História Apenas eu. - Apenas um desabafo.

Eu sou aquela que vai embora no final.

Eu sou a pessoa de passagem.

Eu sou a pessoa de passagem.
E ninguém que tem uma vida de verdade deve passar por isso a não ser eu.
Eu sou aquela amiga que vai fazer merda e acabar com os problemas.
E eu sei disso... faz uns 5 anos que eu sei bem disso.
Eu apenas estou esperando o momento certo.
Eu tenho a faca e o queijo na mão, me falta apenas a hora certa do corte, a proporção certa.
Eu sei que sou eu.
Eu meio que sempre soube.
E eu não vou permitir que mais ninguém passe pelo o que eu TENHO que passar.
Eu menti durante muito tempo dizendo para as pessoas que eu havia mudado de idéia, que eu havia melhorado e me curado dos meus pensamentos ruins e meus demônios.
E eu continuo mentindo.
E vou continuar até a hora certa.
Não é como se eu quisesse atenção.
Se eu quisesse deixaria as minha piores cicatrizes à vista o tempo todo.

Eu só quero que seja rápido e poético de certa forma.
No começo eu lutei contra sabe?
Eu não queria assumir que esse era o meu cruel e fatídico destino.
Mas eu me acostumei e aceitei ele.

Alguma pessoas crêem no destino cegamente. Acreditam que tudo está predestinado a acontecer.
Eu não levo isso ao pé da letra. Pois acho que nós temos sim o controle de algumas ações, pelo ou menos, das mais importantes.

Eu não posso afogar meus demônios( eles sabem nadar).
A cada dia fica mais difícil respirar fundo, olhar para as pessoas a minha volta e sorrir novamente. Minha fé em meu futuro se esvaiu pelos meus dedos a muito tempo.
Meu corpo leva as marcas de meu dias ruins, e eu sei que piores ainda estão por vir.
Minha mente clama por sossego, paz. Minha mente já não é a mesma... meus pensamentos perturbados, frios e egoístas, agora me fazem companhia. Sento-me com meus medos e tomo um café da tarde. Porém isso não significa algum tipo de melhora, eu estou apenas acomodado a dor.
Minha mente vaga, vooa, viaja pelo meu passado contrangedor e doente, por todos os abusos, xingamentos, torturas, pelo medo, pelas crises existências e de pânico, pelos choros da madrugada, pelo vômito forçado no vaso, pelo bullying, pela decepção diária, pelos pensamentos errados, pelos pecados.
Por tudo, me trás memórias ruins, de pessoas que no fim não deveria ter confiado tanto assim.
Passa por todos os que prometeram estar ao meu lado, e na primeira ou segunda oportunidade me abandonaram... penso que no fundo eu esperava que eles realmente não ficassem. Afinal eu também me abandonaria se pudesse.

Eu já busquei conforto nos prazeres carnais, nos vícios, lícitos e ilícitos.
Já tentei ficar tão chapada a ponto de esquecer quem sou. É hoje ainda tento, porém, com a ajuda de meus remédios devidamente receitados ficar imune a esses sentimentos nojentos.

Eu sou mais fraco do que pareço, já tentei por diversas vezes arrancar por mim mesmo meu próprio suspiro... Eu sei.. você deve estar pensando o quão fraca eu sou, o quanto devo ser apenas um menininho dramático que quer apenas atenção... Eu realmente não  o culpo por pensar assim... sério. Afinal de contas você não me conhece, não viu o mundo pelos meus olhos, não conhece minha agonia, meus traumas e karmas.. meus medos e pesadelos.
Perdão decepciona-lo, se você pensava que iria explicar tudo aqui e com riqueza de detalhes, eu lamento.
Essas palavras são apenas uma pequena parte ainda sóbria em mim.
Deve ser apenas eu buscando algum conforto no meio dessa bagunça que me tornei, tentando desesperadamente aliviar um pouco dessa dor insuportável que martela meu ser.

Porém penso que de certa forma eu mereço essa dor, entende?
Eu já cometi muitos erros, muitos pecados.
Essa dor e angústia pelo ou menos de algo servem, minha auto-punição. Eu sou agora uma masoquista de sentimentos... sempre buscando um pouco mais de dor no fundo de minha memórias... hahaha, que desprezível me tornei.
 
Hoje em dia, eu apenas espero o meu último dia, é  meus caros, eu finalmente vou concretizar com certeza meu gran finale.
Será simples, mas o suficiente para que todos entendam que eu sempre estive preparado para isso.
 
A dor é parte do meu dia, é tão normal quanto ter que levantar, e ter que escovar os dentes e tomar banho.

Uma das coisas mais deprimentes de chegar nos estado em que estou, e você mesmo acompanhar e rotular cada uma das fases.
Eu mesmo fui reparando e sentindo cada um dos sintomas... E acredite, é uma das partes mais torturantes e agonizantes de tudo.

Ver o seu próprio detoriamento é algo que eu não aconselho que ninguém acompanhe.
Tudo dói sabe?
Mas você não deve, não pode chorar!
Não na frente de todos... não, não... Você não quer que ninguém veja, você não quer que te vejam tão fraca e vulnerável. Afinal de contas as pessoas não te conhecem assim, elas conhecem alguém alegre! O bom amigo!
Então você omite, esconde. E isso te consome a cada dia por dentro... destruindo e corroendo tudo de bom que ainda me te resta.
E aos poucos, bem lentamente, dia após dia, você vai enchendo e sentindo tudo aquilo queimar e lutar, implorar pra sair de dentro de você.
Eu busquei ajuda nos 3 primeiros anos, juro que busquei, fui a psicólogos, pedi para meus pais me levarem, pedi ajuda a meus amigos, procurei apoio.
Mas nunca parecia o suficiente.. se eu tentei me auto-curar? É claro!
Eu tirei forças até de onde não tinha para levantar mais um dia e enfrentar acreditando que naquele dia, tudo melhoraria e ficaria bem. Mas como pode ter notado, não funcionou e cá estou eu, escrevendo meus pensamentos para pessoas que não me conhecem em busca de algum conforto e paz... É, eu já tive dias melhores.

De alguns meses pra cá, minha insônia ficou mais presente, meu corpo parece implorar pelo "descanso eterno". E quando finalmente acalmo meus pensamentos e consigo dormir um pouco... os pesadelos vêem, eles são ruins, mas nem tanto.. O que eu passo acordada e bem pior.

Durante muitos anos eu construí( ou pelo ou menos tentei) uma história em cima de um castelo destruído, e para fugir dessa realidade dura eu já pensei em mais de mil motivos, já ficou insuportável ouvir a voz dos meus olhos aflitos.
Eu conheci algumas pessoas durante essa minha curta estadia nessa vida, e desde que eu percebi qual o meu destino eu nunca me importei muito em me enturmar, e as pessoas que se aproximavam eu nunca fiz muita questão de cativa-las.. elas apenas entram, saiam e as vezes ficavam na minha vidinha de merda.

Até hoje eu busco um real significado para eles terem ficado, se talvez eu seja alguém com algum atrativo, algo que de certa forma faça as pessoas gostarem de estar na minha companhia. Mas eu nunca cheguei a uma conclusão satisfatória.
Na minha cabeça nada agora faz sentido  ( se é que um dia já fez... talvez já tenha feito, mas faz tanto tempo que nem me lembro mais)

Eu não era tão "assim", algo dentro de mim me diz que já fui alguém melhor. Mas assim como algo me diz que já fui diferente... algo também me diz que mesmo sendo um tanto melhor que hoje... Eu nunca fui o suficiente, pra ninguém. Nem pra minha mãe, nem meu pai, para a escola, para meus amigos... ninguém.
Eu apenas era Eu, e ser eu não é nem nunca foi o suficiente pra ninguém, nem para mim mesma.

Já chorei muito na esperança de que tudo melhorasse... e nunca melhorou.
As falsas promessas, falsas amizades, as falsas versões de mim mesmo.
Tudo me afoga e me prende, acorrenta e machuca... me ferindo e magoando cada vez mais.
Gostaria de poder dizer que houve um momento real e puro no meio disso tudo, na verdade é capaz que tenha havido... Mas foram tantos contras... que é impossível pra mim pensar em um bom.

Está frio aqui, a chama apagou, antes eu até conseguia achar graça de algumas coisas e rir de verdade.. Agora isso é improvável...

Está ficando cada vez mais difícil escrever... o gosto ácido de vômito em minha boca ainda está muito marcado. Eu nunca consigo ficar no padrão de nada... A comida não fica mais em meu estômago.
Talvez seja melhor eu apenas desaparecer de uma vez, não é?
Creio que sim.. não vai ser uma perda para o mundo ou para as pessoas de qualquer forma.

É tudo tão deprimente e melancólico aqui. Eu não quero mais que ninguém se aproxime, eu sempre magoo e afasto as pessoas... Eu não quero mais machucar ninguém.
Eu não quero mais fazer com as pessoas o que elas fizeram comigo em busca de alguma vingança egoísta, em busca de algum sentimento de conforto e justiça, porque eu sei que isso nunca seria justiça de verdade.

Penso que chegou a hora de por a casa à baixo, dar um basta na dor e na desesperança, e então, finalmente, conseguir a paz, aquela paz que só vem com a morte.

Eu abro os braços para a morte e á aceito de bom grado. Eu nunca á temo, apenas espero e peço silenciosamente para que ela seja misericordiosa com minha alma já pudrita e chegue sem mais demora, me acolha e me leve para a escuridão, seja lá pra onde eu vá.. apenas sei que aqui não é e nunca foi o meu lugar.

Apenas quero um pouco de paz e silêncio nessa confusão que me tornei.

Eu sou  aquele que vai embora no final.