Capítulo LI
POV – EMANUELE
Sei que minha atitude foi infantil, mas não consegui controlar minhas emoções após o pequeno show dele. Tenho noção de que Harry e Justin não são melhores amigos, mas não tinha necessidade de tratá-lo daquela forma. Harry precisa ser maduro para entender que não podemos agir assim; não seria agradável se eu tivesse o mesmo comportamento infantil sempre que esbarrar-se em uma ex dele.
(...)
As ruas calmas e silenciosas estão fazendo-me companhia, mesmo que ainda esteja relativamente cedo. Parei no semáforo e encostei minha cabeça no volante, olhando pelo canto dos olhos a tela do iPhone brilhar, revelando duas ligações perdidas de Liam. Dei de ombros, voltando minha atenção para a estrada assim que o semáforo sinalizou a cor verde. Acelerei mas, pude escutar o som de uma buzina de caminhão, vindo em uma velocidade extremamente alta.
Arregalei meus olhos, sentindo uma carga de medo e adrenalina descerem por meu corpo. Tentei acelerar mais, para sair do rumo do caminhão, no entanto, a reação não foi rápida o suficiente. Fechei meus olhos com força, esperando o impacto que não demorou.
Vidros estourados, gritos e buzinas ao lado de fora.
A dor insuportável consumiu meu ser.
POV – HARRY
As crianças estão dormindo há algumas horas e Emanuele ainda não chegou em casa. Pedi para que Liam ligasse para a mesma, visto que sei que ela não me atenderia mas, para minha surpresa, ela também não o atendeu. Sei que fui imaturo e inseguro, imaginando coisas inexistentes.
Sentei-me no sofá ao lado de Liam, ligando a televisão e pondo no noticiário para passar o tempo. No entanto, uma reportagem chamou minha atenção; o carro da reportagem era extremamente parecido com o da Emanuele. Aumentei o volume, sentindo meu coração vir à boca.
— A Range Rover preta foi atingida pela lateral esquerda por um caminhão. A motorista foi identificada como, Emanuele Vasconcelos Riachuelo, filha da empresária Noemi Vasconcelos e noiva do cantor Harry Styles, da banda One Direction. Não sabemos o estado da jovem mas, assim que tivermos mais informações, repassaremos.
O chão embaixo dos meus pés cedeu, minhas mãos formigando e suando. Acidente entre um carro e um caminhão? Engoli em seco, erguendo-me de forma rápida e direcionando meu olhar para Liam que estava com os arregalados, em choque. Apertei levemente seu ombro, chamando sua atenção.
— O que vamos fazer? – perguntei em um sussurro, tentando processar todos os fatos. — O que eu vou fazer, Liam? – levei as mãos para a cabeça, respirando de forma irregular. — Como vou cuidar de duas crianças sozinho? Elas vão sentir falta da mãe! Como eu vou explicar o que aconteceu? EU PRECISO DE AJUDA, LIAM! – berrei em plenos pulmões, a visão ficando turva.
Dor, tristeza e culpa são sentimentos que estão dentro do meu peito agora. Se não tivéssemos discutido ela não teria saído de casa, não teria sofrido este acidente, estaria aqui comigo, em meus braços. A culpa é minha, isso tudo foi culpa minha. Sentei-me novamente, pondo as mãos no rosto e deixando as lágrimas escorrerem. Liam se afastou, dizendo que iria avisar minha mãe para que ela pudesse ficar com os meus filhos.
— O que aconteceu, papai? – escutei a voz de Emma sonolenta. Limpei os meus olhos virando-me para a menina, que estava agarrada a uma pelúcia, segurando de forma firme a mão do irmão gêmeo. — Porque está chorando?
— O papai precisa resolver um problema com o tio Liam, por isso vocês irão ficar com a vovó Anne, ok? – eles concordaram. Emma desfez o contato com o irmão e aproximou-se de mim, abraçando-me com todas as suas forças. Com passos incertos, Lorenzo aproximou-se e juntou-se ao abraço, deixando todo o amor transbordar pelo ato de carinho. — Nunca se esqueçam que eu e a mamãe amamos vocês dois imensamente, com todo nosso coração.
— Por que não podemos ficar com a mamãe? – Lorenzo perguntou, sentando-se no tapete felpudo da sala, sendo seguido por Emma. Senti minhas mãos suaram novamente e desviei meu olhar para Liam, que guardou o iPhone no bolso e sentou-se no meio das duas crianças, trazendo-as para perto. — Tio Lili, por que a mamãe não chegou ainda? Ela foi passear e não levou a gente.
— Querido, a sua mãe vai demorar um pouco para voltar, não sabemos o quão longe ela foi passear… Mas, pode ter certeza de que ela irá voltar, eu prometo. – apesar do olhar desconfiado, eles concordaram. — Agora, vocês irão subir e deitar novamente, a vovó Anne está vindo para cá com a tia Gemma e com o David. Eles irão ficar aqui por um tempo.
Concordando de forma frenética, eles se despediram com abraços e beijos, subindo as escadas com euforia. Quando os vi sumindo, deixei que as lágrimas escorressem livremente pelo meu rosto.
POV – NARRADORA
Assim que Anne chegou na residência, soube de toda história assim como sua filha, Gemma. Harry estava desolado, deixando a culpa e a dor consumirem seu ser a cada novo minuto; o estado em que o carro ficou era deplorável, deixando dúvidas de que ela poderia sobreviver.
No hospital, encontraram-se com Noemi que estava aos prantos nos braços do marido, Charles. O último citado estava acariciando as costas da mulher, murmurando palavras de conforto, assim como distribuindo beijos com ternura no topo da cabeça dela. Harry sentou-se ao lado de Noemi, esperando que ela se acalmasse para responder as perguntas que estava rodando em sua cabeça.
— Como ela está? Tem chances de sobreviver?
— O estado dela é grave, está internada na UTI. – respondeu em tom baixo, limpando os olhos com um lenço. — As chances são mínimas, mas existem.
— Ela irá passar por alguma cirurgia? Quebrou ossos?
— Ela irá retirar uma cirurgia para a remoção de uma parte do fígado, cerca de 10%. Emanuele também quebrou duas costelas. – Noemi trouxe seus olhos em minha direção e ergueu a mão direita para segurar a minha. — O caminhão estava em uma velocidade altíssima e por conta disso, o impacto contra o carro foi grande e trouxe danos consideráveis para a Emanuele. E ela irá precisar de uma transfusão de sangue.
Era quase o fim da vida dela. O fim de 18 anos que foram sofridos. Novamente, ele estava debulhando em lágrimas, sentindo a dor em sua cabeça aumentar gradativamente. Não tinham vivido muito como noivos e como pais de primeira viagem.
O som de sapatos sociais entraram em seu campo de audição, fazendo com que seus olhos ergueram-se, um homem de meia-idade entrou em seu campo de visão, vestido a caráter.
— Senhor Styles. – Harry levantou-se, apertando a mão do médico. O médico também cumprimentou os outros presentes na recepção, mantendo um semblante neutro. — O estado da paciente continua grave, estamos lutando para deixar o quadro estável e para fora de risco. – comentou de forma breve. — Não sei se é do seu conhecimento mas a sua noiva, senhor Styles, está grávida. Apesar da agressividade do acidente, o coração do feto ainda está batendo dentro do ventre. Por esse motivo, faremos o possível e o impossível para salvarmos de forma definitiva, ambas as vidas.
Uma descarga percorreu o corpo do homem, o ar parando de passar por suas vidas respiratórias. Essa situação será o fim ou o recomeço da história do casal?
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