1. Spirit Fanfics >
  2. Apenas Ela >
  3. Novos Planos

História Apenas Ela - Novos Planos


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Meninas desculpe a demora, mas as coisas enrolaram nos últimos dias.
Pra compensar esse capítulo veio maior que os outros e prometo postar outro até o fim da semana.
Agradeço a cada uma de vocês que tem lido a fic. De verdade, pra mim ainda é uma surpresa que tenha alguém acompanhando essa história que o tal diabinho anda me soprando o tempo todo no ouvido.
Ah... não tive tempo de revisar, então relevem os erros na medida do possível.

Capítulo 7 - Novos Planos


Sentindo os raios de sol atingirem em cheio seu rosto ao acordar, Laura demorou um pouco para situar onde estava. Mas com a consciência repentina da dor de cabeça, acabou por lembrar do que tinha acontecido na noite anterior. Pelo menos algumas partes. Seu primeiro pensamento foi se realmente ligara para Taylor ou se aquilo fora um sonho. Se fosse realidade, teria que se desculpar com a loira. O que deu nela pra perturbar a amiga no meio da madrugada? O normal seria ter ligado para Jodi ou até mesmo Alanna. Mas que merda, ela nem tinha bebido tanto assim pra estar tão acabada daquela forma.

Olhou o relógio e viu que já eram onze horas. Levantou-se, tomou um banho e desceu para preparar algo pra comer e tomar um analgésico. Estava sentada no balcão da cozinha se ocupando do café da manhã e pensando no que faria no resto do dia, quando a campainha tocou.

Era um entregador com um arranjo de flores simples, porém lindo. Ao fechar a porta atrás de si, tratou logo de pegar o cartão. Mesmo já imaginando de quem seria, estava ansiosa para ler o que continha.

Alguma chance de você me perdoar? Não vou inventar desculpas para o que fiz. Aquele comportamento idiota foi motivado por outro sentimento idiota: possessividade. Eu queria você só pra mim ontem. Tenho muitas coisas para falar com você, Laura. Por favor, me encontre hoje às 20h no mesmo restaurante. Vou te esperar. Te amo. Dylan.

Laura terminou de ler com um sorriso bobo nos lábios. É claro que iria jantar com Dylan. Não gostou do que ele tinha dito ontem, mas entendia perfeitamente. Ela não podia se considerar uma boa namorada nos últimos meses. Além disso,  já estava ficando curiosa com o que ele tinha para lhe dizer.

 

Ao entrar no restaurante, Laura tinha consciência dos olhares lançados em sua direção, embora tentassem ser discretos. Ela tinha colocado um vestido preto levemente justo e com detalhes brancos ao redor do decote generoso. A maquiagem realçava ainda mais aquele belo par de olhos verdes e o cabelo estava arrumado de forma ondulada ganhando volume. Estava usando um par de brincos de ouro branco que ganhara de Dylan recentemente. Hoje estaria ali só pra ele.

Assim que a viu se aproximar da mesa, ele se levantou e lançou-lhe aquele sorriso aberto que ela tanto gostava. Laura o abraçou com força e mesmo estando ciente de que estavam atraindo a atenção de algumas pessoas ao redor, deu-lhe um beijo apaixonado.

- Meu amor, me perdoa por ontem? – Dylan foi o primeiro a falar.

- Dyl, tá tudo bem. Eu realmente não gostei de como você agiu, mas deixei claro na hora o que eu pensava. E de verdade, entendo o seu lado. Eu também tenho que me desculpar pela minha ausência. Mas a série vai entrar na reta final de gravação e em breve vamos ter mais tempo juntos. Virei passar uma temporada aqui em Los Angeles.

- Hum... talvez não. – ele falou com um sorriso enigmático.

- Como assim? – Laura não entendeu.

- Isso é assunto pra depois. Primeiro vamos jantar.

- Ah não, Dyl. Você sabe que não se faz isso com uma mulher.

- Eu estou a quase 3 semanas aguardando ansiosamente sua vinda pra podermos conversar e a mocinha não pode aguardar mais uma horinha?

O garçom aproximou-se, eles fizeram o pedido e em seguida engataram uma conversa sobre o que tinha acontecido com cada um deles nas últimas semanas. Laura estava sentindo a curiosidade aumentar, mas esperou que eles terminassem a refeição para fazer a pergunta diretamente:

- O que você tem pra me dizer? Já estou começando a ficar preocupada.

- Não tem motivo pra isso, amor. Na verdade eu quero dividir com você uma constatação minha, falar de uma proposta e fazer um convite.

- Uau!- foi a única coisa que Laura conseguiu dizer.

Ele pigarreou e começou seu longo discurso:

- Laura, desde que você foi para Nova York, as coisas mudaram consideravelmente entre nós. Sabíamos que seria assim, quem mandou eu me apaixonar por uma atriz? - ele brincou. – Mas se por um lado, isso está sendo difícil porque antes tínhamos uma convivência intensa e estávamos juntos sempre, por outro lado serviu para me mostrar o quanto o que eu sinto por você é realmente sério. Mesmo longe, você continua presente na minha rotina: nos pensamentos, quando como algo que sei que você gosta, quando vou a lugares que costumávamos ir juntos, quando fico louco pra ouvir sua voz no telefone, quando conto os dias e horas que faltam pra te ver. Enfim... todo o meu dia é preenchido por você, independente de estar do outro lado do país.- ele fez uma pausa olhando firmemente pra ela. - Pode parecer precipitado o que vou falar, mas já não sou mais um menino e sei bem o que quero pra minha vida. Com certeza, uma das coisas que mais quero, é que você faça parte dela cada dia mais, que você seja a mulher com quem vou formar uma família, que seja a mãe das três crianças que teremos. Ou quatro, se concordar.

Laura não conseguiu dizer nada. Mas foi impossível esconder o espanto que se formava em seu rosto, os olhos arregalaram-se, a boca abriu e ela sentiu as mãos suando.

- Calma, eu sei o que tá parecendo. Mas não estou te pedindo em casamento. Pelo menos ainda não, hoje não. - ele disse com uma voz doce e carinhosa – Mas eu precisava que você soubesse disso. Essa é a constatação que eu disse que queria dividir com você: Laura Prepon, você é a mulher da minha vida. Eu tenho certeza disso.

O espanto transformou-se em alívio e depois em emoção. Laura ainda estava muda, processando de onde estava vindo tudo aquilo. Claro que ela pensava em casar e em ter filhos, e já se pegara pensando que Dylan seria um ótimo marido e pai. Mas não tinha nem um ano que estavam juntos, então casamento não era uma coisa que pensava no momento. Mas ele acabara de dizer que não estava propondo casamento agora, não foi isso?

- Bom, como eu tô vendo que você está meio chocada, vou aproveitar pra emendar a minha proposta. E pode ficar tranquila, que agora é algo profissional. – ele esperou um tempo para confirmar que ela estava conseguindo acompanhar o que ele falava. – Eu sei o quanto você se apaixonou com o conceito do meu restaurante. Aliás, foi ele que nos uniu. O tempo em que esteve aqui você acabou se envolvendo de verdade com o Full Life, deu idéias, avaliou as novidades que pretendíamos implantar, chegou até desenvolver novos pratos pro nosso cardápio. Você sabe que meus planos e o de Mark, é continuar expandindo o negócio. Abrir mais um restaurante aqui na Califórnia e outro em Nova York.

Laura tentava acompanhar aquela mudança brusca de casamento pra restaurante.

- Mark e eu conversamos bastante e queremos convidá-la pra ser nossa sócia nesses dois novos restaurantes que pretendemos abrir.

- Dylan, você não pode estar falando sério. Eu jamais daria conta disso. Não sou capacitada pra isso. – Laura realmente amava o lugar que os irmãos criaram, mas nunca havia pensado na possibilidade de entrar no negócio.

- Você é muito mais capacitada do que pensa. É claro que ajustaríamos os termos dessa sociedade. Você não teria dedicação integral, é atriz e jamais trocaria de profissão, eu sei. Mas pensamos de verdade que tem muito pra contribuir com esse projeto de expansão. Não seria um envolvimento no dia a dia, apesar de você poder fazer isso quando quisesse, mas sim um envolvimento maior intelectual, se podemos chamar assim. Você tem uma visão e conhecimento únicos em relação à alimentação saudável e comidas naturais.

- Eu realmente preciso pensar sobre isso. A proposta é desafiadora, mas tenho que avaliar bem.

- É claro que sim. E estou falando disso agora justamente pra você pensar sobre o assunto e amadurecer essa ideia. Nosso objetivo é começarmos o projeto dos dois novos restaurante somente no segundo semestre do ano que vem. Você terá bastante tempo até lá. Mas pense com carinho porque realmente queremos Laura Prepon no nosso time.

- De qualquer forma, eu me sinto muito honrada só em vocês pensarem nessa possibilidade.

Dylan fez alguns segundos de suspense antes de prosseguir:

- E por último, o convite. Há aproximadamente um mês atrás, um amigo francês do meu irmão esteve aqui em Los Angeles e nos fez uma proposta. Ele conheceu todo o nosso trabalho e pensa em abrir algo semelhante em Paris. E apesar de já ter algumas ideias, alguns conceitos definidos, também nos pediu uma consultoria. Seria uma espécie de troca de conhecimentos. Não vou entrar nos detalhes agora, mas ficou acertado entre eu e Mark que um de nós iria para a Europa pelos próximos 4 ou 5 meses para se especializar mais no ramo da gastronomia saudável europeia. E quem sabe, um dia, nossa expansão chegue até o outro lado do oceano?

Laura estava ficando tonta com tanta informação.

- Laura, a princípio Mark e eu decidimos que eu seria a pessoa a ir para lá enquanto ele ficaria aqui. Mas deixei claro para ele que havia uma condição: se você também fosse pra lá pra ficar esse tempo comigo.- antes que ela pudesse esboçar qualquer reação ele se apressou em dizer.- Eu teria de ir dentro de três semanas pra começar a estabelecer uma base lá, já que terei de ficar um tempo considerável. Sei que você ainda está gravando a série e não pode ir de imediato. Mas quando as gravações acabarem você poderia ir me encontrar. Aproveitaríamos esse tempo juntos, teríamos tempo de desfrutar de vários lugares maravilhosos, você acabaria conhecendo mais da área gastronômica, uma coisa que sei que ama... Enfim. Fala alguma coisa pelo amor de Deus.

- Dyl. Eu não sei, eu simplesmente não sei o que dizer. É muita informação e eu não estava preparada pra tudo isso. Preciso pensar e tenho milhões de perguntas a fazer, mas a ideia de um tempo na Europa quando as gravações se encerrarem é tentadora. Você sabe que não poderei ficar direto porque ainda tenho compromissos aqui e minha vida pra cuidar. Mas acho que posso tentar ajeitar as coisas.

 

Laura e Dylan passaram os próximos quatro dias praticamente grudados. Tentaram matar toda a saudade que seus corpos sentiam um do outro e quando não estavam fazendo amor ou dormindo ou comendo, estavam fazendo planos para os próximos meses.

Aquela tempestade de informações novas que a princípio deixara Laura assustada, aos poucos começou a fazer sentido. Dylan era um cara maravilhoso, praticamente perfeito, e ela sabia que era questão de tempo para que realmente dessem um próximo passo na relação deles. Porque se não pensasse em tê-lo como marido, não teria porque continuarem, certo?

Ainda a assustava um pouco a proposta de sociedade. Realmente a culinária sempre fora um assunto presente em sua vida, e à medida que foi se dedicando mais à alimentação saudável, foi estudando sobre o tema. Mas ainda via aquilo com um hobby. Se tornar sócia de uma cadeia de restaurantes era outra coisa. Mas Dylan assegurara que ele só lançara a ideia, ela teria tempo pra pensar detalhadamente sobre o assunto.

E, por fim, o que mais gostara: o convite para passar uma temporada com ele na Europa. Depois das filmagens de Orange, ela não estava com nenhum grande trabalho acertado. Preferiu deixar sua agenda aberta. Teria de conversar com Jenji pra saber a previsão de cronograma para os outros compromissos que envolveriam o lançamento da série. Mas sabia que aquilo não era algo imediato, já que a equipe técnica passaria os próximos meses na complexa produção de transformar as cenas gravadas em episódios finalizados para irem ao ar.

Aquele ano de 2012 estava sendo realmente repleto de surpresas em sua vida.

-----------

Taylor estava em seu camarim na segunda de manhã pensando em Laura Prepon. Depois daquele telefonema no meio da madrugada que a acordara, mas que ela tinha adorado, a morena sumiu do mapa. Nem uma mensagem fora enviada. Taylor pensou em ligar para a amiga por duas ou três vezes, mas sempre vinha o pensamento de que ia atrapalhar algo. Era claro que o casal havia se acertado e deviam estar ocupados.

Isso não queria dizer porém, que não sentia uma pontinha de frustração por claramente não ter sido mais lembrada, depois da morena dizer que sentia sua falta.

Ela estava bêbada, Taylor, ela fazia questão de lembrar a si mesma.

Laura só chegaria no estúdio na parte da tarde e a loira estava contando as horas para revê-la. Estava se apegando demais àquela amizade, tinha consciência disso. Por mais que tivesse trabalhado, se divertido com as meninas e tentado ocupar a cabeça com outros assuntos, ela não mentira ao dizer que sentiria saudades de Laura nesses dez dias de ausência. Ela realmente sentiu sua falta.

 

A loira havia acabado de almoçar e resolveu tirar um cochilo no camarim antes de voltar ao set. Mal tinha pego no sono, sentiu um calor estranho e ao abrir os olhos, viu Laura parada em pé ao lado do sofá  olhando diretamente pra ela. Não sabia se estava tendo uma visão, por isso esfregou os olhos e se sentou em seguida.

- Laura?

- Te assustei?- Laura perguntou rindo.

- Um pouco. – Taylor abriu seu maior sorriso dos últimos dias.- É bom tê-la de volta.

- Vem cá, Schilling. Me dá um abraço.

Taylor levantou e deram um abraço apertado.

- Você já desculpou meu ataque de carência no meio da noite? Que vergonha, Taylor. Eu juro que não sei o que me deu.

- Qual é Laura, não foi nada demais. Eu não disse que ia ficar tudo bem?- a loira jogou para tentar sondar um pouco.

- Bem não, Taylor. Ficou tudo ótimo. Tenho tanta coisa pra te contar que nem sei por onde começar. – Laura pensou um pouco e emendou: - Quer ir lá pra casa hoje depois que terminarmos aqui? Você já tem compromisso?

- Numa segunda-feira à noite? Não tenho. Mas porque hoje não fazemos diferente e vamos pra minha casa?

- Sério? Enfim terei o prazer de conhecer a residência de Taylor Schilling?

- Não crie tantas expectativas, moça. Porque ela não chega aos pés da sua. Nos encontramos no estacionamento às seis, pode ser?

- Combinado.

Taylor não a viu mais naquela tarde, já que não tinham cenas juntas e foi difícil se concentrar. Estava curiosa em saber quais eram as tais novidades.

Ao se encontrarem no estacionamento, Taylor foi para o carro de Laura, já que naquele dia havia ido trabalhar de táxi. Só depois que estavam a caminho de sua casa, caiu a ficha de que ela não estava preparada para receber visitas. A geladeira estava vazia. O que também não fazia muita diferença, pois mesmo que tivesse ingredientes suficientes, não teria coragem de fazer um prato que fosse para Laura. Cozinhar não era seu forte.

Laura reparou no silêncio da outra:

- Um dólar por seus pensamentos.

- O que você acharia de uma pessoa que te convida pra ir à casa dela pela primeira vez e não tem nada pra te servir?

Prepon caiu na gargalhada.

- Não ri, droga. É sério. Mas na minha rua tem alguns restaurantes realmente bons. Você pode escolher qualquer um e pedir o que quiser. É por minha conta. – ela falou.

- Você é uma figura, Schilling. Mas nós não vamos passar em restaurante nenhum. Vamos passar no mercado e eu vou fazer um jantar decente pra você. Como pode se alimentar tão mal?

- Ah não! Você quer me matar de vergonha. Não precisa, Prepon. Eu já me envergonho o suficiente sem precisar da ajuda de ninguém.

Laura balançou a cabeça e ficou rindo sozinha.

Por mais que a loira protestasse, não teve jeito. Passaram em um mini mercado perto de sua casa e Laura decidiu tudo que iria comprar. Taylor só a seguia com uma cara de derrotada.

O apartamento de Taylor era bem menor que o de Laura, mas talvez o seu charme estivesse justamente em ser tão aconchegante. A sala composta de um único ambiente foi dividida em uma área de estar próxima ao painel de vidro da janela, que ia do piso ao teto, e uma área de jantar que continha uma mesa de 6 lugares, embora raramente fosse ocupada por mais de duas pessoas. Taylor não era muito de fazer reuniões em casa. A cozinha, com móveis de madeira escura e equipamentos em inox, era separada da área de jantar por um balcão alto.

Depois de uma apresentação rápida do local, se instalaram na cozinha. Laura preparava o que ela chamava de jantar decente: uma salada verde, massa, frango e peixe grelhados, batatas gratinadas, três tipos de molhos e dois tipos de suco. E pra sobremesa, salada de frutas e mousse de chocolate.

- Laura, somos só eu e você. Tem comida pra um batalhão aí.

- Sim, tem. E o que não for consumido hoje pode ser guardado para a senhorita levar amanhã, assim vai variar um pouco em vez de almoçar aquela droga de sanduíche de sempre. E o jantar de amanhã também está garantido.

- Consegue perceber o absurdo da situação? Quando fui na sua casa, tinha um banquete me esperando. Você vem pela primeira vez aqui e quem está preparando a refeição? Você. – Taylor disse envergonhada.-  Se alguém me dissesse há quatro meses atrás que Laura Prepon estaria um dia em minha casa cozinhando pra mim, eu riria do doido.

- Você é muito dramática, Taylor. Me conta, o que você fez esses dias?

Passaram a próxima meia hora com a loira atualizando o que tinha feito nos últimos dias, onde fora, as cenas que gravara. Laura parecia estar realmente interessada e somente quando já estavam terminando de jantar, ela enfim resolveu narrar tudo o que tinha acontecido em Los Angeles. Taylor ouvia tudo sem esboçar nenhuma reação e sem interromper a outra em nenhum momento. Ao fim, Laura olhou pra ela e disse:

- Eu acho que a minha cara pro Dylan quando ele veio com tudo isso de uma vez, deve ter sido a mesma que você está agora.

- Que cara? -  foi a única coisa que Taylor conseguiu falar.

- De espanto.-  a morena aguardou mais um pouco e como não tivesse retorno, disparou: -  Você não vai falar nada?

- Desculpe-me. Eu realmente tô surpresa.

- Só surpresa? Não tá feliz por mim?

- Sim, Laura. – ela teve que mentir, o que mais poderia dizer?- Se você está feliz com seus novos planos, eu também estou feliz por você.

- Sua cara não está me dizendo isso.

- Não é isso, só é muita mudança para processar. Você sai por 10 dias, e quando volta me diz que vai casar, morar na Europa e trocar a carreira de atriz pra virar sócia de uma cadeia de restaurantes.

- Schilling... tá sendo dramática de novo. Eu não disse nada disso e você  entendeu muito bem.- ela tentou resumir de outra forma:- Dylan e eu reafirmamos nossos planos de formarmos uma família, mas não colocamos data pra isso. Eu não vou me mudar pra Europa, vou passar uma temporada lá com ele quando as gravações terminarem. E, pra finalizar, também não sei se entrarei nessa sociedade. Tenho tempo pra pensar e acho que mergulhar nesse universo enquanto estiver lá com ele, vai ser fundamental para minha decisão. Mas jamais largarei minha profissão por isso ou por qualquer outra coisa. Entendeu agora?

- Humpf. Ok. Entendi. E quando você vai?

- Dylan está indo daqui a duas semanas, mas ainda estaremos gravando, então não posso ir com ele. Combinamos que vou na semana seguinte ao fim das filmagens, ou seja, daqui a um mês.

Taylor tentou mudar de assunto e estabelecer alguma conversa decente com Laura, mas falhou terrivelmente. Ela sabia que era injusto, diante da felicidade que a amiga demonstrava, mas não conseguiu se animar. No fundo, sentia que aquilo seria um afastamento entre as duas. Ainda teriam muitos compromissos relacionados ao lançamento da série no próximo ano, mas não seria a mesma coisa daquele contato quase diário. O elenco nem mesmo tinha sido comunicado oficialmente se haveria uma segunda temporada. Havia especulações que sim, mas nada fora formalizado até então e ninguém sabia do destino de seus personagens.

A morena acabou reparando na mudança de humor da outra, mas achou que devia ser cansaço e sono, afinal já eram mais de dez horas da noite. Despediram-se, porém Taylor demorou muito pra conseguir dormir.

-----------

O mês seguinte foi de completa loucura para Laura. Ela teve que se dividir entre a reta final de gravações e o planejamento de sua viagem. Jodi foi fundamental nesse momento; sem ela, Laura sabia que surtaria. Agora tinha duas casas para deixar tudo organizado e sob controle durante sua ausência. Ficou acertado que Jodi continuaria responsável por sua moradia em Los Angeles, afinal ela já fazia isso desde que Laura viera para Nova York. Para cuidar de seu apartamento teve que recorrer a seu irmão. Ele viria pelo menos uma vez por semana para checar as correspondências, arejar a o local, acompanhar alguém para fazer uma limpeza. Laura deixou claro que ele poderia ficar ali pelo tempo que quisesse para aproveitar a cidade.

Outro ponto delicado que teve de cuidar foi convencer sua família, principalmente sua mãe, que sabia o que estava fazendo. Eles gostavam de Dylan e sabiam que era um cara legal, mas devido a rotina conturbada que ambos tinham, Laura tinha ido com ele muito menos do que gostaria até Jersey. Sendo assim, não podia dizer que sua mãe e seus irmãos já eram íntimos dele. Logicamente, Marjorie Prepon demonstrou uma certa preocupação nessa mudança brusca de planos da filha. Laura teve que prometer que retornaria para as festas de fim de ano e que ficaria, no máximo, quatro meses fora.

Prepon também passou alguns dias rondando Jenji Kohan até conseguir unir coragem e oportunidade para ter uma conversa com a produtora. Ela sabia que tinha de tomar cuidado com as palavras para que não passasse a impressão de estar querendo informações privilegiadas antes das demais pessoas do cast. Mas sabia também que precisava pelo menos de uma previsão de cronograma dos próximos meses em relação aos compromissos com a série. Aproveitou para perguntar se a existência de uma segunda temporada já estava confirmada e, em caso positivo, se ela estaria confirmada no elenco. Claro que Jenji ficou extremamente atenta àquela conversa e a questionou se ela estava com outros projetos profissionais em vista que a impediriam de seguir em Orange. Ela rapidamente explicou que não, que seus projetos eram pessoais, mas que o ano de 2013 traria algumas mudanças em sua vida e ela queria conciliá-las com seus compromissos com a Netflix.

Jenji não tinha muito para lhe adiantar, mas confirmou que provavelmente haveria sim uma segunda temporada, já que os diretores e demais produtores da Netflix estavam muito satisfeitos com o material que já tinham visto e assim, como todos os envolvidos, tinham um prognóstico bastante positivo a respeito do sucesso da série. Quanto ao futuro dos personagens, eles não haviam chegado ainda a esse ponto, já que ainda tinham mais duas semanas de gravação da primeira temporada. De qualquer forma, ela informou à Laura que esta deveria estar disponível nos meses de maio e junho, quando provavelmente estariam focados na produção do material de divulgação, entrevistas e eventos de lançamento de Orange.

Dylan, como ficara acertado, tinha ido para Paris naquela semana e ela o encontraria lá em breve.

Com tanta coisa acontecendo, Laura não teve muito tempo para sair com as meninas e sentia falta disso. O clima de despedida, mesmo que ainda leve já estava se instaurando entre a equipe e ela estranhamente começava a sentir um aperto no peito. Realmente tinha se apaixonado por aquelas pessoas de um jeito especial. Eles eram únicos. Só sentira uma conexão parecida quando estivera em That ‘70s Show e, mesmo assim, não aconteceu logo na primeira temporada como em Orange.

-----------

Taylor passou as últimas semanas com uma intensa mistura de sentimentos. Havia o enorme prazer e o alívio de estar chegando na reta final daquele trabalho, com a consciência de tê-lo realizado da melhor forma que poderia. Era impossível não lembrar de toda a ansiedade e nervosismo inicial, do medo de não conseguir e de Jenji arrepender-se de tê-la escolhido. Mas ela conseguira. E não cabia em si de tanta felicidade quando fazia um retrospecto de todos aqueles meses.

Havia também a alegria e o carinho por todos daquela equipe extraordinária. Sabia que era clichê pensar nesses termos, mas eles realmente haviam se tornado uma grande e barulhenta família. E valorizava isso enormemente, já que ela própria não tinha referências muito boas nessa área familiar. Podia dizer que todos ali tinham um lugarzinho especial em seu coração, mas algumas das meninas se tornaram mais do que especiais, elas conseguiram despertar o amor fraternal em Taylor. Não tinha muito como saber o que o futuro reservava para elas, mas sabia que as queria em sua vida independente de qualquer coisa ou trabalho.

E havia ela, Laura Prepon. Desde aquela noite em sua casa, ao saber que a morena provavelmente daria novos rumos a sua vida, embora fizera de tudo para não expor as coisas desse modo, Taylor tentara dar menos importância à amizade delas. O que nem era de todo difícil, já que Laura vinha tendo que se desdobrar em mil para dar conta da série e de sua preparação para a viagem.

Desde aquele dia, haviam saído juntas apenas mais duas vezes, e a loira pouco falara já que não tinha muito a dizer. Deixara a morena conduzir o papo. Ficava se perguntando porque se apegara tanto à Laura. Se fosse fazer uma avaliação justa, acabara ficando mais próxima de Natasha, Uzo e Yael. Era com elas que se abria mais, contava suas inseguranças, se sentia à vontade pra ligar a qualquer hora do dia ou da noite ou até mesmo pra se convidar para ir à casa de uma delas. Mas de alguma forma inexplicável, sua ligação com Laura era mais forte. Existia algo invisível, que as aproximava instantaneamente quando estavam no mesmo ambiente.  E quando estavam longe, Taylor ainda nutria aquela admiração quase reverente à morena, parecia não acreditar que tinham se tornado grandes amigas. Bom, em breve seguiriam caminhos diferentes.

 

Estavam mais uma vez reunidas no “refeitório da prisão”, e Natasha viera com uma grande novidade:

- Meninas lindas do meu coração, como todas sabem, em breve essa bagunça aqui será interrompida. E não podemos nos despedir indo a um simples pub, a um bar qualquer ou a uma boatezinha da moda. Temos que fazer algo em grande estilo. Por isso convido vocês para uma festinha em meu apartamento no sábado que vem, após o encerramento das filmagens.

Nem bem ela tinha acabado de falar, a gritaria já se instalara. Taylor foi uma das poucas que ficou calada, sorrindo daquela algazarra que tanto sentiria falta. Outra pessoa que também não se pronunciou foi Laura, mas a expressão em seu rosto era mais de decepção.

- O que houve ruiva? – Lyonne logicamente havia notado.

- Ah, Natasha. Eu quero muito ir. Não vai ser a nossa despedida da série apenas, também vai ser a minha despedida com vocês antes da viagem. Mas fim de semana que vem terei de ir pra Nova Jersey, não tenho como escapar.

- Então temos que rever essa data aí, a presença de todas é obrigatória. Ninguém pode faltar. – Samira se apressou em dizer.

- Não pode ser na semana seguinte? Na sexta? Eu já estarei em Los Angeles, mas posso vir pra festa. No sábado volto pra Los Angeles e domingo...Paris me aguarda. Vai ficar corrido, mas assim viajarei feliz. – Laura fez uma carinha de pidona, o que era raro de se ver.

- Só temos um problema: não poderá mais ser lá em casa. Vou aproveitar esse período pra reformar o apartamento e se a festa rolar daqui a quinze dias, a obra já terá começado. Vamos ter que arrumar outro local. Eu já estava planejando tudo, mas como é por uma boa causa, quebrarei o seu galho, ruiva.

Laura jogou um beijo pra ela.

- Meninas, podemos fazer lá em casa. Espaço tem e vou adorar receber vocês. – Uzo falou timidamente.

Os gritos e assovios voltaram com força total.

Nos dias subsequentes, cada pausa e folga das gravações era preenchido pelos preparativos do que havia começado como uma festa e já estava se tornando um grande evento, como Natasha passou a chamar. Decidiram por uma festa temática, o convite foi estendido à equipe técnica, aos produtores e Jenji foi eleita a convidada de honra. Cada uma das meninas ficou responsável por algo e apenas Laura foi dispensada das tarefas porque sabiam que ela não teria como dar conta.

-----------

O grande dia enfim chegara. E por ser perto da data, escolheram Halloween como tema. Todos deveriam ir caracterizados e haveria um concurso de melhor fantasia.

Taylor estava em um dos quartos de hóspedes na casa de Uzo terminando de se aprontar. Várias meninas tinham vindo de manhã para ajudar a arrumar todo o cenário. Algumas tinham ido para casa se aprontar e voltariam depois, mas a loira decidiu ficar por ali mesmo. Já se sentia em casa.

Estava fantasiada de vampira: usava um vestido curto rendado nas cores preta e vinho; a capa, em contraste com o comprimento do vestido, era bastante longa e quase tocava o chão. Colocara uma peruca preta e o toque final era a maquiagem perfeita que fora feita por um dos maquiadores da série. Os dentes postiços pontiagudos e o sangue cenográfico que escorria da sua boca, deixava-a praticamente irreconhecível. Ela estava adorando o que via no espelho.

Pegou-se curiosa para ver a fantasia de Laura. E pra ser mais exata, mais do que a fantasia, estava ansiosa para ver a própria Laura. Assim que filmaram a última cena, Laura partiu para a casa da mãe em Nova Jersey no fim de semana anterior. Depois de alguns dias, foi para Los Angeles e tinha dito que chegaria em Nova York em um voo no início daquela noite. Com tanta correria, Taylor praticamente não tinha falado com ela. Havia sempre aquela sensação de que estaria atrapalhando.

Não havia falado para ninguém, mas comprara um presente para Laura. Estava passando em frente a uma joalheria naquela semana, quando viu na vitrine uma pulseira que chamou sua atenção. Era de uma delicadeza única: alguns fios de ouro trançados e no centro, uma pequena esmeralda. Ao ver o brilho da pedra, foi impossível não pensar nos olhos de Laura. E, para sua surpresa, ao entrar na loja, viu que havia outros modelos da mesma pulseira com pedras diferentes. Optou por ficar com a de esmeralda e daria para Laura uma com um topázio. Esperava que Laura entendesse o significado de ganhar uma jóia azul, enquanto Taylor comprara para si uma igual, porém verde.

 

O início da festa estava marcado para às 20h e quando a loira desceu, algumas pessoas já haviam chegado. Havia uma energia eletrizante no ar. Todos pareciam ter se esforçado em sua caracterização. Bruxas, diabas, noivas-cadáver, múmias, corcundas, esqueletos e uma infinidade de outras criaturas começavam a preencher todo o espaço.

- Taylofaceeee, você está demais. Meu voto é seu.  – Natasha gritava ao vir em sua direção.

- Você também está ótima de anjo da morte, Lyonne. – Taylor viu a outra olhando fixamente para sua boca. – O que foi? Tem algo errado?

- Posso lamber esse sangue? Você tá sexy pra caralho, loira.

- Não enche, Natasha.

- Ok. Mas prometa que se pegar alguém hoje, esse alguém será eu?

- Prometo. – Taylor sabia que não tinha a menor intenção de ficar com ninguém.

- Por falar em pegar alguém, onde está sua fiel escudeira? Tá atrasada.

- Vou mandar uma mensagem pra ela.- desde que descera para a festa, Taylor perdera a conta de quantas vezes olhara para o relógio e para a porta procurando pela figura de uma bela morena. Agora, Natasha lhe dera a deixa que tanto queria.

Enviou uma mensagem pra Laura:

 Já está chegando, senhorita? Ainda está cedo, mas como você irá nos deixar, queremos aproveitar cada minuto ao seu lado. Praticamente todas as meninas já estão aqui. Tay.

Embora Laura fosse uma das poucas que não a chamasse desse jeito, preferindo usar sempre Taylor ou Schilling, a loira queria mostrar que ela poderia, caso quisesse.

Após mandar a mensagem, Taylor se encaminhou para o bar, onde já estavam Samira, Adrienne e Danielle. Elas eram sempre as mais animadas. A loira resolveu acompanhá-las no que estavam bebendo e em 10 minutos já estava no segundo copo. Olhou para a tela do celular e como ainda não havia retorno, foi para a pista de dança onde estavam Jenji, Kate e Jason. Depois de alguns minutos, o aparelho vibrou e ela foi para um canto para ler a mensagem que chegara:

Taylor, me perdoa só avisar agora. Não consegui sair daqui, houve um imprevisto, depois perdi meu celular, quando encontrei estava descarregado... uma bagunça. Por favor, peça desculpas a todas em meu nome. Eu tô realmente mal por não poder estar com vocês hoje. Aproveitem a noite por mim. Amo vocês. Laura.

A primeira reação de Taylor foi rir. Obviamente Laura estava brincando ela, mas não cairia naquilo.

Você quer fazer o favor de entrar logo? Aposto que está na porta. Você quer que eu vá até aí te receber? Ok, estou indo.

Ela realmente estava se encaminhando para a entrada da casa quando seu celular vibrou novamente.

Ah, baby, não piore as coisas, eu já estou me sentindo péssima. Estou em Los Angeles. É sério.

A loira começou a considerar que poderia ser verdade, embora fosse difícil acreditar. Elas haviam mudado a data da festa a pedido de Laura. Natasha abriu mão que fosse na casa dela, embora quisesse muito isso. Estava tudo combinado. Será que acontecera algo grave? Ia perguntar, mas se deu conta de que seja lá o que tivesse acontecido, Laura estava bem o suficiente pra trocar mensagens com ela.

- Viu algum fantasma, Tayloface?- como ficou sem resposta, Lyonne emendou: – Eu sei, a piada foi ridícula levando em conta que temos alguns fantasmas presentes.

- E aí? Laura já tá chegando? – perguntou Yael que viera junto com Natasha e Jackie.

- Ela não vem.

- Como assim ela não vem?- Yael riu.

- Ela teve algum imprevisto e disse que não conseguiu sair de Los Angeles.

- E só avisou agora? Conta outra. Você é uma ótima atriz, garota, mas esse teatrinho de vocês não me convence.- Natasha soltou.

- Eu também pensei que fosse brincadeira. Mas acho que é sério.

- Eu vou matar a Laura. Isso não se faz. Só vai faltar ela aqui. – Jackie choramingou.

Taylor começou a sentir o corpo esquentar, então resolveu voltar para área externa e tomar alguma bebida forte e gelada. Estava tão chateada com ausência de Laura, que sua vontade era ir embora. Sabia que não podia fazer isso, mas queria muito ver a amiga antes que ela fosse pra Europa. Queria conversar, beber, dançar, rir, dar o seu presente...

E como se a situação não fosse ruim o bastante, a notícia que Laura não viria começou a se espalhar e perdeu as contas de quantas pessoas vieram até ela pra confirmar se era verdade e pra saber o que havia acontecido.

Porque diabos todos passaram a achar que ela teria de dar conta da vida de Laura Prepon? Foi então que mais uma mensagem chegou:

Como estão as coisas aí? Me manda fotos? Quero ver sua fantasia.

Taylor subiu até o quarto de hóspedes que ocupava e guardou o celular na bolsa. Não iria prolongar aquela tortura a noite inteira. Se Laura não podia estar ali, ela estava e faria o maior esforço possível para aproveitar a festa com aqueles que fizeram questão de vir.

Natasha tinha razão, ela era uma boa atriz. E conseguir disfarçar bem durante o restante da noite. Dançou com Pablo e Jason. Ajudou Uzo a cada vez que via que ela estava precisando de algo específico. Riu de verdade das brincadeiras de Danielle e Adrienne. E quando a imagem de uma certa morena de olhos verdes teimava aparecer em sua mente, ela tratava de ir até o bar.

Mal sabia ela que o que estava ruim ainda iria piorar.

Já estavam no fim da festa. Eram duas da manhã e praticamente todos os convidados já haviam ido embora. Algumas das garotas porém, permaneciam. Natasha, Taylor e Yael dormiriam ali a fim de ajudar Uzo no dia seguinte. Jackie, Diane e Dascha tinham bebido além da conta e estavam jogadas nas espreguiçadeiras ao redor da piscina, tentando se recuperar antes de chamarem um táxi. Taryn e Yael ainda se divertiam no equipamento de som, enquanto Dannie e Adrienne eram as únicas que ainda tinham forças para ensaiar algum passo de dança. Samira tentava se despedir, mas ninguém lhe dava ouvidos.

Taylor estava sentada em um canto do jardim olhando toda aquela cena, e era inevitável não pensar que para ela ser perfeita, só faltava uma pessoa ali.

A paz foi quebrada por um grito:

- Vaca! Filha da puta!

Taylor olhou na direção de Natasha e a viu concentrada em algo na tela do celular.

- Quem é o alvo de tantos elogios? – alguém disse.

- Taylor Schilling, você tava sabendo dessa merda?

- Natasha, você grita, xinga e ninguém tá entendendo nada.

- A sua amiguinha te disse porque não viria pra festa?

- Não, eu já falei pra você que ela só avisou que teve um imprevisto.

- É, tá aqui o imprevisto. – Lyonne riu debochadamente. Levantou e mostrou o celular pra Taylor.- Ela não contou nem mesmo pra você? Foi tão babaca assim?

A loira olhou para o celular. Era uma foto de Laura ao lado de Dylan. Ela usava vestido lindo azul, estava linda como sempre, mas olhava para a câmera sem sorrir, enquanto ele a abraçava pela cintura e estampava um largo sorriso no rosto.

- Continuo sem entender o motivo do escândalo.

- Taylor, ela está nesse exato momento num evento com a porra do namorado dela em Los Angeles. Por mim, ela poderia estar na lua, mas pra que fazer a gente mudar a data da festa, confirmar presença, só avisar agora à noite que teve um imprevisto ao invés de dizer logo que não viria porque preferiu ficar com ele?

- Essa foto com certeza é antiga, o Dylan tá em Paris. Laura tá indo encontrar ele lá.

- Essa foi a história que ela contou. Ele postou essa foto há uma hora atrás.

- Tasho, calma. - Uzo como sempre tentava ser a voz da razão. – Ele pode ter postado agora, mas a foto deve ser antiga.

- Ok, vamos checar. Ele colocou o nome do local e do evento.- Ela tirou o celular das mãos de Taylor que ainda olhava para a foto fixamente. Digitou algumas coisas e segundos depois disse:- Bingo. O evento está ocorrendo hoje.

- Laura Prepon conseguiu me decepcionar. – Samira se juntou ao grupo.

- Que vaca mentirosa!- Adrienne soltou.

- Meninas, com certeza tem uma explicação pra isso...

- Yael, nem continua. Uma coisa é clara aqui. Ela não deu a mínima pra nossa comemoração e pior de tudo, foi incapaz de agir com sinceridade. Sem razão nenhuma ,porque sempre fomos muito abertas umas com as outras.- era a vez de Danie se pronunciar.

- Taylor, ela não falou nada nem com você? Vocês ficaram muito amigas...- Diane caiu na besteira de perguntar isso mais uma vez.

- Mas que droga! – Taylor não conseguiu mais segurar.- Porque vocês cismaram que eu virei cúmplice de uma merda de mentira que ela resolveu inventar? Eu não tenho nada a ver com a vida de Laura Prepon. Desculpa, mas estou estourando de dor de cabeça, vou subir.

Sem esperar que mais alguém abrisse a boca, ela se apressou em subir para o quarto. Ao entrar, foi até a janela que era voltada para a frente da casa e onde ninguém podia vê-la, já que estavam todas nos fundos. Por mais que tentasse, não deu mais para segurar, e as lágrimas começaram a rolar. Não conseguia entender o porquê da mentira de Laura. Porque ela fez todas acreditarem até o último minuto que viria e depois não só preferira ir a outra festa com Dylan, como não fez a menor questão de esconder isso posando com ele para fotos.

Como última esperança, foi até seu celular para checar se havia mais alguma mensagem ou ligação depois daquela que ela deixara sem resposta. Mas não havia nada. Dentro da bolsa, viu a pequena caixa onde estava a pulseira que daria para a amiga.

Amiga? Quem era amiga de quem ali? Ela estava se sentindo tão idiota. Com certeza desde o início, ela dera muito mais valor aquela amizade do que Laura. Se fosse sincera consigo mesma, teria de admitir que a morena só demonstrava afeição quando estavam trabalhando ou nos momentos em que estavam somente as duas. Bastava se afastarem ou estarem na presença de outras pessoas para ser deixada de lado. Não foi assim em seu apartamento quando apresentara o namorado? Não era assim quando Jodi vinha ficar com ela em Nova York? Não foi assim quando ela foi pra Los Angeles e só a procurou porque havia brigado com Dylan, e assim que fizeram as pazes voltou a sumir?

Mas a culpa era dela mesmo, Taylor sabia, a culpa era dela por desde o início ter colocado Laura Prepon em um pedestal. Por se comportar feito boba, como se Laura fosse muito melhor que ela e estivesse lhe dando a honra de sua amizade.

Estava sentada em um canto do quarto, encostada à parede e se sentindo extremamente ridícula por chorar por alguém que nesse momento estava se divertindo do outro lado do país. Ela não conseguia dar nome ao que sentia: decepção, tristeza, ciúme?

Nesse momento a porta se abriu e Natasha entrou.

- Tasho, por favor, não. – Ela tentou enxugar rapidamente as lágrimas, sem sucesso.

Lyonne atravessou o quarto, sentou-se ao lado dela e colocou a cabeça de Taylor no colo.

- Eu vou te dar mais dez minutos pra você chorar tudo o que tiver pra chorar e colocar pra fora o que tá sentindo. Depois disso se eu ver você derramando mais uma lágrima sequer por causa daquela egoísta do caralho, eu juro que pego o primeiro voo pra Paris e quebro a cara daquela vaca.

Taylor se agarrou no pescoço de Natasha e a única coisa que conseguiu dizer foi:

- Eu te amo


Notas Finais


O que a Laura aprontou??


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...