Edward Elric entrou no carro sem dizer uma palavra, ignorando completamente o homem o cumprimentou e passando reto por este. Detalhe: esse homem é Van Hohenheim, ninguém menos que seu pai, mas a relação dos dois não é nada boa, na verdade, é praticamente inexistente.
- Sabe, Edward, eu esperava ao menos um “oi”. – falou para seu filho, que já estava dentro do carro
- Espere sentado, então. – Edward retrucou, revirando os olhos
- Oi, pai. – Alphonse, o irmão mais novo dos Elric, cumprimentou – Não liga pro Ed, ele está passando por uma fase difícil. – continuou – Quer dizer, nós estamos.
- Sim, eu entendo, eu sinto muito pelo que aconteceu com Trisha. – Hohenheim dizia ao filho mais jovem - Eu deveria ter estado lá para ajudar.
- Tudo bem. – Alphonse abriu um sorriso para o homem – É bom te ver de novo, pai.
- Senti muito sua falta, Alphonse. – Hohenheim falou – E do seu irmão também.
- Ele também sentiu sua falta.
- Não senti droga nenhuma! – Edward gritou de dentro do automóvel
Logo todos entraram no automóvel e seguiram para casa, sua nova casa.
Os últimos meses não haviam sido nada fáceis para os irmãos Elric, ambos sofreram muito com o acidente de moto de sua mãe, Trisha, que resultou na morte da mesma, tempos mais tarde. Por decisão da lei, os dois teriam de passar a morar com o pai, que não viam há mais de dez anos. Apesar de ainda estar um tanto abalado pela morte de sua mãe, Alphonse realmente ficou feliz por rever o pai. Edward, por outro lado, preferiria que o mundo explodisse. Torcia para que, sei lá, um asteróide parecido com o que extinguiu os dinossauros caísse na Terra e tudo aquilo acabasse de uma vez.
- Eu soube que você joga baseball, Edward. – o pai tentou puxar assunto, o silêncio já estava se tornando uma tortura
- E daí? – o Elric mais velho deu uma resposta que demonstrava todo seu desinteresse em continuar conversando
Hohenheim até tentava manter uma conversa agradável com seus filhos, mas Edward não colaborava: previsível, muito previsível.
- Sim, ele joga e eu também. – coube a Alphonse, mais uma vez, manter a ordem no local - Ele é arremessador e eu sou receptor. Nós formamos uma bateria um ano atrás, mas o Ed que foi a estrela do campeonato. – contou – “Ninguém consegue rebater um arremesso do baixinho, ninguém segura o baixinho”.
- Al, não me lembra disso... – Edward falou, parecendo um tanto irritado
Alphonse riu ao se lembrar do momento em que um jornalista local falou essa frase para que todos ouvissem, desde torcedores a jogadores. O menor havia ficado tão irritado que até se esqueceu de comemorar a vitória, pois estava mais preocupado em xingar o pobre jornalista. As pessoas não podem nem mais trabalhar sem que um maluco fique as insultando por aí...
- No novo colégio de vocês tem um time de baseball, eu mesmo já fui treinador de lá durante dois anos. – Hohenheim os informou - Achei que poderiam se interessar.
- Ainda bem que você não é mais o treinador de lá, se não perderia o interesse. – o mais velho o atacou mais uma vez
Hohenheim suspirou. Ele estava se esforçando, não é? Edward bem que poderia fazer sua parte e se esforçar um pouco para terem um bom diálogo. Será que é pedir muito alguns minutos de paz?
O restante do caminho foi silencioso. Mostrou a casa aos meninos assim que chegaram, levou-os ao quarto onde ficariam e os deixou à vontade para que organizassem suas bagagens e descansassem um pouco.
- Ed, você deveria dar uma chance ao nosso pai. – Alphonse aconselhou no exato momento em que ficaram a sós
- Dar uma chance ao cara que sumiu do mapa sem mais nem menos? Claro, por que não? – o mais velho ironizou
Alphonse suspirou. Será que Edward vai tomar jeito algum dia? Bem, já que terão de conviver, ele torcia para que isso acontecesse o mais rápido possível.
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- Anda logo, Ed. – Alphonse o apressou já vestido e com a mochila nas costas, sentindo-se preparado para o primeiro dia de aula no colégio Amestris. – Nós vamos chegar atrasados.
- Já estou indo. – respondeu, amarrando elástico vermelho na ponta de sua trança, finalizando-a com perfeição.
- Você demora muito para se arrumar. – o mais novo reclamou
- Acha que é fácil fazer uma trança perfeita? – se defendeu - Você nunca vai entender porque não tem estilo.
- Então tá. – ele aceitou os fatos, os médicos dizem para não contrair os loucos, afinal. - Agora vamos ao colégio, Senhor Estiloso.
- É aquele velho ditado: vamos fazer o quê, não é? – bufou e pegou sua mochila, tomando com seu irmão o caminho para o novo colégio
O pai oferecera uma carona no primeiro dia, mas os irmãos optaram por ir a pé para conhecerem melhor a nova cidade... Na verdade, essa havia sido a desculpa que Alphonse encontrou, uma vez que o mais velho queria passar a menor quantidade de tempo possível com o pai. O que seria do universo sem o Alphonse para equilibrá-lo?
A caminhada não levou mais do quê quinze minutos e logo chegaram ao colégio Amestris. O prédio era muito grande. Se comparado à sua antiga escola, tornava-se maior ainda. Sentiram-se completamente perdidos e desorientados nos primeiros momentos, mas não demorou muito para que uma garota de longos cabelos loiros e grandes olhos azuis viesse dar um pouco de luz aos irmãos. Winry Rockbell era seu nome. A menina parecia muito simpática e agradável, talvez fosse uma boa companhia para eles. Aproveitaram a disposição da garota para perguntar tudo o quiseram sobre o colégio, inclusive sobre o time de baseball.
- O treinador estava procurando uma nova bateria na semana passada, mas não sei se ele já encontrou. – Winry passou informação
Os irmãos trocaram um “soquinho”. Bingo! Essa era a oportunidade perfeita, parece que o destino sabe muito bem o que faz.
- E como podemos conseguir um teste? – Edward quis saber
- Acho que tem de falar com a assistente do treinador. – ela respondeu com um pouco de incerteza - Ela é do segundo ano, se não me engano.
- É a minha sala. – Alphonse falou – Deixa que eu cuido disso, irmão.
- Os testes para qualquer coisa são sempre logo depois da aula. – Winry continuou as explicações – É só vocês irem ao campo assim que a aula acabar.
- E a gente lá sabe onde fica o campo? – Edward disse - Acabamos de chegar, eu não sei nem onde fica o banheiro.
- Ignora o meu irmão, ele não pensa antes de falar. – Alphonse se desculpou
E quantas vezes eles já não haviam tido esse mesmo diálogo? Certas coisas parecem nunca mudar.
- Eu percebi. – a garota riu – Mas vocês ainda têm o dia todo para descobrir, qualquer coisa eu posso acompanhar vocês até o campo.
- Sério? Obrigado, Winry. – o mais novo agradeceu
- Disponha, eu não tenho pra fazer mesmo. – Winry parou por um momento e olhou para a tela de seu celular para saber que horas eram – A aula vai começar em quatro minutos, melhor irmos para a sala, Edward.
- E que escolha eu tenho? – Edward reclamou... Grande novidade, não é mesmo?
- É melhor eu ir também. – Alphonse comentou – Até o fim da aula.
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Os Elric estavam no campo um momento após o sinal de aula. Alphonse conseguiu marcar o teste e ainda descobrir onde fica o campo de baseball. Muito eficiente esse garoto, não é mesmo?
- Vocês são os novatos que vieram fazer o teste para bateria? – um homem que aparentava estar na faixa dos 25 anos, alto de cabelos pretos e olhos levemente puxados perguntou aos irmãos Elric assim que notou suas presenças
Eles apenas afirmaram com a cabeça.
O moreno analisou os dois garotos da cabeça aos pés, como se estivesse os escaneando. Ele coçou um pouco o queixo antes de falar suas primeiras impressões sobre sua “possível futura bateria”:
- Não acha que sua altura está abaixo da média para o baseball?
Não olhou para nenhum ponto especifico, mas sabiam muito bem sobre quem ele estava falando.
- Quem é que você está chamando de tão pequeno que nem dá pra ver, seu bastardo? – e começou com o mesmo estresse de sempre
O mais novo o recriminou com o olhar. Custa agir como uma pessoa normal ao menos uma vez na vida?
- Falando mal do seu possível futuro treinador? Estamos começando bem. – o homem ironizou - Sou Roy Mustang, mas prefiro que me trate apenas por “técnico” ou “mestre soberano”, o que preferir.
- O nome que eu prefiro não deve ser dito em uma escola. – Edward resmungou baixo, mas não baixo o suficiente para Mustang não escutasse
- Quer me desafiar, novato? – disse com certo ar de superioridade - Tudo bem, eu estou pronto. – pegou um taco e foi para sua posição - Mostrem-me do que são capazes. – os incentivou... Ou os provocou, isso vai da visão de cada um. - Vão ficar parados aí? Peguem os equipamentos e se preparem.
Pegaram os equipamentos visíveis e logo estavam preparados e em suas posições. Agora não era apenas um teste; era um desafio, havia se tornado questão de honra para Edward. Não deixaria Roy Mustang rebater um mísero arremesso.
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