Seul, 26 de julho de 2009 - 11.30am
Jimin e Taehyung correm agitados ao redor do pátio de sua escola. Faltam apenas alguns minutos para que o último sinal do dia se faça presente, indicando o tão aguardado término das aulas.
— Tae, por quê os seus amigos estão apontando pra nós e rindo? — Jimin para repentinamente e vira-se para o lado oposto, fitando os garotos que os lançam olhares descarados.
— Ah, eles acham patético que eu brinque com alguém mais novo. Na verdade, acham patético que eu ainda brinque. — ri nasalado, observando o amigo moldar uma feição entristecida — Mas eu não me importo, Minnie. Eu adoro brincar, especialmente com você, e nada do que esses idiotas disserem vai mudar isso. Está bem?
O menor contenta-se em assentir com a cabeça, mantendo sua visão ao chão.
— Agora melhore essa carinha. — Taehyung leva seu indicador direito até o queixo do outro, erguendo-o com delicadeza.
— Tá bom. — permite-se dar um breve sorriso, escondendo os dentinhos tratados com tanto zelo.
Antes que possam retornar à brincadeira, o soar agudo do ruído vindo das caixas de som invade a audição de todos. As crianças se apressam para ajeitarem as mochilas nas costas, direcionando-se velozmente para o portão de saída. Park e Kim não são diferentes, sempre apostando sobre quem chegará primeiro ao lado de fora.
— Hoje será uma bala. — o mais velho dita, sorridente.
— Só isso? É medo de perder? — Jimin o lança um olhar desafiador, levantando uma das sobrancelhas, enquanto sorri ladino.
— Óbvio que não, sabe que sou o mestre. — dá uma piscadela — O appa disse que não vai mais comprar chocolate, então, resta a bala.
— Ah, pode ser. — ele analisa seu campo de visão, notando a saída já vazia — Pronto? — antes que Taehyung tenha a chance de lhe responder, avança em disparada para o portão.
— Ei, isso é trapaça! — grita, correndo logo em seguida para tomar a frente.
Encontram alguns obstáculos pelo caminho, como a necessidade de se esquivarem das demais pessoas que permanecem impossibilitando a passagem, porém isso não os impede de concluírem seu objetivo.
— Ganhei! — o pequeno Park fala com certa dificuldade, os joelhos semiflexionados e ambas as mãos apoiadas no mesmo, tentando recuperar o fôlego perdido — Quero minha bala.
— Olha, eu tenho todo o direito de não te dar, já que você trapaceou. Mas — dá ênfase na palavra — sou o melhor amigo do mundo, então… — mexe em um dos bolsos de seu jeans e retira o doce, logo o entregando para o menor — tá aqui.
Jimin rapidamente livra o quadradinho colorido de sua embalagem, aproveitando este como se fosse um real troféu. É a primeira vez que vence o loiro desde que iniciaram a competição, sente-se quase realizado por ultrapassar seu hyung.
Em uma fração de segundos o menor termina de saborear seu prêmio, chamando Taehyung para seguirem o trajeto para casa.
(...)
Os jovens escoram-se na parede externa da casa dos Jeon’s, ali conservando um diálogo durante consideráveis minutos.
— Não vai agora, Tae. Acho que o tio Nam tá aqui.
— Será? Ele não me avisou que viria.
— Vem, vamos conferir. — ele insere a chave prateada na fechadura da porta amadeirada, girando-a sem pressa.
Após adentrarem o local, o único barulho ouvido é o som ensurdecedor do silêncio. Decidem investigar o porquê de tamanha quietude, percorrendo os cômodos mais próximos, contudo todos encontram-se vazios.
— E os quartos, Jiminnie?
— Ah, é! Eles devem estar dormindo. Vamos lá.
Passando pelos corredores, o moreno nota ruídos estranhos sendo emitidos de um dos quartos.
— Você tá ouvindo? — Jimin para seu caminhar sem avisos, fazendo com que o outro choque o peito com suas costas.
— O quê? — Taehyung demonstra plena confusão em sua expressão.
— Parece vir do quarto de hóspedes. — seus passos tornam-se lentos, andando na ponta dos pés até a porta atrás de si.
Cautelosamente aproxima a destra da maçaneta, girando esta devagar de forma a deixar somente uma estreita fresta aberta. A pequena abertura lhe permite presenciar uma cena que causa espanto; Jungkook sentado na velha cama de solteiro, aos beijos com Namjoon.
— Oh… — ligeiramente afasta-se do objeto móvel, tapando a boca com a própria mão em um movimento para barrar o provável grito.
— O que você viu? — o mais velho o questiona, aflito.
— Os appas… eles estão se beijando. — vira-se para o amigo com os olhos arregalados.
— Appas? O meu e o seu?
— Sim. Ele está traindo a omma!
— Fale baixo! — o Kim mais jovem agarra o braço do outro com cuidado, guiando-o até o quarto do mesmo.
Ao chegarem em seu destino, ambos sentam-se na cama e buscam produzir o mínimo barulho possível.
— Tio Kookie não está traindo sua omma.
— Mas ele está beijando outra pessoa! — cruza os braços e franze o cenho.
— Sim, mas isso nem sempre é traição, Jiminnie. Beijamos alguém para demonstrar nosso amor e carinho por essa pessoa.
— É? — Jimin ergue uma de suas sobrancelhas, pendendo a cabeça para o lado. Definitivamente não está compreendendo.
— Sim. — permite-se soltar breves risadas — Eles são amigos, estão mostrando que amam um ao outro e que são importantes.
— Sendo assim, eu posso te beijar?
— Pode. — achega-se mais ao outro, moldando um bico pidão.
— Mas eu não vou. — o menor o empurra aos risos — Omma diz que ainda sou muito novo pra essas coisas.
— Eu não acho. — ajeita-se sobre os lençóis gélidos — Enfim, já que eles estão aqui, vamos jogar!
— Vamos!
— Ah, Jiminnie?
— Sim?
— Não conte o que viu para ninguém, certo?
— Por quê?
— Ah, é uma coisa sem importância, não precisa ser comentada. Fica só entre nós? — estende o mindinho na direção do outro.
— Tá bem, só entre nós. — repete a ação de Taehyung, enroscando os dedos rapidamente.
(...)
No outro cômodo, Jungkook e Namjoon conservam-se trocando carícias. Nenhum sabe dizer ao certo como chegaram a tal ponto. Num segundo conversavam sobre família, notícias e os últimos acontecimentos marcantes; no outro suas línguas travavam uma incessante batalha.
Kim não pode negar tamanho contentamento com a atual situação, embora tenha conhecimento do tremendo erro que está cometendo. Porém, ele não se importa. Jeon jamais abandonou seus sentimentos mais profundos, assim como seus sonhos todas as noites; é e sempre será o amor da sua vida.
Jungkook, por outro lado, encontra-se imerso num mar de sensações e arrependimentos. Sabe que, mesmo indiretamente, está decepcionando sua mãe. Está quebrando os votos sagrados com sua esposa e possivelmente destruindo sua família tão amada. Todavia, ele sentia falta de tudo isso. Sentia-se incompleto quando nos braços de uma mulher. Mas agora, novamente acolhido por sua primeira paixão, seu coração está aquecido.
Em meio a todo o caos, as crianças ainda são um fator a se preocupar.
Taehyung sempre esteve a par de tudo e irá se empenhar para o ajudar o pai no que for preciso. Já Jimin, bom… seu lado na história ainda é incerto. O garoto ainda terá muito o que aprender.
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