No dia da consulta...
...
Eu estava lá de novo. Sim, o mesmo pesadelo, com a mesma pessoa. Dessa vez, eu conseguia mexer meu corpo livremente, isso já era um alívio, mas ainda tinha o " eu " que estava me encarando, na minha frente.
- Por que eu ainda estou sonhando com você...? - perguntei. Dessa vez, não sentia meu desespero me dominar, era como se eu conseguisse o controlar apenas quando eu me esforçasse bastante, o que estava bem difícil.
- Por que eu quero que sonhe. - Ele abriu novamente aquele sorriso bizarro... O pior que eu reconhecia todas as suas feições, eram todas as que eu costumava fazer. - Agora, vamos aos assuntos. - Ele diz, com um pequeno tom sarcástico na voz.
- Não tenho nada pra tratar com você, eu... - Eu não sabia nem o por que estava ali. - Eu nem sei como eu estou sonhando com você de novo!
- Eu não sou apenas um sonho, seu ingênuo.
- É o que caralhos você é?! - Perguntei com um pouco de raiva, eu não queria ter que ficar preso em um sonho toda vez que eu for dormir!
- Um sentimento. - ele diz, se aproximando. - cujo o único modo de se comunicar contigo, é pelo seus sonhos, ou pelo seus amigos... - ele deu um sorriso tão desagradável... Me senti tão enojado...
- Não fala mais bosta do que você já fala. - pedi. - Para de me fazer sonhar com você, eu adoro dormir.
- Não seja estúpido, não é como se um simples " pare " iria me fazer parar, seu idiota. - ele debocha. - Posso fazer o que eu quiser aqui, quando você entra no sonho, o controle é meu, posso fazer você dormir para sempre.
Ele está apenas querendo me assustar... Né?
- Não me faça rir... - Droga, minha voz saiu trêmula.
- Isso é Hilário. - ele diz, ficando frente a frente, me queimando com os olhos. - Quem deveria ser intimidador aqui, era você. Mas como saiu dos trilhos, eu vou ter que te dar uma pequena ajuda para voltar a ser parte de mim.
- Seu...
- Sabe que de qualquer forma, xingar ou ficar com medo, não vai mudar o fato que eu tenho o controle aqui, por tanto me escute. - Do nada, seu sorriso desapareceu, e aquele rosto aterrorizante voltou a reinar na face dele. - Eu sei de tudo sobre você, sei o que pensa e sei o que não quer pensar. Seus medos, suas razões de estar sorrindo agora, e sei exatamente como se sente a todo momento.
- Você não sabe de coisa alguma, cala a sua merda de boca! - Deixei claro, sentindo que iria explodir de raiva, mas consegui me controlar no último segundo.
- Pffft... - Ele não segurava as risadas. - O que foi? Não quer ouvir o que eu sei?
- Eu não preciso, eu não quero te ver, ME FAZ ACORDAR AGORA! - gritei. Não posso dizer se foi de raiva ou de medo, por que estava sentindo os dois em uma mistura estranha.
- Ah, nope. - Ele diz. - Se eu te acordar agora, você pode atacar nosso irmão.
- O que? - O encarei surpreso.
- Vai me dizer que nunca encostou nele? e o que são aquelas marcas de arranhões e batidas...? - Por que isso estava me afetando?? - E o que são essas pequenas imagens guardadas na sua memória, que relatam você espancando seu irmão, e mesmo parando, nem pediu desculpas? - Chega.
- Cala a boca. - mandei.
- Por que você não fez isso? - ele pergunta, me confundindo.- Por que não matou ele de uma vez?
- Mas o que...
- Eu entendo que queria ter um pouco de diversão, mas isso poderia nos prejudicar.
- Do que você tá falando? - perguntei, dessa vez, o confundindo. - Eu não quero ter diversão nenhuma.
- Não minta pra mim.
- EU NÃO TÔ MENTINDO! - Gritei. - EU NÃO SEI O QUE TÁ ACONTECENDO COMIGO, TÁ?
- Ohooh, parece que finalmente vai falar a verdade. - Ele debocha com um sorriso sarcástico, e cruza os braços, provavelmente esperando.
- EU NÃO QUERO, NÃO QUERO MAIS MACHUCAR O WILL, NEM NINGUÉM, NADA DISSO! EU ESTOU SENTINDO ALGO DESDE QUE FIQUEI ÍNTIMO DO DIPPER, ALGO QUE ESTA ME IMPEDINDO DE CONTINUAR... De continuar... - Eu não conseguia mais falar. Eu não posso mais fugir disso, eu não posso mais fingir, eu estou mudando, eu não quero machucar o Will, eu não quero deixar ele triste, eu... eu não sei o que fazer. - Por favor, me deixa acordar...
- Você não querer não muda o fato de você JÁ FEZ ISSO, VOCÊ É BURRO? - Ele me puxa com tudo pra si. - VOCÊ ESTA SE SENTINDO MAL DE NOVO, SERÁ QUE NÃO ENTENDEU QUE A UNICA FORMA DE PARAR ISSO, É CONTINUAR O QUE FAZIA?!
- EU SEI DISSO! - respondi.
- E POR QUE NÃO FAZ?!
- PORQUE...! - Eu... Por que eu não conseguia responder isso? - porque... ... ...
- Não se preocupe... - Ele me solta. - Eu vou faze-lo voltar, só espere mais um pouco de tempo.
- O-Oque...?
- Eu não irei deixar que me decepcionem novamente, eu não vou deixar você ter confiança novamente, eu não vou deixar você agir como você está querendo agir agora. - ele dizia, como se soubesse do que falava.
- Isso é só um sonho... - Falei. - você não pode fazer nada... Nada.
Senti meu arrependimento vir com tudo quando vi aquele sorriso novamente...
- Veremos.
...
O dia já começou uma grande merda. Primeiramente:
Não consegui dormir direito, agora estou com a maior cara de defunto, além de estar quase desmaiando(Que é um dos problemas), tive outro maldito sonho com o maldito eu, e mesmo que eu não queira admitir, isso me afetou. segundamente:
O Dipper não sabia onde eu morava(O que era bem surpreendente, o jeito Stalker dele não faz esse fato parecer realista), então eu tive que ir na casa dele(correndo pra um caramba), pegar ele, e voltar pra minha casa para pegar o ônibus. Ou seja, andei mais do que precisa, na verdade, corri. E agora estávamos na sala de espera do psicólogo, ainda bem que deu tempo, e pelo relógio, faltava apenas poucos minutos para meu nome ser chamado.
Na verdade, eu estou mais surpreso com o Dipper. Essa criança não para quieta, mas agora estava comportada, com as pernas cruzadas e o olhar vago.
- Tá morto? - perguntei.
- Vivo até de mais. - ele respondeu, voltando com seu sorriso de sempre, me encarando. - Quando vai ser sua vez?
- Daqui a pouco. - respondi, bocejando.
- Bill. - ele me chama, e eu o encaro. - A Mabel me disse algo curioso...
- O que? - perguntei meio interessado.
Ele faz um sinal simples para que eu me aproxime mais, provavelmente para sussurrar no meu ouvido. Eu acabei indo pela curiosidade, e enquanto esperava ansioso pelo que ele tinha para falar, senti algo estranho.
Virei minha cabeça com tudo para a direção dele.
Ele tinha beijado minha bochecha? É isso mesmo que aconteceu produção?
- Desculpa, não deu pra evitar, sua pele é tão branquinha e amareladinha, eu tinha que ver se ia ficar a marca. - Ele fala rindo, com as bochechas vermelhas.
- ...
- Heheh... Bill?
- Só pra deixar claro, isso é coisa de ativo, e você não é ativo.
- Por que eu não ativo?
- Se liga Dipper, você tem a maior cara de menina, Deus só errou no Dipper júnior.
- Não acredito - Ele começou a quase se engasgar de tanto que estava rindo lá. A risada dele estava muito contagiante, era como se ele estivesse me convidando para rir junto, e eu acabei cedendo, não dava pra segurar, até as poucas pessoas da área riram sem saber o por que exatamente estavam rindo.
- Ok, chega. - parei de rir, forçando uma cara séria.
- Qual é, você ficou coradinho!
- Eu o que?! - o encarei surpreso. - que mentira.
- Queria uma foto? - ele perguntou. - Deixa eu fazer de novo, daí eu tiro uma foto e te mostro. - ele começou a tentar me beijar de novo, eu comecei a empurra-lo.
- Sai pra lá!
- Biiiill~
- SAAAAAII!
As pessoas que estavam vendo isso, provavelmente estariam pensando: Ah, que garotos saudáveis e amigáveis brincando um com o outro, aproveitando sua adolescência e juventude juntos como uma verdadeira amizade.
Não.
- Bill Cipher. - Era a voz do Ford. Rapidamente eu empurrei Dipper pro lado, me levantando e correndo para a porta.
- Me espera!! - Dipper pede, gritando atrás de mim.
Seja o que Deus quiser
amém
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