História Aprendendo a amar todo dia - SOLANGELO - Extra1-vamos comer panquecas, papai!

               6 anos

Acordo sem a minima ideia de onde estou. Corro meu olhar pelo quarto e não consigo reconhecer o lugar. Ao meu lado tem um álbum com um recado pra mim ler tudo dele. Descobri que há oito anos atrás, eu sofri um acidente e agora tenho um problema de memoria, me fazendo esquecer tudo ao dormir. Descobri que minha irmã Hazel se casou com um cara chamado Frank, depois tenho que conversar com esse ser e ver suas intenções com minha irmã, mesmo que tenha sido há dois anos atrás. E agora aos meus 26 anos de idade, eu tenho minha própria joalheria.

 Quando acabo de ler tudo que tinha no álbum, eu percebo um notebook também em cima da cama. Ele estava aberto em um vídeo pedindo pra mim dar play, eu exito, mas aperto o play.

 Quando o vídeo começa, me deparo com um cara loiro com cabelos encaracolados, um sorriso branco e lindo, ele vestia apenas uma calça de pijama, deixando seu abdômen definido a mostra, quem era esse homem lindo?! Seus lindos olhos azuis estavam vidrados na garotinha de cabelos negros com uma franja reta cobrindo sua testa, seus olhos azuis, como os do homem, estavam vidrados nele e ela cochichava alguma coisa pra ele, não dando pra entender o assunto.

" Filha, deixa eu terminar aqui que ai nós vamos fazer o café da manhã" Ele encosta suas testas e por um motivo desconhecido, meu coração se acelera.

" Mas a gente vai fazer panquecas com aquelas coisinhas coloridas, pai?" Ela pergunta olhando no fundo do olho dele. Esses dois não estão deixando que eu pare de rir, o que é bem estranho.

" Sim, Bia, nós vamos fazer panquecas" Ele da um beijinho de esquimó na Bia. Bia... Que nome lindo e reconhecível...

" Promete?" Ela levanta o dedinho e ele enlaça com o seu.

" Prometo. Agora deixa eu fazer o vídeo para o papai se lembrar da gente quando acordar, ai ele vai vim comer panquecas com a gente" Pera... Eu era o pai da Bia? Eu poderia estar assustado, mas tudo que eu consigo sentir é felicidade. Mas se nós dois somos os pais da Bia, eu e ele somos... Ai meus deuses, muitas informações!

" Ta bom! Eu vou la em cima buscar o Tommy para o papai lembrar que ele me deu ontem" Ela subiu correndo as escadas, e quando ela sumiu de vista, ele olhou para a câmera e sorriu, e que sorriso!

" Bom dia, gatinho" Gatinho? " Dormiu bem? Sei que você deve estar muito confuso com isso tudo, né?! Mas relaxa, vou te explicar tudo sobre a gente" Ele para de fala quando escuta passos descendo pela escada. A Bia desce animadamente com um polvo roxo de pelúcia. Ela se senta ao lado do pai e espera em silêncio. " Há sete anos atrás, nós nos conhecemos em uma loja de McDonal'd, você sempre ia la e eu era novo no trabalho. Eu te atendi e fui bem atirado com você" ele solta uma risadinha e a Bia também.

" O papai sempre fala isso!" Ela desencosta do sofá e se encosta no ombro dele.

" Fala sim, filha. Bom, nós saimos algumas vezes, namoramos, separamos, namoramos novamente e depois você me mandou embora. Eu fui por um tempo, mas não aguentei e voltei pra você" ele arqueia a sobrancelha e sorriu, fazendo meu coração dar mais um pulo. " Você é bem difícil, gatinho" la vem esse apelido de novo! " Depois que eu voltei pra você, nós namoramos de novo, mas tinha dias mais difíceis. Tinha dias que eu esquecia de acordar mais cedo que você e você acordava assustado e me mandando embora, isso sempre causava um machucado" Ele ri me fazendo rir também " desde a vez que você jogou um relógio na minha testa, eu aprendi a não deixar nada do seu lado da cama. Dois anos depois eu me formei em medicina e você foi meu par, mesmo com muito custo, eu consegui fazer você dançar uma musica comigo. Um ano depois disso" Seu sorriso aumenta, se é que é possível " um ano depois, nós nos casamos e eu tive que sair com você e te convencer que eu não sou um maniaco e que te amava de verdade. Tive ajuda da Hazel pra isso, mas no final você acabou casando comigo" Uma lagrima desce pelo meu rosto. Por que eu estou chorando? " E depois de mais um ano" ele olha para a garotinha ao seu lado " Nós adotamos essa coisa mais linda do mundo"

" Que sou eu!" Ela disse toda animada, me fazendo sorrir mais ainda.

" Sim, que é você, minha Bia, a criança mais animada que eu já conheci" ela sorri convencida para a câmera. " Bom, é isso, gatinho" acho que posso me acostumar com esse apelido " Estamos juntos há seis anos e essa é sua família que te ama mais que tudo. Quando acordar vem tomar café com a gente"

" É, papai, vamos fazer panquecas!" ela sai correndo em direção ao que eu acho ser uma cozinha.

" Bia, me espera pra fazer as panquecas, não toca em nada ain..." Escuto o barulho de alguma coisa caindo e uma voz no fundo emitindo um 'ops' " Deuses, que menina levada" Ele me fala com um sorriso me fazendo sorrir mais ainda. " Enfim, eu vou la ver o que a nossa menina levada fez. Vem logo pra cá. Te amo" Ele se aproxima com intenção de desligar, mas faz uma cara como se estivesse esquecendo " Esqueci de falar, mas, eu me chamo Will e sou o seu marido que te ama muito! Beijo" então ele desliga a câmera e o vídeo acaba.

 Me levanto correndo e abro a porta do quarto, ando rapidamente pelo corredor ate a escada. Desço ansioso para ver as pessoas que eu amo. Sim, eu amo aqueles dois, eu sinto isso, mesmo que eu não me lembre deles, sei que eles são as pessoas mais importantes que eu tenho. Chego na sala e a minha direita tem uma sala, o que eu acho que é a cozinha. Caminho lentamente ate a porta e me deparo com a imagem mais fofa do mundo. Bia estava em cima de um banquinho, seus braços estavam no ombro de Will, enquanto o mesmo confeitava um prato de panquecas. Ela sorri animada e da um beijo na bochecha dele. Eles estavam de costas, então não me viram chegar.

_ Mas o que devemos fazer depois de comer isso?- ele pergunta e pega mais um pouco de confete de um potinho.

_ Escovar os dentes e tomar muita água- ela diz como se já estivesse cansada dessa pergunta.

_ E no almoço?

_ Comer muita saladinha pra não ficar doente e poder comer mais vezes a panqueca.

_ Isso mesmo. Agora só temos que esperar o papai acordar- ele limpa sua mão com um pano e se vira para Bia.

_ Papai é dorminhoco!- ela cruza os bracinhos e eu não consigo não soltar uma risadinha pela fofura da garota. Isso faz com que eles percebam que eu estava ali- papai!- ela faz menção de pular, mas ela volta e olha para Will- me ajuda, pai?

 Ele ajuda Bia descer e ela vem correndo ate mim, eu me ajoelho e ela me abraça. Quando ela envolve seus bracinhos em meu pescoço, eu me sinto em casa, sinto que é isso que me faz sentir completo.

_ Bom dia- digo sorrindo.

_ Bom dia!- ela me da um beijo no rosto- vamos tomar café, papai! O pai Will fez panquecas- olho para Will e percebo que ele esta me olhando com um sorriso.

 Me levanto, corro e o abraço. Quando ele retribui sinto um arrepio bom passar pelo meu corpo e uma vontade de ficar pra sempre em seu abraço. Will me da um beijo na testa e eu me sinto a pessoa mais feliz do mundo. Logo sinto um bracinho agarrar minha perna, olho pra baixo e era Bia nos abraçando. Sorrio e a pego no colo, ela agarra meu pescoço e o de Will e nos abraçamos novamente. Will se separa me dando um selinho e um beijo na testa de Bia.

_ Então vamos comer?- ele pergunta sorrindo.

_ Panquecas!- Bia sai do meu colo e corre em direção a mesa, se sentando e nos esperando.

 Nos sentamos ao seu lado e comemos. Bia contava animada do ontem que fomos ao parque e eu lhe dei um polvo roxo chamado Tommy. Will me contando de como eu fiquei apavorado pelo fato de nossa filha ter ido em um carrossel. Como eu não ficaria apavorado? Ela poderia ter passado mal ou ficado tonta, sei la!

 Ela me contou do ciumes de Will por causa de uma moça que estava conversando comigo e com Bia.

_ Ele não tinha ficado com uma cara nada boa, papai- Bia gargalhava, me fazendo rir também. Olhei para Will e ele tinha uma cara emburrada.

_ Menina, você ta ficando bem atirada!- ele finge indignação.

_ Como você!- ela responde. Deuses, que língua afiada minha filha tem. Minha filha... É tão bom falar isso.

_ Como você- repito.

_ Vocês são impossíveis.

_ Mas você ama a gente do mesmo jeito- ela diz convencida.

_ Ok, essa garota tem mais maturidade que eu- Will diz rindo.

 Passamos o resto dia de um sábado vendo filmes e comendo pipocas, mesmo com um Will falando que não fazia bem para os dentes. Bia tinha uma concentração enorme quando se tratava de filmes, ela praticamente não piscava.

 A noite, eu fui colocar Bia na cama enquanto Will tomava um banho. A deitei na cama e coloquei uma coberta sobre ela. Ela tinha dormido vendo Frozen. Lhe dei um beijo na testa e já ia me virar, quando ela puxou minha mão.

_ Achei que estava dormindo, meu bem- me sento ao seu lado.

_ Eu estava, só queria dizer que eu te amo, papai- ela sorri, me fazendo sorrir também.

_ Eu também te amo, meu anjinho, muito, muito- lhe dou mais um beijo na testa- agora ta na hora da senhorita dormir, já ta muito tarde.

_ Boa noite, papai- ela fecha os olhinhos.

_ Boa noite, filha- apago a luz e saio do seu quarto.

 Vou para o quarto e encontro Will deitado, ele me olha, sorri e da batidinhas ao seu lado, indicando que e me deite. Vou ate ele e me deito ao seu lado, de frente pra ele. Ele entrelaça nossas mãos e me da um beijinho de esquimó.

_ Gostou de conhecer sua família?

_ Eu amei, só achei engraçado a minha filha ser mais madura que meu marido.

_ Você é tão engraçadinho- ele diz ironicamente, me fazendo rir. Ele acaba rindo também e me da um beijo demorado, sem aprofundar nada, mas maravilhoso e carinhoso- boa noite, gatinho.

_ Amanhã vamos ter que conversar sobre esse apelido- solto um bocejo- estou com muito sono pra falar disso hoje, então me lembre amanhã.

_ Pode deixar- ele fecha os olhos e sorri- eu te amo- ele sussurra.

_ Também te amo, doutor Solace- ele me da um selinho- boa noite.

 Então ele me abraça e eu durmo rapidamente sentindo o carinho que Will faz em meus cabelos.