela gritou e saiu batendo a porta.

Nem quis esperar pelo elevador. Desceu as escadas correndo. 



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