História Apenas uma Fã - Capítulo XLVI

Capítulo XLVI

Um ano depois — Emanuele | Londres, Inglaterra

Estou organizando as mochilas de Lorenzo e Emma, já que eles vão para a casa de Anne, onde vão passar o fim de semana com o primo. O menino, David, completou 1 ano e 2 meses há alguns dias e, agora, os meus pequenos completaram 1 ano há exato 1 mês; no entanto, como Harry está em turnê, deixamos a comemoração para outro momento, onde poderemos estar todos juntos. Além de comemorar o primeiro ano de vida dos nossos filhos, iremos comemorar as festas de fim de ano e o retorno seguro da banda para casa. Ter um namorado/noivo conhecido não é algo fácil.

Lorenzo e Emma estão lindos! São crianças muito boas e comportadas, fazem meu coração bater rapidamente toda vez que os vejo. Estão andando e falando bastante e, em um momento tão único e especial, Harry não estava perto para prestigiar comigo. A distância afeta toda a dinâmica familiar. 

— Obrigada, meu amor. – disse assim que abaixei-me, ficando na altura de Emma. Sorrindo, ela abraçou-me pelo pescoço enquanto seu irmão ainda mamava deitado no sofá. Peguei-a no colo e sentei-me; fiz uma trança em seu cabelo, deixando uns fios soltos em seu pequeno rosto. Assim que terminei com o cabelo de Emma, Lorenzo entregou-me a mamadeira vazia com um sorriso de poucos dentes. — Obrigada, meu pequeno.

Com uma leve dificuldade Lorenzo subiu na cama onde eu estava, ajeitou seu corpo e pegou sua mochila.

— Papai. – Emma ditou baixinho e chorosa, encarando-me com um biquinho dengoso.

— O papai está trabalhando, Emma. – disse sorrindo enquanto virava seu corpo em minha direção. — Vamos? A casa da vovó não é tão perto e tenho certeza que vocês querem comer o bolo de cenoura dela, é uma delícia! – comentei de forma animada, vendo aqueles dois par de olhos me encararam tristonhos.

— Mamãe… – a voz dengosa de Lorenzo chegou aos meus ouvidos. Virei meu rosto em sua direção. —  Cadê o papai? – perguntou em um fio de voz, enquanto caminhava com a sua mochila em mãos. Emma seguiu o mais velho e eu também o fiz. Apoiando-se nos degraus, eles desceram a escadas sentados. — Mamãe, você ainda não respondeu a minha pergunta.

Parei em frente a pia e coloquei as mamadeiras dentro da mesma. Suspirei fundo e dei meu melhor sorriso, virando-me e abaixando-me para ficar na altura deles.

— O papai está trabalhando, meus amores, Igual ao tio Nini, tio Lou e o tio Lili. – segurei em suas pequenas mãos, enquanto mantinha meu tom animado. — Logo, logo ele estará em casa fazendo bagunça com vocês dois! – ri, sendo acompanhada por ambos. Ergui-me, pondo as mãos na cintura. — Agora vocês vão assistir desenho porque a mamãe vai arrumar-se para ir trabalhar. E, o quanto antes eu estiver pronta, mais rápido chegaremos a casa da vovó.

Subi novamente as escadas e entrei no quarto. Meu coração aperta-se todas as vezes que eles perguntam sobre Harry e, sempre dou a mesma resposta vaga. Mesmo que eles conversem todas as noites com Harry pelo celular, não é a mesma coisa que ter o pai por perto para poder abraçar e beijar. 

Passei meus olhos pelo enorme armário até encontrar uma roupa confortável o suficiente para trabalhar. Tem mais ou menos quatro meses que abandonei as passarelas e comecei a trabalhar junto com a minha mãe, na empresa.

(...)

Estacionei o carro em frente a casa da Anne; os olhos da menina brilharam ao reconhecer a fachada e, seu irmão dormia tranquilamente ao seu lado. Desci do carro e abri a porta de Emma, retirando-a da cadeirinha e pegando sua mochila; ela parou ao meu lado, esperando que eu retirasse Lorenzo. Peguei o menino adormecido em meus braços e entreguei a mochila dele para a irmã e logo estávamos paradas na porta de Anne, esperando que alguém viesse abrir a porta.

— Olha David, a tia Manu trouxe a Emma e o Lorenzo. – Anne comentou assim que abriu a porta. Sorrindo tímido, o menino desceu do colo da avó e pegou na mão da Emma, levando-a para dentro da casa. — Está tudo bem com você, querida?

— Na medida do possível, Anne. – disse dando um sorriso mínimo. — Dói meu coração ver que Emma e Lorenzo sentem constantemente a falta de Harry e eu não posso ajudá-los. Entendo perfeitamente que é o trabalho dele, mas os meninos são pequenos e não compreendem direito. – vi um pesar em seus olhos. Balançando a cabeça, coloquei-me a adentrar a enorme casa. — Agora preciso colocar Lorenzo na cama e ganhar um abraço do meu sobrinho favorito!

Coloquei Lorenzo na cama de Anne e caminhei para a sala onde David estava aguardando-me de braços abertos. Sorri enquanto recebia um abraço gostoso, David é como um filho para mim. Gemma estava esbravejando com Niall pelo telefone, o rosto estava vermelho e a voz alterada. 

Passei os olhos pela estante e encontrei um porta-retratos perfeito, onde estavam todos os meninos com seus filhos e namorada. Louis estava com Freddie em seus braços e Briana estava ao seu lado; Liam estava ao lado de Sabrina, que está grávida; E, por último Zayn, que era o único ‘’solteiro’’ da foto, mas que acabou de ter uma filha linda e está noivo de Gigi. Todos estão com as suas ‘’formadas’’.

— Tia! – levei meu olhar para David, que olhava-me curioso. Aproximando sua boquinha do meu ouvido, ele disse: — A mamãe e o papai estão brigando igual quando a mamãe e o tio Harry brigaram mais cedo. – olhei surpresa para ele. Suspirando baixinho ele prosseguiu. — O papai e o titio não vão voltar mais?

— É claro que eles irão voltar, meu amor! Seu pai e seu tio amam muito vocês três e jamais deixariam vocês para trás. – apertei sua bochecha gordinha e selei sua testa. — E você não deveria observar a conversa dos adultos, sua mãe vai acabar vendo e vai brigar com você, David.

Concordando com um aceno de cabeça, ele prosseguiu: — Você e o tio Harry também brigam? Porque quando eu for grande e estiver namorando, não vou querer brigar. – disse firme, convicto.

— Daqui alguns anos nós podemos conversar sobre essa situação, David. – pelo canto dos olhos pude ver Emma de braços cruzados e com a bochechas infladas, observando-me com os olhinhos semicerrados.

— Você não tinha que estar no trabalho, mamãe?

— Já estou indo, princesa. – disse pondo David no chão, e pegando a Emma para abraçar-lhe e me despedir. —  Cadê o sorriso da mamãe? – perguntei beijando o seu rosto e recebendo um sorriso com covinhas como resposta. Beijei sua testa e ganhei um selar no mesmo lugar. — Agora eu preciso ir, princesa, amanhã a mamãe vem buscar você e seu irmão. Amo você. 

Harry — Toronto, Canadá

‘’Quando eu estiver em casa nós podemos conversar melhor, amor. Não, eu não vou discutir agora, preciso voltar a ensaiar com os meninos. É claro que eu vou ligar, sempre ligo todas as noites para falar com o David. Gemma, por favor, entenda o meu lado, preciso desligar! Beijo’’.

As bochechas de Niall estão avermelhadas por conta da discussão recente com Gemma. Algumas horas atrás ela fez o mesmo comigo, foi doloroso.

— Estamos ferrados. – disse sentando-me ao seu lado.

— Ferrado é pouco, Gemma está para jogar as minhas coisas pela janela; ela realmente estava nervosa. Disse que eu não ligava para conversar com o David. Jogou na minha cara que eu não estava presente nos primeiros passos do meu filho e também não estava presente nas primeiras palavras ditadas por ele. Ela diz como se eu não quisesse estar presente, sabe? – um olhar desgostoso tomou seus olhos e seus ombros relaxaram. — Pelo menos a Emanuele entende o seu lado e te apoia, entende que o seu sustento vem da banda… Mas Gemma é muito cabeça dura, parece uma jumenta.

— Emanuele entende, mas sei que ela fica magoada. Mesmo que eu ligue e converse com meus filhos, não é a mesma coisa de estar perto; ouvir o que Emanuele conta-me dói meu coração e eu tenho vontade de largar tudo e sair correndo para proteger eles. Tenho certeza de que estou perdendo uma parte importante do desenvolvimento deles, diferente de você, até hoje não sei quais foram as primeiras palavras dos meus filhos. – disse baixo enquanto mexia em meu cabelo. — Mas precisamos ensaiar, Niall.

Emanuele — Londres, Inglaterra | Algumas horas depois

Mais uma noite fria em Londres. Quase nenhum carro na rua e algumas gotas de chuva escorrendo pela janela do carro. 

A caminho da casa de Anne vejo casais com seus filhos, ou, até mesmo, casais de namorados com sorriso enormes em seus rostos e, instintivamente, um sorriso aparece em meu rosto; Harry sempre fora muito carinhoso. 

Estacionei o carro em frente a casa de Anne. Era para ser um final de semana, mas como os dois não quiseram dormir na avó hoje, depois do trabalho, tive que vir buscá-los. Peguei minha bolsa e desci do carro, logo travando-o. Caminhei até a entrada e toquei a campainha. 

— Amiga! – Gemma disse afoita ao meu ver, logo puxando-me para um abraço caloroso. — Você está linda, amiga, meu irmão tem muita sorte de ter você! Mas, que pena que ele não tá aqui para aproveitar. – afastando-se ela colocou a mão no queixo, analisando minha barriga. — Você está gordinha… Está grávida?

— Claro que não, Gemma! Não relaciono-me há meses, é apenas gordura acumulada. – expliquei de forma óbvia, vendo um olhar desconfiado por parte da loira. Revirei os olhos enquanto adentrava a casa e ia para a cozinha. — O cheiro está divino, Anne, por isso eles não me esperaram para jantarmos todos juntos.

O rosto sujo e um sorriso no rosto, cada um deles lembram os pais. David com seus grandes olhos azuis e o sorriso idêntico ao de Niall. Emma e suas covinhas e olhos verdes; Lorenzo possui o corpo esguio como o de seu pai, assim comos os cachos cor-de-mel. Continuei conversando com Anne e Gemma, e olhando as redes sociais, até ver uma publicação de Harry.

Era uma foto onde Harry estava sentado em nosso sofá segurando em cada um dos braços Lorenzo e Emma, empacotados por conta do frio e da prematuridade. O sorriso estava rasgando o rosto de Harry e abaixo tinha uma legada.

‘’Nunca imaginei poder amar assim, querer alguém tão bem mais do que quero a mim. Meus filhos, vocês tem o meu amor pra sempre! E por amar tanto vocês que meu coração dói por não estar perto, por não poder abraçar e beijar vocês ao acordar. Prometo que farei meu máximo para ter vocês em meus braços o quanto antes. Meu coração inteiro pertence á vocês’’.

(...)

Sorrisos ainda eram soltos por mim, por conta da postagem do Harry. Emma estava deitada na minha cama enquanto terminava a sua última mamadeira da noite. Lorenzo estava concentrado na TV, onde estava passando o seu desenho favorito. 

Estou terminando de arrumar o berço deles. A água estava quente, então, tomamos banho mais tarde hoje. Vai meia noite e ainda estamos acordados. Arrumei tudo, e peguei a mamadeira de Emma, e desci. A casa estava escura, como de costume. Me certifiquei de que tudo estava trancado e subi novamente. Os dois estavam embaixo do lençol, encarando atentos a TV.

— Acho que tá na hora de dormir, meus amores. – disse deitando ao lado deles. Eles me encaram e balançaram a cabeça negativamente. — Por que não?

— O papai não ligou ainda. – falaram em uníssono.