Uma voz ecoava em minha mente em um tom áspero como se gritasse com algo ou alguém, mas logo tornou-se um tom meio preocupado, senti meu corpo ser chacoalhado e abri meus olhos lentamente, minha visão estava turva e minha cabeça doía um pouco, mas nada que não fosse suportável.
Primeiramente pensava que já havia ido dessa pra melhor. “Eu fui uma boa menina não fui? “- Foi o que pensei.
Quando finalmente foquei as imagens, me deparei com uma garoto falando algo que não compreendi. Este era um moreno razoavelmente alto ( já que sou baixinha então todo mundo para mim é alto), trajava uma camiseta justa ao tronco branca, ou melhor branca é apelido ela estava e toda manchada do que eu julgo pelo aroma ser graxa ou gasolina, seu corpo estava razoavelmente molhado e suas mãos que até agora fixas em meus braços exalavam a ... hum, sabão?
Enfim Consequentemente eu também estava um pouco molhada, o que me deixou um pouco intrigada.
_Você está bem? - ele perguntou.
_Acho que sim. A grama está alta, então é macia. Tirando essa pedra ali – disse afagando minha cabeça devido a dor que ainda não havia cessado, e observando a rocha no chão. - O que aconteceu?
_Acha? Você quase sofreu um acidente, ainda bateu a cabeça e acha que está bem?! Sua sorte é que aqui não é uma rua movimentada. - Ele disse exasperado, passando a mão pelos cabelos castanhos úmidos como se eu tivesse perguntado algo banal.
Em parte ele tinha razão, tenho sorte da rua estar deserta, mal me mudei e já seria notícia “muito bem Ana”.
Notei que ainda estava deitada no chão e ele ainda estava com seu corpo sobre meu .
_Você se importa? – disse fazendo menção para que saísse de cima de mim.
_Ah claro. - soou irônico - e um muito obrigada por não me deixar morrer também seria muito bem-vindo, já que estou deixando de cumprir minha carga horaria pra estar aqui. Eu e meu coração bom- sussurrou a última parte. Me estendeu a mão para que me levantasse e eu aceitei de bom grado.
_ Nossa, sempre simpático assim. – disse ajeitando minha roupa.
_Nem sempre, só com mocinhas distraídas. – sorriu de canto- aliás você demorou a se pronunciar, achei que era muda.
_Dramático... Ah, cara! – resmunguei.
_Que foi quebrou alguma coisa? - perguntou.
_Quê?! Não. Pior.
_Pior que cair e se quebrar? - Disse confuso.
_Sim! Rasguei minha blusa favorita.
_Ah fala sério! Só me faltava essa- disse ele balançando à cabeça negativamente.
_Ei! Ela é mais que uma blusa qualquer, Tá. Quem me deu nunca mais me presenteará novamente, ela é... ela é especial. “Porque eu ainda me dou o trabalho?”
Assustei-me com uma voz conhecida atrás de mim.
_AÍ ESTÁ VOCÊ!- disse Natan meio irritado. “lá vem”- Estou te procurando, não tem noção de hora né, sua portadora de Alzheimer.
“Portadora de Alzheimer?! Essa é nova.”
_Graças a sua demora, mamãe me fez vir no mercado, isso é seu trabalho. - afirmou ele. Jogou um guarda chuva para mim. - toma carrega alguma coisa. Será que tenho que fazer tudo? Você parece uma criança.
Natan segurou minha mão e saiu praticamente me arrastando refazendo o caminho percorrido anteriormente percorrido por ele sobre a calçada.
Confesso que fiquei constrangida, e essa sensação só aumentou ao olhar para traz e ver o garoto me observando atônito e confuso.
Por fim quando nossos olhares cruzaram-se, sorriu e sibilou um Ma-Lu-Ca!
Argh! Não deixei por baixo e contra ataquei sibilando um O-bri-ga-da! que a essa altura do capeonato teria um duplo sentido, mas meu objetivo foi concluído com sucesso quando notei que seu sorriso foi murchando.
(...)
Depois de ouvir Natan reclamar o caminho inteiro, que dona Vera havia pegado no pé dele por ficar o tempo todo enfiado naquele quarto chegamos em casa, finalmente.
_Uau! O que houve com você? Andou brincando de rolar na lama. Sei que é seu passatempo favorito, mas podia esperar os vizinhos se acostumarem com a gente. Nem todos da família são como você. -Emma falou convicta, chamando a atenção de todos presentes, incluindo o mmm... vizinho? Ah, que seja!
_AH, VAI VER SE EU TÔ NA ESQUINA!
Todos me encaravam surpresos enquanto subia as escadas. Não estou com paciência para as gracinhas dela hoje.
_Não vai jantar?-minha mãe perguntou.
_Não. Não estou com fome, tudo que eu quero é um bom banho.-disse simplesmente e continuei a subir.
_Simpática sua irmã- ouvi o ‘intruso' falar.
_Ah, ela é adotada.
_EMMA! -repreendeu minha mãe.
_Mentira, mas as vezes gostaria que fosse verdade!-se corrigiu.
Depois de tomar um banho quente e relaxante, vesti meu pijama programei o despertador para as [06:00] e adormeci.
Chega de emoções por hoje!
[...]
O irritante som do despertador soava pelo cômodo e ecoava em meus ouvidos anunciando o início de mais um dia, onde eu obrigatoriamente entraria em uma nova rotina pela... ah esquece, até gosto de exatas, mas não pela manhã. Resumindo não é a primeira vez que isso me acontece.
Desliguei o aparelho e praticamente rastejei até o banheiro. Tomei um banho, fiz minha higiene e retornei a quarto, mais precisamente para o meu guarda roupa. Olhei-o atentamente, Escolhi uma regata básica preta e uma calça jeans clara, terminei de me arrumar e Peguei minha mochila e um cardigã azul,pois estava um pouco frio, desci para tomar meu café, já que tinha tempo de sobra.
Peguei um copo de suco na geladeira e sentei-me à mesa junto ao Senhor Leandro.
_Animada?- perguntou meu pai.
_Tenho escolha?- resmunguei.
_Nunca se reponde uma pergunta com outra- respondemos em unissono.
_Mas parece que você não aprende.-sorriu.
_Onde estão os outros?
_Sua mãe foi correr. Seu irmão saiu já tem algum tempo e Emma foi para a faculdade com a vizinha, elas cursam na mesma Universidade e estão bem íntimas. ”imagino, mais do vizinho que da vizinha eu suponho” .
_Bom já vou indo. -falei quando terminei o desjejum mandando um beijinho no ar.
_Não quer uma carona?
_Hoje não, tô com tempo e quero andar.
_Não vá se perder hein!
_Pode deixar chefe! -Bati continência e saí apressada. Meu pai odeia que o chame de chefe.
O caminho até o Colégio não era longo. Levei uns 20 minuto até o mesmo à uma velocidade razoavelmente lenta.
Uma estrutura com base antiga, mas era notável que havia passado por uma reforma há pouco tempo, pois tinha muitos traços contemporâneos. Faltavam alguns minutos para o início das aulas, então fui dar uma sondada e ver o que podia conhecer antes de começar o tédio supremo, ser novata resulta nisso.
Andei distraidamente pelos corredores e quase dei de cara com uma escada posicionada em um mural. Nela jazia uma menina pequena de cachos rubros .
_Cuidado aí em baixo.- sua voz soou doce e aguda.
_Desculpa estava distraída- disse simplesmente. Ela desceu da superfície metálica.
_Você é novata, não é?- apenas assenti- Me chamo Luíza. Muito prazer- ela estendeu a pequena e pálida mão . Sua estatura era como a de uma criança de 9 anos.
_A-na, Ana Skar.- apertei sua mão delicada- como sabe que sou novata?
_Bom- coçou a nuca visivelmente envergonhada.- você é a única perambulando pelos corredores antes do início das aulas e também nunca te vi por aqui. E tenho acesso aos documentos de entrada dos alunos, vi sua foto na ficha de inscrição. Desculpa sou bem imperativa- sorriu de canto.- Parte é por causa do meu trabalho.
_Trabalho?!
_É, prazer, presidente do grêmio estudantil, cuido de muitas coisas tipo isso . - Apontou um cartaz que provavelmente havia acabado de colar no mural, que anunciava um festival feito pelo terceiro ano, para arrecadar dinheiro para a formatura..- E você Está em que t-
_Aí está você? Venha comigo mocinha. -disse um senhor de meia idade cortando-a, julgo ser o diretor.
_Tenho que ir. Depois a gente se fala. Qualquer coisa me procure no grêmio. Foi bom te conhecer. Tchau.- ela saiu correndo com os cabelos esvoaçando e eu fiquei processando tudo.
Segui rumo a sala a qual me designaram número 2200. Espero que não chame a atenção. Cheguei e sentei-me em um lugar vago perto da janela no fundo mais para o centro do que para o fundo.
Aos poucos a sala foi sendo ocupada pelos alunos, alguns me olhavam e cochichavam, outros me ignoraram totalmente. Uma menina extremamente arrumada me encarava o tempo todo desde o momento em que pisou no ambiente. “acho que me sentei no lugar dela, mas não vou sair daqui até ela se manifestar”
(...)
Logo a aula começou, o professor disse algumas coisas sobre mim, e eu preferi não me apresentar, ele seguiu com sua aula. Pude ouvir alguns burburinhos sobre mim, mas nada demais, logo cessou.
A segunda aula foi interrompida por ninguém mais ninguém menos que o garoto dramático de ontem à tarde “é só o que me faltava”, ele entrou afobado pediu licença ao professor e segui pra o lado oposto no fundo da sala onde encontrou seus amigos suponho. Graças ao bom Deus ele não me notou.
_Se continuar chegando atrasado de novo vai ser rebaixado novamente Daniel. -O professor disse prosseguiu a aula.
_Desculpa aí Gregory, não vai acontecer de novo. -respondeu casualmente.
No intervalo conheci um grupo de meninas que vieram falar comigo.
Uma delas, a menina extremamente arrumada. Seu nome: Giselle. E ao contrário do que parece ela é super gentil e legal.
Fez de tudo para eu me sentir incluída como ela mesma diz. Juntamente com a morena Cristine ou melhor Cris, já que a mesma surta quando a chamam pelo nome normalmente. E a loira Sara. Elas não me largaram mais, perguntando as coisas sobre minha mudança, trocamos contatos. E fomos nos conhecendo.
Contei a elas sobre Luiza e elas disseram que a pequena está no terceiro, e que é muito espoleta. Deixei minha boca formar um ‘O'.
O restante das aulas passaram rapidamente.
(...)
Depois do almoço, tomei um banho e fui dormir um pouco. Despertei com meu celular tocando. Lívia. Minha melhor amiga da antiga cidade.
*_Alô?
_Miga, como Tá? Tá gostando daí, tem muitos gatinhos? Me conta tudo.
_Nossa, se afobe menos mulher. Nem sei por onde começar. -Contei para ela os acontecimentos recentes, o quase acidente, meu primeiro dia na escola nova e pude imaginar suas expressões
.
_Não vá me substituir hein.
_ Nunca. Você é substituível. E por aí, o que me conta?
_Você nem imagina, o Teo não para de perguntar por você, não tive coragem de contar a ele, mas a Bia sim, e bom ele ficou super tristinho, deu até dó. Ah e a Diana já está pegando o Gabriel. Ops! Foi mal não queria.- Senti uma pontada no peito.- Eu e minha bocarra!
_Tá tudo bem. Eu nem p-penso mais nele- minha voz saiu tremula, queria desabar. O cara que dizia me amar não esperou nem 24 horas de minha ausência para se atracar com minha ex-rival. Que dia!
_Vamos mudar de assunto.
_Ele não te merecia amiga!-tentou me confortar- queria estar aí contigo.
_Vem me visitar.*
Passamos mais um tempo conversando coisas aleatórias e depois fui ajudar minha mãe a preparar o jantar.
Não seria fácil esquecer a bomba que Lívia me jogara, mas pelo menos tentaria ocupar minha mente.
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