Levei Tao até um viaduto, levamos cerca de dez minutos para chegar. Ele reclamou um pouco durante o caminho.
- Fan, falta muito? - Perguntou caminhando lentamente, cansado.
- Já chegamos. - Sorri.
- O que vamos fazer aqui? - Olhou ao redor, fiz o mesmo.
O viaduto está completamente deserto, pouco iluminado e silencioso. Nem mesmo o som das cigarras pode ser ouvido.
- Olhe para cima. - Pedi calmo.
Ele hesitou um pouco ao levantar seu rosto e encarar o manto brilhante acima de nós. A luz das estrelas foi refletida de uma forma incrível em seus olhos. Minha atenção foi ao céu, mas quase que imediatamente voltou para Tao.
Eu sorria involuntariamente com a cena a minha frente, ele dava pequenos passos para a frente, como se estivesse com medo de cair pela borda da pista.
Me perdi nos motivos de estar fazendo isso.
Eu gosto dele? Certeza que sim.
O amo? Não sei...
Tao completará quinze anos daqui duas semanas, mas ele ainda é como uma criança de cinco aninhos. Sua inocência é impressionante.
Não é aquela inocência de “não saber sobre certos assuntos”, mas sim de “estar em uma cúpula de vidro” sem saber sobre tudo que o cerca.
Tudo em si me deixa encantado, como uma princesa admirando seu príncipe.
- Fan, você vem aqui quando sai durante a noite?
- Como sabe que saio durante a noite?
- Eu... - Não precisei de mais iluminação para notar a vermelhidão em seu rosto. - Eu fui te procurar algumas vezes, você não estava em casa....
- Não, eu não venho aqui durante a noite. Minha mãe costumava ficar aqui comigo quando estava triste ou com problemas, ela diz que as estrelas me fazem ficar calmo e confiante.
- Então, onde fica durante a madrugada?
- No telhado de casa, ou vagando pelos cômodos. - Dei de ombros enquanto me aproximava. - Não irei perguntar por que me procurava, isso fica para depois.
- Certo. - Riu baixo. - Por que precisava ficar confiante?
- Quero te fazer uma pergunta.
- Pode perguntar.
- Está gostando de alguém? - Fui direto ao ponto.
- Não tenho certeza, por que? - Olhou-me confuso.
- Curiosidade.
- Vamos, você poderia ter me perguntado isso em casa. Não precisava me trazer aqui.
- Não gostou?
- Não é isso! Eu adorei! Eu só… - Desviou o olhar.
- O que foi, Tao?
- Não é nada, acabei imaginando coisas.
- O que imaginou?
- Eu não posso te contar.
- Por que?
- Você… não vai querer falar comigo depois…
- Pode me contar. Prometo não parar de falar com você.
- Eu pensei que… você gostasse de mim e…
- Você não está errado.
- Como?!
- Eu gosto de você.
- Como amigo, eu sei.
- Como irmão ou um possível futuro namorado. - Sorri bobo, logo me arrependendo do que havia dito.
- Então, você… - Escondeu o rosto com as mãos.
- É, eu gosto de você! Não acredito que me fez dizer isso.
- Por que…? - Disse baixo demais.
- Não entendi, pode repetir?
- Por que gosta de mim?
- Eu não sei ao certo o exato porque. Você é especial para mim, é diferente das pessoas que conheço.
- Eu tenho o rosto deformado, elas não.
- Te acho bonito do jeito que é. Com ou sem essa cicatriz no rosto, eu continuarei gostando de você.
Tao me abraçou forte assim que completei a fala, retribui imediatamente.
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