História Aprendendo a amar todo dia - SOLANGELO - Meu Deus, me desculpa, mas eu vou matar um estranho.

Acordo confuso e sem a mínima ideia de onde estou. O que eu fiz ontem pra estar em um quarto desconhecido? O pior é que não me lembro de nada de ontem, o que é muito estranho.

 Me sento na cama e passo a observar o quarto, que claramente é um quarto de hotel. Fico mais aliviado por não encontrar ninguém comigo. Enquanto observo o quarto, um álbum ao meu lado me chama a atenção. Na capa pedia pra mim ler tudo o que tinha pra ler.

 Leio tudo que Hazel escreveu sobre mim e sobre meu acidente, mas não fazia a mínima ideia de onde eu estava, ela não tinha colocado e eu estava totalmente perdido dentro de um quarto de hotel.

 Me levanto e vou ate um carrinho de comida do hotel, nele tinha comida pra duas pessoas. Será que Hazel esta comigo aqui? Fico parado olhando o carrinho, pensativo. Um barulho de fechadura me desperta e olho pra porta que deve ser o banheiro, estava esperando que Hazel saísse e me explicasse tudo direito, mas me assusto quando sai um cara loiro, lindo, sem camisa e secando seus cabelos cacheados com uma toalha. Assustado com aquilo, pego uma faca sem ponta no carrinho de comida, isso faz com que ele levante seu rosto( e que rosto!) e arregala os olhos quando aponto a faca pra ele:

_ Nico, acordou cedo- ele revezava o olhar do meus olhos para a faca.

_ Quem é você?- estico mais um pouco minha mão com a faca quando ele faz menção de se aproximar.

_ Vamos nos sentar e eu te explico, baixinho- ele da um passo pra trás.

_ Quem é você?- repito a pergunta- e não me chame assim!

_ Okay, Nico, se sente e vamos conversar.

_ Não quero conversar, quero saber quem é você- dou um passo pra frente.

_ Eu sou o Will, agora podemos conversar?- ele se afasta mais um pouco e eu me aproximo com a faca.

 Claro que eu não mataria o estranho, mas eu tinha que me defender se ele fizesse alguma coisa comigo. A cena dele se afastando com medo de uma faca seria engraçada se  eu não estivesse assustado demais com aquele ser bonito e sem camisa na minha frente.

_ Por que eu estou aqui e por que você ta aqui comigo?- paro de me aproximar quando percebo que ele é muito maior que eu e que facilmente ele podia me roubar essa faca, mesmo com essa cara de assustado por causa de uma faca sem ponta.

_ Nico, se a gente se sentar e conversar normalmente e sem facas vai ser mais fácil- ele coloca as mãos no bolso da calça jeans. Não conseguindo me segurar, encaro seu abdômen definido.

_ Coloque uma camisa- se ele não colocasse, eu provavelmente não iria me concentrar em nada.

_ O que?- ele pergunta confuso.

_ Você me ouviu- dou mais um passo pra frente.

 Ele levanta suas mãos em forma de rendimento e com certa incerteza, ele passa por mim, vai ate o sofá e eu o sigo com o olhar e com a faca. Ele pega uma camisa vermelha que cá entre nós, ficou muito bonita nele. Ele se vira pra mim e joga seus cabelos cacheados pro lado direito, ele tinha que fazer essas coisas na minha frente mesmo? Com toda certeza do mundo essa conversa seria muito difícil. 

 Ele senta na cama, me olha e da duas batidinhas na cama ao seu lado, indicando que eu me sente ao seu lado. Com receio, vou ate ele e me sento um pouco mais afastado dele, ele se aproxima um pouco e lentamente ele ergue sua mão e pega a faca da minha mão, eu demoro um pouco pra largar a faca, mas acabo soltando.

_ Olha, só me escute okay?- ele coloca a faca na cama, um pouco longe de mim.- nós nos conhecemos em um McLanche, conversamos e começamos a sair. Se quiser pode ligar pra Hazel e perguntar- ele diz e eu arregalo os olhos. Me estico e pego novamente a faca.

_ Como conhece Hazel?- pergunto esticando a faca. Ele se afasta e coloca as mãos na frente de seu corpo se defendendo.

_ Nico, nós brigamos uma vez e ela veio falar comigo. Você já tinha me falado da sua irmã. Agora larga essa faca que realmente ta me dando medo.

 Eu me levanto da cama confuso, eu não consigo acreditar que nos conhecemos e eu não me lembre dele, isso ta muito estranho.

_ Eu sei que é estranho da noite pro dia descobrir que tem um namorado- o que? Namorado?- mas você me deixou continuar na sua vida. 

_ Namorado?

_ É, olha- ele se levanta e a passos lentos, ele se aproxima- não precisa ficar assustado assim, confia em mim- ele se aproxima mais de mim.

_ Se afaste- ele não se afasta- eu tenho uma faca... Will.

_ Nico- ele ri- para com isso, essa faca nem corta- ele tenta pegar a faca, mas eu a afasto de sua mão.

_ É melhor se afastar ou eu faço essa faca perfurar sua cabeça- ele solta uma gargalhada e a unica coisa que faço é observar a tamanha beleza dele, me recomponho e faço minha melhor cara assassina- eu estou falando sério.

_ Nico, vem, larga essa faca, eu te explico tudo e depois nós vamos ate a sua surpresa- ele fala se aproximando mais um pouco de mim. Seu corpo esta quase colado no meu.

_ Não vou a lugar nenhum com você, ta louco?!

_ Meu Deus, tava morrendo de ciumes de mim ontem e hoje quer me matar- diz pra si mesmo com um pequeno sorriso. 

 Como assim ciúmes? Esse cara deve ta doido, só pode, eu não sinto ciúmes de ninguém, ainda mais de uma pessoa que não conheço!

_ Deus, me desculpa, mas eu vou matar um estranho- digo e levanto a faca, fazendo ele da um passo pra trás.

 Lógico que não iria machucar ele, só queria que aquele ser saísse da minha frente e sumisse dali pra mim ver o que eu faço da minha vida em um lugar que eu não faço a minima ideia de onde é.

_ Não brinca com isso, baixinho- ele se afasta mais um pouco quando me aproximo dele.

_ Já disse pra não me chamar assim, eu tenho uma faca.

_ Baixinho- ele abre um sorriso brincalhão que me desconcentra um pouco.

_ Okay- digo bufando- eu tentei poupar sua vida.

 Me aproximo rapidamente dele com um sorriso maniaco fazendo com que ele pare de sorrir e começar a se a fastar. Ele começa a correr de mim e eu atrás dele, eu nunca admitira, mas aquilo e ele era tão divertido, ele era adorável apesar de tudo. Enquanto corro atrás dele, posso ouvir sua gargalhada contagiante e vejo seu sorriso lindo nos lábios, seu cabelo cacheado voava pra trás quando ele subiu na cama correndo para o outro lado. Sua gargalhada me faz rir também, era impossível não rir vendo ele rir daquele jeito, sem saber o motivo, meu coração se aqueceu vendo ele se divertindo comigo.

 Ele estava indo em direção a porta do banheiro quando ele para de repente ele para e se vira pra mim, sem conseguir parar, acabo batendo nele. Ele olha no fundo dos meus olhos e eu faço o mesmo, me perdendo na imensidão azul. Ele aproveita minha distração e pega a faca da minha mão, pensando que ele iria se afasta e voltar faca pro lugar, ele me surpreende jogando a mesma em qualquer lugar e com a mesma mão, enlaçando minha cintura. Arregalo meus olhos assustado mas não me afasto dele, continuo olhando seus olhos que faz o mesmo comigo como se quisesse descobrir tudo que se passa em minha cabeça. Não consigo evitar, olho sua boca rapidamente e volto a olhar em seus olhos que mostrava que meu ato não tinha passado despercebido. Will me puxa pra mais perto colando ainda mais os nossos corpos, coloco minhas mãos em seu braço querendo encostar ainda mais nele. Ele da um pequeno sorriso e aproxima seu rosto do meu, tocando seu nariz no meu. Ele olha pra minha boca por um tempo e depois volta a olhar em meus olhos como se pedisse permissão e eu, esquecendo que não o conhecia, apenas fechei meus olhos esperando seus lábios irem de encontro com o meu.

 Quando seus lábios se encostaram no meu e na mesma hora eu senti meu coração se acelerar ao mesmo tempo que se aquecia. Seu beijo era caloroso e lento, como se quisesse sentir cada momento do beijo, o que eu não duvidada, eu queria sentir cada momento daquele beijo que ele me proporcionava. Retribui rapidamente o beijo, não tinha como resistir. Ele aprofundou o beijo, encontrando a minha língua com a sua e começando uma dança lenta entre as duas. Minhas mãos subiram para seus cabelos loiros e macios, fazendo um leve carinho. 

 Quando o maldito ar faltou, nos separamos e ele deu uma leve mordida em meu lábio inferior, me fazendo suspirar. Abro os olhos encontrando a linda imensidão azul e um sorriso de lado, me fazendo sorrir também.

_ Confie em mim- ele leva uma mão ate meu rosto fazendo carinho- estamos juntos e ficar sem você não vai ser fácil depois de todo esse tempo. Ligue pra sua irmã converse com ela e saia comigo, eu ainda tenho uma surpresa pra você. Eu não estou brincando com você, Nico, eu nunca faria isso, meu baixinho- o apelido me faz soltar um pequeno sorriso.

_ Okay... Me desculpa ter surtado, só... É estranho, sabe- ele confirma com a cabeça- okay, eu vou tomar um banho, ligar pra ela e depois você vai me levar ate essa tal surpresa... E lógico, nos contar sobre a gente- dou um sorriso tímido.

_ Sim senhor!- ele sorri abertamente.

 Me afasto dele contra a gosto e vou em direção ao banheiro.

 Eu não sei como concordei com isso tão fácil e nem acredito que o beijei, só achei o certo a se fazer...

 Termino meu banho, ligo pra Hazel e conversamos um bom tempo sobre tudo que aconteceu ate o hoje. Depois, tomamos o café da manhã e nos arrumamos pra ir ate a tal surpresa do Will.

_ Vamos?- ele estende a mão pra mim antes de sairmos do quarto.

 Fico indeciso de pegar a mão ele, mas acabo pegando e entrelaçando nossos dedos com uma facilidade que não sei da onde saiu toda essa atitude.

_ Vamos- sorrio pra ele e ele retribui, me puxando ate a porta do quarto.