Fiquei sem chão quando ouvi aquilo. Ela realmente matou seu marido ou estava brincando?
Só pode está brincando...
Como uma senhora tão frágil poderia ter matado seu marido assim?
Eu tinha que saber essa história. Caso for verdade, estou de frente a uma assassina de mais ou menos 60 anos.
" Vo-cê matou seu marido?" Pergunto completamente chocada.
Ela sorri.
" Sim, eu o matei." Disse friamente como se tirar a vida de alguém fosse a coisa mais comum do mundo.
" Como? E por que fez isso?"
Ficamos alguns segundos em silêncio, ela ficava me encarando por um tempo, como se estivesse pensando nas palavras certa para relatar tudo.
" Minha filha, aprenda uma coisa..." Diz e se acomoda na poltrona. " Quando você sentir-se ameaçada, presa e sufocada, não pense duas vezes, derrube quem está te fazendo tudo isto. E foi isso que eu fiz." Ela para um tempo e fecha os olhos. " Quando eu era mais jovem fugi de casa, não suportava minha vida medíocre que vivia. Minha mãe era cabelereira, e ficava o tempo todo fora trabalhando. Enquanto meu pai, estava desempregado. Meu pai era um completo vagabundo, vivia se metendo em encrencas e na maioria das vezes chegava drogado, ou seja, somente pisava em casa quando estava complemente fora de si."
Ela para um tempo e começa a se emocionar.
" Acalme-se." Digo e toco em sua mão. " Eu sei o quão e difícil para você lembrar do seu passado."
Para minha surpresa nada disse, apenas continuou a contar sua história.
" Certa noite ele estava tão drogado que ele me..." Ela começa a chorar.
" Bateu em você?"
" Não... E-ele me estuprou." Nisso ela cai em prantos. " Por isso fugi de casa."
Fiquei tão abalada que apenas conseguia olhar aquela senhora chorar na minha frente. Incrível! Reclamamos dos nossos problemas, mas tem pessoas que estão passando por coisas piores. Bem piores.
" Não precisa contar. Eu..."
" Não, quero desabafar e quero contar minha história. História triste não foram feitas para chorarmos, pelo contrario, elas foram feitas para nos motivar, para nos fazer pessoas melhores. E eu quero compartilhar minha lição de vida com você."
Ela tinha razão.
" Tem Razão!"
Nunca pensei por esse lado. Realmente ficamos muito abalados quando acontece algo de ruim em nossas vidas. Lisa, está certa, histórias tristes foram feitas para nos fazer de alguma forma mais felizes.
É admirável ver que essa mulher passou por tudo isso e ainda se mantém firme, admirável ver que essa mulher conseguiu dormir noites e mais noites carregando um passado tão triste e obscuro.
Tinhamos algo em comum: O passado obscuro.
Depois que ela se acalmou um pouco começou, continuou a falar.
" Bem... Acho bom pular a minha infância." Brota um pequeno sorriso em seus lábios finos e enrugado. " Meu marido e eu estávamos em um relacionamento muito frio, quase nunca transávamos. Ele vivia saindo durante a noite e voltava sempre tarde, bêbado pra variar. Eu sei que ele me traia com alguém mais interessante que eu, disso eu não tenho dúvida." Ela dá uma pequeno suspiro e continua. " Certa noite quando ele tinha acabado de chegar de uma de suas farras, começamos a discutir, discussão essa que durou horas. Esperei ele dormir e fui até o sofá onde ele estava dormindo, me direcionei até a cozinha e peguei uma faca. Antes de mata-lo começou a vir várias lembraças em minha mente, essas lembranças eram meu passado sendo perfurado por uma faca de cozinha."
Não disse nada, apenas fiquei olhando para ela completamente horrorizada. Não conseguia acreditar que ela tenha matado o marido.
" E como sua vida ficou após disso?"
Ela riu um pouco.
" Minha vida?" Começou a rir. " Minha vida melhorou muito depois do ocorrido." Disse levantando as mãos para cima e começou a balançar as mesmas, como se estivesse em uma montanha-russa.
" Ah! Claro." Falei sem graça. " Me identifiquei muito com sua história, sabia?"
" Por que?"
" Meu pai matou minha mãe, ele também chegava tarde em casa. Bêbado."
" Nossa. Fico feliz em saber que superou tudo isso."
" Digo o mesmo a você."
Eu ainda carregava sequelas da morte de minha mãe e minha principal sequela foi a ausência do seu amor. Todos os dias penso nela, penso na tentativa de faze-la está mais perto. Enquanto você pai, apenas sinto repulsar.
" Sinto muito pela morte de sua mãe. Você parece sentir muita falta dela. Certo?" Disse de forma doce e casual.
" Sim, e muito." Suspiro. " Todos os dias penso nela e me pergunto todo tempo onde ela deve está..."
Ficamos em silêncio.
" Ela está em paz, no melhor lugar que existe... O paraíso. O mundo que vivemos é um inferno, as pessoas são ambiciosas, só pensam em si, todos lutando por sobrevivência e nesse mundo só os fortes e os esperto sobrevive." Disse de uma forma horripilante.
" Concordo." Falei para finalizar.
Já estava ficando muito cansativo permanecer naquela local, quanto mais ouvia as palavras daquela humilde senhora, mais eu me sentia desconfortável. Lisa, tinha uma forma muito peculiar de encarar a vida.
Depois disso ficamos conversando coisas aleatórias.
" Foi bom conversa com você, mas já está na minha hora."
" Também foi bom conversa com você." Disse com timbre harmônico.
Nisso a abracei e me direcionei até a porta, quando ela chama pelo meu nome.
" Hadley."
" Sim?..."
" Lembre-se! Antes de ser pisada, pise primeiro."
Após isso, voltei para casa.
Expliquei tudo para Tia Alysson. Contei sobre a mãe de Adam, desde a relaxação conturbada da família, até a morte do pai dele. Depois de muita conversa fiquei intrigada, duas perguntas não parava de invadir minha cabeça.
Quem mataria Adam? Que finalidade tinha essa pessoa para mata-lo?
Essas perguntas não tinha uma resposta, Adam não tinha inimigos, eu acho, e não conseguia enxergar nenhum motivo para alguém mata-lo.
Duas semanas haviam se passado, e finalmente eu recebi a visita da polícia.
Eu estava fazendo as unhas, quando o detetive foi até em casa.
" Senhorita Hadley?" Disse um homem alto e forte, de cabelos escuros e de rosto frio, o mesmo usava óculos escuros. Ele segurava um bloco de papel e estava acompanhado de um outro homem, com a roupa igual o dele, mas com uma tonalidade da roupa um pouco mais clara.
" Sim." Falei.
" Me chamo Johnny, sou detetive." Disse retirando do bolso o distintivo e me mostra o mesmo. " Esse aqui é meu parceiro Will." Disse apontando para o mais baixo de cabelos loiros. " Viemos aqui para conversar com você sobre a morte de Adam Lamber."
" Ah! Podem entrar." Falei isso e dei passagem a eles.
Eles entraram olhando para os moveis, e nos direcionamos até a sala. Nisso, Tia Alysson aparece e me faz companhia.
Estávamos todos na sala. Tia Alysson e eu em um sofá e eles bem a nossa frente, sentados cada um em uma poltrona.
Johnny começa a analisar alguns papeis na sua mão e começa a falar.
" Através de alguns amigos da Vítima conseguimos seu endereço e resolvemos visita-la. Você é a namorada dele certo?"
" Sim" Digo rapidamente.
" Bem... Eu tenho duas notícias para lhe falar." Disse e me encarou.
" Nossa... Pode falar, por favor."
Ele pigarreia um pouco e começa a falar.
" Então... Adam foi encontrado morto na cama onde estava dormindo. O quarto estava bagunçado, porém não tinha nenhum indício do assassino ter revirado o quarto da vítima, logo está descartado a hipótese de assalto. De acordo com os peritos, o assassino tinha como único objetivo matar o senhor Lamber. Os legistas encontraram algumas fibras de algodão na via respiratória da vítima. Adam foi sufocado, eles acreditam que o mesmo tenha sido sufocado com um travesseiro enquanto dormia."
" Meu Deus!" Disse Tia Alysson.
" Nossa... Quem faria isto com ele?." Falei levemente nervosa. " Encontraram o assassino?"
Ele me analisa um pouco.
" Então, senhorita Sandford, essa é a parte ruim." Ele me olha um pouco e começa a falar. " Ainda não descobrimos o responsável pelo crime."
" Não acredito!"
" Calma... Iremos ouvir algumas testemunhas, pessoas que moram próximo a cena do crime. Uma dessas testemunhas é uma senhora, que disse ter visto alguém sair da casa do seu amigo na noite que ele foi assassinado."
" Uma testemunha que bom."
Sabe pai, naquele momento eu via uma esperança de encontrar o assassino que matou Adam. Eu tinha esperança de me vingar e de fazer justiça a morte de alguém que não merecia este fim.
Eu sinto muita falta do amor dele e da minha mãe também, claro.
Seu amor também me fez falta, pelo incrível que pareça. Pai, eu nunca irei esquecer os momentos bons que eu também tive com você, mas eu só consigo enxergar os seus erros. O que o senhor fez comigo e com a minha família nunca será apagado e esquecido. Minha infância foi destruída por sua culpa, tive que crescer com a ausência do amor paterno e materno. Sempre me senti vazia e Tia Alysson não completava esse meu vazio.
Nunca desejei o mal para ninguém, mas eu acabo me contrariando quando eu penso em você. O que eu mais quero... É o seu sofrimento.
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