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História Apenas Ela - Estresse


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Acabaram conseguindo me vencer e em menos de 24 horas já estou soltando a continuação da história.
Tô ferrada. Vou acabar acostumando vocês mal.
Ok, admito que não foi muito justo terminar o capítulo anterior daquele jeito. A vida real já tá tão complicada pra elas.

Capítulo 13 - Estresse


Ao ouvir a porta bater com força, Taylor sentou ali mesmo no chão da sala e foi tomada por um choro compulsivo. A sensação que a preenchia era somente uma: dor. Dor física e dor na alma. Sua cabeça doía, seu estômago doía, seu coração doía. Pensou em pegar o telefone e pedir para Laura voltar, não podiam terminar a noite daquela forma, mas não tinha forças nem mesmo para se mexer.

Levou quase uma hora até que conseguisse se arrastar pro chuveiro para tomar um banho frio e ver se seu corpo reagia. O tempo todo ela tentava analisar qual foi o gatilho para que as coisas mudassem de forma tão radical. Ela sabia que não estava enganada, Laura queria o beijo tanto quanto ela e estava correspondendo-o. Ela entendia que a morena de repente se assustasse ao perceber que estava atraída por uma mulher, porém jogar toda a culpa em cima dela era demais. Dizer que Taylor tinha confundido as coisas e que a seduzira era covardia.

Mas tinha consciência também que ter reagido de forma tão direta e dura só serviria para afastá-las naquele momento. Conhecia o suficiente de Laura para saber que ela se retrairia e fugiria da situação. Ainda mais com aquela viagem para Los Angeles.

Taylor enfiou-se embaixo das cobertas, desligou o telefone e só conseguiu dormir depois que o dia havia amanhecido. Passou o domingo feito um zumbi, por mais que tentasse não tinha vontade de fazer nada. Quando enfim ligou o celular, viu que tinha algumas mensagens de Natasha querendo saber dos detalhes da noite anterior. Taylor tentou fugir da pergunta dizendo que estava ocupada e depois contaria o que acontecera. Não estava preparada para encarar Natasha, ela avisou que as coisas seriam daquele jeito.

Os dias seguintes se passaram sem que Schilling tivesse muito conhecimento do que estava acontecendo ao seu redor. Fazia as coisas no modo automático. Na maioria das vezes esquecia de fazer as refeições nas horas certas, pois quase não sentia fome,  ignorava a maioria das ligações que recebia e passava a maior do tempo em casa.

A única atitude que realmente tomou para se ajudar foi voltar para as aulas de yoga, passando a frequentá-las diariamente. Era o único momento do dia em que conseguia se sentir em paz. Durante o resto das horas, uma angústia a invadia. Ela teve de admitir que o que sentia por Laura era muito mais do que uma simples atração física. Tinha medo de usar a palavra, mas no fundo sabia que estava apaixonada pela amiga. E ao parar para pensar quando isso tinha acontecido, deu-se conta de que talvez o início de tudo fora o dia em que estivera no apartamento de Prepon e a vira com Dylan. Desde lá, todos os sentimentos que envolviam sua relação com Laura começaram a ultrapassar os limites de uma simples amizade.

O irônico de tudo aquilo é que no mesmo momento em que ela teve certeza de sua paixão arrebatadora por aquela morena que lhe tirava o sossego, ela também teve certeza de que era um sentimento platônico que jamais se concretizaria.

Não adiantava ela se iludir por conta de um único beijo. Laura se sentira atraída por ela devido o clima que haviam criado nas duas últimas vezes que saíram juntas, mas sua reação depois disso mostrava que ela jamais deixaria que aquilo ocorresse novamente. Ela foi mais do que clara quando disse que se envolver com mulheres não fazia parte de seu mundo.

Como se ter que administrar essas certezas dentro dela já não fosse um grande desafio, havia um problema ainda maior: Orange. Não podiam permanecer com aquele clima ruim entre elas por muito tempo, pois aquilo certamente influenciaria na relação profissional das duas. E Taylor jamais poderia permitir isso. Ela sabia que precisaria de muito esforço de sua parte, além de um certo tempo, mas teria de conseguir que o relacionamento entre elas se limitasse à amizade que tinham conquistado.

Depois de passada uma semana, não teve mais como fugir de Natasha e tentou ser o mais sincera que podia sobre o que tinha acontecido sem entrar muito em detalhes. Também não quis falar sobre a profundidade de seus sentimentos em relação a Laura, embora Lyonne claramente desconfiasse. Sabia o quanto a amiga tinha um instinto protetor em relação a ela e isso de certa forma a consolava. Mas por outro lado, não queria atiçar a ira de Natasha contra Laura, principalmente depois que ela perguntou se Taylor gostaria que desse uma surra na morena. Foi a primeira vez naquela semana que a loira conseguiu rir de verdade.

Taylor tentou usar uma tática para passar mais facilmente por aquele período conturbado: procurou Chloe e marcou um encontro. Andavam bem afastadas, desde a estreia da série, por conta dos compromissos profissionais de ambas. Havia também o fato de Laura não gostar da presença da garota e de Schilling ter aceitado isso como normal, mas ela preferia nem pensar nessa parte. Sendo assim, achou que voltar a sair com Chloe seria bom. Elas sempre se divertiram juntas, a relação era leve e sem cobranças.

Porém no instante em que chegou ao local marcado e pôs os olhos em Chloe, viu o tamanho da besteira que tinha feito. Não era justo usar a menina daquela forma. Não era justo ficar ao lado dela comparando-a com Laura a cada frase, a cada gesto, a cada toque. Voltou pra casa se sentindo pior do que quando saiu. Ela estava realmente encrencada.

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Do outro lado do país, Laura também tentava recolher os cacos e seguir com a vida na medida do possível.

Naquela fatídica noite, ao sair do apartamento de Schilling, não sabia como conseguira chegar em casa. Passou o caminho todo chorando sem parar e só um milagre evitara que se envolvesse em algum acidente. Ela estava tão assustada com o que aconteceu que quase ligou para Taylor buscando diminuir toda aquela confusão. Mas as últimas palavras dela, comparando-a à Chloe de forma que parecesse tão inferior, estavam gravadas em sua memória de um jeito que doía demais.

Na segunda-feira pela manhã pegou um voo e assim que chegou à Califórnia, teve a sensação de que estava bem melhor. Passaria uma borracha no fim de semana anterior e aproveitaria cada minuto que estivesse em Los Angeles para curtir sua casa e seus amigos, já que esses momentos eram cada vez mais raros.

Sua primeira atitude foi pedir que Jodi ficasse com ela enquanto estivesse na cidade, Prepon queria ficar o mínimo de tempo possível sozinha. Porque ficar sozinha significava ter os pensamentos invadidos por dúvidas, lembranças, temores e expectativas. Fugia disso o máximo que podia.

Seu irmão Brad também veio passar um tempo com ela e os dias de Laura foram preenchidos por uma agitação que ela mesma provocava. Sempre tinha gente em sua casa. Juntava os amigos para curtir a piscina, a churrasqueira, a sala de tv, a cozinha. A cada hora ela arrumava uma receita nova para experimentar e em seguida reunia todos em volta da grande mesa da sala de jantar para apreciar seus pratos.

Passavam as noites jogando pôquer ou indo a algum novo bar que ela ainda não conhecia. Em uma determinada noite, Jodi, Terasa e Rebecca a convenceram de ir a uma boate, mas a ideia não foi boa. Laura não conseguiu evitar lembrar de Taylor dançando e resolveu ir embora cedo para espanto das amigas.

Durante aqueles dias ela só se permitia ir deitar quando já estava completamente exausta de sono, só assim podia assegurar que não passaria um minuto sequer rolando na cama e analisando a situação complicada em que havia se metido.

Só que depois de uma semana foi ficando difícil deixar os sentimentos de lado, por pouco não ligou para Natasha querendo saber notícias de Taylor. Mas lembrou da ameaça que recebeu sobre fazer a loira chorar mais uma vez e achou melhor não brincar com fogo. Pensou então em procurar Uzo ou Yael, elas eram mais discretas e sabia que tentariam ajudar. Mas até que ponto ela teria que explicar porque não ligava ela mesma para Schilling?

Seu esforço para ocupar a mente com qualquer assunto que não fosse Taylor Schilling era tanto que chegou ao cúmulo de se encontrar com Dylan. Ele estava de volta e quando soube que Laura estava em Los Angeles passou a insistir para vê-la. Em nenhum momento ela cogitou a possibilidade de que voltassem, mas aceitou ir até o restaurante dele para conversarem pessoalmente. Ainda havia algumas coisas dele em sua casa, então usou isso como pretexto para encontrá-lo. Assim que o viu, se questionou como pudera achar algum dia que estava apaixonada por aquele homem. Ele continuava gentil, bonito, educado, mas faltava alguma coisa ali. Uma coisa que ela encontrara de sobra numa loira em Nova York. Esse pensamento pegou-a tão desprevenida quando apareceu, que ela teve vontade de chorar de desespero.

Em breve teria de rever Taylor e passariam quatro dias juntas em Chicago para as filmagens em uma penitenciária de verdade. Precisava se preparar para agir de forma natural quando reencontrasse a loira. Imaginou que teria de enfrentar a raiva de Taylor por ela ter fugido aquela noite como uma covarde e só de pensar nisso ficava extremamente nervosa.

Elas teriam de conversar sobre aquilo, não poderiam deixar que seus problemas pessoais interferissem no trabalho que tinham pela frente. E era isso que ia propor à Schilling assim que a visse, uma conversa para acertarem as coisas.

Porém, embora quisesse esconder, Laura sabia que seu problema maior era o que fazer com o que sentia pela loira. Por mais que tentasse evitar, a recordação das duas naquele corredor estava presente em sua mente. E nos momentos que essa lembrança aparecia, seus lábios pareciam reagir como se pedissem por aquilo novamente. Taylor estava certa, ela também havia gostado do beijo. E a atração que sentiam uma pela outra não era normal, não era coisa entre amigas.

Mas que diabos ela podia fazer quanto a isso? Então tinha se tornado lésbica da noite para o dia? Uma vida inteira se relacionando com homens e agora uma mulher a fazia sair do sério? Seu maldito corpo a estava traindo, ficar excitada só em pensar no toque de Taylor, era uma tremenda frustração pra ela. Aquilo tinha que parar, assim que voltasse para Nova York ia buscar uma terapia.

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Enfim o dia da viagem para Chicago chegou. Taylor encontrava-se no aeroporto ao lado de Jenji e algumas outras pessoas da equipe esperando para embarcar. Até onde sabia, Laura estava atrasada, mas já tinha enviado uma mensagem dizendo que estava chegando.

A loira achava que estava preparada o suficiente para aquele encontro e passou os últimos dias tentando considerar todas as possibilidades. Mas assim que viu a morena se materializar na sua frente vestida toda de preto, usando botas compridas, uma calça justa e aquela jaqueta que a deixava terrivelmente sexy, todo o seu interior virou uma bagunça. Ainda bem que estava de óculos escuros, pois esperava que assim conseguisse disfarçar melhor o efeito daquela visão.

Laura foi até elas e cumprimentou-as com um beijo no rosto de cada uma. Na mesma hora as bochechas de Taylor começaram a pegar fogo. Para sua sorte, a chamada do voo foi anunciada. Assim que se acomodou em sua poltrona, ela colocou os fones e ficou muda durante toda a viagem. Não queria dar chance para que a morena se aproximasse.

Quando chegaram ao destino, entraram em uma van e foram direto para o hotel. As gravações só começariam no dia seguinte, mas haveria uma reunião com todos na parte da tarde para repassarem os detalhes das cenas que estavam programadas. O fato de filmarem em uma prisão de verdade, tornava a necessidade de que tudo saísse conforme o planejado, muito mais importante do que em qualquer outra ocasião.

Ao se registrarem na recepção, Jenji convidou-as para almoçarem juntas, mas Taylor recusou. Disse que estava sem fome e sentindo enjoos. Apesar daquilo servir para que fugisse de ficar ao lado de Laura durante a refeição, não era mentira. Ela realmente estava bastante enjoada, achou que era efeito do voo.

Subiu para descansar um pouco e na hora da reunião encontrava-se mais disposta. Por conta de suas personagens, ela e Laura tiveram que conversar sobre alguns acertos para as cenas que seriam gravadas no dia seguinte, mas isso não pareceu um problema para nenhuma delas. Era impressionante como as duas conseguiam entrar no modo profissional quando precisavam.

No entanto quando deixaram a sala lado a lado e caminharam até o hall dos elevadores, o incômodo que pairava entre elas voltou a ficar evidente. Ficaram mudas por um tempo, mas quando somente as duas entraram no elevador, alguém tinha que quebrar o silêncio:

- Como você está? – Laura sempre tomava a iniciativa.

- Bem. E você? – Taylor falou sem olhar diretamente pra outra.

- Bem também. Esse tempo em Los Angeles foi ótimo pra descansar, rever meus amigos e voltar renovada.

- Que bom pra você. – a loira não conseguiu disfarçar a ironia.

O equipamento parou no oitavo andar e foi só então que Schilling se deu conta que o quarto das duas era bem próximo um do outro.

- O que vai fazer agora à noite? Quer sair pra jantar? Podemos chamar a Jenji também. - Laura quis deixar claro que não seria um encontro.

- Acho que não, vou dormir cedo porque amanhã temos que estar de pé às seis. – tudo que Taylor queria era correr pra dentro do seu quarto.

- Mas ainda não são nem sete horas, Taylor. Não vai comer nada? Você tá mais magra, andou se alimentando mal né?

- Laura, sem essa de querer bancar minha mãe a essa altura do campeonato. Agradeço a preocupação, mas vou pedir serviço de quarto. – ela enfim teve coragem de encarar aqueles olhos verdes. - Mais alguma coisa ou posso entrar?

- Você vai ficar me tratando assim? Não acha que precisamos conversar? – elas estavam paradas em frente ao quarto de Schilling.

- Não acho. As coisas ficaram bem esclarecidas na última vez que conversamos. Boa noite e até amanhã.

Ao fechar a porta do quarto, Taylor sentiu um peso enorme saindo de seus ombros. Foi difícil, mas tinha conseguido dispensar Laura Prepon. Tudo que precisava era de um banho e comer alguma coisa, pois aquele fora mais um dia em que pulara o almoço.

Taylor acordou de madrugada sentindo a barriga doer e teve apenas tempo suficiente para ir até o banheiro antes que vomitasse ali mesmo no quarto. Começou a ficar preocupada com aquilo. Quando voltasse pra Nova York teria de procurar um médico pois aquela falta de apetite e os enjoos frequentes não eram normais. A única coisa boa de não se relacionar com um homem era que gravidez estava fora da lista de diagnóstico. Ao pensar daquele forma, soltou uma gargalhada. Pelo menos ainda conseguia encontrar algum humor em sua situação.

A segunda-feira passou voando. Piper a consumiu durante praticamente todo o dia. As cenas exigiam muito da sua concentração, então foi fácil esquecer seu mal estar e a presença de Laura Prepon. Já com Alex Vause ela conseguia lidar tranquilamente e foi muito bom perceber isso.

Quando estavam na van voltando para o hotel, Jenji mais uma vez convidou-as para fazerem uma refeição juntas. E de novo Taylor negou, apesar de estar ficando cada vez mais sem graça por essas recusas.

- Taylor, você tá se alimentando direito? Tá fazendo dieta? Você emagreceu bastante desde que nos vimos pela última vez. – Jenji falou com preocupação evidente.

- Eu falei exatamente a mesma coisa pra ela ontem.  – Laura se intrometeu na conversa.

A loira lhe lançou um olhar fulminante com um recado claro de “não se meta”.

- Eu estou um pouco cansada, Jenji. E amanhã começamos cedo novamente. Por isso prefiro jantar no quarto mesmo e depois dormir.

Jenji não pareceu satisfeita com aquela resposta, mas acabou se calando.

No hotel, Taylor optou por comer algumas frutas leves e tomar um chá. Aquilo pareceu acalmar seu estômago e ela não passou mal naquela noite.

Mais um dia de gravações intensas aconteceu para alegria da loira. Estava realmente feliz por comprovar que qualquer problema que houvesse entra ela e Laura, não conseguira interferir no desempenho de ambas. Prepon resolvera não tentar mais nenhum contato além do necessário, então Schilling começou a se sentir mais segura. Ainda assim o dia terminou com o seu ritual de ir direto para o hotel, ver um pouco de televisão, comer algo leve e cair na cama cedo. Apesar das náuseas ainda aparecerem e de ter vomitado em duas outras ocasiões, ela tentou não dar muita importância a isso.

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Era quarta-feira, terceiro e último dia das filmagens em Chicago. Laura sentia-se feliz por estarem concluindo mais aquela etapa de trabalho. Para sua surpresa, quando Piper Chapman e Alex Vause entravam em cena, a química entre Taylor e ela surgia de forma quase que instantânea. Uma preocupação a menos para incomodá-la.

Mas sua relação com a loira ia de mal a pior. Quando estavam fora do set, Taylor a ignorava completamente. Ela havia erguido um muro entre elas e por mais que Laura tentasse, não conseguia abrir uma brecha. Depois do segundo dia, achou melhor parar de tentar. Se a amiga queria manter essa distância, só cabia a ela respeitar. Daria um tempo maior para que as coisas esfriassem e quando voltasse para Nova York, ela insistiria novamente para que conversassem.

Ao fim do dia, todos combinaram de ir a um bar no centro da cidade comemorar o encerramento das gravações. A equipe estava super animada com o resultado. O tempo todo ela e Taylor recebiam felicitações e palavras de incentivo.

Foi tomar um banho e se arrumar, pensando se deveria bater no quarto da loira para checar se ela iria. Mas duvidava muito que Schilling saísse da toca. Quando não estava gravando, ela praticamente se refugiava no hotel.

Por isso, Laura praticamente engasgou com a cerveja que tomava ao ver Taylor entrando no bar, ao lado de uma outra atriz que havia trabalhado com elas durante esses dias. Aquela conhecida irritação começou a tomar conta de seu corpo. E veio acompanhada da imagem de Taylor rindo dela quando dizia que estava com ciúmes. Para afastar-se daquele sentimento, concentrou-se na conversa que estava tendo com dois produtores da série. Decidiu que faria o mesmo que a loira: ignoraria sua presença.

Obviamente só conseguiu ter sucesso por um curto período de tempo e quando enfim localizou-a, foi tomada de alívio ao ver que estava sentada em uma mesa ao lado de Jenji. Tomou coragem e foi até elas.

- Minhas duas belas protagonistas. -  Jenji estava um pouco alta, percebeu Laura. – Vocês sabem que são meu maior tesouro né? Laura por um momento me preocupou demais, mas já me reconquistou e se preciso for brigo até com o dono da Netflix por sua continuação na série.

As duas atrizes acabaram rindo juntas daquela declaração tão fora da normalidade vinda da chefe.

Logo Jenji se levantou, dizendo que precisava ir falar com os meninos e deixou as duas sozinhas. Laura achou que fora de propósito.

- Quer que pegue alguma bebida pra você, Tay?

- Não, obrigada. Hoje estou só na água.

- Só bebendo água? O que tá acontecendo com você?

- Eu tenho me sentido um pouco enjoada ultimamente. Tudo que como anda me fazendo mal. - Taylor falou de forma tímida.

- Você precisa ver isso, Tay.

- Eu sei. Vou marcar uma consulta assim que voltarmos.

Como aquele assunto estivesse encerrado, nenhuma das duas soube que rumo dar a conversa por um bom tempo.

- Senti sua falta. – Laura enfim disse algo, embora de forma sussurrada.

- Para. - Taylor se encolheu na cadeira. – Nem começa, Laura.

- Será que nossa amizade tem que acabar desse jeito, Tay? Eu não quero isso.

- Eu também não quero. Só que nesse momento acho que não temos muita opção né?

- Porque você está me tratando desse jeito? Como se fosse a única atingida nessa história toda? – Laura começou a sentir algo fervendo dentro dela. – Se formos levar tudo em consideração, pra você é até mais fácil entender o que aconteceu. Já deve estar acostumada com esse tipo de situação. Mas resolveu se colocar nessa pose de donzela ofendida e eu que tô de castigo?

Quando levantou a cabeça, Laura viu que Taylor a observava de olhos arregalados. Droga! Com certeza ela piorara as coisas.

- Laura, quando eu digo que é melhor a gente não falar sobre o que aconteceu, quando eu evito ficar perto de você, é justamente por causa dessas merdas que saem da sua boca. Você não para pra pensar não?

A morena ia abrir a boca, mas foi interrompida.

- Para de ficar insinuando a todo momento, que eu por ser lésbica, a responsabilidade pelo que aconteceu entre a gente é só minha. – Ao ver Laura se sentir incomodada com a palavra, ela repetiu:  - Isso mesmo, eu sou lésbica. E se isso te causa incômodo, não precisa dirigir a palavra a mim além do necessário.

- Deixa de ser maluca e para de gesticular que já estamos chamando atenção.- Laura percebeu que algumas pessoas próximas estavam olhando para elas. – Ok Taylor. Você venceu. Desisto. Estou indo embora pra você aproveitar um pouco sua noite sem ter que aguentar minha presença.

Laura foi embora sem se despedir dos demais e com uma certeza: a amizade entre elas estava abalada de uma forma que temia ser irremediável.

 

No dia seguinte pela manhã, encontraram-se no saguão do hotel a fim de irem todos juntos para o aeroporto. Não se deram nem ao trabalho de cumprimentar uma a outra. No voo o clima era o mesmo, nada de contato.

Ao desembarcarem, Jenji comunicou-as que um carro já esperava as três pra deixá-las em casa. Laura pensou em recusar e pegar um táxi sozinha, assim evitaria aquele clima pesado. Mas estava tão cansada que resolveu aceitar.

No carro sentaram ao lado uma da outra, mas ambas estavam de óculos escuros então foi mais fácil disfarçar os olhares. Pegaram um engarrafamento monstro logo que saíram do aeroporto e Laura percebeu que Taylor começou a se remexer demais no banco. Quando já estava prestes a perguntar se havia algo errado, sentiu a mão gelada da loira pegando em seu braço.

- Lau, eu acho... – antes que conseguisse dizer mais alguma coisa, Taylor tombou no colo de Laura.

Prepon ficou tão nervosa que Jenji teve de tomar conta da situação. Orientou que o motorista retornasse pra fugir daquele trânsito e as levasse o mais rápido possível para um hospital.

 

 Laura não conseguia ficar sentada na sala de espera por mais de cinco minutos. Embora Jenji insistisse para que se acalmasse, ela andava de um lado pro outro, como se aquilo fizesse o tempo passar mais rápido. Fazia mais de uma hora e meia que Taylor tinha dado entrada na emergência. Ao chegar, ela já estava acordada, mas se sentia tonta e confusa.

Ainda esperaram por mais uma hora enquanto a loira passava por alguns exames. Quando enfim foram chamadas até o quarto em que ela estava, Laura achou que quem ia desmaiar ela era de tanta ansiedade. Assim que entraram, Prepon buscou os olhos de Taylor e sentiu seu coração derreter quando viu um sorriso, mesmo que tímido, direcionado a ela.

Logo a conexão foi quebrada, pois o médico começou a falar. Ele se voltava para as duas como se quisesse saber quem era a responsável pela mulher deitada na maca.

- Bem, em primeiro lugar gostaria de tranquilizá-las. Apesar de inspirar certos cuidados, o que a senhorita Schilling teve não é nada tão grave. Fizemos alguns exames, mas as coisas que ela relatou sobre sua rotina recente e sintomas que vem tendo, foram muito mais determinantes para chegarmos a uma resposta. – Laura começou a fica mais assustada, por mais que o doutor tenha ressaltado que não era nada de tão grave.

Ele continuou:

- Ela claramente está passando por um momento de estresse agudo e essa foi a causa provável de seu desmaio. Aliado a isso, temos um quadro de gastrite nervosa. Ela me relatou que vem sentindo muitas náuseas e queimações no estômago há pelo menos duas semanas. Nos últimos dias, passou a ter ocorrências de vômito. Obviamente por conta disso não vem conseguindo se alimentar satisfatoriamente e pude notar um leve estado de fraqueza.

- Taylor Jane Schilling. – Laura falou de forma tão brava que o médico e Jenji olharam para ela espantados.

- Qual o tratamento doutor? Ela vai ter de permanecer aqui? – Jenji foi objetiva.

- Não será necessário. Deixamos ela um tempo no soro e já a medicamos adequadamente. No entanto, ela vai ter de seguir uma dieta rigorosa daqui pra frente. Ela também precisa de alguns dias de descanso pra aliviar o estresse. Posso monitorá-la à distância e daqui a uma semana ela volta para uma nova consulta. No entanto, caso ocorra algum outro desmaio, ela deve ser trazida imediatamente pra cá.

Laura olhou pra Taylor e viu que a loira estava de olhos fechados.

- Alguma de vocês mora com ela?

- Não. – Jenji apressou-se em falar. – Ela vai precisar de acompanhante, certo?

- Não obrigatoriamente. Mas é bom que pelo menos nesses três primeiros dias alguém esteja por perto, assegurando que ela se alimente corretamente, tome os remédios no horário, essas coisas.

- Não precisa. – foi a primeira vez que Taylor resolveu se pronunciar. – É só me entregar tudo por escrito, eu não estou imobilizada nem algo do tipo. Posso muito bem me virar sozinha.

- Isso está fora de cogitação, Taylor. – Jenji foi dura. – Se tem uma coisa clara aqui é que você não está apta a cuidar de si no momento. Mas essa conversa teremos só nós duas. Você tem alguém da sua família na cidade? Uma amiga que possa ficar com você? Se não tiver, eu mesma resolvo isso.

- Eu vou ficar com ela. – Laura falou com voz firme.

- De jeito nenhum. Isso não. – Taylor gritou.

- Bem, eu vou ver outro paciente. E volto daqui a pouco para dar alta à senhorita Schilling. – o médico claramente queria fugir da discussão iminente.

- Jenji, eu não tenho nenhum compromisso no momento. Nenhuma gravação marcada. - Laura tentava convencê-la para que ganhasse seu apoio naquela pequena batalha. – E ninguém melhor do que eu para fazer essa garota comer da forma correta.

- Laura, isso não é sua responsabilidade. Eu posso conseguir alguém para ficar com ela...

- Vocês querem parar de falar como se eu não estivesse aqui? Eu não preciso de babá, Jenji. Prometo que vou seguir as recomendações direito.

- Taylor, você não tem escolha. Foi irresponsável viajando pra Chicago com todos esses sintomas, e ainda por cima escondeu da gente. Vou te dar uma semana de folga.

- Não preciso disso tudo.

- Só volta a trabalhar depois da consulta da semana que vem e quando o médico assegurar que está bem de verdade. – olhou para Laura e em seguida para Taylor - E Laura fica com você. Tá decidido. É uma ordem.

Alguns segundos de silêncio preencheram o quarto, até que a diretora voltasse a dizer:

- E tratem de resolver essa merda entre vocês duas. O que foi? Acham mesmo que eu não percebi que estão brigadas? Só não falei nada porque isso não interferiu na atuação de vocês. Mas tá na hora de acabar com essa palhaçada. Ou então se matem de uma vez naquele apartamento. O que vai ser uma pena, porque vamos ter de acabar com a série e teremos centenas de pessoas desempregadas. – ela fez uma pausa analisando a reação das duas. - Vou até a recepção acertar tudo para podermos ir embora.

Quando Jenji saiu do quarto, Taylor foi a primeira a falar:

- O que você tem na cabeça Laura? Isso é um grande erro.

- Taylor é melhor não me provocar, porque nesse momento eu realmente tenho vontade de te matar. Você é muito relaxada com a sua saúde.

- O motivo do meu estresse é LAURA HELENE PREPON. – Taylor gritou ao pronunciar o nome dela. – Será que é difícil entender que justamente por isso você é a última pessoa que tem que ficar comigo?

Laura ficou tão assustada com a reação da loira que demorou um tempo pra se recuperar e conseguir responder a altura:

- No meu ponto de vista, se eu sou a causa do seu estresse, nada mais indicado que eu também assuma a função de cuidar de você.


Notas Finais


Porque será que acho que arrumei outro problema?
Agora que há uma luz no fim do túnel a cobrança vai ser pra saberem como acontecerá a fase Laura enfermeira, certo? Peguem leve comigo, please.


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