História Apenas uma Fã - Capítulo LIV

Capítulo LIV

Ponto de vista da Emanuele Riachuelo

Estava pasma e encarando a enfermeira com um olhar surpreso… Talvez incrédulo. Ela estava com um olhar suave, tentando me passar algum tipo de conforto e apoio porém, seus olhos estavam atentos também aos meus batimentos cardíacos. A ansiedade estava correndo o meu ser. Novamente grávida? Só pode ser algum tipo de engano. A situação vai ficar ainda mais difícil com um novo bebê… Muito dificilmente consigo cuidar e educar Emma e Lorenzo de forma adequada.

Suspirei e sentei-me corretamente com a ajuda da enfermeira. Procurei o olhar de Harry pela enorme janela de vidro.

— Como assim grávida? Só pode ter ocorrido algum engano… Não tem lógica eu estar grávida novamente, eu saberia, não é? – perguntei, mordendo meu lábio inferior. Fechando os olhos, juntei minhas mãos. — Estou com quantas semanas?

— Pelas nossas contas, por volta de sete semanas de gestação. – comentou Elizabeth, a enfermeira, dando um leve aperto em meu ombro. — Deve ser um choque grande, tanto por ter acordado há pouco tempo e por ter sofrido um acidente automobilístico, mas de acordo com os exames que foram feitos, a senhorita está grávida sim. – comentou de forma calma, levando seu olhar para a janela. — Seu noivo ficou radiante. Quando você se sentir bem com a ideia, podemos fazer uma ultrassonografia.

Encostei a minha cabeça no travesseiro, absorvendo tudo o que havia sido jogado em meu colo.

— Certo, eu gostaria de fazer o exame e certificar-me que está tudo bem comigo e com o meu novo bebê. Quero saber como proceder com uma nova gravidez… – comentei esfregando levemente meu rosto. — Os meus filhos poderiam entrar?

— Claro que sim, mas isso só irá ocorrer quando terminarmos a bateria de exames, para que possamos ter certeza do seu estado atual. – comentou atenciosa enquanto dirigia-se à porta. Virando-se, ela direcionou um sorriso singelo à mim. — Aliás, tem uma probabilidade de estar gestando gêmeos novamente.

(...)

O gel estava sendo passado em minha barriga, deixando-me apreensiva. O médico colocou o aparelho na minha barriga, vasculhando o meu ventre procurando o feto. Batimentos cardíacos foram captados e, de forma quase automática, meus olhos encheram-se de lágrimas. Direcionei minha atenção para a tela em minha frente, ansiosa, sentindo minhas mãos suarem, logo após um novo batimento cardíaco foi captado e as lágrimas dançaram livremente pelo meu rosto.

Ao certo, não sei descrever se de felicidade ou medo; como irei cuidar de quatros crianças, um noivado e uma casa? Como irei dar conta de tudo isso sozinha?

— Como você pode constatar, senhorita, você está realmente grávida e, ao que tudo indica, de gêmeos. Os fetos estão saudáveis e fortes, mesmo com o seu acidente a placenta está intacta e foi sorte de você não ter abortado. – disse enquanto me observava. Balancei a cabeça levemente, secando as lágrimas. — Uma gestação gemelar oferece riscos tanto para a genitora quanto para os fetos. Soube que a sua primeira gestação foi complicada, principalmente por conta da sua faixa etária. – constatou, observando a sua prancheta. — Os cuidados serão redobrados, visto que além de preocupar-se em estar saudável por conta da gestação, você precisa recuperar-se do acidente que você sofreu. Tirando isso, parabenizo você e a sua família pela nova gestação.

— Obrigada. – agradeci, baixinho. — Espero que tudo ocorra bem e que eu não tenha um parto prematuro novamente. – comentei enquanto limpava minha barriga com o papel toalha. Sentei-me na cama com a ajuda da enfermeira. — Estou com quantas semanas, de acordo com os seus cálculos?

— Observando o desenvolvimento dos fetos, você está com oito semanas, o que equivale a dois meses. – disse enquanto virava-se para o computador, digitando algo. — Agora você pode ir ver a sua família.

A enfermeira me ajudou a sair da sala e voltar para o quarto que, agora, não era o de observação. Pelo pouco que eu sei da minha situação, provavelmente iria embora daqui dois dias. Logo que entramos no quarto, pude vislumbrar todos lá: mãe, padrasto, meio-irmão, meu noivo, sogra e os meus amados filhos. Emma e Lorenzo abriram um enorme sorriso, correndo em minha direção e agarrando-se as minhas pernas. Senti as lágrimas molharem as minhas e vê-los chorar me fez chorar. Sentei-me na cama e trouxe eles para perto, abraçando-os e tentando matar a enorme saudade que eu estava sentindo. Observei Harry parado em minha frente, abaixando-se na minha frente e direcionando-me um sorriso singelo.

— Vocês não imaginam a falta que eu senti. – comentei baixinho, apenas para eles ouvirem enquanto estavam em meu aconchego. — Doeu muito não estar com vocês, meus pequenos.

— Mamãe, não fica mais longe, por favor. Dói muito aqui. – Emma disse enquanto agarrava o lado esquerdo da sua blusa de manga, olhando-me com os olhos vermelhos. Segurei meu rosto em suas mãos, secando as suas lágrimas. — Você promete que nunca mais vai deixar a gente?

Dei-lhe um sorriso e inclinei meu rosto, levando minhas mãos à barriga.

— Eu nunca mais vou deixar vocês, nunca. – disse firme, respirando fundo e encarando o Harry. — O que vocês acham de termos mais bebês em casa? – perguntei e pude observar que todos no quarto ficaram espantados. — O que todos vocês acham de termos mais um par de gêmeos na família, hein?

— Você está falando sério, querida? – perguntou minha mãe. Concordei com um acenar de cabeça, podendo observar os olhos de Harry encherem-se de lágrimas. Suas mãos apertaram os meus joelhos. Dedos gordinhos cutucaram a bochecha dele.

— Papai, por que você está chorando? – questionou Lorenzo, que olhava com atenção para o rosto Harry.

— Estou chorando de felicidade, meu amor. Sabe por que? – Lorenzo negou, aguardando ansiosamente que Harry explicasse o motivo. — Porque a mamãe está grávida, o que significa que daqui alguns meses teremos mais dois bebês na nossa casa. – meu filho permaneceu atento, parecendo absorver o que o pai estava dizendo; no entanto, ele sorriu, assim como a irmã.

Ponto de Vista da Autora – Uma semana depois

Com o decorrer da semana, a comemoração do aniversário do casal de gêmeos ocorreu, assim como o anúncio do noivado. O casal ainda estava em êxtase com a notícia da nova gestação, apesar de saberem que toda a dinâmica da família iria mudar drasticamente.

O dia estava frio, o que era normal em Londres. Emanuele seus filhos estavam sentados no balanço do quintal, enquanto Harry terminava de montar o pequeno parquinho em seu quintal. Assim que ele concluiu, com muito esforço, aproximou-se deles, agachando-se em frente ao balanço. As crianças sorriram para o pai.

— Obrigado, papai! – agradeceram em coro, esbanjando o melhor sorriso para Harry. Devolvendo esse sorriso, o mesmo beijou a bochecha de cada criança. — O senhor vai brincar com a gente, né?

— Claro que sim, pequenos. – falou enquanto passava o dedo indicador no nariz deles. — Iremos brincar muito juntos, todos nós. – disse amoroso, enquanto colocava uma das mãos na pequena barriga da noiva.

Aparentemente, todo o horror vivido pela família há alguns dias, finalmente estava sendo substituído por novas lembranças incríveis.