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História Após a escuridão abençoada - Only Human


Escrita por: polypop

Notas do Autor


Vanessa acorda confusa com tudo o que aconteceu. Ela não lembra de muita coisa, mas sabe que sua luta não terminou. Ela sabe que enquanto ela viver ela será perseguida pelas trevas e teme pelas pessoas que ela ama.

Capítulo 3 - Only Human


Fanfic / Fanfiction Após a escuridão abençoada - Only Human

Em casa, Dorian Gray liga o gramofone suavemente. Jekyll observa as pinturas com ar de tédio. Dorian era um homem interessante, possuía grande conhecimento nas mais diversas atividades, era refinado, sabia se portar perfeitamente na sociedade. Era um ótimo observador e tinha um grande prestígio, apesar de seus gostos peculiares. Jekyll não sabe até que ponto o envolvimento com Dorian pode ser vantajoso. Dorian é enigmático. Jekyll tem certeza de que ele guarda um segredo, mas não ousa perguntar. Ou melhor, não tem interesse em perguntar.

Dorian era bem aceito na sociedade e recebia muitos convites para eventos. Jekyll precisava dos contatos, mas será que Dorian seria a melhor companhia?

Perto dos outros, Dorian era uma figura diferente, ele destoava dos demais, ele não pertencia aquele lugar, mas era bem recebido e se encaixava. Jekyll sabia que também era diferente, mas ele faria parte da sociedade, assim como Dorian. Ele seria bem aceito e seu nome seria conhecido. Sim. Ele teria seu lugar de destaque, seria renomado, sua teoria seria comprovada e o seu teria poder.

DORIAN: Não sabia que o doutor apreciava arte.

JEKYLL: E eu não aprecio.

DORIAN: Interessante.

JEKYLL: A arte mostra apenas um lado das pessoas, não reflete a realidade.

DORIAN: Mas todos nós só mostramos o que queremos, não é mesmo? Sempre existe aquele lado obscuro que ninguém vê, que ninguém sabe que existe.

JEKYLL: E se pudéssemos separar o lado bom do lado mau?

DORIAN: Como vocês fizeram com Lily?

JEKYLL: Dr. Frankenstein não soube lidar com a situação.

DORIAN: Notei a fraqueza do pobre Victor desde a primeira vez que o vi. Pobre criança... – Dorian com muita calma começa a preparar a bebida que tanto lhe apetece. Coloca gim em metade do copo e ajeita uma colher em cima – Posso lhe servir um drink?

Jekyll se aproxima dele.

JEKYLL: E o que temos aqui?

DORIAN: Conhece o absinto?

JEKYLL: Só suas propriedades médicas.

DORIAN: Deveria saber. Sabe, há um tempo, eu introduzi a bebida a um cavalheiro. Você se surpreenderia com as coisas que aconteceram. – Diz enquanto termina de preparar a bebida. Delicadamente coloca um cubo de açúcar sobre a colher, pinga umas gotas do líquido verde e acende o fogo.

JEKYLL: Se eu te apresentasse minhas teorias você veria que nada me surpreende.

Dorian serve o drink e os dois viram o copo.

Em Grandage Place Sir Malcolm está sentado confortavelmente em frente à lareira lendo o jornal. Após muito tempo as notícias finalmente são tranquilas. A paz teria voltado a reinar em Londres? Ou era apenas um arco-íris brilhando no meio das nuvens de tempestade?

Silenciosamente, como sempre, Vanessa entra na sala.

VANESSA: Sir Malcolm.

MALCOLM: Vanessa...  – ele dobra o jornal e o coloca de lado. – Como está?

VANESSA: Melhor.

MALCOLM: É bom te ver andando pela casa novamente. Uma casa precisa da presença feminina.

Vanessa sorri, mas não demonstra felicidade.

VANESSA: Obrigada. – Ela hesita antes de recomeçar a falar – Sir Malcolm... não sei se é o momento ideal para... – ela se senta na poltrona lateral e olha Sir Malcolm nos olhos. Como era difícil olhar para ele, mesmo depois de tanto tempo. Ela o conhecia a vida toda, mesmo assim era difícil encontrar palavras. Malcolm Murray. Ela passou mais tempo na casa dos Murray do que na própria casa. Mesmo depois de adulta, mesmo depois de tudo o que ela fez com Mina. Talvez ela mesma fosse uma Murray, afinal de contas. – Bem, acho melhor falar de uma vez.

MALCOLM: Sim, minha querida. – Malcolm percebe o olhar preocupado de Vanessa e aguarda com calma ela falar.

VANESSA: Sir Malcolm, eu agradeço por tudo o que o senhor fez por mim durante os últimos anos, mas depois de todo sofrimento que eu lhe causei acho que seria melhor se eu não ficasse mais aqui. O senhor nunca estará a salvo do meu lado, ninguém estará. Cansei de trazer sofrimento e destruição para todos que se aproximam de mim. Eu tenho um lugar onde posso ir e ficar a salvo – ela esperava que estas últimas palavras fossem verdade. – Acho que seria melhor para todo mundo.

Sir Malcolm levanta e senta ao lado dela, segurando suas mãos. Elas tremem. Ele não sabe se ela está tremendo ou se é ele mesmo.

MALCOLM: Vanessa, você não precisa mais carregar essa culpa. Houve uma vez na vida que eu acreditei que você acabou com a minha família. Houve uma época que eu quis te matar. Mas eu olhei para mim, vi meus erros, minha culpa e percebi que somos apenas humanos. Nossos pecados nos separaram e nos juntaram novamente. – Com lágrimas nos olhos ele continua falando – Vanessa, eu não lutei por você tantas vezes para te perder de novo. Você é a única família que me resta. Não preciso ficar em segurança. Depois de tudo o que vivi, todas as aventuras na África e na América, e aqui mesmo em Londres, me mostraram que eu não nasci para ficar em segurança. Minha vida é correr riscos. Eu não tenho motivos para ficar a salvo agora. Eu não pude salvar minha família antes, nunca poderia viver com a consciência tranquila sem saber o que está acontecendo com você.

VANESSA: Me desculpe. Eu...

MALCOLM: Por ser humana? Vanessa, desde que você era criança eu via como seus olhos eram ávidos por conhecimento, como seu espírito era aventureiro e como você se parecia comigo. Parecia errado desejar que você fosse minha filha. Mina e Peter pareciam com Gladys, mesmo que eles desejassem seguir meus passos eu sempre soube que eles não eram fortes o bastante, mas você. – Ele seca uma discreta lágrima com as costas da mão. – Com você era diferente. E você sobreviveu. – Malcolm a abraça e diz ternamente – Então, Vanessa, não existe a menor possibilidade de você sair dessa casa. Não quero ficar a salvo. Quaisquer que sejam os perigos que enfrentaremos daqui para frente o enfrentaremos juntos. De que adianta a vida se não for para passa-la junto de quem amamos?

Vanessa abraça Sir Malcolm e ele dá um beijo em sua testa. Ela chora em silêncio.



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