1. Spirit Fanfics >
  2. Após a escuridão abençoada >
  3. When the time comes you will know

História Após a escuridão abençoada - When the time comes you will know


Escrita por: polypop

Capítulo 21 - When the time comes you will know


Fanfic / Fanfiction Após a escuridão abençoada - When the time comes you will know

O dia passa tranquilo, se não fosse o fato de uma criatura estar à solta em Londres, o Dr. Frankenstein ainda não ter aparecido e Ethan ter partido, Vanessa poderia até se dar ao luxo de relaxar.

Ela não gostava dessa tranquilidade toda. Ela se lembrava de quando era criança e via o mar sereno com poucas ondas, mas no horizonte o céu estava denso de nuvens, anunciando uma tempestade. Era assim que Vanessa estava se sentindo: observando o mar tranquilo com uma tempestade se aproximando. E, assim como quando ela era criança, ela sabia que não poderia fazer nada para evitar. A tempestade chegaria mais cedo ou mais tarde.

Mas quando reina a paz, quando a bonança impera, Que desespero horrível me exaspera! O verso de Charles Baudelaire ecoava na cabeça de Vanessa em repetição.

Após andar de um lado para outro na sala repleta de livros, Vanessa resolve sentar-se à mesa redonda. O baralho de tarô a encara. Ela hesita um pouco antes de pegar as cartas e embaralhar. Já tinha tempo desde que ela não praticava o ritual pagão, mas talvez isso pudesse aliviar a angústia em seu peito ou mostrar um caminho a seguir.

O ritual de preparar o baralho e limpar a mente antes de iniciar a leitura das cartas fluía natural, inerente à ela. Um dom nato, de acordo com sua velha amiga, Joan Clayton.

Com a mente e a casa silenciosa, Vanessa se concentrou no trabalho à sua frente. Ela fechou os olhos e colocou a mão sobre as cartas, mas, como se levasse um susto, abriu os olhos repentinamente e sua respiração ficou ofegante.

Ela tinha visto, ela tinha sentido. Ela sabia onde estava Victor e ele precisava dela.

Vanessa levantou-se e foi ao quarto de Sir Malcolm, bateu na porta e entrou sem pestanejar quando ele respondeu.

VANESSA: Sir Malcolm, alguma notícia do Victor?

SIR MALCOLM: O jovem doutor deve ter perdido o caminho de casa ontem à noite, mas provavelmente já deve ter encontrado o rumo novamente. Não acho que seja motivo de preocupação, Vanessa. Mr. Lyle disse que iria resolver algumas coisas no Museu e que passaria na casa de Victor depois para deixa-lo a par da situação.

VANESSA: Victor não está em casa.

SIR MALCOLM: E onde estaria?

Vanessa se abraça e esfrega os braços lembrando do lugar frio e escuro que vira em sua mente.

VANESSA: Um lugar frio, escuro, úmido... – ela estremece ao falar as palavras.

Sir Malcolm observa a linguagem corporal de Vanessa e sabe que ela não está apenas falando, ela está vendo e sentindo o lugar.

SIR MALCOLM: E esse lugar frio seria onde?

VANESSA: Ao norte da cidade, algum lugar ao norte. Eu me sinto como uma bússola sendo puxada para o norte. É lá que o Dr. está.

SIR MALCOLM: Você pode sentir se ele... bem... como ele está?

VANESSA: Assustado... não sei!

Sir Malcolm assente. O momento não poderia ser mais inoportuno. Ethan fora da cidade, uma criatura à solta, Victor desaparecido e Vanessa com novas visões. Malcolm tenta manter a calma e não se desesperar. Na África quando a situação estava adversa e ele pensava que era o fim do caminho a calma era o que o guiava para uma solução racional. Era isso que ele precisava agora: ser racional.

SIR MALCOLM: Chamarei Mr. Lyle e Miss Hartdegen para pensarmos em uma forma de irmos atrás do Victor.

VANESSA: Não há tempo.

SIR MALCOLM: Vanessa...

VANESSA: Victor precisa de nós... de mim. E eu vou atrás dele. – Ela vai em direção à porta, mas Sir Malcolm a chama.

SIR MALCOLM: Vanessa! Espere.

VANESSA: Se quiser ir, apreciarei sua companhia, Sir Malcolm, mas não posso esperar.

SIR MALCOLM: Vanessa!!

Vanessa sai e fecha a porta atrás de si. Ela entra em seu quarto para pegar o casaco e para por um momento em frente ao crucifixo da parede. Ela faz o sinal da cruz pedindo proteção e deixa o quarto.

Vanessa desce as escadas, mas antes de sair pela porta Sir Malcolm a alcança.

SIR MALCOLM: Vou com você, Vanessa. – Ela assente. – Mas antes preciso mandar um mensageiro avisar Mr. Lyle onde vamos e pegar minha arma. Tudo bem?

Vanessa fica parada à porta observando Sir Malcolm ir ao escritório escrever o recado e pegar a arma e a munição.

Por um momento ela não sabe o que fazer. Esperar Sir Malcolm era o mais sensato e a coisa mais racional que poderia fazer, mas não era isso que ela sentia. Mais uma vez essa era uma batalha dela.

Silenciosamente ela sai e deixa a porta entreaberta.

Quando Sir Malcolm retorna ele não vê mais sinal de Vanessa, nem dentro de casa, nem nos arredores. Ele sabia que ela tinha dito norte de Londres, mas que lugar ao norte?

 

Ethan ruma ao sudeste da cidade, segue sem rumo e em frente. De algum modo ele sabe que encontrará com Kaetenay. Ele não gostava de lembrar do último momento em que esteve com seu pai Apache, mas sabia que era inevitável reencontra-lo.

Ethan ainda não entendia os planos de Deus, não sabia porquê Kaetenay o havia escolhido e ainda guardava ressentimento do que ele precisava se tornar todo mês.

A região de planície permite que Ethan consiga percorrer uma longa distância antes do pôr-do-sol. Nas proximidades do condado de Kent ele vê seu pai sentado na grama como se o aguardasse. Ethan se aproxima e o cumprimenta.

ETHAN: Achei tinha voltado para a América.

KAETENAY: Voltarei, mas o mal ainda te ronda, meu filho.

Ethan ergue uma sobrancelha e dá um meio sorriso. Isso não era nenhuma novidade, ele sabia do perigo real que estava em Londres. Ethan se sentia culpado e arrependido de saído de Grandage Place agora, mas temia mais saber que poderia ferir Vanessa com suas próprias mãos. Ele senta-se junto a Kaetenay.

ETHAN: É o que dizem.

KAETENAY: Você não desistiu de salva-la. – Era uma afirmação, ele sabia que o filho nunca desistiria de Vanessa. Ethan balança a cabeça, sacudindo o cabelo que cresce. O sol do fim do dia deixa os fios com uma cor castanha dourada.

ETHAN: Se eu tenho um propósito nesta vida é não deixar que nada de mal lhe aconteça. – Ele pega uma pedra no chão e começa a brincar com ela, como se estivesse distraído, mas só queria manter as mãos ocupadas.

KAETENAY: E se ela já estiver condenada?

ETHAN: Então eu estarei condenado junto com ela.

Kaetenay não responde e os dois ficam em silêncio por um momento. Kaetenay não tem certeza se deve continuar falando de Vanessa com Ethan, mas também não quer falar sobre a transformação. Muitas coisas não precisam ser ditas, apenas sentidas.

KAETENAY: Você precisa aprender a sentir. Precisa farejar o mal do mesmo modo que fareja sua presa. Hoje à noite, não fareje apenas a presa. Procure por algo mais. Seja a besta, mas não esqueça do homem que é. Lembre-se de quem você é. Só assim você terá uma chance.

ETHAN: Uma chance?

KAETENAY: De salvar uma alma. Ou duas.

Ethan assente. Ele absorve todas as palavras com atenção. Ele aprendeu muito com os apaches e principalmente com Kaetenay. Talvez estaria morto se não fosse por ele.

ETHAN: Apache? E o que você sente?

KAETENAY: Quando chegar a hora, você sentirá também.

 

A catacumba do cemitério de Highgate está aberta agora que a noite chegou e Victor finalmente consegue respirar um ar menos denso. A criatura o mantem preso de algum modo que ele não sabe explicar. Não há amarras em seu corpo, mas Victor não consegue se afastar do lugar. É como se seu corpo pesasse quando aparecia o desejo de sair dali.

Após passar o dia inquieto, Imhotep agora estava em estado de atenção. Qualquer barulho o deixava em alerta. Victor não estava mais com medo e apenas observava com cuidado cada gesto da criatura.

Victor estava de costas e não reparou na forma humana que apareceu naquele lugar do cemitério. Somente quando Imhotep fez um gesto de reverência é que ele olhou para trás e viu Vanessa Ives em pé, com a cabeça erguida e ar destemido.

IMHOTEP: Amunet! Estava te esperando.


Notas Finais


Curiosidade da autora: sempre que vou escrever o sobrenome da Catriona eu lembro do sorvete Haagen Dazs e esqueço como se escreve o nome dela.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...