Quando acordei estava em um quarto diferente, as paredes eram de um tom de verde musgo, havia uma estante lotada de mangás e uma TV no canto. Olhei pela janela e vi minha casa, ok, eu estava na casa de Thomas mais especificamente no quarto dele.
A porta se abriu lentamente, o rosto de Thomas surgiu pela fresta, quando viu que eu estava acordada sorriu e entrou no quarto.
- Como você esta? – ele disse enquanto sentava na cama ficando perto de mim.
- Sinceramente, não sei, mas acho que vou melhorar. Que horas são agora?
- Não fique brava, são 10 horas.
- O QUE?! E A ESCOLA? E O CAFÉ DA MANHÃ DO MEU PAI? PORQUE ME DEIXOU DORMIR TANTO?
- Depois do que você passou ontem, merecia descanso, e seu pai não merece o cuidado que você tem por ele. Você podia ter se machucado Amélia.
- Aquele não era ele, meu pai é um homem gentil e carinhoso não é aquele monstro possuído pelo álcool, ainda acredito que um dia verei meu pai novamente.
Thomas suspirou, ele sabia que discutir comigo sobre esse assunto não levaria em nada. Não era a primeira vez que discutíamos isso, ele achava que era melhor eu viver longe do meu pai, já eu não queria abandoná-lo - Ta com fome? – Assenti - Bem, minha mãe deixou sua comida separada que tal você tomar um banho enquanto eu trago a comida pra cá?
- Obrigada por ter ido lá.
Ele se inclinou lentamente em minha direção, em seguida depositou um beijo em minha testa.
- Sempre irei te resgatar.
Assim que Thomas saiu do quarto levantei da cama, logo percebi que não estava com minhas roupas do dia anterior, eu vestia uma camisa vermelha (provavelmente de Thomas) que ia até meus joelhos, era praticamente um vestido em mim. Não achei minhas roupas em nenhum lugar então depois que tomei banho vesti outra blusa de Thomas, dessa vez uma totalmente preta. Logo depois de me vestir Thomas entrou no quarto carregando uma bandeja.
- Um pouco mais cedo e teria me visto como vim ao mundo – Thomas enrubesceu tanto que parecia um pimentão, o que acabou me fazendo rir. – Onde estão minhas roupas?
- Minha mãe pegou pra lavar, estavam cheirando a bebida, só pra deixar claro quem te trocou foi ela. Agora coma, vai se sentir melhor.
Na bandeja havia pão, queijo, frutas e iogurte, devorei tudo até o fim.
- Amélia, eu estava conversando com minha mãe e estávamos pensando que seria melhor se você passasse um tempo aqui conosco.
- Não sei alguém tem que olhar meu pai, não sei nem se ele voltou pra casa depois que saiu.
- Ele voltou, eu estava lá, depois que você dormiu e eu te trouxe pra cá voltei a sua casa pra limpar os cacos de vidro e a bebida, enquanto eu limpava seu pai voltou com duas sacolas cheias de bebidas alcoólicas.
- O que aconteceu? Ele disse alguma coisa – Thomas me olhou como se pensasse se me contaria o que havia acontecido ou não – Por favor, Thomas eu preciso saber.
- No começo ele não disse nada, só ficou me encarando, então eu falei primeiro, eu disse que se ele te machucasse ou te ameaçasse eu chamaria a policia e garantiria que ele fosse pra prisão, disse que ele não merecia uma filha como você e que a partir de hoje minha família tomaria conta de você, que se ele fosse se afundar que ele fosse sozinho como merecia.
- E o que ele respondeu?
- Passou por mim sem dizer nada e começou a subir as escadas, no meio do caminho ele parou e disse sem virar: “faça como quiser...”.
- Termine, preciso ouvir – Thomas suspirou e sem me olhar nos olhos completou a frase.
- “faça como quiser, aquela vadia inútil não me serve pra nada, só pra dar dor de cabeça”. Desculpe Amélia.
- Eu... Eu posso ficar aqui? – não sei se Thomas me entendeu direito já que minha voz estava tremula e várias lágrimas desciam pelo rosto, mas ele me abraçou. Disse que iria avisar a dona Lúcia (mãe de Thomas), me entregou um short, pediu para que eu vestisse, pois ele iria comigo pegar minhas coisas em casa.
Assim que entrei em casa senti o cheiro forte de álcool, duas garrafas de Jack Daniel’s vazias estavam jogadas no chão da sala, meu pai estava sentado na poltrona, seus olhos me encaravam.
- Essa blusa é do fedelho – Ele disse analisando minha roupa – Mal chegou lá e já deu pra ele? – Então ele começou a rir histericamente
De repente Thomas avançou pra cima do meu pai e lhe deu um soco no rosto fazendo com ele caísse da poltrona e ficasse no chão, inconsciente. Thomas voltou até mim, segurou minha mão e me levou pro andar de cima, quando entramos no meu quarto ele fechou a porta e se desculpou pelo o que havia feito. Não disse nada, peguei minha mala e comecei a colocar minhas roupas dentro, depois de separar as roupas que eu levaria, comecei a separar meus livros.
- Você realmente não consegue se separar dos seus livros não é?
- Os livros são meu porto seguro, um mundo separado do meu, onde não importa o que aconteça naquele dia, naquela semana, naquele ano, sempre existe uma historia de alguém que supera seu momento mais sombrio. Não me sinto só. – Eu respondi enquanto tentava decidir que livros eu levaria.
- De que livro é essa frase?
- Que rude! Você acha que eu não conseguiria criar uma frase assim? – Virei para encarar Thomas.
- Então de que livro é? – Ele disse segurando o riso.
- A sereia da Kiera Cass, seu chato – Thomas começou a rir, o que me fez sentir um pouco melhor, só um pouco.
Depois de ter feito as malas saímos de casa, meu pai não estava mais lá, havia saído, o dinheiro que guardava lá havia sumido, ele havia pegado tudo. Thomas disse que eu poderia dormir na cama dele, dona Lucia havia arranjado um cochão onde Thomas dormiria, ficaríamos no mesmo quarto, quando a mãe de Thomas soube disso chamou o filho pra conversar, quando Thomas voltou ele estava todo vermelho, quando perguntei o que ela havia falado ele ficou ainda mais vermelho e disse que ia tomar um banho.
Acabei não indo trabalhar, expliquei a situação ao meu chefe que acabou me dando um aumento e um dia de folga pra arrumar minha mudança. Passei o resto do dia com Thomas assistindo vários filmes no Netflix.
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