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História Apenas Ela - Desconexão


Escrita por: DanyPS

Notas do Autor


Olá, promessa é dívida. Mais um capítulo na área.
Não odeiem Laura, tentem entender o lado da bichinha.
Sei que vocês estão doidas pra relação das duas ir pra frente, mas acreditem: tudo que está acontecendo é necessário para as coisas começarem a evoluir.

Capítulo 8 - Desconexão


Laura Prepon estava em seu assento na primeira classe do voo da Air France que decolara de Los Angeles rumo à Paris. Dylan estava no mesmo avião, mas como sua passagem fora comprada de última hora, não conseguiram sentar próximos um do outro. Ela não podia dizer que estava incomodada com isso, pois assim teria um pouco de privacidade, nas doze horas de voo, para tentar entender o turbilhão de coisas que acontecera nos últimos dois dias.

Uma das características sempre atribuídas à ela por quem a conhecia de verdade, era sua fixação por planejamento em tudo que envolvia sua vida, seja no campo pessoal ou profissional. Obviamente, nem sempre tudo saía exatamente do jeito que programava, mas com tanta organização prévia, no geral a alteração no rumo das coisas era mínima. Mas também havia o outro lado da moeda. Muitas vezes o acaso, o destino, o imponderável, ou seja lá o nome que as pessoas quisessem dar, aparecia. E tudo o que fora planejado saía dos trilhos de uma forma avassaladora.

Nesses momentos, Laura não sabia como agir. Quando mais nova, em ocasiões assim, travava completamente, perdia os reflexos, a reação. Anos de terapia a fizeram compreender melhor que algumas coisas eram inevitáveis e incontroláveis. Mesmo assim, ainda hoje, quando se via diante de algo inesperado, sem saber o que fazer, acabava deixando que outros conduzissem a situação por ela.

E foi basicamente isso o que acontecera na fatídica sexta-feira.

Eram sete horas da manhã, mas Laura estava em plena atividade desde às cinco. Praticamente não dormira nada, organizando malas, deixando várias instruções anotadas para Jodi, checando várias vezes cada cômodo da casa para ver se estava tudo em ordem. Seu voo para Nova York sairia as onze horas e Jodi havia combinado de vir buscá-la um pouco antes das dez para levá-la ao aeroporto. Só voltaria para Los Angeles no sábado à noite e no domingo pela manhã, já estaria a caminho de Paris. Acertar aquela logística fora bastante complicado, estava tudo cronometrado e passaria os próximos três dias praticamente vivendo em aviões, indo de um lado para o outro. Mas era a única forma que encontrara para comparecer à festa e se despedir das meninas. E ela sabia que todo o esforço seria mais do que recompensado.

Estava terminando de fechar uma das malas quando a campainha tocou. Sabia que ainda era cedo para ser Jodi e se encaminhou para a entrada da casa tentando pensar em quem poderia ir até lá àquela hora da manhã. Ao abrir a porta, soltou um grito:

- Dylaaaannnn! O que está fazendo aqui?

- Oi amor, eu também estou morrendo de saudade. - ele disse abraçando Laura fortemente.

- O que houve? Eu te encontraria daqui a dois dias, esqueceu?

- Pois é, mas eu senti tanta saudade e tive tanto medo que se perdesse no caminho, que vim até aqui pra te escoltar até Paris. Vou no domingo com você, consegui um lugar no mesmo voo. Tive que pagar uma pequena fortuna por isso, mas não tô reclamando.

- Você só pode estar brincando. Veio até aqui pra voltar comigo?

- Isso. Tá vendo o tamanho do meu amor?

Laura não podia acreditar. Ela olhava para ele procurando por algum indício de que aquilo era uma piada.

- Ok, acho que essa não colou né?- ele disse enfim - Posso entrar?

Eles entraram e Laura foi até a cozinha preparar um café.

- Tive que tomar uma decisão rápida. Não sei se já está sabendo, mas a fratura no braço de James se mostrou mais séria do que parecia e os médicos decidiram pela operação, que deve ocorrer hoje à tarde. Mark me ligou ontem de manhã bastante nervoso e sem saber o que fazer. Você sabe que Linda, por melhor mãe que seja, não é uma mulher de grandes iniciativas. Entrou em parafuso e meu irmão tá tendo que segurar tudo.

Laura acompanhava atenta. James era o filho mais novo de Mark, tinha apenas quatro anos e como todo menino nessa idade, seu passatempo preferido era correr e pular. Dois dias antes ele sofrera uma queda na escola e ao ser levado para o hospital, foi constatado que quebrara o braço em dois lugares. Ela havia ligado para o cunhado a fim de saber como o menino estava e se oferecera para qualquer ajuda. Mas ao que parecia a coisa era um pouco mais grave e seria necessária uma intervenção cirúrgica.

- E pra completar o caos, hoje é o evento de premiação da Sociedade Gastronômica da Califórnia. – Dylan continuou - Como você sabe, o Full Life está concorrendo em duas categorias. Mark estaria presente, mas com esse problema de James, ele não pode mais comparecer. E não seria muito simpático da nossa parte não enviar nenhum representante ao evento. Vamos dizer que eu tive praticamente uma hora para tomar uma decisão depois da ligação do meu irmão. Porém, não tive que pensar muito para decidir. Então aqui estou eu, assim posso ver meu sobrinho, ir à premiação e voltar para Paris em sua companhia.

- Nossa, Dyl. Complicado mesmo. Mas vai dar tudo certo com James, criança se recupera rápido. E vai ser ótimo ter sua companhia. – Laura foi até ele e deu-lhe um longo beijo.

- Sei que tá bem em cima, mas você me acompanha hoje à noite, certo? Uma mulher tão linda não precisará de muita produção para desfilar toda sua beleza.

- Estou indo para Nova York, esqueceu? Hoje é a festa do elenco de Orange. Aliás, estava justamente terminando de arrumar as coisas. Meu voo sai às onze.

- Com tudo isso acontecendo, esqueci completamente. Eu te levo no aeroporto. Mas que tal passarmos rapidamente no hospital para ver James antes da cirurgia? Podemos tranquilizar Mark e Linda, e James vai amar sua visita. Aquele moleque é apaixonado por você.

A morena sorriu. Apesar de mais novo que a irmã, era James quem mais gostava de frequentar o restaurante. Várias vezes fora Laura quem ficara com ele a fim de distraí-lo enquanto os irmãos trabalhavam. Se não ficasse alguém de olho, o menino colocava tudo de pernas para o ar. Mas bastava ela estar presente, que ele não desgrudava e parecia ficar mais calmo.

- Será que dá tempo?

- Ainda não são nem oito horas. Podemos ir direto do hospital para o aeroporto.

- Ok, acho que está tudo pronto aqui. Vou tomar um banho rápido. Enquanto isso para adiantar, você pode colocar minha mala no carro? Só a azul. As outras são as que vou levar para Paris. Por favor, envie também uma mensagem para Jodi avisando que ela não precisa vir me buscar. - ela já ia subindo e voltou: - Vá trancando a casa também.

- Sim senhora. Mais alguma coisa?- ele brincou.

E a partir desse momento, sem que Laura soubesse como, tudo começou a desandar. Ao sair do banho, se arrumou rapidamente e foi ao encontro de Dylan que já a esperava no carro. A ida para o hospital foi tranquila, não pegaram trânsito. Mas ao chegarem lá, demoraram mais do que esperava. Dylan não via o irmão há três semanas, e para tentar acalmá-lo diante do nervosismo que estava pela situação do filho, começou a falar do restaurante e não parou. Linda estava com uma cara péssima, então tentou consolá-la. James parecia ser o único são ali. Laura não parava de olhar o relógio, mas não teve coragem de apressar o namorado naquele momento familiar dele. Quando enfim ele resolveu ir embora, ela sabia que teriam de correr.

Foi só quando chegou ao carro que sentiu falta de seu celular. Ao questionar Dylan, ele disse que havia deixado o aparelho no mesmo lugar depois de ligar para Jodi. Laura entrou em desespero, teriam que voltar em sua casa. Ela não poderia ficar dois dias sem o telefone em Nova York. Mas quando chegaram, não conseguiram encontrá-lo. Dylan dizia que se lembrava de tê-lo deixado em cima do balcão da cozinha, mas não havia nada ali. Passaram dez minutos procurando. Até que Laura desistiu e resolveu ir sem telefone mesmo.

A essa altura já estavam bem atrasados e havia grande possibilidade dela perder o voo. Dylan dirigiu o mais rápido que pode, mas quando chegaram ao aeroporto, ela já sabia que não dava mais tempo. Só restava tentar embarcar em outro horário.

E adivinha? Ao retirar sua mala do carro, o azul virara vermelho. Ela não conseguiu mais se conter e acabou explodindo:

- Não é possível que você fez isso. Eu falei azul, Dylan, azul. Essa mala é vermelha. Desde quando você ficou daltônico?

- Calma Laura, não precisa gritar. Tem gente olhando. Eu me confundi, você me deu tantas ordens ao mesmo tempo. Mas que diferença faz, tem roupa nessa aí também, não tem?

- Mas não tem a maldita fantasia. Eu vou dizer pela milésima vez: a mala que preparei para levar hoje era azulllll.

- Desculpa, droga. A gente volta em casa e pega a mala certa.

Ela entrou no carro de novo, bateu a porta e não disse mais nada. Passou o trajeto de volta tentando não chorar e nem gritar mais ainda com ele. No fundo sabia que não conseguiria mais ir. Já passava de onze horas. Teria que ir em casa, pegar a mala, voltar para o aeroporto, conseguir novo voo. Para que? Para chegar em Nova York no final da noite? Quando a festa já estivesse no fim? Sua cabeça começou a doer e a única coisa que queria era ir pra casa. Precisava avisar as meninas, elas ficariam tão decepcionadas. Mas não mais que ela, tinha certeza.

Em sua residência, lembrou que a porcaria do celular estava sumido. Cuidaria disso depois. Tomou um remédio e foi deitar para descansar por alguns minutos. Como tinha dormido muito pouco na noite anterior, acabou caindo em sono profundo e quando acordou já eram cinco horas da tarde. Levantou assustada e ao seu lado, na cama, estava o seu celular junto com o bilhete. Dylan dizia que o encontrara dentro do carro. Ele achava que tinha deixado no balcão da cozinha, mas na verdade tinha levado até o carro e o esquecera no porta-luvas. A mensagem terminava com vários desenhos de coração e sugeria que já que ela não pudera viajar, se juntasse a ele no evento que ocorreria mais tarde.

Ela não sabia o que fazer. Não tinha a menor vontade de ir a lugar nenhum. Mas ficaria em casa, brigada com ele?

 Nesse momento seu celular vibrou e havia uma mensagem de Taylor. A loira não acreditou quando ela disse que não conseguira ir. Quando enfim Laura conseguiu convencê-la e pediu que enviasse fotos, não obteve resposta mais.

Acabou indo a tal premiação com Dylan. Seu humor estava péssimo, diferente do dele, que não parava de sorrir e de exibi-la como um troféu diante de todos. Ela começou a ficar incomodada, porque ele não parava de tirar fotos a todo instante.

No sábado, ela fez questão de mandar mensagem para cada uma das meninas mais próximas, se desculpando pela ausência e pedindo por detalhes da festa. Estranhamente a maioria delas ignorou, até mesmo Taylor. As únicas que responderam foram Yael e Uzo, assim mesmo não foram muito comunicativas. Basicamente lhe desejaram boa viagem. Imaginou que talvez as garotas ainda estivessem se recuperando da ressaca, ou tivessem combinado de não respondê-la de propósito para provocá-la. Elas não estavam com raiva dela, certo? Afinal quem mais perdera fora ela mesma, que passara a noite em um lugar chatérrimo, num clima que não era dos melhores com Dylan, enquanto as amigas estavam realmente se divertindo. A festa deveria ter sido maravilhosa.

Voltando ao presente, depois de toda aquela retrospectiva, um pensamento ressurgiu em sua mente. Laura estava tentando não dar importância à ele desde o dia anterior. Será que Dylan de alguma forma tivera algo a ver com toda aquela confusão? Afinal, foi muito estranha a troca das malas e o sumiço do celular.

Não, Dylan jamais faria uma coisa tão infantil quanto essa. Isso era coisa que sua cabeça estava criando pra se sentir menos culpada por ter falhado com seu planejamento tão cronometrado.

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O primeiro mês de Laura em Paris foi perfeito. Ela adorava a cidade e fazia tempo que não a visitava. Dylan tinha algumas reuniões com seu amigo francês, mas o trabalho duro só começaria em janeiro, então tiveram tempo de sobra para agirem como turistas. Aproveitaram para passar alguns dias na Itália, de lá foram para a Suíça e depois retornaram à França. Ela não pode estar presente com a família no Dia de Ação de Graças, mas Dylan não permitia que ela lamentasse por isso. Fazia de tudo para agradá-la. Estavam vivendo praticamente uma lua de mel antes do casamento.

Nas primeiras semanas, continuou mandando mensagens para as meninas, mas as respostas eram raríssimas e quase sempre curtas. Ela chegou a enviar uma em especial para Taylor perguntando se havia algo errado e se estava conseguindo ver ou mesmo falar com as garotas. A loira fora um tanto vaga, disse que falava com uma ou outra, via Natasha com frequência, mas que todas deviam estar colocando a vida em ordem novamente ou mesmo envolvida com novos projetos profissionais. A morena achou a amiga bem distante e um tanto fria, mas provavelmente era só impressão porque estavam longe. E em uma coisa Taylor tinha razão, cada uma delas devia estar aproveitando o tempo para cuidar de sua vida, assim como ela mesma estava.

Conforme prometera para a mãe, voltou para as festas de fim de ano e ficou em Watchung com a família. Dylan foi para Los Angeles e como ela tinha alguns dias livres, ligou para Taylor para saber se estavam combinando algo para o ano novo. Taylor disse que não estava em Nova York, mas também não dissera para onde tinha ido. Laura imaginou que ela também deveria estar com a família.

Em janeiro, o casal retornou para Paris e nos três meses subsequentes, o clima de viagem turística foi substituído por um verdadeiro mergulho no campo da gastronomia.

Visitaram diversos restaurantes na França, dos maiores aos menores, dos mais simples ao mais charmosos. Jean Pierre, amigo de Dylan, também os levou a outros estabelecimentos em países vizinhos, especializados em alimentação saudável. Passaram semanas no interior da França, conhecendo diversos produtores orgânicos e as técnicas de plantio que utilizavam, essa era a parte que Laura mais gostava.

Havia também a parte chata, que praticamente deixou nas mãos de Dylan: estudos de modelos de negócios, contabilidade, administração. Por mais que ele e o irmão já tivessem experiência nessa área, era fundamental conhecer as regras europeias de mercado, caso quisessem realmente expandir para esse lado do oceano.

Nesses momentos em que o namorado estava focado na parte burocrática da coisa, Laura frequentava aulas. Ela se inscreveu em alguns cursos livres na Le Cordon Bleu. Aquele universo a fascinava.

No tempo livre que tinham, frequentavam museus, galerias, cinemas. Praticamente não sentiu o tempo passar e quando viu já estavam no início de março de 2013.

Ela estava sempre falando com sua família e com os amigos de Los Angeles. Já com as meninas de Orange, o contato foi praticamente interrompido, até mesmo com Taylor. Ela sentia falta de falar com a amiga, mas o sentimento não parecia ser recíproco, então resolveu que não insistiria.

Jodi mantinha-a atualizada sobre todos os acontecimentos. E sempre a consultava, quando precisava de alguma decisão sobre a casa em Los Angeles ou o apartamento de Nova York. A amiga e agente, também cuidava de seus assuntos profissionais. Laura recusara uma participação em um filme e uma campanha publicitária. Considerou a hipótese de voltar, mas ao analisar melhor ambas as propostas não demonstrou grande interesse. Melhor assim, pois não se se sentiria culpada. Outros assuntos ela conseguiu que fossem transferidos para o mês de abril, quando retornaria por duas ou três semanas para os Estados Unidos devido a compromissos da série.

Ela mantinha-se em contato com Jenji, principalmente através de e-mails, já que queria ficar informada sobre toda a fase de pós-produção. Em abril, as principais atrizes do elenco, e logicamente ela era uma delas, participariam de sessões fotográficas e de filmagens para produção do material de divulgação. Aconteceria também uma reunião com todos do cast e havia rumores que o objetivo seria acertos a respeito da segunda temporada.

 

          Conforme o mês de março avançava, Laura começou a sentir muita falta de casa. Falta da família, dos amigos, de sua profissão. De repente pegou-se em contagem regressiva pela data de sua volta. Ainda não seria o retorno definitivo. Após os compromissos que teria, no final de abril ela voltaria para a França e ficaria por mais um mês aproximadamente. Pelo menos era esse o combinado com Dylan.

Ela não queria admitir isso para ele, porém estava reconsiderando se deveria voltar para Paris em maio ou ficar de vez em casa. Achava que o tempo que passara ali já era suficiente. Sabia que o namorado ainda tinha muitas coisas por resolver, mas a verdade é que da parte dela, toda aquela empolgação inicial já tinha diminuído consideravelmente. Não tinha nada para reclamar, aproveitara cada momento daquela viagem tão especial. Mas se podia chegar alguma conclusão depois de tudo que vivera nos últimos meses, era que a culinária deveria permanecer no mesmo lugar que sempre tivera em sua vida, um hobby, uma diversão, um prazer. Ela não estava inclinada a investir naquilo profissionalmente.

Só precisava saber como contar isso a Dylan. Provavelmente ele ficaria decepcionado com ela, mas não podia dar um passo daquele apenas para agradá-lo.

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No decorrer desses meses, a vida de Taylor não fora tão agitada quanto a de Laura, mas ela não podia se queixar. O ritmo de gravações pelo qual passara fora intenso, já que sua personagem era a protagonista da série. Com o término das filmagens, conseguiu passar algumas semanas descansando e recolocando a vida em ordem. Dormia até tarde, lia, assistia a filmes e peças e retomou o contato com alguns amigos do teatro.

Em dezembro ela foi ficar uns dias com a avó. Aproveitou para ver seu irmão e os pais. Seus laços familiares eram um tanto frágeis, mas não podia simplesmente fingir que eles não existiam. Até porque amava a avó e o irmão loucamente, o problema era a relação com o pai e a mãe.

Sentia falta da presença diária das meninas. Falavam-se com certa frequência, porém elas também tinham seus assuntos para cuidar. Algumas até já estavam envolvidas com outros trabalhos. Mas combinaram de se encontrar ao menos uma vez por mês, em um dos pubs ou bares de sempre, para matar as saudades. Ela, Natasha, Uzo e Yael se viam mais. Iam à casa uma da outra às vezes para fazer nada de especial, somente conversar.

Havia, claro, o assunto Laura Prepon. Passara dias remoendo aquela história e ainda era difícil entender porque ela tinha se comportado daquela forma. A morena enviara várias mensagens durante um certo tempo, agindo como se tudo estivesse absolutamente normal. Além de Taylor, Natasha fora a que ficara mais magoada, embora tivesse dito que o que sentiu foi raiva. Com o tempo, as mensagens foram diminuindo e até onde sabia nenhuma das garotas fez questão de procurá-la. Sabiam que ela devia estar aproveitando sua temporada na Europa ao lado do namorado.

Pra queimar ainda mais o filme de Laura, começaram a surgir comentários de que antes de viajar, ela havia tentado com Jenji e os outros produtores da Netflix, obter informações antecipadas sobre a segunda temporada e sobre os compromissos que teriam para o lançamento da série. Isso logicamente gerava ciúmes em algumas. Havia até quem dissesse que ela havia pedido um aumento considerável no cachê e condições especiais para permanecer no elenco. Apesar da decepção com a amiga, Taylor duvidava que isso fosse verdade. Sua opinião era de que aquilo eram boatos infundados. Uzo e Yael concordavam com ela, mas Natasha dizia que não colocava a mão no fogo por Laura mais.

Lyonne, aliás, questionara Taylor mais de uma vez sobre o que realmente sentia por Laura. A loira não entendia a razão daquela dúvida e sempre afirmava que nunca passara de amizade. Porém, embora nunca fosse admitir isso pra Natasha, começou a achar que talvez em algum momento pudesse ter confundido um pouco as coisas e se afeiçoado à morena mais do que devia. Tentava sempre bloquear a lembrança do sonho que teve quando dormiu no apartamento de Laura, mas sabia muito bem o que sentira naquele momento. Um desejo absoluto. Sabia também que sua alegria ao receber um certo telefonema de madrugada que terminara com um “estou sentindo sua falta”, tinha sido um pouco maior do que se fosse qualquer outra amiga. Talvez esse afastamento atual tenha vindo em boa hora. Era o que faltava ela ficar a fim de uma mulher hetero.

Em suas saídas com o grupo de amigos do teatro, conheceu uma nova pessoa. O nome dela era Chloe, viera de Massachusetts, assim como Taylor, e estudava dança na Juilliard. A garota tinha 23 anos, cinco anos a menos que ela, mas parecia ser ainda mais nova. Por isso, quando percebeu o clima que estava rolando, Taylor tentou se esquivar. Conseguiu ter sucesso em duas oportunidades. Mas na terceira vez foi impossível resistir aos encantos daquela voz doce e do rostinho angelical que ostentava belos lábios carnudos.

Desde o início, Schilling deixou claro que não pretendia se envolver em um relacionamento sério e Chloe não viu problemas nisso, pelo contrário. Era uma menina jovem, estudante de uma das escolas mais conceituadas do mundo, cheia de sonhos e de planos. A última coisa que também queria era assumir algum tipo de compromisso com alguém. Sendo assim, o que tinham era praticamente perfeito. Adoravam a companhia uma da outra, muitas vezes Taylor se enxergava nela quando mais jovem. Chloe dividia um apartamento com mais duas amigas, então quando precisavam de privacidade, era na casa da loira que ficavam.

Quando a conheceu, Natasha passou a noite curtindo com a cara de Taylor, perguntando se ela agora estava adotando crianças. As pessoas não costumavam dar mais do que 20 anos para Chloe. E não era só por sua aparência, ela tinha toda aquela energia da juventude. Estava sempre sorridente, querendo aproveitar ao máximo o que a vida tinha para oferecer. E era quando sentia necessidade desse sopro de vida e de algum agito, que Taylor a procurava. Chloe sempre conseguia animá-la. E tinha um apetite sexual incrível, na maioria das vezes era Schilling quem tinha de pedir uma pausa.

Não podia dizer que estava apaixonada, longe disso, mas estava feliz com o que tinham. Era confortável para as duas e isso já era mais do que suficiente. Principalmente porque em poucas semanas o elenco voltaria a se encontrar para compromissos referentes ao material de divulgação de Orange e ela sabia que depois de meses estaria novamente frente a frente com uma certa morena de olhos verdes. E só de pensar nisso sentia um frio na barriga.



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