História Apenas uma Fã - Capítulo XXXVIII

Capítulo XXXVIII

Emanuele — Rio de Janeiro, Brasil

Meu coração está apertado e angustiado. Esses sentimentos permaneceram até que eu o vi sentado na cama branca tomando seu café. Encostei-me A e na porta e fiquei observando-o, sem fazer barulho. Alguns minutos se passaram e Anne saiu do banheiro e assim que me viu seu rosto fora tomado por uma expressão séria.

— Emanuele venha aqui comigo, por favor. – concordei e caminhamos para fora daquele ambiente. Harry estava nos observando. — Não sei como te dizer isso, mas peço que fique calma.

— Estou apenas ficando nervosa. Diga-me, o que houve? – ela respirou fundo e segurou minhas mãos. Encarei-a impaciente. — Diga Anne!

— Harry não se lembra de você e nem das crianças. – e foi como um tapa em meu rosto. Senti minha pressão caindo e meus olhos enchendo d’água. — Como é de nosso conhecimento Harry sofreu uma forte pancada na cabeça e existia essa possibilidade da perda de memória. Mas... Harry pensa que está em um relacionamento com a Taylor.

E foi nesse momento que meu coração quebrou-se em diversos pedaços. As lágrimas estavam escorrendo por meu rosto sem a minha permissão. Não consigo entender o porquê dele ter perdido memórias tão importantes que ele possuí comigo. Meu coração se apertou ao saber que ele acha que está namorando com Taylor.

— Não chore, acredito que Harry irá recuperar a memória o quanto antes. – ela beijou-me na cabeça e afastou-se. — Você quer conversar com ele? Talvez ajude com que ele lembre-se de você. – concordei e caminhamos até o quarto novamente. Sua atenção voltou-se para nós. — Trouxe uma visita para você. Essa é Emanuele.

Ele sorriu pequeno e ajeitou-se melhor na cama. Não esbocei reação, apenas sentei-me na poltrona ao lado de sua cama.

— Desculpe-me por não me recordar com você, e obrigado por ter vindo visitar-me. – assenti com a cabeça. Ele ajeitou seus cachos e bateu ao seu lado na cama. — Quero que se sente ao meu lado e conte sobre nós, por favor.

Mesmo receosa eu atendi seu pedido, mas mantive-me em uma distância segura de seu corpo.

— Bem... Antes de contar sobre nós, eu preciso contar um pouco sobre quem eu era. – seus olhos verdes estavam presos ao meu rosto. — Tive muitos problemas familiares e isso resultou em depressão e automutilação, e por conta dessa situação eu sempre enviava diversas mensagens para você pelo Twitter, até que um dia você respondeu uma delas. – sorri pequeno e passei minhas mãos em meu rosto. — Mantivemos uma rotina até o pior dia da minha vida; meu pai foi assassinado em nossa residência e você estava na linha telefônica comigo. – algumas lágrimas caíram e Harry as enxugou. — E por conta dessa situação toda eu tive que mudar-me para Londres, pois precisava morar com minha mãe e eu acabei descobrindo que ela era casada com Charles Payne, e por esse intermédio eu conheci você e os meninos pessoalmente. – sorri ao lembrar-me do dia que eu os conheci e aproximei-me deles. — Você convidou-me para sair pela primeira vez e acabamos saindo um mês inteiro! Acabamos namorando e engravidando duas vezes, mesmo que em uma delas eu tenha perdido o bebê. Basicamente foi isso que aconteceu nos últimos meses.

Contei tudo e senti um peso enorme sair de meus ombros. Harry ficou quieto e encarando uma parte qualquer do quarto.

— Desculpe-me mais uma vez... Não consigo lembrar, mesmo que eu me esforce para fazê-lo. Mas quero dizer que me senti bem ao seu lado. – sorri em concordância. — Possa tocar?

Fui surpreendida com sua pergunta. Era a primeira vez que teríamos esse contato. Sorri levemente e concordei, dando a autorização que ele queria para acariciar-me. Seus longos dedos não tardaram em me tocar, seus olhos lacrimejaram e seus lábios estavam ostentando um belo sorriso. Ficamos um tempo assim, com Harry conversando com a minha barriga.

— Não sei como fazer esse pedido... – ele iniciou sua fala enquanto afastava-se da minha barriga. Ergui meu rosto. — Gostaria de saber se você pode vir me visitar diariamente. Gostaria de saber mais sobre o tempo que passamos juntos e talvez isso possa me ajudar a recuperar.

Fiquei estática enquanto absorvia as palavras que foram proferidas por ele. Respirei fundo e concordei levemente com a cabeça.

— Posso sim, irei trazer algumas coisas que possam te ajudar. – Harry sorriu e eu levantei-me, ajeitei minha roupa e peguei minha bolsa. — Agora eu preciso ir, tenho algumas fotos para fazer. Até amanhã, Harry.

— Até.

 (...)

As lágrimas estavam borrando toda a maquiagem presente em meu rosto. Mesmo sabendo que Harry não tem culpa de perder a memória, eu sinto-me mal por ele ter esquecido tudo o que vivemos; literalmente tudo. Estou sentada no chão do meu quarto debulhada em lágrimas desde que voltei do hospital e até as minhas fotos de hoje eu cancelei.

Cátia trouxe-me um lanche e obrigou-me a comer, porque não posso deslizar com a minha saúde mais uma vez. Existem diversas possibilidades para a situação atual de Harry e eu não posso dar-me o luxo de não ‘’viver’’ por conta disso.

— Emanuele? – fiquei em silêncio por saber que era Lisandra. — Está sofrendo? Esse é o preço que se paga por ter em seus braços algo que não é seu! – percebi que voltaríamos àquela tecla antiga. — Quando eu vi Raphael partir eu sofri e por sua culpa, agora eu tenho a oportunidade de ver-te definhar de camarote.

Harry — Rio de Janeiro, Brasil

Mesmo que eu tentasse com todas as minhas forças eu não possuía êxito ao tentar lembrar da minha vida amorosa com Emanuele. Reclinei minha cama e encostei-me ao travesseiro e nesse instante eu pude sentir seu perfume no mesmo, de mais cedo quando ela estava comigo. Fechei os olhos aproveitando o momento.

— Ainda acordado, filho? Você precisa descansar. – minha mãe passou pela porta e aproximou-se de mim, depositando um beijo em minha testa.

. — Não sou mais criança, mãe, sei cuidar-me sozinho. – disse calmo enquanto o sorriso ainda estava presente em seus lábios. Mas seus olhos estavam tristes e penosos e isso me preocupo. — O que aconteceu?

Ela negou com a cabeça e sentou-se na poltrona ao meu lado.

— Como foi com a Emanuele? Conseguiu lembrar de algo? – neguei veemente, vendo seu sorriso diminuir e seu corpo relaxar sobre a poltrona. — Tenho certeza que com o tempo você irá lembrar, é preciso ter calma.