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História Apenas Ela - Fuga


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Meninas,
aproveito a postagem de hoje para desejar um Feliz Natal a todas vocês, pessoinhas que já são tão especiais pra mim. Que tenham uma noite de paz e alegria na companhia daqueles que amam.

E agora tá na hora de saber que conversa foi essa que a Tay ouviu...

Capítulo 35 - Fuga


Laura enfim havia conseguido acomodar as meninas e antes de ir dormir resolveu descer para tomar água e verificar, mais uma vez, se estava tudo certo lá fora. Só na tarde do dia seguinte as empresas viriam recolher todo o material que trouxeram. Prepon achou melhor assim porque sabia que não teria condições de acompanhar essa operação na parte da manhã. E já havia marcado para segunda-feira com a equipe de limpeza e manutenção a fim de colocar sua casa em ordem novamente. Apesar do custo e do trabalho que tivera, ela se sentia totalmente realizada e agradecida pela noite maravilhosa que todos desfrutaram.

Ao chegar no primeiro andar, para sua surpresa, encontrou Natasha sentada na sala.

- O que está fazendo aqui sozinha, Tasho?

- Pensando...

- Pensando? – aquilo era realmente estranho.

- Vocês podem achar que não, mas eu também penso – Lyonne estava mais séria do que o normal, por isso a morena decidiu juntar-se a ela.

- Fala sério, o que houve?

- Nada demais ruiva, fica tranquila. Só estou um pouco agitada ainda e Yael tem sono leve. Se eu for pro quarto vou acabar acordando ela.

- Entendi... – Laura decidiu aceitar essa desculpa.

- E você? Tá fazendo o que aqui embaixo? – foi a vez de Natasha a questionar.

- Vim tomar um copo d’água e dar uma última conferida lá fora.

- Então é melhor fazer isso e subir logo ou daqui a pouco sua loirinha aparece atrás de você.

A morena sorriu ao ouvir a mulher ao lado mencionar sua namorada.

- A Tay já deve ter apagado. Ela tava caindo de sono.

- E aí? Satisfeita com a festa? – Lyonne perguntou sorrindo.

- Eu que tenho que perguntar isso a todas vocês. Gostou?

- Foi ótima Laura. Mais uma vez tenho que te agradecer por sempre nos receber tão bem aqui.

Como resposta Prepon simplesmente bagunçou ainda mais o cabelo da amiga.

- Pena que a farra acabou e amanhã é dia de voltar para casa – Natasha parecia melancólica.

- Nem me fale... e eu que nem casa tenho mais? – a morena brincou.

- Ainda não achou apartamento?

- Eu nem tive tempo de procurar, Tasho. Na terça voltamos pra Nova York e vou ter que me dedicar a isso. De qualquer forma agora só tenho 10 dias pra sair de lá e acho difícil conseguir um lugar decente nesse prazo. Vou deixar minhas coisas na minha mãe enquanto isso. Vai dar trabalho ir com tudo pra Watchung e depois voltar, mas é o que me resta.

- Não seja por isso, minha casa tem espaço de sobra. Tem um quarto lá que tá praticamente vazio. Se quiser, posso ver também se há apartamento vago no meu prédio.

- Sério que tá me oferecendo sua casa?

- Claro Ruiva. Só não falei antes porque pensei que ia ficar na Tay.

- É, ela sugeriu isso também. Mas lá o apartamento não é tão grande assim e não quero tirar o conforto dela. Além disso...  – Prepon deixou a frase no ar.

- Além disso... – Natasha levantou as sobrancelhas, incentivando-a a continuar.

- Eu acho que não seria uma boa ideia ficar lá direto. Taylor tinha razão quando sugeriu que fôssemos mais devagar com algumas coisas.

- Merda, o que houve agora? Brigaram de novo?

- Não – Laura achou graça da pergunta de Lyonne – Está tudo ótimo entre a gente. E é justamente isso que quero preservar, entende?

- Não, claro que não entendo. Você tá sóbria?

- Para, Tasho. Vou tentar explicar – aquilo era confuso até para ela mesma, mas Laura achou que verbalizar o que pensava talvez ajudasse - Eu não tenho mais nenhuma dúvida do que sinto pela Tay. E acredito que ela sinta o mesmo por mim. Mas nosso relacionamento fica muito confuso às vezes. Trabalhamos juntas e tem toda a curiosidade da imprensa, dos fãs... É pressão de todo lado.

Natasha olhava-a, claramente interessada naquele desabafo de Prepon. E coisa rara, não emitiu nenhuma opinião a fim de deixar a morena à vontade para prosseguir. E foi o que ela fez.

- E tenho que admitir também que preciso dosar melhor o ciúme que sinto. Eu nunca fui assim. Às vezes não me reconheço... só que não consigo evitar. Tem horas que aquela mulher me deixa doida e quando vejo já tô sendo controladora, autoritária... Perco a razão quando vejo alguém se aproximando dela com segundas intenções. Imagina se ficarmos debaixo do mesmo teto? Tenho medo de não saber lidar com algumas situações e colocar tudo a perder.

- Uau... por mais louco que pareça, acho que tem algum sentido nisso tudo que tá dizendo. Vocês duas nasceram uma pra outra, Prepon... isso todo mundo vê. Mas são muito intensas também. De uma hora pra outras vocês vão do céu ao inferno.

- Pois é... só espero que ela entenda também.

- Você ainda não conversou com ela?

- Mais ou menos, eu disse que pretendia deixar as coisas na minha mãe. Mas confesso que não fui muito clara com os motivos reais. No meio de todo esse caos da festa eu tentei não trazer mais problemas. Melhor cuidar disso daqui pra frente, com calma.

- Então fala logo porque eu não quero confusão comigo. Algo me diz que ela vai morrer de ciúme dessa história. Só você mesmo pra trocar a casa da sua namorada pela minha.

- Para Tasho... também não é assim. Eu pretendo ficar alguns dias lá. Só não quero carregar tudo pro apartamento dela. Até porque ia ser difícil sair quando chegasse a hora – Prepon sabia que se ficasse lá por muito tempo e levasse tudo que era seu, depois a despedida ia ser dolorosa.

- Bem, então tá combinado. Minha humilde residência estará de braços abertos te esperando.

- Tem certeza que não vou te atrapalhar em nada?

- Já disse que tem espaço sobrando, ruiva. É só marcar o dia e fazer a mudança. Isso se até lá você não desistir e resolver levar tudo pra casa da namoradinha mesmo.

- Acho que não. Não seria uma boa ideia me mudar pra lá, mesmo que por pouco tempo, pelos motivos que já te expliquei. E ainda corro o risco da Tay não me deixar sair de lá nunca mais – a morena brincou, mas logo retomou o tom sério – É muito cedo para isso. Tenho quase certeza que não daria certo.

- Você que sabe.

- De qualquer forma quero aproveitar esses meses livres até o início das gravações da próxima temporada pra ficar um tempo aqui em Los Angeles. Praticamente abandonei minha casa esse ano. E pretendo viajar também, conhecer alguns lugares novos na Europa...

- São muitos planos. Tô gostando de ver.

- Tenho que aproveitar enquanto posso, porque tenho a suspeita que na terceira temporada Alex Vause volta com força total.

- E você acha que vai conseguir ficar tanto tempo longe da Tayloface?

- Claro que não. Onde eu for, carrego ela junto. Nem que pra isso tenha que sequestrar meu bebê.

- Tenho certeza que isso não será preciso. Ela vai aonde você for. Não sei quem é mais idiota pela outra.

As duas passaram mais um tempo conversando, até que Laura viu Lyonne dar seu primeiro bocejo e se render ao sono. Levantando-se, ela finalmente foi tomar sua água, mas desistiu da ideia de ir lá fora. Tudo que mais precisava naquele momento era sua cama.

Já em seu quarto, tomou um banho rápido e deitou ao lado de Taylor. A loirinha parecia completamente desmaiada, então Laura se aconchegou a ela com cuidado, tentando não fazer movimentos bruscos para não acordá-la. Logo depois também estava dormindo pesadamente.

 

Quando acordou, o primeiro instinto de Prepon foi tatear a cama à procura de Taylor. Para sua surpresa, a loira não estava ali. Erguendo-se um pouco e sentando na cama ela chamou na direção do banheiro:

- Tay?

Nada.

Será que ela já tinha descido? Laura assustou-se ao olhar para o relógio: já passava do meio-dia. Merda... como tinha dormido tanto? E porque a namorada não a acordara?

Saindo da cama, ela foi ao banheiro. Em seguida trocou de roupa e desceu. Chegando na cozinha percebeu que todas já estavam de pé.

- Bom dia. Desculpem, dormi demais – foi até Taylor, que estava sentada próxima ao balcão, abraçou-a e perguntou: - Por que não me acordou?

- Você precisava descansar – Schilling falou em voz baixa sem demonstrar muita animação.

- Que voz é essa? – Laura notou logo que o humor dela não estava dos melhores.

- Boa pergunta. Essa aí acordou azeda hoje – Natasha resmungou.

- O que houve? Tá de ressaca?

- Eu não bebi tanto assim. Você cismou com isso agora, que eu tô sempre bebendo demais.

- Ei, não está mais aqui quem falou – Laura ficou espantada com o mau humor dela pela manhã depois de uma noite tão especial, mas achou melhor deixá-la em paz por ora.

Yael fez uma cara de quem também não estava entendendo nada, enquanto Natasha simplesmente sacudia a cabeça negativamente.

Sentando-se no lugar vago ao lado da namorada, Laura começou a se servir do café da manhã ali exposto. Estava morrendo de fome, pois quase não comera durante a festa. Pra melhorar o clima, mudou de assunto:

- Onde estão as outras? – sentia falta de Dascha, Taryn e Samira.

- Já voltaram pro hotel, ainda precisavam arrumar as malas. O voo delas sairá agora no meio da tarde. Elas pediram pra te agradecer enormemente pela hospitalidade.

- Incrível elas conseguirem acordar antes de mim, o estado delas estava bem crítico ontem – Prepon brincou.

- Samira e Taryn estavam novinhas em folha. Mas Dascha saiu praticamente arrastada – Uzo riu ao lembrar a cena que presenciara um pouco mais cedo.

- Queria tanto poder ficar pra te ajudar a arrumar essa bagunça toda, Laura – Yael parecia realmente lamentar.

- Não se preocupe com isso. Daqui a pouco o pessoal tá chegando pra recolher tudo. E amanhã vem a equipe de limpeza. Eu não vou mexer em praticamente nada. Só supervisionar mesmo – Prepon quis esclarecer para tranquilizar as amigas.

- Quando você volta? – Aduba perguntou.

- Eu e Tay voltamos na terça mesmo. Fiquem tranquilas que não terão tempo de morrer de saudades – a morena provocou.

- Eu adiantei minha passagem. Tô indo com elas hoje – Schilling murmurou.

- O que? – Laura achou que não tinha entendido direito e virou-se na mesma hora para a loira ao seu lado: – Você vai voltar hoje?

- Laura, precisamos arrumar nossas coisas. Mas assim que terminar, desço para ver se posso ajudar em algo – Uzo tentava disfarçar, mas obviamente queria fugir dali.

- Vamos Tasho? – Yael nem disfarçou.

Assim que as três mulheres sumiram de vista, Laura retomou o assunto:

- O que houve Tay? Porque adiantou sua passagem? Quando fez isso?

- Agora de manhã.

- O que tá acontecendo? – a morena realmente estava confusa com aquela mudança repentina da namorada.

- Nada, Laura. Só estou sentindo falta da minha casa. E lembrei que deixei algumas coisas pendentes que já queria resolver amanhã. Desculpa não ficar pra te ajudar.

- Eu não quero que você fique pra me ajudar. Mas ir embora desse jeito... Ontem estávamos tão bem e agora você tá estranha. Me fala o que aconteceu...

Tá tudo bem – a loira tentou amansar a voz, mas parecia fazer isso com esforço – Eu só mudei de ideia e prefiro ir hoje. Como você mesma disse, logo estará de volta também.

- Tay, eu não sou idiota. Eu te fiz alguma coisa sem perceber?

- Não sei... fez? – Schilling devolveu a pergunta.

- Eu acho que não. Mas você tá agindo como se eu tivesse feito.

- Desculpa, você deve ter razão... Acho que tô mesmo de ressaca e isso tá me deixando de mau humor. Daqui a pouco passa – a loira tentou sorrir.

- Jura que está tudo bem?

Como se estivesse tudo programado, o interfone tocou antes que a loira precisasse responder a pergunta. Pronto, Laura estaria bastante ocupada daquele momento em diante.

- Vai lá atender. Vou aproveitar e subir também pra arrumar minha mala – Schilling deu um abraço rápido e um beijo no rosto da morena e antes que essa pudesse pensar em retribuir, ela já deixava a cozinha.

Prepon estava tão surpresa com a atitude de Taylor que levou um tempo até perceber que o interfone continuava tocando.

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Taylor subiu rapidamente as escadas e refugiou-se no quarto de Laura. Sentia-se frustrada porque tinha prometido a si mesma não demonstrar a mágoa que sentia com a conversa que ouvira naquela madrugada. Tudo que precisava era se manter firme e comunicar Prepon que tinha decidido voltar antes. Somente isso.

Ela ainda se perguntava por que tivera a maldita ideia de descer atrás da namorada. Por outro lado, se não tivesse ido continuaria na ignorância em relação ao que estava se passando.

Inocente que era, ao ouvir a voz de Laura e Natasha, pensou em uma forma de chegar assustando-as e por isso foi se aproximando de forma silenciosa. Porém quando ouviu com clareza o que Lyonne falava, não pôde se conter e realmente parou para ouvir a conversa.        

- Bem, então tá combinado. Minha humilde residência estará de braços abertos te esperando.

Como assim, a casa de Natasha estaria esperando Laura?

- Tem certeza que não vou te atrapalhar em nada?

- Já disse que tem espaço sobrando, ruiva. É só marcar o dia e fazer a mudança. Isso se até lá você não desistir e resolver levar tudo pra casa da namoradinha mesmo.

Mas que merda era aquela? Laura não tinha dito que levaria suas coisas para a casa da mãe?

- Acho que não. Não seria uma boa ideia me mudar pra lá, mesmo que por pouco tempo, pelos motivos que já te expliquei. E ainda corro o risco da Tay não me deixar sair de lá nunca mais – pausa – É muito cedo para isso. Tenho quase certeza que não daria certo.

Não! Não! Ela não podia estar realmente ouvindo aquilo. Deus, que estivesse no meio de um sonho.

- Você que sabe.

- De qualquer forma quero aproveitar esses meses livres até o início das gravações da próxima temporada pra ficar um tempo aqui em Los Angeles. Praticamente abandonei minha casa esse ano. E pretendo viajar também, conhecer alguns lugares novos na Europa...

Ah! Ótimo saber que Laura já tinha planos para os próximos meses. Mas ao que parecia, Schilling não estava incluída neles. Muito bom mesmo saber disso dessa forma.

- São muitos planos. Tô gostando de ver.

        

Taylor não aguentou mais ouvir uma palavra sequer e pra falar a verdade, nem precisava. Assim, voltou para o quarto e passou longos minutos repetindo aquelas frases em sua cabeça num looping eterno.

No início se sentiu anestesiada, tentando se localizar no meio daquela novidade toda, pois nada do que ouvira fazia sentido para ela. Schilling perdeu noção de quanto tempo ficou nesse estado, só saindo dele quando ouviu o barulho da porta sendo aberta.

Ela imediatamente tentou fazer a melhor interpretação de sua vida de alguém que dormia profundamente e torceu para que Laura não percebesse seu sono falso. Para seu alívio, a morena não só acreditou como poucos minutos depois já parecia estar totalmente adormecida.

Taylor sabia que seria muito difícil que ela própria conseguisse relaxar e continuou elaborando em sua mente o real significado de tudo aquilo.

A namorada afirmara que levaria seus pertences para a casa da mãe porque não queria bagunçar a casa de Taylor. Como Natasha entrara no meio disso? Ou será que tudo já estava combinado entre elas e Marjorie só fora usada como bode expiatório por Laura não querer que a loira soubesse a verdade ainda?       

Pior do que isso era saber que havia outros motivos reais para Prepon não querer ir pra sua casa. Motivos que a namorada não quis dividir com ela, mas que obviamente havia aberto para Lyonne. Aparentemente um deles era o medo de que Taylor dificultasse sua saída. Essa era a imagem que passava? De alguém tão carente e grudenta que não seria capaz de deixá-la ir quando chegasse a hora? Outro medo, ou melhor, uma certeza parecia ser o fato de Laura entender que não daria certo elas morarem juntas. Droga, Taylor nem tinha pensado nessa possibilidade ainda. Realmente parecia muito cedo, mas pelo visto Laura não só já pensara nessa hipótese como também decretara que era uma má ideia.

E como se tudo aquilo não fosse uma merda grande o suficiente, ela ainda soubera, como bônus extra, que Laura já tinha feito planos a respeito do que faria agora que as gravações haviam terminado. Ficaria uma temporada em Los Angeles, viajaria para Europa... Em que momento ela pretendia lhe comunicar isso? Se é que pretendia, porque agora Taylor já duvidava de tudo.

Enquanto ia processando todas aquelas informações, a loira ia sendo tomada por um sentimento de tristeza. Estava triste com Laura, mas também com ela mesma. De alguma forma, ela estava errando pra namorada não ter se sentido à vontade em repartir todos aqueles assuntos com ela. E se esse não foi o desejo dela até então, Taylor decidiu que não seria ela a provocar o assunto. Deixaria Laura conduzir as coisas do jeito que achasse melhor.

Se ela não se sentia confortável para ficar em sua casa e preferia a de Natasha...que assim fosse. Se queria ficar um tempo na Califórnia, na Europa ou no fim do mundo... que ficasse. O que ela podia fazer? Obrigar Laura a ficar em seu apartamento?  Obrigá-la a ficar com ela em Nova York nos próximos meses?

Mentalmente exausta, Schilling acabou sendo vencida pelo cansaço quando o dia começou a amanhecer.

No entanto, não conseguiu dormir por muito tempo. Cerca de duas horas depois já estava desperta novamente. E com uma resolução na cabeça: queria voltar o mais rápido possível para sua casa. Sem alardes, sem dramas, sem choros. Só precisava ir para casa e ficar sozinha.

 

Terminando de fechar a mala, Taylor olhou o relógio: duas horas da tarde. Ainda teria mais uma hora e meia até que conseguisse ir para o aeroporto com as meninas. Sentia-se um pouco culpada por deixar Laura sozinha coordenando a retirada dos materiais e reorganizando a casa, mas sabia que se ficasse acabaria por expôr seus sentimentos e mais uma briga seria iniciada. E a última coisa que queria era enfrentar uma nova discussão entre elas. Como e quando resolver aquele problema, ela não sabia. Mas definitivamente esse não era o momento.

Schilling só desceu quando estava perto da hora de chegada do táxi que haviam solicitado. Encontrou Laura com Yael na cozinha.  A princípio, ninguém falou nada. Só depois de um tempo a morena quebrou o silêncio:

- Não quer comer nada? A viagem é longa.

- Não, obrigada. Estou um pouco enjoada.

- E sua mão? Tá melhor?

- Tá sim, às vezes até esqueço que está machucada.

- Mas tem que continuar cuidando, Tay.

- Eu sei. Fique tranquila.

Como aquela mulher conseguia ser tão dedicada nos pequenos detalhes, nos pequenos cuidados e ao mesmo tempo esconder dela tantas coisas realmente importantes? Foi inevitável para Taylor pensar nisso.

- Tenho de voltar lá pra fora – Laura disse se aproximando e fazendo um carinho na cabeça da namorada - Quando o táxi chegar, me chama.

- Pode deixar – Schilling sentia-se tão confusa. Por isso precisava ir embora.

Assim que Prepon saiu, Yael disse:

- Tá tudo bem, Taylor?

- De verdade Yael? Não – a loira respirou fundo – Mas vai ficar. Nada no mundo é irremediável.

- Quer conversar?

- Ainda não. Mas obrigada por sua sensibilidade. E por favor, não comente com nenhuma delas. Principalmente com a Tasho... tudo o que eu menos preciso agora é alguém me pressionando.

Eu sei. Pode deixar. E a hora que precisar, saiba que estou aqui para você.

Taylor envolveu a pequena mulher em um abraço sincero e não conseguiu evitar que duas lágrimas teimosas escapassem. Mas logo se recuperou ao ouvir a voz de Lyonne vinda da sala:

- O táxi chegou garotas. Nova York nos espera.

Schilling foi até as portas de vidro que levavam à ampla área externa da residência. Mas nem precisou se dar ao trabalho de procurar por Laura, ela já estava ali perto conversando com um dos carregadores. Quando a morena a viu, tratou de vir a seu encontro:

- Já vai?

- Sim.

- Promete que vai me ligar assim que chegar?

- Prometo.

- Eu só estou deixando você ir, porque não tenho o direito de te prender aqui Tay. Mas saiba que não estou nem um pouco satisfeita com isso. E você vai ter que me explicar o motivo dessa ida antecipada.

- Eu já te disse que só pretendo adiantar alguns assuntos.

- Ok. Não vou insistir nisso agora – tomando a loira pela mão, Laura foi conduzindo-a por dentro da casa.

Taylor sentiu um leve tremor percorrer seu corpo e por um momento pensou em desistir, em ficar e chamar a morena para uma conversa sincera. Mas mudou de ideia imediatamente ao ver Natasha vindo se despedir de Prepon também. Lembrando-se da conversa íntima compartilhada pelas duas mulheres e que ela presenciara de forma clandestina, sentiu-se sobrando ali. O melhor a fazer era realmente voltar para seu ninho.

Tentando não prolongar a despedida, ela deu um abraço em Laura seguido por um selinho rápido e foi uma das primeiras a entrar no carro. Quando o veículo se pôs em movimento, ela caiu na besteira de olhar para trás> Ver Laura parada sozinha na frente de casa, fez seu coração se contorcer de dor. O que estava acontecendo com elas? Por que mesmo entre tantas juras de amor, ainda não confiavam totalmente uma na outra?

Fazendo o possível para deixar aqueles pensamentos de lado pelo menos por um tempo, Taylor passou a participar da conversa que se desenrolava entre as amigas. Durante o trajeto até o aeroporto e na espera pelo embarque, o assunto entre elas eram os acontecimentos da festa e Schilling achou que esse era um terreno seguro onde poderia pisar. Além disso, quanto mais calada ficasse, mais atenção chamaria e isso era o que menos desejava no momento.

Porém foi só entrar no avião e se acomodar em seu assento, que todo o cansaço físico e emocional das últimas horas atingiram a loirinha em cheio. E ela literalmente dormiu o voo inteiro. As garotas acharam melhor não acordá-la, pois estava claro para todas que Taylor não estava bem, embora nenhuma delas desconfiasse do motivo.

Quando Schilling acordou, já do outro lado do país, o mau humor havia voltado com força total. As horas de sono pareciam não ter tido qualquer efeito e ela se sentia ainda mais cansada, se é que isso era possível. Assim que conseguiu estar de posse de sua bagagem, foi logo se despedindo das meninas e recusando qualquer tentativa de carona que era oferecida.

- Tayloface, não acha que precisamos conversar? – Natasha enfim decidiu abordá-la.

- Não, não acho. Tudo que preciso agora é de um banho reconfortante e do meu amado colchão.

- Ok, loira. Você quem manda. Mas não esquece de ligar para a ruiva. Ela vai ficar esperando.

- Sim, eu sei.

Dando um abraço rápido em cada uma delas, Taylor só se sentiu realmente livre quando entrou no táxi a caminho de sua casa. Pegou o celular na bolsa com a intenção de enviar pelo menos uma mensagem à namorada avisando que já havia chegado, mas o aparelho estava completamente descarregado. Teria de fazer isso quando chegasse em casa.

No entanto, assim que fechou a porta e colocou os pés dentro do apartamento, a loira foi tomada por uma sensação de vazio extremo. Ela ficou alguns segundos sem se mexer, olhando tudo ao redor, para logo em seguida ser sacudida por uma crise incontrolável de choro.

Toda a tristeza e mágoa retidas foram liberadas de uma vez só e o estrago foi grande. Taylor chorava sem parar e a única coisa que conseguiu no meio de todas aquelas lágrimas, foi ir até seu quarto e se jogar na cama. Não comeu nada, não tomou banho, não ligou pra ninguém. E ficou naquele estado até finalmente ser vencida pela exaustão e cair em um sono profundo

          ------------------

Em Los Angeles, aguardando que Schilling desse sinal de vida, Laura se obrigava a ser paciente e não entrar em contato logo, mesmo calculando que pelo horário ela já devia estar em terra firme novamente.

Mas em determinado momento a paciência teve fim e acabou ligando pra namorada. Telefone desligado. Esperou um tempo. Ligou de novo. Nada. Enviou mensagem. Aguardou. Sem resposta.

Antes que a preocupação tomasse conta de vez, ligou para Lyonne para saber notícias. Se por um lado ficou aliviada em saber que elas tinham chegado bem e que Taylor dormira o voo todo, por outro ficou chateada em saber que a loira não tivera a menor consideração em avisá-la, mesmo após ter pedido por mais de uma vez. Tentou mais alguns contatos antes de dormir, mas como não teve sucesso, acabou desistindo. Decididamente havia algo errado com Taylor e ela teria de descobrir o que era logo ou ficaria louca.

Prepon acordou na segunda-feira, ainda sem acreditar que de uma hora pra outra as coisas haviam ficado tão confusas entre elas. Depois de fazer sua higiene matinal, o próximo passo foi checar o celular.  Havia várias mensagens e ligações de algumas das meninas e de outras pessoas que compareceram à festa. Mas nada vindo de Schilling.

A morena achou melhor tentar esquecer aquilo por enquanto. Jodi tinha ficado de vir ajudá-la com a equipe de manutenção e, sem dúvida, a companhia da amiga a ajudaria bastante para atravessar aquele dia.

Quando já nem esperava mais, ainda naquela manhã, seu telefone apitou e foi correndo ver. Era ela.

Desculpe. O celular descarregou. Cheguei em casa me sentindo mal, com dor de cabeça. Acabei dormindo e só acordei hoje de manhã. Já estou na rua resolvendo algumas das coisas que falei. Tento te ligar à noite.    

Só isso? Nem um beijo de despedida? Ou será que estava exagerando e o problema de Taylor foi realmente ter se sentido indisposta? Podia ser TPM. E pelo fato de estar na rua, a mensagem enviada foi muito mais prática do que carinhosa. Havia um sinal positivo, não havia? Taylor disse que ligaria à noite.

Laura estava certa, a companhia de Jodi salvou seu dia. Ela preferiu não tocar no assunto com a amiga para não ficar remoendo-o, então conseguiu passar uma segunda-feira agradável, embora trabalhosa. No fim, sua casa estava novamente um brinco e ela tão exausta que não tinha forças nem mesmo para fazer um jantarzinho. A opção foi pedir pizza.

Quando Jodi foi embora, Prepon subiu.

Nove horas da noite, não era mais tão cedo assim e provavelmente Taylor já estava em casa. Pensando em não demorar muito a dormir, pois estava realmente cansada e teria de enfrentar a viagem no dia seguinte, Prepon achou que não teria problema em ela mesma ligar para a namorada.

Telefone desligado.

Bem, não adiantava mais tentar se enganar. Schilling estava evitando-a descaradamente e não fazia nenhum esforço para disfarçar. Constatando que não ia conseguir resolver o problema à distância, embora ela nem soubesse que problema era esse, Laura deixou o celular de lado e foi tomar um banho.

         A fim de se certificar que realmente teria a longa noite de sono que tanto precisava, fez algo que evitava ao máximo: tomou um calmante.

A morena não se sentiu nem um pouco surpresa ao acordar na terça-feira e confirmar que não houvera nenhum contato da parte de uma certa loira. Assim que finalizou todas as suas pendências ali em Los Angeles, foi para o aeroporto contando as horas para sua chegada em Nova York.

Ela estava decidida a acabar com aquele desentendimento assim que chegasse à cidade. Apesar do pouco tempo de relacionamento com Schilling, se tinha aprendido alguma coisa em relação a ela, é que apesar de doce e sensível, a loirinha muitas vezes se fechava e não expunha seus sentimentos. Isso já lhes trouxera problemas antes e aquele erro Prepon não estava disposta a repetir.

      

Quando o avião aterrissou, ela nem se deu o trabalho de tentar contato com a namorada novamente. Eram quase sete da noite e a morena pegou um táxi indo direto para o apartamento de Taylor. A intenção era pegá-la desprevenida para que a loira não tivesse tempo de se armar.

Laura havia trazido algumas malas consigo dessa vez e carregou tudo até a porta do apartamento de Schilling aos trancos e barrancos. Tocou a campainha. Nada. Pelo visto, Taylor estava na rua. Melhor assim. A surpresa seria ainda maior quando ela entrasse em casa e visse a namorada ali dentro.

A morena pegou suas chaves, entrou, instalou-se no sofá e ligou a televisão buscando uma forma de passar o tempo.

Perto das dez da noite, Laura já estava com fome, irritada, apreensiva com a demora de Taylor e a paciência que tentara cultivar nesses três dias já estava bastante comprometida. Fosse qual fosse o motivo do mau humor de Schilling, ela não podia simplesmente ignorar a namorada sem uma mínima explicação.

Mesmo tendo quase certeza que não obteria resposta, Laura decidiu tentar contato primeiro através de mensagem:

 Oi. Vai demorar pra chegar em casa?

Para sua surpresa a resposta veio cinco minutos depois:

Oi. Por que a pergunta?

Sem a menor paciência, Laura desistiu de ser compreensiva:

Você não pode responder a uma pergunta simples? Precisamos conversar. Cheguei e estou aqui na sua casa te esperando.

Pronto, estragara a surpresa. Mas Prepon não se sentia nem um pouco disposta mais a continuar com aquele joguinho.

No lugar de mais uma mensagem, o que recebeu como retorno foi uma ligação.

- Ah, decidiu falar comigo agora? – Laura não conseguiu evitar a ironia.

- O que está fazendo na minha casa, Laura? – Taylor parecia nervosa.

- Como assim, o que estou fazendo? Cheguei de viagem e vim direto conversar com você. Resolver as coisas.

Silêncio do outro lado da linha.

- Onde diabos você se meteu? Pode vir pra casa logo?

- Laura, eu não estou em Nova York.

- O que? – Prepon sentiu as coisas girarem a sua volta, e por mais que tentasse, a voz saiu em forma de grito: – Como assim não está em Nova York, Taylor? Onde você está?

         


Notas Finais


Complicadas essas duas hein? Tem alguém certo ou errado nessa confusão toda?


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