História Apenas Palavras - Capítulo 10

CONFIANÇA

substantivo feminino 

1-crença na probidade moral, na sinceridade, lealdade, competência, discrição etc. de outrem; crédito, fé. 

2-crença de que algo não falhará, de que é bem-feito ou forte o suficiente para cumprir sua função. 

3-sentimento de segurança mútua. 

Se tem uma coisa certa em minha cabeça agora é: Eu não posso o deixar ir. Mas tudo que eu consigo pensar e fazer é nada. Meus membros congelaram, minha cabeça gira e meu coração dá piruetas dentro de meu peito. Ele não pode está falando sério, não é? 

Depois de quase 2 meses convivendo e pelo monos 15 dias descobrindo outro lado um do outro, um lado mais afetivo, amoroso e desejoso, eu não consigo acreditar que ele está indo embora novamente, mas dessa vez ele não voltará. 

Porque eu sou um idiota. 

Eu simplesmente não consegui abrir a boca na hora certa, não consegui encarar seus olhos direcionados a mim com tanta raiva. Fiquei tão preso naquela merda de livro que nem pensei no que isso poderia trazer para a minha vida e a de Naruto. Eu não quero que ele vá embora. Eu não deixarei ele ir, estou com medo de o perder novamente, eu não posso... 

-Naruto!!- Gritei indo em sua direção a passos rápidos, porém tudo que eu vi foi minha sala vazia. Ele já tinha ido, tudo o que eu vi foi Saiko no sofá, me olhando. 

Descalço, apenas com a calça de moletom e uma regata, saio em disparada para fora de meu prédio a tempo de ver Naruto entrando em um taxi e ir embora. Faz 15°C aqui fora e tudo o que eu pensava era em ter meu loiro de volta.  

Corri para o meio da rua e peguei o próximo taxi disponível. Se eu conseguisse chegar a tempo de impedi-lo eu poderia contar tudo, me abrir com ele. Uma coisa que eu deveria ter feito a muito, mas muito tempo atrás.  

-Aeroporto, por favor. - Disse ao motorista, que ao ver o quão apressado eu estava aumentou a velocidade. As ruas estão um pouco movimentadas e parece que tudo estava conspirando contra meu favor. Não teve um sinal sequer que não estivesse fechado, e isso está me matando de agonia. 

-Senhor, quer que eu ligue o aquecedor? Você vai congelar usando apenas isso. - O motorista me disse conseguindo tirar-me de meus devaneios. Eu nem tinha notado o frio, na verdade eu não tinha sentido até o moço comentar. 

-Ah, obrigado. - Agradeci quando senti o vento quentinho bater contra meu rosto, me fazendo arrepiar por inteiro.  

Ao chegar no aeroporto, percebi que não tinha trago a carteira, eu tinha saído do apartamento tão aereo que nem me toquei nesse simples e pequeno detalhe. Me amaldiçoei em três línguas diferentes e disse para o motorista: 

-Você pode esperar um pouco? Eu não vou demorar. - eu o pagaria assim que chegasse em casa novamente. 

-Claro, senhor. Vou esperar por aqui mesmo. - Agradeci e saí do carro correndo para dentro aeroporto.  

O procurei por todos os lugares possíveis, comecei a ficar desesperado ao pensar que ele já poderia estar dentro da sala de embarque, ou até mesmo dentro do avião. Isso me assustou e muito, essa hipótese de não poder o impedir de ir embora me faz querer chorar. Meu coração bate rápido pela adrenalina, meu queixo treme por causa do frio e eu sinto que posso desmaiar com tantos sentimentos embaralhados dentro de mim.  

Procurei mais um pouco, até que eu finalmente o achei. Estava de costas para mim, em uma fila para despachar as malas. E mais uma vez eu congelei, não conseguia me mover. Eu o deixaria ir embora? Não posso. Mas porque não me mexo? Porque tenho tanto receio de pedir para que ele fique.  

-Narutooo!!!! - Gritei em plenos pulmões, fazendo o loiro olhar para o lado e ir se virando para mim lentamente.  

Quando nossos olhares se encontraram eu senti como se pudesse voar, como se fosse um sonho, um belo sonho.  

Seus olhos vermelhos, assim como a pontinha de seu nariz, seus cabelos bagunçados e suas roupas amarrotadas pela pressa de deixar meu apartamento só fez com que o loiro ficasse mais irresistível do que já é.  

Fui andando a passos lentos, que foram aumentando a velocidade gradativamente. Não me aguentei em pé e me joguei em seus braços aos prantos, o apertei em um abraço enquanto eu chorava igual uma criança. 

Com minha atitude repentina, Naruto só foi corresponder as minhas ações alguns segundos depois. Seus braços circundavam minha cintura quanto me puxava para cima. Seu cheiro, tão bom... seu toque, tão protetor. Agora eu consigo me sentir completo. 

-Naruto... me desculpe. E-Eu não consegui falar o que eu queria. - eu soluçava e tentava formular alguma frase, alguma coisa que pudesse o prender aqui de alguma forma. -E-Eu... - voltei a chorar e Naruto me apertou mais contra si, para logo depois me afastar dele, me fazendo olhar em seus olhos. Tão azuis e intensos, lindos. 

-Sasuke... ? – me olhou com aquele olhar aflito e cheios de significados.  

-E-eu não quero que vá embora. - Me segurei em seu casaco, o apertando tão forte que os nós dos meus dedos ficaram brancos. Naruto levou suas mãos para minhas bochechas e limpou as lágrimas que desciam descontroladamente. - Eu n-não posso te perder. Não de novo! O que eu posso fazer para você ficar? Eu faço de tudo! - Falava sem parar, demonstrando desespero. 

-Podemos sair com Saiko sempre que você quiser, podemos fazer caminhadas, comer aquele macarrão de novo. Você pode me ensinar a cozinhar! - Falei sorrindo igual ao loiro que apenas me observava e ouvia tudo o que eu tinha a dizer. - Eu prometo deixar você ganhar no jogo de tabuleiro. Podemos fazer compras juntos, podemos... eu não sei o que podemos fazer, mas farei tudo, tudo o que você me pedir. - Sorri docemente antes de falar: 

-Eu farei tudo por você, porque eu te amo. - Naruto derramou uma lágrima com o que eu disse e então não pude mais me controlar. Segurei em seu rosto e o beijei.  

Pudemos ouvir a gritaria no aeroporto. Todos comemorando e exclamando palavras de incentivo para que continuássemos. Sorri durante o beijo e o quebrei.  Olhei novamente para aqueles olhos cor mar e voltei a falar: 

-Fica comigo? Me namora? Naruto, me namora, por favor? - Naruto sorriu, fechou os olhos, mordeu o lábio inferior e acenou positivamente com a cabeça por vezes consecutivas.  

-Eu te amo tanto, Sasuke! - Me puxou para um novo beijo. 

É... dessa vez eu acho que fiz a coisa certa.