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História Apenas Ela - Dia 5: de volta à realidade


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


A viagem delas acabou e até eu vou sentir falta. Mas tá na hora de retomar a vida normal né?

Teremos mais assunto nas notas finais.

Capítulo 25 - Dia 5: de volta à realidade


Antes mesmo de abrir os olhos, Laura já sentia a presença dela ao seu lado. E a sensação de saber que estava ali, mesmo antes de vê-la, era tão boa que preferiu desfrutá-la um pouco mais antes de acordar totalmente. Porém assim que abriu os olhos, o que viu a deixou ainda mais satisfeita: os olhinhos azuis brilhando acompanhados do sorriso mais lindo do mundo estampado naquele rosto perfeito.

Laura teve de admitir que se havia uma forma melhor de acordar do que aquela, desconhecia completamente. Ela lhe trazia tantas sensações novas e únicas, que era impossível não se render.  Era por isso que estava apaixonada por Taylor.

Apaixonada. Ela repetiu a palavra mentalmente e achou que já não parecia tão assustadora quanto na noite anterior. Aos poucos poderia se acostumar com ela.

- Bom dia – a loirinha alargou ainda mais o sorriso ao dizer as primeiras palavras.

- Bom dia, mocinha – Laura retribuía o sorriso – Acordou primeiro hoje.

- Pra não correr o risco de você fugir antes – ela fez um biquinho e enrugou o nariz ao dizer isso.

- Taylor Jane, você pode começar o dia pegando leve? Porque essa voz e essa carinha bem aqui na minha frente estão me deixando louca pra te morder todinha.

 Prepon não estava exagerando. Ela realmente tinha vontade de morder aquele nariz, aquela bochecha, aquele queixo... Merda, porque ela tinha de ser tão gostosa?

- Você anda muito selvagem ultimamente – Schilling falou rindo.

A morena começava a deslizar pelo colchão para aproximar mais os dois corpos quando as duas se assustaram com batidas na porta. Batida essa que veio acompanhada da voz do furacão em forma de mulher:

- Já acordaram, lésbicas?

As duas se olharam com uma expressão de incredulidade no rosto.

- Não adianta fingir que não, porque eu já ouvi as vozes. – Natasha insistia, ainda batendo na porta.

- Por favor, fala que isso é um pesadelo. Só pode ser. – Taylor balançava a cabeça de um lado para o outro.

- O que você quer Natasha? – a voz de Laura saiu grave e rouca e ela achou que isso talvez intimidaria a mulher no corredor.

- Cubram-se porque vou entrar – Lyonne avisava - Não que eu me importe de ver vocês nuas, mas sei que ainda ficam tímidas em expor esses corpos maravilhosos para mim.

- Não é possível.

Laura já estava coberta, mas Schilling estava com os seios de fora, então a morena a puxou para perto e cobriu-a melhor.

- Tô entrando...

E ela realmente entrou, abrindo a porta devagar, como se desse mais tempo para elas se ajeitarem, caso fosse necessário.

- O que você quer? – era Laura novamente.

- Vocês imaginam como é bom pra caralho ver essa cena depois de todo o trabalho que tive e do risco que corri de perder a amizade das duas? – Lyonne estava realmente com um sorriso sincero no rosto - Mas valeu a pena porque vocês voltaram a transar.

- Por favor, Tasho. Tem como tentar ser menos constrangedora? – Schilling choramingava morrendo de vergonha.

Ela ignorou Taylor e virou-se para a morena:

- O que foi ruiva? Tá me olhando com essa cara de brava por quê?

- Vou perguntar pela terceira vez: o que você quer?

- Ah, sim. – ela bateu a mão na testa como se lembrasse de algo – Vim dizer para não demorarem a descer. Uzo preparou um café da manhã especial em agradecimento por esses dias maravilhosos que nos proporcionou.

Aquilo desarmou Laura totalmente e ela piscou, ficando sem palavras.

- E o que você tá fazendo aqui em vez de estar lá embaixo ajudando ela? – foi Taylor quem resolveu falar.

- Que mau humor logo cedo hein! – Natasha virou-se saindo do quarto.

Quando ela chegou na porta, Schilling chamou-a:

- Tasho! – assim que virou, a loira completou: - Obrigada por me trazer nessa viagem. Te amo.

A expressão de Natasha naquele momento era a de uma criança muito tímida que acaba de receber um elogio. Prepon resolveu que também devia agradecer de novo:

- Sei que a Tay vai ficar com ciúme, mas você é a melhor amiga que alguém pode ter.

E o inesperado aconteceu: os olhos de Lyonne encheram-se de lágrimas a ponto dela não conseguir disfarçar. Tentando se recuperar rapidamente, ela jogou um beijo para as duas e falou em seguida:

- Desçam logo, porque temos de estar no aeroporto daqui a três horas.

Assim que Natasha saiu as duas resolveram que por mais que quisessem passar o dia inteiro naquela cama, era hora de se mexer. O voo delas saía à uma da tarde; precisavam tomar café e arrumar as malas. Laura ainda tinha algumas coisas para deixar acertadas, pois não sabia quando conseguiria vir para Los Angeles novamente.

 

Minutos depois as quatro já estavam sentadas à mesa. Quando viu o café da manhã preparado por Uzo, com o “auxílio” de Natasha, Laura ficou tão agradecida que fez questão de dar um abraço apertado e um beijo em cada uma.

- Laura, obrigada por esses dias perfeitos. A vontade é de ficar aqui mais e mais. – Uzo era sempre tão gentil.

- Uzo, vocês que foram maravilhosas. Pena que passou tão rápido. Mas tô pensando em dar uma festa aqui assim que as gravações terminarem. Vou chamar todo mundo.

- Boa, ruiva. Festa é a palavra mágica. E as meninas vão pirar, porque sei que já tem algumas com ciúme por estarmos aqui.

- Da próxima vez quero a casa mais cheia ainda. – Laura falava sério.

Taylor levantou para pegar algo na pia e Prepon notou que ela era a mais calada das quatro. Acompanhava a conversa e sorria o tempo todo de alguma bobagem que era dita, mas pouco falava. Quando ela passou ao lado da morena para retornar a seu assento, Laura pegou sua mão e trouxe-a para que sentasse em seu colo. Depois da noite intensa que tiveram, ela sentia falta do contato físico com a loira.

- Ah, para! Vocês duas são muito gays – Natasha fingia estar incomodada com a cena – Não tem meio termo né? Ou estão querendo se matar ou ficam com essa cara de idiota uma para outra.

Laura e Taylor riam dela, mas nem se deram ao trabalho de responder.

- Isso tá parecendo inveja, Lyonne. Elas são muito bonitinhas juntas. – Aduba foi em defesa delas.

- Ela sabe disso, Uzo. Isso é só fachada – Schilling enfim se pronunciou.

Depois que terminaram a refeição, Laura fez questão de lavar a louça e arrumar as coisas e Taylor ficou para ajudá-la. Uzo e Natasha subiram para fazer as malas.

- Preparada para voltar? – Prepon abraçou Schilling após concluir o serviço.

- Já que não tem jeito né? – Taylor encolheu os ombros.

Laura olhou-a bem dentro dos olhos e iniciou um beijo carinhoso e gentil. Ao afastarem um pouco os lábios, com as testas coladas, ela disse:

- Adorei cada momento que passamos aqui, Tay. Às vezes tenho a mesma sensação que você, que estou sonhando e quando acordar as coisas serão diferentes.

A resposta de Taylor veio em forma de um novo beijo, esse mais apaixonado e mais intenso que o primeiro. A loira não se privou de usar a língua para aprofundar ainda mais o contato entre elas. Quando enfim se afastaram, a loira foi a primeira a falar:

- É melhor eu subir pra arrumar minha mala ou vamos acabar no quarto novamente com a Tasho espancando a porta.

- Tem razão – Prepon ria – Vai indo porque vou checar algumas coisas aqui embaixo e depois subo. Praticamente não tenho bagagem pra levar mesmo.

- Essa é a vantagem de morar em dois lugares.

- Uma das poucas vantagens, mas tem razão.

Dando um abraço apertado na morena e uma leve mordidinha em seu pescoço para provocar, Schilling subiu com um sorriso aberto nos lábios.

Laura percorreu todos os cômodos de baixo para verificar se não esquecia nada aberto ou ligado. Em seguida ligou para Jodi para confirmar se estava tudo acertado. No dia seguinte ela iria até lá acompanhada das duas arrumadeiras e do rapaz que cuidava da manutenção de toda a área externa. Prepon esperou que ela falasse algo sobre Taylor, mas a amiga ignorou completamente o assunto. Conversaram apenas sobre questões da casa e da próxima ida de Jodi a Nova York, dentro de duas semanas.

 

Conseguir que quatro mulheres saíssem no horário previsto era algo praticamente impossível, então elas acabaram se atrasando. O carro que pediram já as esperava há quase meia hora quando enfim conseguiram ir para o aeroporto.

Dentro do veículo, Laura experimentava um sentimento de nostalgia, como se os dias vividos em sua casa já fizessem parte do passado, mesmo que recente. Ela evitava ao máximo pensar em como seria dali pra frente. Por mais que tivesse consciência agora da profundidade dos seus sentimentos por Taylor, pretendia ir com calma. Ainda era sensível para as duas o sério desentendimento que tiveram, e não queria correr o risco de que algo parecido acontecesse novamente.

A chegada das atrizes no terminal não foi muito discreta. Fosse pelo atraso e afobação em que estavam, fosse pela confusão feita por Natasha, fosse pelo porte de Taylor e Laura, o fato é que nem os óculos escuros disfarçaram o grupo. De forma geral, a maioria das pessoas que as reconheciam eram jovens que apenas viravam-se em sua direção, acompanhando-as de longe com o olhar.

Entretanto em determinado momento, duas mulheres as abordaram pedindo para tirar fotos. Elas prontamente atenderam a pedido. Mas aí veio a segunda solicitação: uma foto só com Taylor e Laura. Prepon ficou um pouco sem jeito, mas posou juntamente com Schilling.

Ao se despedir, a mulher que parecia ser a mais jovem perguntou:

- Vocês estão juntas?

- Como assim? – Taylor gaguejou.

- Vocês são um casal na vida real também?

- Claro que não. Não confundam as coisas. – Laura apressou-se em dizer para encerrar a questão. – Desculpem meninas, mas estamos realmente atrasadas e se não corrermos, perdemos o voo.

Natasha e Uzo estavam mais afastadas e não ouviram a pergunta, por isso não entenderam a mudança de expressão da loira e da morena. Enfim tomaram seus lugares dentro do avião; Laura sentou-se ao lado de Taylor.

Notando que Schilling havia voltado a ficar calada, ela tentou iniciar uma conversa:

- Estou ansiosa para voltar a gravar.

A loira estava virada para a janela e pareceu não ouvir o que foi dito.

- Tay? Tá me ouvindo?

- Oi, desculpa Lau. Estou caindo de sono. Acho que vou aproveitar o voo para descansar um pouco.

Dizendo isso ela pegou os fones de ouvido e o tapa-olho e posicionou melhor o encosto da cadeira. Prepon olhava-a em um estado de total incredulidade. Onde estava a Taylor de horas atrás?          

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Já no café da manhã, Schilling foi tomada pelos pensamentos de que a noite maravilhosa que tiveram foi o encerramento, em grande estilo, daqueles dias especiais que vivera ao lado de Laura. Elas não estavam mais brigadas, ok. Provavelmente até estavam juntas novamente, apesar de ainda não ter certeza porque Laura era uma montanha russa de emoções. Mas mesmo que tivessem retomado a relação, voltar para Nova York significava voltar para o estágio anterior.

E por mais que Taylor tentasse não pensar nisso, ela sabia que retornar para aquela rotina cheia de temores seria frustrante. Ainda mais agora, depois de ter experimentado um lado mais descontraído de Prepon, depois de ambas terem ficado mais à vontade mesmo na presença de outras pessoas. O fato é que a loira tinha sérias desconfianças de que isso só acontecera porque estavam longe da maioria dos amigos e da família. Uzo e Natasha eram as únicas que realmente sabiam o que estava acontecendo. Mesmo na boate, se fosse analisar direito, não correram grandes riscos de serem flagradas.

Odiando-se por ser tão pessimista, Schilling sabia que estava sendo um pouco injusta. Na verdade deveria estar feliz pela forma como Laura foi tão carinhosa e dedicada com ela ao saber do plano maluco de Natasha. A morena fizera questão que ficasse, que se sentisse em casa e não relaxou enquanto não viu que Taylor estava bem. Em nenhum momento deixou a loira insegura ou desconfortável, pelo contrário, fez de tudo para agradá-la e mimá-la.

Isso até chegarem ao aeroporto. Schilling não falou nada, mas obviamente percebeu o choque e o desconforto de Laura ao ouvir a mulher perguntando se eram um casal. E a cena só serviu para reforçar o sentimento de que o sonho havia terminado e que estavam voltando para a realidade.

Mas ela não tinha escolha, tinha? Ou seguia como antes ou ficava sem Laura Prepon. E isso era praticamente uma missão impossível para ela.

No momento em que Taylor se deu conta de que Laura estava aguardando a resposta para alguma pergunta que fizera e ela nem mesmo ouvira, achou que o melhor a fazer era tentar dormir durante a viagem. Quem sabe conseguisse afastar temporariamente aqueles pensamentos que a atormentavam.

Assim que o avião pousou no aeroporto JFK, Schilling estava tomada por um desânimo inexplicável. Nem ela mesma conseguia entender como seu humor podia ter modificado tanto num prazo tão curto. Após já estarem de posse de suas bagagens, o clima de desalento entre as amigas era tal que nem parecia que gravariam juntas durante toda aquela semana.

Uzo teve então a ideia de fazer uma reuniãozinha em sua casa no sábado seguinte. Seria só entre as meninas mesmo, nada demais. Elas aprovaram a ideia de imediato.

Quando finalmente começaram a se despedir, para surpresa de Schilling, Laura disse que iria no táxi com ela. O trajeto não era o mesmo e já eram quase nove da noite, mas a loira resolveu não questionar, pois também queria prolongar ao máximo a companhia de Prepon.

Em frente ao prédio a morena desceu do veículo e liberou o motorista com o pretexto de ajudar Taylor a subir com a mochila, a mala e uma nova bolsa que trouxera com as coisas que comprara.

- Eu me viro, Lau. Não precisa ter esse trabalho – a loira dizia enquanto aguardavam o elevador.

- Deixa de ser teimosa, não custa nada te ajudar.

Já dentro do apartamento, mal as bagagens foram deixadas em um canto, Laura abraçou Taylor, beijando-a com vontade evidente. Logo que se afastaram, a loira resolveu brincar:

- Você tá ficando bem insaciável, senhorita Prepon. Agora entendi porque queria ser tão prestativa.

- Poxa, passamos muito tempo longe. Ainda não matei toda a saudade – Prepon parecia querer se explicar. Em seguida sugeriu: - Podemos pedir algo para comer? Estou morrendo de fome.

- Boa ideia. O que quer?

- O que você escolher.

Elas acabaram optando por pedir comida japonesa. Enquanto aguardavam, foram desfazer as malas de Taylor. Quer dizer, Schilling fazia isso, porque Laura passou a maior parte do tempo deitada na cama, olhando-a, enquanto a loira andava de um lado para o outro arrumando suas coisas.

- Tay, se a Tasho não tivesse te levado para Los Angeles quando você acha que voltaríamos a nos falar? – Laura lançou a pergunta.

- Hum, não sei. Quando uma das duas desse o braço a torcer.

- Acho que não seria eu. – Prepon resolveu ser sincera. – Estava determinada a te esquecer e manter somente um contato profissional e educado por enquanto.

- Eu imaginava. Por isso que passei a fazer de tudo para evitar te ver. Pra ser tratada com educação, preferia não ser tratada de jeito nenhum.

A morena pareceu ficar pensativa depois disso. Mas logo o clima tenso foi quebrado pela chegada do entregador. Enquanto comiam, elas conversavam sobre as cenas que teriam de gravar durante a semana. Laura só iniciaria os trabalhos na terça, mas Taylor já teria de estar no estúdio no dia seguinte.

Sem se dar conta, Schilling começou a se perguntar o que fariam no próximo fim de semana. Tinham a reunião recém combinada na casa de Uzo, mas Laura havia dito que só poderia confirmar mais para o fim da semana. Será que ela já tinha outro compromisso marcado? E com quem seria? Será que teriam tempo de ficar juntas? Droga, já estava ela fazendo planos novamente. Coisa que disse que não faria.

Sentindo o incômodo voltar, após terminarem de comer, ela foi se sentar no sofá. A morena veio junto deitando-se com a cabeça em seu colo. Schilling tentava relaxar, mas a cada minuto tinha mais consciência de que ela e Laura precisavam conversar. Aceitar passivamente que a morena a procurasse quando quisesse iria acabar deixando-a insatisfeita novamente e uma nova explosão poderia vir. Porém, ao mesmo tempo, confrontá-la pedindo por mais poderia ser um tiro no pé.

Após um bocejo, ela decidiu que era hora de ir pra cama:

- Lau, tá ficando tarde. Você ainda tá de folga amanhã, mas eu não, mocinha. – ela tentou ser sutil.

- Quer ir pro quarto agora? Eu também estou com sono.

- Você quer dormir aqui? - em dúvida se tinha entendido direito, Taylor resolveu confirmar.

- Posso?

Taylor não sabia o que dizer. Queria muito dormir com Laura, sabia que transariam e seria perfeito. Mas e depois? Como seria encontrá-la durante aquela semana e ficar esperando algum indício de que poderia se aproximar? Como seria ter que tomar cuidado com cada palavra e cada gesto para não deixar transparecer nada a ninguém e acabar irritando-a? Retirando coragem ela nem sabia de onde, ela abriu a boca:

- Não fica chateada comigo... mas acho melhor você dormir em casa hoje. Já passamos todos esses dias juntas e preciso estar descansada amanhã pra retomar as filmagens.

- Você prefere que eu vá embora?

Colocado daquela forma, Schilling se sentiu mal:

- Não é que eu prefira, mas acho que é o certo.

A morena levantou-se de seu colo e sentou, virando-se para ela:

- Tay, o que está havendo? Você tá estranha desde cedo.

Sem saber como iniciar o assunto, ela tentou adiar, deixar para outro dia:

- Não é nada, só cansaço mesmo. Por isso eu prefiro dormir sozinha hoje.

         - Taylor Schilling, eu achei que estava tudo bem entre a gente. Que tínhamos nos acertado e que os problemas ficaram para trás. Mas você não parece estar nem um pouco feliz com isso.

          - Claro que eu estou, Lau. Você foi perfeita durante esses últimos dias. Perdi a conta de quantas vezes senti meu coração acelerar por causa de uma palavra ou gesto seu que me surpreendia.

         - Ah, e eu fui tão perfeita que bastou a gente voltar para você nem querer mais dormir comigo?

         - Você dorme aqui hoje e depois?

         - Como assim e depois?

         - E a amanhã? E no estúdio? E semana que vem? E na casa da Uzo? Como vai ser?

         Laura apresentava uma expressão confusa como se a loira estivesse falando grego:

         - Como assim “como vai ser”? Como era antes, não?

         Taylor deu um sorriso triste, ao constatar que tinha razão. Nesse momento a coragem que precisava, apareceu e ela enfim começou a falar.

         - Pois é, Laura, mas você viu no que deu. Eu fiquei segurando o que estava me corroendo por dentro e joguei tudo na sua cara de uma hora para outra. Jamais quero que aquilo se repita. Nunca mais. Só que ficar esperando você decidir quando pode ou quando quer me ver, não é a melhor das sensações. E era assim que as coisas estavam; você decidia se passaríamos o fim de semana aqui ou na sua casa...

         - Eu pensei que você gostasse – Prepon a interrompeu.

         - E eu gosto Lau. É justamente porque gosto tanto que começou a doer quando você tinha outros planos ou viajava pra Los Angeles ou ia visitar sua família e me deixava sozinha. Algumas vezes eu estava planejando algo legal para fazermos e só em cima da hora eu ficava sabendo que nem aqui em Nova York você estaria. Tentei te chamar para ir ao cinema, a um restaurante, ou simplesmente andar por aí e ouvi as mais diversas desculpas porque você tinha medo que alguém nos visse e desconfiasse que havia algo mais entre a gente.

Taylor fez uma pausa, esperando que Laura dissesse algo. Mas a morena simplesmente a olhava, séria, sem nada dizer. Ela então decidiu continuar:

- Por eu gostar tanto de você é que acho melhor irmos com mais calma. Não devemos atropelar as coisas de novo e correr o risco de uma briga sem volta. Você entende?

- Não sei, Taylor. Realmente não sei se tô entendendo o que você quer.

- Na verdade nem eu sei se tô me entendendo. É uma mistura de coisas dentro de mim -  Schilling pensou numa maneira de resumir e o máximo que conseguiu foi: - Vou tentar ser mais clara: eu não quero que a nossa relação se resuma a passar os dias transando na minha casa ou na sua. Eu quero mais que isso.

Laura arregalou os olhos. Taylor teve medo de ter ultrapassado os limites.

- E se esse “mais” não acontecer, você acha melhor não ficarmos mais juntas, é isso? – a morena se levantou do sofá e começou a andar pela sala.

- Não, não é isso. Eu não conseguiria ficar longe de você. – a loira não conseguia nem pensar nessa possibilidade. – Mas vamos ter de ir mais devagar pra não nos machucarmos novamente.

- E ir mais devagar é não permitir que eu durma aqui hoje, por exemplo?

Schilling ficou sem saber o que dizer, mas seu silêncio respondeu por ela.

- Tudo bem, acho que entendi então. Já vou indo – Laura pegou rapidamente a bolsa que estava sobre uma cadeira e foi se encaminhando para a porta.

- Calma, Laura. Não precisa sair assim. – Taylor foi rapidamente até ela. – Não quero que vá embora com raiva de mim.

- Eu não tô com raiva de você, Tay. Só preciso pensar. – a voz da morena amansou um pouco.

- Então me dá um beijo antes de ir.

Prepon pareceu titubear, mas acabou unindo seus lábios aos de Taylor e daquela forma elas pareciam se entender melhor. Não havia dúvidas ou cobranças quando se beijavam.

Logo depois a morena  saiu para o corredor e chamou o elevador. Schilling ficou olhando-a da porta. Quando o equipamento chegou no andar, Laura entrou. Antes que a porta fechasse, porém, deu tempo dela dizer algo que deixou Taylor paralisada:

- Minha mãe, Jodi e Terasa sabem sobre a gente.

Schilling ficou completamente perdida depois do que ouviu. Ela foi para o quarto sentindo-se totalmente aérea ao tentar processar a informação. Então mais pessoas além de Uzo e Natasha sabiam delas? Ela tivera coragem de contar para a mãe e para as amigas? Desde quando?

Pensou em ligar para Prepon e pedir que ela voltasse, mas sabia que não adiantaria. Laura provavelmente nem a atenderia. Embora se sentisse mais leve depois de desabafar sobre como se sentia, ela temia qual seria a reação da morena a tudo que fora dito.

 

Taylor sabia que só conseguira dormir na noite anterior porque realmente estava exausta. Mas bastou acordar para os pensamentos voltarem a rondá-la. Para seu alívio, o retorno às gravações trouxe muito barulho e agitação ao set e ninguém reparou no fato dela estar mais calada e introspectiva. As cenas que teve de gravar naquele dia eram de menor complexidade, então conseguiu se sair bem mesmo tomada por aquela ansiedade que não a deixava em paz. Assim que terminou sua parte, correu para casa. Perdera a conta de quantas vezes olhara o celular naquele dia na esperança de haver algum contato de Laura. Ela sabia que a possibilidade de Prepon a procurar era remota. De certa forma, Taylor a tinha dispensado de passar a noite com ela e isso não poderia ter outro efeito a não ser deixar a morena retraída.

A loira já estava arrependida de tudo que falara. Não devia tê-la pressionado tão rapidamente, mal haviam acabado de chegar. Deveria ter esperando um momento mais tranquilo para conversar sobre suas inseguranças. Schilling só não ligou para Laura naquela noite porque sabia que a encontraria no dia seguinte. Mesmo de forma relutante, achou que era mais prudente esperar.

 -------------

Laura chegou ao estúdio na terça-feira fazendo o possível para aparentar a segurança e a tranquilidade que lhe eram características. Por dentro os pensamentos sobre a conversa que tivera com Taylor ainda estava em ebulição, mas fez o possível para disfarçar. Após sair do apartamento da loira, teve de admitir que tudo aquilo que foi dito não devia ser surpresa para ela. Já imaginava como Schilling se sentia a respeito da relação das duas. A surpresa talvez  fora ouvir as palavras serem pronunciadas. Ela passou a segunda-feira inteira pensando no que deveria fazer e acabou chegando à conclusão que Taylor tinha razão, elas deveriam ir mais devagar. Decidiu que não tentaria prever nada, viveria um dia de cada vez e ponto final.

Ao encontrar Schilling para a primeira cena do dia, sua decisão sofreu um pequeno abalo. Sua vontade era de abraçar e encher sua loirinha de beijos, mas o ofício de atriz era útil muitas vezes na vida particular também. Ela tentou agir da forma mais natural possível com Taylor e achou que conseguiu se sair muito bem.

Como era um dia em que várias meninas estavam presentes gravando, elas não tiveram nenhum momento de privacidade, o que talvez fosse a melhor coisa dadas as circunstâncias.

Quando foi embora, Laura pensou em passar no camarim de Taylor, mas encontrou Selenis e Kate, que também estavam de saída, e preferiu acompanhá-las até o estacionamento.

        

Na quarta, continuou agindo de forma idêntica ao dia anterior. Concentrava-se nas cenas que tinham de gravar, ensaiavam juntas, interagiam com as meninas, mas em nenhum momento tiveram algum tipo de conversa mais íntima. Laura percebeu que Natasha já estava reparando naquele comportamento e as observava de longe. Mas talvez por achar que já tinha interferido demais, Lyonne nada disse.

No fim do dia também foi embora sem se despedir da loira, mas quando chegou em seu apartamento, arrependeu-se completamente. Sentia falta de Taylor e começou a se questionar sobre o que significava exatamente ir com mais calma.

Elas poderiam se ver durante a semana? Provavelmente não, já que Schilling insinuara que elas não deviam nem mais passar os fins de semana juntas direto. Mas telefonar era permitido, ou não? Achou melhor não, porque sabia que ao ouvir a voz da loira fora dos estúdios, ficaria tentada a lhe fazer um convite. Havia claro, a opção de enviar uma mensagem; mas se Taylor demorasse a responder ou fosse indiferente, sabia que piraria. Prepon acabou preenchendo a noite com um delicioso banho de banheira, um jantarzinho simples que preparou para si mesma e os lençóis macios e confortáveis de sua cama.

 

A quinta-feira chegara e esse seria o último dia de gravação de Laura naquela semana. Se não fizesse algo naquele dia, provavelmente só veria Taylor no sábado à noite na casa de Uzo. Isso se ela não tivesse retrocedido ao ponto de fugir novamente e não comparecer para não precisar encontrar Laura.

Droga, aquela mulher estava deixando-a maluca e sem precisar fazer nenhum esforço para isso. Como se pudesse ouvi-la, quem apareceu no camarim naquele instante? Isso mesmo. Ela. A maldita loira.

- Oi. Bom dia. – aquela vozinha de anjo não a enganaria.

- Oi – Laura respondeu desconfiada.

- Posso sentar?

- Claro – a morena indicou o sofá para que a outra ficasse à vontade.

- Você tem ido embora cedo, quando saio não te encontro mais.

Então ela andara a procurando?

- Não sabia que andava me procurando antes de sair – Prepon tentou fingir indiferença.

- Não andei te procurando, só que é comum antes de ir embora nos despedirmos das pessoas com quem passamos o dia inteiro trabalhando. Mas não está mais aqui quem falou.

As duas ficaram mudas.

- Quer ensaiar? – Taylor perguntou depois de um longo tempo em passaram se encarando.

Antes que pudesse pensar no que estava prestes a fazer, Laura foi até o sofá e a puxou para um beijo cheio de urgência e paixão. As bocas demoraram a entrar na mesma sintonia, tal o desespero em que ambas se encontravam. Não demorou muito para Laura praticamente estar em cima de Taylor, apertando sua cintura e tentando puxar para cima a blusa grossa de presidiária para que tivesse contato com a pele ali embaixo dela.

- Calma. Laura, para. – Schilling falava entre beijos e risadas.

- Sua bruxa. O que você veio fazer aqui? – Prepon já voltara a si e tentava se arrumar o mais rápido possível com medo de que alguém as pegasse naquele estado.

- Quer que eu saia?

- Quero. – Laura riu da expressão ofendida da loira e explicou melhor: - Vamos ensaiar em outro lugar, porque trancada aqui nesse ambiente vai ser impossível.

Schilling soltou uma gargalhada tão gostosa que Prepon teve de se segurar para não agarrá-la de novo. Já estavam na porta, prontas para deixar o camarim quando ela teve coragem de perguntar:

- Tay, podemos nos ver amanhã à noite? Eu sei que você disse para irmos com calma e vou entender se recusar, mas eu tô com muita saudade. Podemos fazer o que você quiser e se...

- Sim. – a loira disse pra tentar interromper o nervosismo da morena, embora estivesse achando aquilo muito fofo.

- Sim? – Prepon estava em dúvida se ouvira direito.

- Sim.

Antes que pudesse comemorar, um produtor veio chamá-las. Estavam sendo aguardadas para algumas marcações de cenas.

O resto do dia passou sem que Laura percebesse. Estava tão feliz que nem se dava conta do passar das horas, tudo que queria era que a sexta-feira chegasse o mais rápido possível. Na hora de ir embora fez questão de passar no camarim de Schilling para se despedir, mas ela estava acompanhada por Jackie e Dascha, então a conversa foi rápida e genérica.

        

Laura passou a sexta-feira pensando se devia preparar alguma surpresa para Taylor ou aguardar que ela decidisse o que fariam. Essa fora a proposta que oferecera, que a loira escolhesse, mas como acabaram sendo interrompidas, não falaram mais sobre o assunto. Avaliou se devia enviar uma mensagem para Schilling perguntando, mas achou melhor não incomodá-la. Ela estava gravando e não seria bom ficar atormentando-a com isso. Esperaria até mais tarde por mais difícil que fosse.

Para aplacar a ansiedade, ela resolveu passar a tarde se exercitando no Centrar Park e isso ajudou bastante. Na volta, mal entrou em casa, já pensava em ligar para Taylor. Foi quando recebeu uma mensagem da loira.

T: Lau, desculpa mas terei que cancelar hoje. Surgiu um compromisso de última hora e tenho que correr. Mais tarde nos falamos. Beijos.

Em um primeiro momento, Laura teve certeza que aquilo era brincadeira de Schilling. Ela falava aquilo somente para provocá-la, afinal que tipo de compromisso poderia surgir de forma inesperada em uma sexta-feira à noite que fizesse com que deixasse de lado o que já tinham marcado? Entrando na onda, ela respondeu somente com um “Ok”.

Passou os próximos quarenta minutos aguardando um novo contato de Taylor desmentindo o tal compromisso. E quando ele não veio, ela começou a se sentir bastante esquisita. Não sabia o que era mais forte: o medo, a frustração, a saudade, a dúvida, a insegurança. Fato era que essa mistura bombástica começou a consumi-la e ela não conseguiu ficar quieta. Considerou que talvez, ao pensar melhor e mais friamente, Schilling se arrependera de ter aceitado o convite. Laura a pegou desprevenida e ela respondeu a primeira coisa que lhe passou pela cabeça, mas talvez ela tenha voltado à convicção anterior de irem mais devagar.

Prepon tentou de tudo: ler, ver televisão, ouvir música, cozinhar. Mas não passava mais de vinte minutos desempenhando qualquer atividade; logo se entediava e partia para outra. Quando achou que estava muito perto de enlouquecer, vestiu uma jaqueta, pegou o celular, as chaves do carro e foi para o apartamento de Taylor.

No caminho tentou imaginar o que seria menos pior: encontrar Schilling em casa, o que significaria que a loira estava realmente fugindo dela, ou descobrir que ela tinha mesmo saído, porque aí haveria a dúvida de saber quem era sua companhia. Laura ligou o rádio do carro no último volume para bloquear essas divagações e só desligou o som quando chegou em frente ao prédio. Precisou de dez minutos para tomar coragem e ir até a entrada tocar o interfone. Nada. Se Taylor estava em casa, não atendeu; mas a morena imaginou que ela não tinha como saber quem era, então provavelmente devia ter saído sim.

Olhando o relógio, viu que eram quase dez da noite e sem saber o que fazer, Laura voltou para o carro. Não conseguia se reconhecer naquela crise de ansiedade, porque cada hora um novo pensamento a deixava mais e mais insegura. O problema agora era imaginar Taylor chegando acompanhada de outra pessoa. O que ela faria? Na verdade nem mesmo sabia por que estava ali ou sabia? Simplesmente não conseguira mais ficar em casa e foi para o único lugar onde queria estar: no apartamento dela.

Laura pensou em ligar para a loira e dizer que estava ali esperando-a, isso a deixaria avisada. Quando pegou o celular, viu que ele estava totalmente descarregado. Merda! Saíra tão apressada que nem se dera ao trabalho de checar isso. Não aguentando mais ficar presa naquele carro, ela saiu de novo e vendo que um casal estava entrando no edifício, aproveitou a oportunidade e entrou junto, fazendo questão de cumprimentá-los. Chegando ao andar da loira, sentiu-se perdida mais uma vez. O que fazer? Tocou a campainha só para constar, mas obviamente ninguém apareceu.

Depois de dez minutos parada em frente aquela porta fechada, Laura deu-se conta do que tinha ido fazer ali. Só havia uma solução para tudo aquilo. A única alternativa possível para acabar com aquela angústia que andava rondando-as. Era bom que Taylor chegasse logo ou ela acabaria indo embora e...

A porta do elevador abriu nesse exato momento, interrompendo aquela conversa que Laura estava tendo consigo mesma. A loira estava linda em um vestido preto simples, porém longo, o que a deixava muito elegante. O cabelo estava todo arrumado, sem um fio fora do lugar, o que era raro. Os brincos iluminavam ainda mais o sorriso e os olhos azuis.

- Lau, o que você tá fazendo aqui? Eu te liguei e seu telefone estava desligado.

Prepon estava tão hipnotizada por aquela figura a sua frente, que passou um tempo se questionando se não enlouquecera de vez e estava tendo uma visão.

- Ei, aconteceu alguma coisa? – Taylor parecia estar ficando preocupada.

- Eu... estava te esperando. – Prepon conseguiu falar com muito custo. Ela começava a tremer sabendo o que viria pela frente.

- Vem, vamos entrar. Você tá começando a me assustar. – a loira abriu a porta do apartamento e a trouxe pelas mãos.

 - Você disse que tentou me ligar. Por quê? – de repente Laura achou que era importante saber.

- Pra saber se ainda queria me encontrar, se eu poderia passar na sua casa. Mas quando vi que seu telefone estava desligado, imaginei que tivesse saído.

- Onde você estava? – Sério que ela tivera coragem de perguntar isso assim tão diretamente?

- Jenji me convocou para uma reunião de última hora com alguns diretores da Netflix. Eles estão pensando em licenciar alguns produtos da série e talvez...

- Tay, você quer ser minha namorada? – Laura sabia que ou perguntava de uma vez por todas ou o medo acabaria vencendo-a.

- ... procurem você também, porque Alex... – Taylor demorou a registrar o que Laura falara, mas quando o fez, parou imediatamente de falar e apenas olhava a morena com uma expressão de choque.

- Não me olha assim, por favor, só responde. Você quer namorar comigo?


Notas Finais


Bem, uma das meninas recentemente comentou sobre a extensão que a fic terá e isso despertou a curiosidade de outras. Eu disse que conversaria sobre isso mais à frente e chegou a hora.
Ainda estou pensando no que vou fazer, mas em breve vou ter que tomar uma decisão:

1 - Dividir essa fic Laylor em duas partes (mas a primeira não terminaria imediatamente, relaxem, ainda tem algumas coisinhas para acontecer)
2- Entre uma parte e outra da fic Laylor, começar uma Vauseman (já tenho uma estória que aparece toda hora na minha cabeça)
3- Fazer essa fic Laylor única até o final (confesso que tenho medo dela ficar muito longa e cansativa, tanto pra mim quanto pra vocês)
4- Quando terminar essa primeira parte Laylor, dar um tempo de escrever (probabilidade menor, mas existe... dei uma desanimada nesses dias, espero que seja algo passageiro)

Quando algo estiver decidido, prometo que aviso.
Bjs e obrigada pelo apoio de sempre nos comentários.
Vocês e essa estória já se tornaram uma parte importante da minha rotina.


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