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História Apenas Ela - Afastamento


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Adorei os comentários do capítulo anterior.
Tá difícil mesmo dessas duas se entenderem.

Capítulo 21 - Afastamento


Prepon levantou com uma dor de cabeça lancinante. E se na madrugada anterior seu estado era de total tristeza e decepção com tudo o que havia acontecido, ao acordar o que a dominava era uma raiva cega. Raiva de Taylor e raiva de si mesma por ter permitido ser magoada daquela forma.

Ao religar o telefone viu as dezenas de mensagens e ligações de Schilling e aquilo só serviu para deixá-la pior. O que a loira pensava? Que bastaria um pedido de desculpas e assim poderiam continuar como se nada tivesse acontecido? Resolveu atendê-la para encerrar de uma vez por todas com o assunto. Ouvir a voz de Taylor foi mais doloroso do que imaginara. Ela ainda não podia acreditar que aquela mulher com quem tinha vivido momentos tão íntimos e intensos nas últimas semanas teve coragem de ficar com outra bem na sua frente.

Quando Prepon percebeu que a loira havia encerrado a ligação abruptamente, por um momento sentiu-se culpada. Talvez houvesse pegado pesado demais. Mas no instante seguinte decidiu que fora muito melhor assim. Pelo menos Schilling pararia de procurá-la.

Sentindo que enlouqueceria se continuasse remoendo toda aquela história, Laura foi até o quarto e preparou uma pequena mala de viagem. Precisava sair de Nova York por alguns dias. Teria de remarcar alguns compromissos, mas isso era o de menos. O importante agora era recuperar seu equilíbrio emocional e focar em sua vida dali por diante.

Já na estrada, Laura selecionou uma playlist que a fazia lembrar sua adolescência. E milagrosamente isso funcionou. As recordações daquela época lhe trouxeram conforto e uma sensação de paz, evitando que focasse nos problemas recentes. Chegou a seu destino em pouco mais de uma hora. De todos os lugares do mundo aquele era o único em que ela queria estar naquele momento.

Estacionou o carro em frente à casa que trazia as melhores memórias de sua vida e já conseguia estampar um sorriso no rosto ao tocar a campainha. Para sua surpresa não foi Marjorie quem atendeu a porta.

- Ei... o que faz por aqui, estranha?

Antes de responder qualquer coisa, Laura se jogou nos braços de Brad. Era tão bom ver que o irmão também estava na casa de sua mãe. Ele pareceu surpreso com tanta demonstração afetiva:

- Nossa! Isso tudo é saudade, maninha? Também te amo.

- Bobo. Eu só estou feliz porque não esperava te encontrar aqui – ela bagunçou os cabelos de Brad, era um hábito que tinha e do qual ele sempre reclamava.

- Não começa. Veio pra ficar, é? – ele perguntou olhando pra mala ao lado dela.

- Por alguns dias.

- Que bom, Laura. Mamãe vai ficar feliz.

Entrando na casa, Prepon teve outra grata surpresa. Stephanie e dois de seus sobrinhos também estavam ali. Mais abraços e gritinhos chamaram a atenção de Marjorie Prepon que veio da cozinha secando as mãos em um pano de prato.

- Meu amor, não acredito. Que surpresa maravilhosa!

Laura correu para abraçar a mãe. Estar repentinamente envolta naquele ambiente repleto de amor e carinho deixou-a tão sensibilizada que seus olhos ficaram marejados.

- O que houve? – Marjorie instantaneamente pressentiu que havia algo errado.

- Como assim? Então uma filha não pode simplesmente visitar a mãe? - a morena tentou disfarçar enxugando rapidamente as lágrimas – E que história é essa de reunião familiar sem que eu tenha recebido nenhum convite? Dani e Jocelyn também vem?

- Não. Jocelyn ainda está evitando sair de casa pra não forçar demais a perna e Dani está viajando – foi Brad quem esclareceu.

- Vem comigo. Preciso olhar o assado no forno – Marjorie carregou a filha pra cozinha.

Assim que estavam sozinhas no ambiente, ela insistiu:

- O que aconteceu? Não pense que me engana mocinha.

- Só estava sentindo falta desse ambiente familiar, mãe. Minha vida anda um pouco confusa, mas não se preocupe porque não é nada grave.

- Ok. Mas depois quero saber tudinho. Vai ficar quanto tempo?

- Acho que até quarta, depois vou pra Los Angeles. Minha casa anda muito abandonada. Jodi faz até mais do que devia, mas preciso ficar lá uns dias também.

Marjorie pareceu se dar por vencida, pelo menos momentaneamente, e não voltou a pressionar Laura. O domingo transcorreu muito melhor do que a morena esperava ao acordar. O almoço em família e a tarde com os sobrinhos trouxe um pouco de tranquilidade ao seu coração.

Os irmãos foram embora somente à noite e assim que eles deixaram a residência, Laura sentiu que o sono a dominava. Dormira bem pouco na noite anterior e estava emocionalmente exausta.

- Mãe, você se importa se eu me deitar cedo? – ela subia até seu antigo quarto, que ficava no segundo andar da casa, carregando a mala que trouxera ao lado de Marjorie.

- Claro que não, querida. Dá pra ver o quanto está cansada.

- Eu já disse hoje o quanto te amo?

- Acho que hoje ainda não.

- Então digo agora. Eu te amo demais dona Marjorie Prepon. E obrigada por estar sempre aqui quando eu preciso – ela deu um beijo na cabeça da mãe.

As duas já estavam em frente ao quarto de Laura:

- Quer ficar aqui um pouco?

- Tome um banho e vá dormir, Laura. É disso que está precisando agora. Amanhã teremos o dia inteiro pra conversar e ficarmos juntinhas – a mulher mais velha deu um abraço apertado na filha e foi em direção a seu quarto.

- Boa noite mãe – Laura disse antes de finalmente entrar e encostar a porta.

Após desfazer a mala e tomar um banho quente reconfortante, Prepon deitou-se na cama e resolveu checar o celular antes de dormir. Nenhum sinal de Taylor, mas havia duas ligações de Natasha. Decidindo se devia ou não retornar aquela chamada, Laura primeiro enviou mensagens a Jodi e Jenji informando onde estava para qualquer eventualidade. Deixou claro que não queria que mais ninguém soubesse de seu paradeiro. Precisava realmente se desconectar de sua vida em Nova York, nem que fosse só por alguns dias.

Enfim a curiosidade acabou vencendo-a e ela ligou para Lyonne.

- Oi ruiva. Até que enfim. Pensei que ia me ignorar.

- Olá, garota. Passei o dia longe do telefone e só agora vi suas ligações. Tá tudo bem?

- Comigo sim e com você? Liguei justamente pra isso, pra saber como estava.

- E quem é que quer saber? – Laura estava desconfiada.

- Você é mesmo dura na queda, Laura Prepon. Sou eu que quero saber. Taylor não me pediu nada dessa vez, se é isso que tá insinuando.

- Desculpa, Tasho. Não queria que você acabasse no meio disso tudo – dando-se conta que talvez estivesse sendo injusta com a pessoa que mais a apoiara na noite passada, Laura amenizou o tom – Eu tô bem, na medida do possível.

- Quer fazer algo pra distrair a cabeça? Sabe que sou boa nisso.

- Oh, não estou em Nova York.

- Não? – Lyonne pareceu bastante surpresa.

- Não – Prepon ficou em dúvida se dizia onde estava – Eu precisei sair de casa um pouco.

- Foi pra Los Angeles?

- Vim pra Watchung, Lyonne. Precisava de um colo de mãe – ela decidiu que a amiga merecia que fosse sincera – Mas por favor, não comente isso com ninguém. Avisei somente Jenji, no caso dela precisar de minha presença.

- Você acha que fugir vai adiantar? – Natasha foi direto ao ponto.

- Não é questão de fugir. Mas é melhor manter distância por enquanto – Laura pensou um pouco antes de continuar: – Você já deve tá sabendo que eu e ela tivemos uma discussão por telefone hoje de manhã. Acabei ofendendo-a. O que já estava ruim conseguiu ficar pior.

- Opa, a loira não me falou nada. Passei lá hoje à tarde e ela fez um grande esforço pra tentar me convencer de que estava bem. Quando perguntei de vocês, ela disse que não queria mais falar sobre isso. Mas em momento nenhum falou que vocês haviam discutido novamente.

A morena achou aquilo estranho, afinal sabia que Natasha era a amiga mais próxima de Taylor atualmente. E nem com ela a loira estava se abrindo? Bom, isso não era mais problema seu.

- Também não quero mais falar sobre esse assunto, Tasho. Podemos escolher uma nova pauta?

- Claro. Você quem manda.

As duas passaram mais meia hora no telefone falando sobre assuntos aleatórios e sem grande importância. Laura ficava impressionada com a facilidade que Natasha tinha para lhe arrancar tantas gargalhadas. As duas prometeram que assim que Prepon voltasse, fariam algo juntas.

Quando desligaram, Laura estava tão relaxada que rapidamente pegou no sono. Sua noite, porém, não foi nem um pouco tranquila. Teve um sonho perturbador com Taylor: ela se afogava em um lago de águas aparentemente calmas e por mais que tentasse, Laura não foi capaz de salvá-la.

Acordou com o coração acelerado e banhada de suor. Sem que soubesse o motivo exato, começou a chorar. Sentia uma angústia tão grande dentro do peito, que saiu do quarto e foi até a área externa da casa esperar o dia amanhecer. Precisava de ar puro.

As lembranças dos dias que passara com Taylor resolveram atormentá-la e só então ela teve noção do quão difícil seria deixar tudo aquilo para trás. Mas ela não tinha escolha ou tinha? Pelo que pudera comprovar, a loira esperava por coisas que ela não estava preparada para dar. Por sua vez, ela também tinha objetivos de vida que não poderiam ser realizados com Schilling.

Ao entrar novamente em casa, Laura sentiu o cheirinho de café vindo da cozinha. Surpreendeu-se ao saber que sua mãe já estava acordada. Mas não foi a única a ficar surpresa, pois assim que viu a filha, Marjorie olhou-a espantada:

- O que faz de pé tão cedo mocinha? Ainda não são nem sete horas.

- Estava lá fora.

- Lá fora a essa hora? Não dormiu bem, querida?

- Ah mãe... não sei o que tá acontecendo comigo.

- Porque não tenta me contar o que tá se passando? Mal pus os olhos em você ontem e sabia que algo estava realmente errado.

Laura não sabia por onde começar. Sempre tivera uma relação bastante aberta e sincera com a mãe, mas até que ponto estava preparada para trazer o assunto Taylor à tona?

- Quem é que está partindo o coração da minha garotinha? Não me diga que é aquele idiota ainda – como Prepon não desse o primeiro passo, Marjorie decidiu que faria isso.

- Mãe!

- Você continua saindo com ele, Laura?

- Claro que não. Encontrei Dylan naquele evento que te falei e ele conseguiu acabar com o pouco de amizade que ainda existia. Se depender de mim, nunca mais nem nos falamos.

- Melhor assim. Mas isso levanta outra questão. Eu não sabia que você tava com um novo namorado.

- E não estou.

Prepon respirou fundo, aquilo estava sendo mais difícil do que imaginara.

Marjorie finalmente terminou de arrumar a mesa e sentou-se ao lado da filha. As duas começaram a tomar o café da manhã sem que mais nada fosse dito. Em determinado momento, o silêncio passou a incomodar tanto Laura que ela soltou de uma vez:

- Acabei me envolvendo com uma mulher – ela não teve coragem de encarar a mãe ao dizer aquilo.

Certamente a mulher mais velha precisou de um tempo para processar aquela informação, pois demorou até que enfim dissesse alguma coisa. Ao fazê-lo, porém, Laura congelou na cadeira:

- É a Taylor?

- Como você sabe?

- Bem, confesso que sua declaração me pegou desprevenida. Você nunca deu a entender que se interessava por mulheres. Pelo contrário, seu currículo é farto em belos exemplares masculinos.

- Mãe, pelo amor de Deus!

- O que foi Laura? Você sempre foi bem namoradeira. Vai negar isso agora? – sem resposta, Marjorie prosseguiu: - Mas se está interessada em uma mulher, o único nome que me vem à cabeça é o dela.

- Por quê? Você nem mesmo a conhece pessoalmente.

- Conheço-a o suficiente através de você. Desde que voltou de Paris, o nome de Taylor aparece frequentemente, Laura. Enquanto estivemos cuidando de Jocelyn, perdi a conta de quantas histórias ouvi sobre a loirinha. Por várias vezes quando nos falamos nos fins de semana, ela estava em sua casa ou você na dela.

A morena estava envergonhada ao perceber o quanto dera bandeira quando achava que estava sendo tão discreta.

- Você tá certa, mãe. É ela.

- Hum... isso vai ser um pouco estranho no começo, mas acho que logo me acostumo. Quando vou conhecer minha nora?

- Ela não é sua nora. Nós nem estamos juntas mais.

- Mas já Laura? Como é que você me dá a notícia de um início e de um término de namoro ao mesmo tempo? Assim fica difícil, filha.

- Ela me sacaneou feio. Taylor Schilling já é passado.

Terminando a refeição, Marjorie deixou a louça na pia e chamou Laura para fora de casa:

- Preciso trabalhar um pouco no jardim. Venha me ajudar enquanto me conta toda essa história em detalhes.

No começo foi difícil, mas aos poucos Laura foi se sentindo mais à vontade para explicar tudo o que vinha acontecendo entre ela e Taylor. Obviamente teve de pular todas as partes picantes, mas sabia que a mãe tinha total consciência dos trechos que estava omitindo. Ao final, sentia-se bem mais leve. Marjorie tentou acalmá-la dizendo que aquele desentendimento entre elas era normal e logo tudo se acertaria, mas quanto a isso Laura estava irredutível. Seu problema não era como se reconciliar com Taylor e sim como esquecê-la definitivamente.

Laura passou mais três dias na casa da mãe. E por mais que Marjorie quisesse saber mais a respeito daquele novo relacionamento, ela percebeu que não era um bom momento, por isso tratou apenas de enchê-la de mimos e carinho. Era disso que a filha estava precisando.

Sentindo-se agradecida pela sensibilidade de sua mãe, aos poucos Laura foi adquirindo mais confiança em si de que conseguiria sair viva daquele turbilhão em que se encontrava. Durante esses dias, trocou algumas mensagens com Natasha e mais algumas meninas do elenco. Taylor não tentou nenhum novo contato. E por mais que desejasse esse afastamento, a morena perguntava-se como ela devia estar.

 

Na quarta-feira, ela teve de despedir-se da mãe. Tentou levar Marjorie junto com ela para Los Angeles, mas não conseguiu. Teve de ouvir alguns conselhos sobre considerar a possibilidade de dar uma nova chance à Taylor, mas só não protestou veementemente contra aquilo porque não queria se indispor com ela.

Ao aterrissar em Los Angeles, Jodi a aguardava no aeroporto para levá-la para casa. A princípio os planos de Laura eram de aproveitar seus dias na cidade da forma mais intensa possível, como fizera da primeira vez em que ela e Taylor brigaram. Casa cheia, noitadas, passeios, restaurantes... esperava assim não ter tempo para pensar em sua fracassada vida amorosa.

Assim que chegou, porém, deu-se conta de que não era nada disso que estava precisando. Empurrar o problema com a barriga não era uma solução muito madura. Decidiu então que aproveitaria seus dias de forma mais tranquila. Pediu a Jodi que não avisasse a ninguém de sua estadia na cidade e recebeu em casa somente as amigas mais próximas. Elas perceberam que havia algo diferente com Prepon, mas sabiam que não adiantaria pressioná-la. Ela só falaria quando, e se, quisesse.

 

Após dez dias longe de Nova York, era hora de voltar. Laura teria algumas cenas para gravar na semana seguinte e precisava se preparar. O assunto Schilling já estava bem mais resolvido em sua cabeça. Sim, ela acabara se envolvendo e gostado da loira mais do que devia. Sim, elas tiveram ótimos momentos juntas. Só que aquilo era passado. As duas tinham um forte potencial para se magoarem e isso era extremamente perigoso para ambas, principalmente porque poderiam arruinar a convivência profissional que eram obrigadas a ter. Esperava de verdade que um dia conseguissem voltar a ser amigas, pois Laura sabia que sentiria falta da amizade que conquistaram. Mas isso no momento não era possível, ainda doía muito cada vez que a imagem de Chloe e Taylor teimava em aparecer para assombrá-la.

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Se para Laura aqueles dias haviam sido preenchidos por tentativas de voltar mais forte, Taylor passou-os tentando mostrar a todos que nada demais havia acontecido. Até mesmo para Uzo e Natasha, que haviam presenciado seu estado deplorável na fatídica noite, ela determinou que Laura Prepon era assunto proibido.

Sozinha em seu apartamento porém, Schilling permitia-se sofrer enquanto recolhia os cacos que aquele furacão moreno havia espalhado por toda parte. Depois das duras palavras de Prepon ao telefone, ela decidiu que não a procuraria mais. Não adiantava insistir. Por mais errada que estivesse, isso não dava o direito de ser xingada e ofendida. Se Prepon achava que ela era uma vadia, então que continuasse com aquela certeza.

Taylor achava que Laura apenas sentira uma forte atração sexual por ela e que a muito custo se permitira experimentar aquilo. Mas claramente ela nunca quis embarcar numa relação de verdade. Ficar com Taylor sempre foi algo que a incomodava embora lhe desse prazer.

Então de que adiantaria ela correr atrás, provar que não tinha nada com Chloe, tentar reconquistar a confiança perdida? Laura estava sempre disposta a enxergar somente o lado ruim daquilo tudo. Não valorizava o que tinham de bom. Investir naquela história acabaria com sua saúde mental e física, era o mantra que Taylor repetia com frequência naqueles dias.

Paradoxalmente, estar apaixonada pela morena era o principal motivo para que devesse se afastar dela. Precisava esquecê-la, apesar de não ter nem ideia de por onde começar.

O único avanço decente que fez com sua vida foi terminar de uma vez por todas com qualquer esperança de Chloe. Ela não entrou em detalhes sobre tudo que estava acontecendo, apesar da garota claramente estar bem próxima da verdade, mas tratou de esclarecer que não havia nenhuma chance das duas terem mais nada. Apesar de ter ficado aparentemente triste, a menina não fez nenhum grande drama. Essa era uma das virtudes da juventude, os problemas raramente duravam mais do que o tempo necessário.

Schilling tentou se concentrar ao máximo no trabalho. Era a única coisa que ainda a deixava respirar fora de sua bolha de tristeza. Até onde sabia, por uma conversa que ouvira sem querer de Natasha com Uzo, Laura não estava em Nova York. Isso era típico dela. Provavelmente estava curtindo a vida em Los Angeles junto com seu bando e quem sabe até um novo namorado. Por mais que doesse, isso servia para lhe dar mais força para seguir em frente.

Taylor achava que estava se saindo muito bem na medida do possível, até ser chamada na sala de Jenji para receber o roteiro das cenas que teria de gravar dali a algumas semanas com Laura. O tremor que percorreu seu corpo mostrou que ela não estava se saindo tão bem quanto achava. Teria que trabalhar duro dali pra frente e se preparar emocionalmente para enfrentar o que viria.

Pra piorar tudo, ela começou a ouvir rumores de que Laura estava de volta à cidade para gravar algumas externas. Taylor não participaria dessas cenas e tinha esperança de que dessa forma não precisaria encontrar a morena ainda. Era cedo e não sabia a reação que teria.

Dois dias depois ela ficou sabendo.

Assim que parou o carro no estacionamento do estúdio, viu o carro dela duas vagas depois da sua. Ela estava ali. Rezando para que Laura já tivesse saído com a equipe da externa, Taylor foi se encaminhando à entrada do edifício de cabeça baixa.  

Antes mesmo de dobrar no corredor dos camarins, dava pra ouvir o falatório das meninas. Logo viu o motivo: Laura estava cercada, aparentemente contando alguma novidade de forma animada. Schilling decidiu entrar rapidamente em seu camarim antes que fosse notada, mas algo chamou sua atenção. Natasha parecia a mais empolgada com a presença de Prepon. E isso era algo que estava incomodando Taylor demais ultimamente. De alguma forma inexplicável, toda aquela confusão parecia ter aproximado Lyonne de Prepon. Aparentemente, mesmo fora da cidade elas não haviam perdido contato. Era impossível para a loira não sentir ciúme.

Taylor demorou tanto a entrar em seu camarim, que Dascha acabou avistando-a:

- Ei, Schilling. Olha quem tá de volta.

Laura a olhava sem nenhuma expressão e tudo que Taylor queria naquele momento era sumir. Tratou de arrumar uma desculpa qualquer:

- Desculpa meninas, tô super atrasada. Tenho que me aprontar – ela entrou no camarim rapidamente sem esperar por resposta.

Quase uma hora depois, embora estivesse atrasada, ainda estava apreensiva em sair daquele cômodo até que um anjo veio salvá-la:

- Ei, Taytay. Me pediram pra ver se está tudo bem. Estão te aguardando. – era Uzo.

- Eu tô indo. – ela olhou a amiga de forma vacilante e tomou coragem para perguntar: - Laura ainda está aí?

- Não. Eles já saíram. Mas você sabe que não vai adiantar ficar se escondendo né? Uma hora vocês vão ter que se falar.

- Que seja, Uzo. Mas não hoje, não agora.

 

No dia seguinte a saia justa voltou a acontecer. A diferença foi que não havia outras testemunhas. Taylor estava se encaminhando ao set quando avistou Laura vindo em sua direção. Sem saber o que fazer, as duas pararam e ficaram se encarando. Schilling foi mais rápida, deu meia volta e entrou na primeira porta aberta que encontrou pela frente. Para sua sorte era um depósito vazio e ninguém presenciou sua atitude ridícula de ficar ali por quase dez minutos para ter certeza de que não corria mais riscos de topar com a morena.

 

Na sexta-feira, haveria o tradicional encontro das meninas no pub perto do set. Taylor queria muito ir, pois já fazia tempo demais que estava reclusa em casa. Mas encontrar Laura ainda era um problema então ela teve de passar por cima de seu orgulho e procurar Natasha na hora do almoço.

- Tasho, preciso te perguntar uma coisa e por favor, quero que se esforce ao máximo para ser discreta.

- Qual a bomba?

- Nada demais. Você sabe se Laura vai ao pub hoje?

- E porque eu saberia?

- Porque de repente vocês se tornaram melhores amigas?

- Ciúme de mim, loirinha?

- Não enrola. Ela vai ou não?

- Você não acha que tá na hora de pararem de se evitar? Vocês fazem a porra de um casal na série e acham mesmo que ficar nessa vai adiantar?

- Deixa pra lá, Natasha. Eu não vou. Avisa as meninas, por favor.

- Ei, calma. Pode ir tranquila, ela não vai hoje. Já tinha marcado outra coisa pelo que sei.

Schilling não sabia o que a deixava mais surpresa, o fato de Lyonne realmente andar tão bem informada da vida de Laura ou a decepção que sentiu ao ouvir que a morena já tinha outro compromisso.

O encontro com as meninas foi divertido, como sempre. Ela preferiu não beber muito com medo de falar demais, mas conseguiu rir das piadas e interagir em todos os assuntos que apareciam. Por duas vezes se pegou olhando para a porta quando esta foi aberta, na esperança de ver um hipnotizante par de olhos verdes adentrando o local. Só mesmo ela para ser tão idiota assim, foi o que pensou ao se dar conta do quanto Prepon ainda mexia com seu íntimo.

A semana seguinte foi mais tranquila para Taylor. Apesar de saber que Laura ainda estava envolvida com algumas gravações externas, não a viu mais ali pelos estúdios e achou que isso era um bom sinal. Em breve, todos teriam uma pausa de uma semana e Taylor achou que aquele descanso era mais do que bem vindo.

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Laura falava com Natasha ao telefone:

- Sábado? Posso sim. O que você tá aprontando?

- Nada demais. Apenas uma reuniãozinha com as meninas aqui em casa. Você vem? Já furou semana passada.

- Eu disse que minha irmã estava na cidade e já tinha marcado de jantar com ela, Tasho.

- Ok, não se fala mais nisso. No sábado quero você aqui em casa. Mas vou logo avisando que a loira vai tá presente.

- E daí? Não tenho nenhum problema quanto a isso. Ela é que tem.

Laura tentou fingir indiferença, mas a verdade era que saber que Schilling estaria presente, lhe causava uma enorme ansiedade.

Voltara de Los Angeles preparada para tratá-la de forma educada quando se vissem. O desentendimento entre elas era página virada a seus olhos. Mas para sua indignação, Taylor simplesmente não só a ignorara, como fugia dela descaradamente. O que ela tava achando? Que Laura queria alguma aproximação, a qual Schilling preferia evitar?

Ela não acreditou quando Lyonne lhe contou que a loira só aceitou sair com as meninas na sexta anterior após saber que não estaria presente. Pois bem, ela que se afastasse então, porque Laura não estava disposta a deixar de frequentar os lugares e nem de sair com as garotas.

- Ruiva, você ainda tá aí?

- Oi, desculpa. Tô sim – Laura tentou retomar o raciocínio – Sábado nos vemos então.

Antes de desligar, Prepon lembrou de algo:

- Ah, tenho um convite pra te fazer.

- Opa, aceito.

- Sem nem saber o que é?

- Vindo de você, não preciso. Eu topo. Mesmo assim, só pra eu me preparar melhor, do que se trata?

- Você é mesmo uma figura, Tasho. Bem, quer passar uns dias na minha casa em Los Angeles?  As filmagens vão ter aquela pausa de uma semana e eu adoraria recebê-la lá. Chamei Uzo também e ela já topou.

- Sério isso? Vou conhecer sua famosa residência na costa oeste?

- Sim. Não chamei mais ninguém além de vocês duas. Em breve pretendo dar uma festa lá e convidarei todas. Agora não tô num clima pra grandes eventos, mas adoraria que vocês duas me fizessem companhia.

- Hum... -  Lyonne parecia pensativa -  Posso abusar?

- Ai. Porque será que tenho medo do que vem por aí?

- Relaxa. Só queria saber se você se incomodaria se eu levasse uma amiga junto.

- Amiga? Você tá namorando escondida?

- Qual é, Laura – Natasha parecia envergonhada - Não é namorada. É só uma amiga mesmo, com quem pretendia passar essa semana de folga. Se puder levá-la junto, fica perfeito.

- Tenho medo dessas suas amigas loucas que nem você. Uma Natasha eu aguento, mas duas é muito pra minha cabeça.

- Ela vai saber se comportar, prometo.

- Ok. Mas se aprontarem algo, coloco as duas pra correr de lá na hora. Tá ouvindo?

- Sim senhora. Até mais, ruiva.

- Tchau.

 

No sábado, Laura reuniu toda a coragem e autoconfiança de que precisava antes de tocar a campainha do apartamento de Natasha. Vestiu sua máscara de aparente superioridade e assim que entrou na sala, percebeu o olhar de desespero de Taylor ao vê-la ali. Logo deduziu que Lyonne não havia avisado-a de sua presença. Bem, azar o dela. Ela que não recuaria. Seu único medo era a loira estar acompanhada de Chloe, mas como não avistou-a por ali, achou que podia ficar mais tranquila em relação a isso.

Cumprimentou uma por uma das meninas e quando chegou na vez de Taylor houve apenas um aceno de cabeça entre elas.

- Que merda que tá acontecendo entre vocês hein? Uma hora ficam grudadas pra cima e pra baixo, outra hora mal se cumprimentam? – era Danie expondo em voz alta o que todas já vinham percebendo.

Não se podia dizer quem ficou mais vermelha, Laura ou Taylor. O fato é que nenhuma das duas conseguiu responder. Uzo veio no socorro delas:

- Qual é Danie, deixa de ser indiscreta. Elas tiveram um pequeno desentendimento, mas daqui a pouco tão grudadas de novo, aposto.

- Humpf... tratem de resolver logo isso então, porque vocês duas brigadas ficam cheias de dedo e muito chatas -  Samira resolveu entrar no meio da conversa.

A vontade de Prepon foi de ir embora naquele instante, mas jamais daria aquele gostinho a Schilling, por isso foi pegar algo pra beber e logo a conversa mudou. Ela foi agradecer Uzo pela força que havia dado e começaram a falar sobre os dias que passariam juntas em Los Angeles.

Alguns minutos depois, Laura encontrava-se a caminho do banheiro quando reconheceu uma voz num tom alto demais para seu gosto vindo de um dos quartos:

- Você é uma traidora sim. Tinha que ter me avisado.

Mesmo sabendo que aquilo era invasão de privacidade, foi impossível não parar para ouvir assim que reconheceu a voz de Taylor.

- Se eu avisasse, você não viria – essa era Natasha.

- Você que escolhesse então. Ela ou eu.

Não conseguindo se segurar, Laura abriu a porta e se viu dentro de um quarto que parecia ser o de Natasha. Na mesma hora as duas mulheres viraram a cabeça em sua direção e já que Prepon invadira o local, não podia recuar:

- Deixa de ser ridícula, Taylor. Que história é essa de fazer ela escolher entre eu ou você? Quantos anos você tem?

- Não se mete, que o assunto não é com você. Tá faltando educação pelo visto né?

- Não sou que eu tô gritando com a dona da casa.

- Ei, ei, meninas. Não precisa disso. Somos todas amigas aqui e vamos resolver isso da melhor forma – Natasha parecia realmente acuada no meio das duas.

- Ok, então. Eu vou embora.

Taylor encaminhou-se para a porta, mas Laura parou na frente dela obstruindo a passagem.

- Deixa de ser egoísta. A Tasho te adora, e se não falou nada sobre minha presença é porque faz questão de você aqui.

Aquilo teve um efeito imediato sobre Schilling. Ela parou pensativa.

- Supere, Taylor. Vai ficar fugindo de mim até quando? – Prepon continuou.

- Laura, não vem querer me intimidar com essa sua pose toda não. Quem você acha que é pra querer me dar lição de moral? Sua presença me incomoda sim.

Ouvir aquilo de forma tão direta, deixou Laura sem reação. Pensando um pouco, acabou por tomar uma decisão:

- Tasho, eu vou indo. Não quero criar confusão pra você. Amanhã nos falamos.

- De jeito nenhum, quem vai embora sou eu. – Taylor protestava.

- Parem de palhaçada já, as duas – Natasha finalmente resolveu tomar conta da situação - Ninguém vai pra merda de lugar nenhum. Não querem se falar, não se falem. O apartamento é enorme. Mas a primeira que sair por aquela porta não precisa voltar nunca mais.

Depois daqueles gritos, eem Laura e nem Taylor ousou dar mais um pio sequer, uma foi pro banheiro e a outra voltou pra sala. E entre olhares disfarçados e rostos corados trataram de ficar bem calminhas até o final da noite.

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Alguns dias depois, Taylor estava em casa quando Natasha a procurou. Nenhuma das duas havia dito mais nada sobre a discussão daquela noite, mas o clima entre elas estava estranho. Por isso quando a amiga ligou dizendo que o convite para passarem os próximos dias de folga juntas ainda estava de pé, ela ficou feliz.

- Já decidiu para onde vamos? – Schilling havia deixado isso a critério de Lyonne.

- Sim, Los Angeles. Pra casa da Laura.

- O que? Para de gozação, Tasho.

- É sério, Tayloface. Ela nos convidou. Eu, você e Uzo. 5 dias na casa dela.

- Natasha do céu, nós estamos brigadas. Isso não faz sentido algum.

- Por isso mesmo, Laura quer melhorar o clima entre vocês.

- E porque ela mesma não me chamou?

- Porque eu disse que seria melhor que eu te convencesse.

- Sem essa, não vou mesmo – Schilling estava irredutível.

- Taylor... qual é. Vocês precisam acabar com esse clima péssimo.

- Indo pra casa dela? De jeito nenhum.


Notas Finais


Ai, ai... Natasha tá brincando com fogo.


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