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História Apenas você - Pra vida toda


Escrita por: lardluar

Capítulo 7 - Pra vida toda


Fanfic / Fanfiction Apenas você - Pra vida toda

~Nina on ~

- Meninos, nós vamos subir, não somos mais jovenzinhos como vocês. – Simone disse subindo a escada ao lado de Charles.

    Depois de estar recuperada de mais uma vertigem, Gabriel cismou que eu deveria passar a noite em sua casa, os pais prontamente concordaram. Logo um complô estava formado, não havia outra alternativa, eu teria que passar a noite na casa dos Medina. Si organizou tudo certinho, Biel ficaria no quarto com Sophia e eu ocuparia o quarto dele. Óbvio que eu estava totalmente desconfortável com tal ideia, mas não havia mais como fugir.

- Bom, acho que vou subir também, Biel. – nós havíamos perdido a noção do tempo enquanto conversávamos na sala.

- Eu queria te mostrar uma coisa antes. – Gabriel se mostrava bastante envergonhado com a situação e aquilo era engraçado para mim.

- Pode mostrar, sufista.

- O sol nascendo. – disse ainda mais tímido. – Eu queria ver e queria uma boa companhia também.

- Sempre e em qualquer momento. – ele sorriu e eu retribui aquele sorriso lindo.

- Então tá, vamos ver o sol nascer. – segurei uma de suas, ele se mostrou surpreso pelo ato, seguimos em direção à praia.

~Gabriel on~

  Seguimos para a praia, e é claro que não é surpresa para ninguém, que eu amo aquele lugar, ainda mais quando o dia está raiando. Nos sentamos de frente para o mar, ventava bastante e estávamos em absoluto silencio. Por um segundo olhei para a garota ao meu lado, ela estava arrepiada, julguei ser de frio. Involuntariamente, em um sentimento de proteção, passei meus braços em volta dela. Confesso que fiquei nervoso esperando sua reação, relaxei ao sentir sua cabeça acomodada em meu peito.

  O único barulho ali era o do mar calmo, o dia já estava ficando claro quando senti algo molhando minha camisa, olhei para baixo e vi que algumas lagrimas molhavam o rosto de Nina.

- O que houve, meu anjo? – levantei seu rosto.

- Lembranças, são apenas lembranças. – ela tentou enxugar as lagrimas, não deu certo, em instantes outras já caiam.

- Seria um prazer se você quisesse compartilhar essas lembranças comigo. – depositei um beijo no topo de sua testa.

- Eu não quero encher sua cabeça com isso e pode parecer uma coisa boba...

- Eu sei que não vai, pode dizer Nina. – eu realmente gostaria de saber o motivo daquelas lagrimas.

- Eu costumava fazer isso com minha mãe, mas depois que ela se foi, nunca mais havia feito. – senti sua voz estremecer.

- Eu sinto muito Nina, não queria causar isso... – ela me interrompeu.

- A culpa não é sua, a culpa de tudo isso é só minha, unicamente minha. – agora ela até soluçava por conta de seu choro intenso.

- A culpa não é sua meu anjo, eu sei que não. – eu a abraçava forte, para que ela pudesse se sentir segura.

- Um dia tudo voltou a desmoronar, de repente, sem aviso. Perdemos o controle de nossas vidas mais uma vez. Em uma tarde como outra qualquer, durante uma consulta médica de rotina com seu médico, descobrimos um câncer em sua mama direita. Era a vida da minha mãe que estava em jogo e eu não poderia fazer nada. Acho que é assim que as pessoas se sentem quando alguém que você ama recebe uma notícia dessas. Ela fez mil exames diferentes. Era uma quarta-feira, na sexta veio o resultado, era maligno. Além disso, era grande e muito agressivo. Meu mundo desabou pela milésima vez naquele ano, mas eu tinha que me mostrar mais forte do que nunca. O pânico parecia ter se instalado e ela tremia de medo. Com os olhos inundados de medo, disse olhando no fundo dos olhos de seu médico: “Não me deixe morrer!  Eu não posso morrer, não agora! ” Ele a olhou fixamente e respondeu friamente: “Vou fazer o possível, lhe prometo! ” Assim foi ela para outro médico que lhe examinou e disse que o melhor tratamento seria começar com a quimioterapia. Com a cabeça baixa e os braços esticados sobre a mesa da cozinha, começou a chorar e me condenar: “A culpa é toda sua, se não fosse por você, eu não estaria nessa situação!” A culpa era minha? Talvez fosse, naquela altura eu já me culpava por todo mal que chegava até minha família. Logo veio a quimioterapia. Só quem vive um momento assim entende que o cabelo já não é uma questão de vaidade, pura e simplesmente. Ainda mais ela, que sempre se cuidou com tanto carinho. Como uma boa leonina que ela era, seu cabelo era sua força. Pelo menos nós achávamos que era. Saímos de lá com uma consulta marcada com um oncologista, um dos melhores do pais. Graças a Deus tínhamos os recursos para trata-la no melhor centro de oncologia da América Latina, porem acho que não foi o suficiente. E nessa roda viva, ela mal conseguia chegar perto de mim. Certa vez ouvi ela dizendo que eu não deveria me apegar mais a ela, pois ela poderia morrer em breve. Eu tentava ser forte, mas uma voz negativa me dizia que se eu não estivesse mais por perto, em pouco tempo, precisaria aprender a viver sem minha mãe. E assim eu me afastava e chorava em silencio no meu quarto. Pensei muitas vezes que, se ela se fosse, não haveria mais motivos para viver. E sempre, depois de sair de seu quarto, uma onda de culpa se instalava em meu coração.  Eu passei a viver um misto de emoções. Ao mesmo tempo que eu queria abraça-la e não soltar nunca mais, até o último minuto, não conseguia olha-la nos olhos, pois não queria que ela visse la no fundo, o meu medo. As coisas começaram a piorar, acordava durante a madrugada com seus gritos de desespero. Foram dias horríveis, mas eles continuaram a passar, infelizmente. Chegou então o dia da consulta e fomos apresentados ao plano de guerra: seis sessões de quimio, uma cirurgia e possíveis sessões de radioterapia caso ela suportasse. Nessa ordem. O seu câncer era realmente grande, mas não era impossível de cura-lo. O médico a olhou e perguntou: “Quando você quer começar?” Ela respondeu sem pestanejar: “Agora doutor, pode ser?” Nós a olhamos surpresos e ela completou: “ É que hoje faltam seis, mas amanhã faltarão apenas cinco.” Ele a aplaudiu com um olhar de admiração e correu para preparar seu leito. Enquanto a enfermeira procurava sua veia para começar a infusão, procurei entrelaçar nossas mãos, mas ela se recusou. Aquilo era a prova de que minha mãe realmente me culpava por tudo, e eu claramente compartilhava da mesma ideia. Mesmo sem sua mão junto a minha, orei com toda a minha fé, orei várias vezes e o pedido sempre foi o mesmo: “Por favor Deus, me deixe ficar com minha mãe!” Se passaram assaram 64 dias e ela já havia feito a sua quarta sessão. O cabelo já tinha ido, foi doloso para nós, ela pediu para Nando o raspar, na hora ele recusou, mas se tratava de um pedido de nossa mãe ele queria agrada-la de qualquer forma. Foi horrível, uma dor terrível, as lagrimas caiam em grande quantidade tanto de mim, Nando e ela, mas suportamos forte. Ela se recusou a olhar-se no espelho de frente, sem peruca, por alguns dias. As coisas andavam devagar, mas bem. Ela reagia bem ao tratamento, conseguiu passar pela cirurgia e iniciaria a radioterapia. Foi um dia depois da primeira sessão, já era madrugava e ela já dormia, pelo menos eu pensava que sim. Fernando não estava em casa, naquele momento não havia como ele sequer ter mais uma falta em seu curso. Logo, a noite de cuida-la seria minha, já que sempre revezávamos os dias. Eu estava no meu quarto fazendo os trabalhos do colégio, que por conta das correrias envolvendo hospitais e consultas acabavam ficando acumulados. Ouvi seus gritos, que já haviam se tornado frequentes, caminhei até seu quarto julgado ser apenas mais uma crise de pânico ou até mesmo dor. Puro engano! Quando abri a porta me deparei com a pior cena que já havia visto, havia sangue, muito sangue espalhado por sua cama. Minha mãe tossia engasgada com seu próprio sangue. Entrei em desespero, mas sabendo que sua vida dependia de mim, apenas tratei de ligar por socorro. No caminho liguei para seu médico, que nos mandou para o hospital mais próximo. Eu pedia para que ela não me deixasse, e ela sem parar de chorar me pedia perdão, perdão porque sabia que iria me deixar. Até um certo ponto a acompanhei segurando sua mão, quando me disseram que eu precisaria esperar no lado de fora, ouvi a última frase de minha mãe: Seja feliz filha, eu te amo!” E só, eles a levaram e chorei, chorei como uma criança. Aguardei por alguns minutos, os mais longos e solitários de minha vida, já que Nando não atendia o telefone. O médico saiu da sala, corri até ele e perguntei por ela. O doutor com uma cara de piedade, apenas disse: “Eu sinto muito, mas sua mãe não resistiu ao efeito do veneno” Aquelas palavras foram como um nocaute que me derrubava mais uma vez em meio a vida. Permaneci alguns segundos em silencio, tentando digerir tudo que havia acontecido, quando falei, gritei as piores palavras já ditas: “Câncer maldito, levou a minha mãe de mim, não pode ser” ele apenas assentiu e eu perguntei o porquê, o porquê daquilo tudo, o médico como todo ser racional tentou explicar: “Não foi o câncer que levou sua mãe, foi a dose de veneno, ninguém seria capaz de aguentar” Mais um nocaute, minha mãe havia se envenenado e a culpa era toda minha. O tempo passou, eu não superei e jamais vou superar, mas hoje tenho meu irmão. Nando é exatamente tudo pra mim, só que as vezes, bate um vazio no peito, uma saudade, uma dor que nunca vai passar e o medo de acabar sozinha, sem ninguém, sem família e sem amigos. – ela chorava copiosamente e eu chorei junto, sei que deveria ser forte, mas impossível não se emocionar com a história daquela garota.

- Eu não sei nem o que te falar, talvez nem tenha palavras a serem ditas agora. Mas eu posso te prometer uma coisa, algo do fundo do meu coração. – disse enquanto erguia seu rosto.

- Não precisa dizer... – eu a interrompi

- Nina Franco, a partir de agora eu vou te ajudar, eu vou te ouvir, vou te aconselhar, vou te abraçar quando se sentir insegura, vou enxugar suas lagrimas quando elas caírem, vou te arrancar sorrisos quando a tristeza insistir em ficar e vou estar aqui sempre que precisar... E serei tudo por você! – ela apenas sorriu e me abraçou forte.

- Você me promete? – ela sussurrou em meu ouvido, pensei para responder, mas respondi com sinceridade.

- Prometo anjo! – não tem mais jeito, agora eu estarei ligado a ela. Eu prometi, dei minha palavra de homem, meu pai me ensinou a nunca quebrar uma promessa e estou disposto a mantê-la para sempre. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Digam o que estão achando, é muito importante para mim


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