Era hoje, lá vou eu de novo, partiu Belo Horizonte? Estávamos prontas, já que Luiza iria comigo. Apenas ela. Fernando não quis voltar, porque Dominik não iria e ele queria aproveitar todo o resto das férias. Miguel não iria poder ir, tinha que fazer umas consultas médicas na capital e isso o ocuparia a semana toda. Eu estava indo, mas ia deixar uma parte de mim tão grande que chegava doer. O meu surfista. Ficar longe dele ia me maltratando a caminho do aeroporto, como se meu coração estivesse apanhando, mas eu precisava arrumar minhas coisas e era uma responsabilidade. Gabriel também tinha as dele e era por isso que não iria, mas se desse apareceria por lá no final de semana.
Chegamos e fomos para a sala de embarque, estava nervosa, esperando por ele, que estava em uma reunião com Rip Curl. E lá estava ele, via de longe, usava calça jeans e camiseta, boné e um óculos escuro, estava tão lindo. Ele vinha tão cabisbaixo quanto eu no caminho, me levantei e fui andando ao encontro dele, queria estar nos braços dele o mais rápido possível. Ele tinha conquistado o meu coração tão rápido... Quando se aproximou de mim, me beijou e fomos até o pessoal abraçados. Ele cumprimentou Nando, Domi e Luiza. Ele falou alguma coisa com Alejo que chegou um pouco depois e logo voltou a me abraçar, parece que ele sentia a mesma necessidade que eu, ficar o mais próximo possível. Ficamos os 30 minutos que restavam abraçados e quietinhos, sentíamos que algumas pessoas nos fotografavam, mas não ligamos. Despedida é sempre tão ruim, é sempre tão doloroso, mas acontece... O primeiro anúncio do meu voo foi dado, comecei a me despedir. Abracei Nando, nós nunca ficamos tanto tempo longe e ele faria muita falta nessa semana. Despedi-me dele e algumas lágrimas rolavam. Vez de Dominik e mais lágrimas, ela me fez prometer que mandaria snap de tudo. Quando abracei Alejo, ele prometeu que cuidaria do Gabriel e que bateria em certas meninas caso alguma se aproximasse dele. Ele também chorou, mas só chorou porque eu estava chorando e não aguenta ver ninguém chorando. E por fim o meu amor, meu surfista:
- Chegou a hora... eu não quero mais... amor. – falei soluçando pelo choro e ele me abraçou tão forte como se não quisesse largar.
- Eu vou cuidar de você mesmo de longe. Vai passar rápido, eu prometo meu amor. – eu dei um sorrisinho e fiquei na ponta do pé pra distribuir beijinhos pelo seu rosto.
- Eu te amo muito, meu surfista mais lindo. – ele me deu um beijo longo, me apertou mais um pouco e quando me soltou estava com os olhos marejados. Eu sabia que ele não choraria, Gabriel não chorava por nada, mas os olhos marejados já diziam muito.
- Te amo demais, minha baixinha. – lhe abracei de novo e anunciaram o voo novamente, eu precisava ir. Dei-lhe outro beijo e sai. Indo em direção ao avião, secando algumas lágrimas que rolavam fortes, Luiza me abraçou de lado e fomos.
A viagem foi tranquila e Luiza me animou falando sobre como estava apaixonada por Miguel e como esses poucos dias ao lado dele tinham sido incríveis. Eu ria dela e dos relatos de suas pequeninas férias em Maresias. Bom, suas não, nossas! Nós aproveitamos muito. Em BH não curtíamos assim, eu pelos os meus motivos e Luiza por trabalhar demais, porém agora seria diferente. Nós levaríamos uma vida calma, feliz e cheia de amor em nosso redor.
[ GABRIEL ON ]
Cá estou eu, deitado de barriga pra cima encarando o teto, sentindo o vazio de não tê-la como tive nos últimos dias. Se saudade pudesse matar, com certeza daqui a alguns dias eu estarei morto.
Miguel chegou no meu quarto com os olhos inchados, se jogou na minha cama, começando seu discurso melancólico.
- Eu faço tudo errado brother, eu deixei ela ir embora sem ao menos um abraço, sem ao menos acompanha-la até o aeroporto. Eu realmente não nasci pra ser amado...
- PAROU MIGUEL! – o repreendi antes que ele engatasse nesse papinho e não parasse mais. – A Luiza deve ter entendido os seus motivos e se não entendeu, vai ter que entender se quiser mesmo estar com você. Além disso, ela nem ficou brava ou coisa do tipo. Então não vale a pena ficar se culpando por não ter ido.
- Eu quero a Lulu! – choramingou.
- Eu quero a Nina! – choraminguei.
- E eu quero a Manda! – Alejo choramingou se deitando conosco da mesma forma. Era uma cena deplorável, três marmanjos deitados, encarando o teto e chorando por causa de mulher.
[ XXXXX ]
Rolava na cama sem conseguir dormir querendo noticias de Nina, passava horas olhando para o numero dela me segurando para não ligar, quando enfim a mensagem chegou, eu já estava irritado e cansado, tanto que não pensei duas vezes e liguei para ela.
- Oi meu pretinho, então você ainda tá acordado? – foi só ouvir aquela voz cansada me chamando de “pretinho” que amoleci, parecia que toda minha raiva pelo sumiço tinha evaporado, ou melhor, se transformado em saudade.
- Estava te esperando.
- Me desculpa, eu cheguei e acompanhei Luiza enquanto ela resolvia as coisas dela, ficamos o dia todo na rua e só cheguei agora.
- Tudo bem amor. – respondo baixinho. – Você vai dormir sozinha na sua casa? – perguntei preocupado.
- Não pretinho, a Lulu está aqui.
- Certo. E ai pretinha, pensou muito em mim?
- Que convencido! E você acha que eu só penso em você?
- E tem algum pensamento mais interessante que seu namorado? – ela riu e eu fechei os olhos, aquele era o meu som preferido, a risada dela!
- Mas você tá certo, eu pensei em você o dia todo. – respirei fundo e a saudade doeu.
- Eu também pensei em você o dia todo, nem consegui jogar direito e o Felipe ganhou de mim no FIFA. – digo como se fosse uma tragédia.
- Que tragédia gigantesca. – ela riu e em seguida bocejou, eu já sabia o que vinha pela frente. – Eu preciso ir dormir, porque amanhã vou cedo com a Luiza na faculdade, ela vai pegar transferência.
- Me trocando pela Lulu? Com menos de um mês de namoro? To fodido.
- Bobo! Eu trocaria tudo pra estar com você.
- Sabe que quando você me fala essas coisas eu ainda não consigo acreditar?
- Por quê?
- Você é muito marrenta, mas fico mais apaixonado quando você fica assim melosinha.
- Para amor. Só estou falando a verdade e se ficar implicando vou ficar com vergonha e não vou falar mais nada.
- Não tá mais aqui quem falou, e já que você falou que trocaria tudo, então larga tudo e vem pra cá.
- Não vou, no final da semana você vem.
- Ei, eu disse que era uma possibilidade, não tenho certeza. – a ouvi suspirar e meu coração apertou. – Tá, eu vou ter que ir, não tem nem um dia que eu não te vejo e já to assim, não vou aguentar tantos dias.
- Você é um chicletinho sabia?
- Você é minha sabia? – ouvi o suspiro dela do outro lado e sorri imaginando que lá ela também sorria.
- Pretinho, eu preciso mesmo dormir, se eu ficar falando mais com você essa bendita saudade só vai aumentar.
-Tudo bem, eu também to cansadão e amanha a agenda tá cheia.
- Vai treinar?
- Só cedinho, depois tenho uns exames e uma gravação de comercial e acho que umas fotos.
- Nossa! E eu achando que meu dia tava cheio, vou sair de manha e depois vamos pra casa da Lulu, acho que vou compensar meus sonos perdidos amanha.
- Isso pretinha, dorme bastante, nada de ir aproveitar a noite.
- Olha boa ideia, vou ver com a Lu se ela quer sair, a mãe dela está aqui e ela conhece todos os barzinhos de BH.
- Nina... – tentava me conter, levar na brincadeira, manter a respiração.
- Oi preto?
- Eu vou dormir, daqui a pouco já é uma hora.
- Tudo bem. Amanha a gente se fala, durma bem e sonhe comigo.
- Não precisa pedir duas vezes, pra ser melhor só falta você comigo, to achando essa cama grande demais.
- Não queria desligar. – ri baixo e senti o sono vindo.
- Beijo, sonha comigo também.
- Te amo. – ela disse baixinho com uma voz estranha, acho que estava segurando o choro.
- Te amo mais.
Depois de alguns minutos de silencio, um esperando o outro desliga, soltei uma risada fraca e desliguei. Coloquei o celular embaixo do travesseiro e me arrumei na cama. ÓBVIO que sonharia com ela, mas sabendo que a realidade era muito melhor do que qualquer sonho.
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