Depois do almoço de domingo, nós três estávamos na sala vendo um filme que Bia tinha escolhido.
_ Papai, como foi o casamento de vocês?- Ela me perguntou. Olho para Will procurando uma ajuda, já que eu não lembrava de nada.
_ Foi um casamento na praia, filha- ele lhe responde e ela solta um grande sorriso.
_ Foi é?- pergunto surpreso. Eu nunca fui muio fã de areia.
_ Foi sim- ele sorri e olha para Bia- sabia que eu tive que esperar umas duas horas pra ele decidir se sobe no altar?
_ Demorou mais tempo que a tia Hazel!- ela solta uma gargalhada alta.
_ Ei! Eu poderia estar confuso naquele dia- me defendo.
_ Eu sei que estava, mas no final você acabou cedendo aos meus encantos- ele sorri convencido.
_ Atirado!- dizemos nós três ao mesmo tempo. Deuses, eu tenho duas crianças dentro de casa. Bia solta uma gargalhada alta e deita sua cabeça na minha perna.
_ Tem que mudar o disco, gatinho- ele me da um selinho.
_ Pensei que a unica criança aqui era a Bia.
_ Mas eu sou!- ela se levanta e senta no meio de nós dois- agora conta pra mim como foi o casamento de vocês, pai?!
_ Conto, só vou buscar umas fotos para você ver como seu papai estava lindo- ele se levanta e pega alguns álbuns de fotos na gaveta da estante da sala e volta a se sentar ao meu lado.
Ele abre o álbum e a primeira foto é uma de nós dois rindo um para o outro no altar. Tinha um grande arco de flores a nossa frente e provavelmente o juiz. Nossas mãos estavam unidas e meus olhos brilhavam. Era estranho pensar que mesmo eu não o reconhecendo, eu me casei com ele, eu construí uma vida e uma família com Will, tudo a base do amor que eu construo toda vez que o vejo.
_ O papai não mudou nada!_ Bia fala, olhando atentamente para as fotos que Will lhe mostrava.
Ele passa a foto e a próxima era uma de Will me dando um beijo na testa e eu de olhos fechados sorrindo. Ok, talvez essa seja a melhor foto!
Will foi passando as fotos e todas era maravilhosas. Me da um dor no coração por não me lembrar desse dia, mas tenho Will pra me lembrar todo dia, e só dele me contando já fazia borboletas voarem no meu estomago. Só de ver Will e falar "meu marido" já fazia as borboletas voarem.
_ Essa foto aqui- ele coloca o dedo em cima- foi quando ele estava ahn... Animado- correção: bêbado. Ele tinha jogado na minha cara mais cedo que eu tinha bebido muito na nossa festa de casamento. Talvez por medo. Talvez por felicidade... É, com certeza pela felicidade- e ficou rindo por tudo e eu ficava olhando como seu papai era lindo, Bia- ele olha pra mim e sorri, me fazendo corar.
A foto era eu sorrindo, com as bochechas coradas e olhando para Will. Ele tinha as mãos em minha cintura e eu em seus braços. Acho que eu estava tentando me segurar.
Na outra foto, nos estávamos sentados na areia, ele me abraçava e minha cabeça estava em seu ombro. Nós estávamos olhando para o mar azul. Bom, na verdade Will olhava para o mar a nossa frente. Pelo jeito que minha cabeça estava deitada em seu ombro, eu olhava para ele, mais especificamente em seus olhos tão azuis quanto o mar, meu mar.
Bia deitou no meu colo e olhava para Will que contava tudo o que aconteceu no casamento, sempre com um sorriso no rosto. Bia as vezes o interrompia para dizer dos vestidos das convidadas ou o quanto o bolo era grande e que devia ser muito gostoso. Aos poucos ela foi dormindo.
_ Bom, já que ela dormiu vou fazer alguma coisa pra gente comer- ele ia fechando o álbum de foto, mas eu o impeço.
_ Eu quero terminar de ouvir- sorrio pra ele.
Ele se levanta, coloca o álbum no canto do sofá e tira Bia do meu colo e a coloca deitada no outro sofá. Vem ate mim e estende a mão pra mim.
_ Vem, vamos na cozinha e podemos terminar essa conversa- eu pego sua mão e ele me puxa.
Enquanto Will fazia o lanche, ele contava tudo que tinha acontecido e explicava tudo e o motivos das fotos que eu folheava. Ver Will contando tudo com um sorriso no rosto era maravilhoso, eu me sentia amado e importante.
_ Ah! Essa é a minha mãe. Ela tem uma paixão por você, toda vez que ela vem nos visitar ela te abraça por meia hora e ate esquece do filho que tem- ele tenta fazer uma cara de trite, mas não consegue, sorrindo mais uma vez radiante.
_ Ah, deuses, eu não conheço a minha sogra- resmungo, me debruçando na mesa- como alguém pode não conhecer a própria sogra?!
_ Não fica assim, gatinho- ele coloca a mão na minha cabeça- ela sabe do que você tem.
_ Mesmo assim! Como ela pode gostar de mim se eu nem lembro quem é o filho dela no outro dia?- levanto a cabeça.
_ Ei para com isso, já falamos sobre isso- faço uma cara de confuso- bom, você não se lembra, mas já falamos sobre isso sim, então pode parar porque todos te amam do jeitinho que você é- ele se aproxima mais de mim e me faz levantar da cadeira e enlaça minha cintura com suas mãos- e eu te amo mais do que tudo, e não há nada em você de errado. Você é perfeito pra mim- ele me da um beijinho de esquimó- ouviu?
Confirmo com a cabeça, envergonhado. Desde que acordei, ele não parou de falar coisas fofas pra mim, e hora nenhuma deixou de sorrir pra mim. E com essa doença, o máximo que eu tinha que fazer era amar ele, e eu amava, amava tanto que chegava a doer. Se um dia eu o perdesse eu não aguentaria, mesmo se no outro dia eu me esquecesse eu sentiria falta dele. Não, não sentiria apenas falta dele, eu iria me corroer por dentro e não aguentar o vazio que seria minha vida sem ele. Will era a pessoa que me aceitou do jeito que eu sou, me amou mesmo sabendo das consequências, ficou comigo mesmo sabendo que eu poderia surtar a qualquer hora, me abraçou nos momentos mais difíceis para aceitar o que tenho.
Will era a melhor pessoa desse mundo. Melhor marido, melhor amigo, melhor pai... Melhor tudo! E eu tenho a maior sorte desse mundo dele estar do meu lado, de ele ter escolhido ficar comigo, mesmo eu sendo desse jeito.
Então ele sorri mais uma vez e me beija. Um beijo que mostra o quanto me ama, mesmo que eu já saiba de seu amor. Retribuo o beijo tentando mostrar pra ele o quanto o amo, e o quanto é importante pra mim. Eu o abraço forte, não querendo me desgrudar dele nunca mais, não querendo nunca mais sair dos braços da pessoa que mais amo. Quando o ar se faz falta, ele se separa de mim a contra gosto, mas ainda com um sorriso no rosto, fazendo com que eu retribua o sorriso.
_ Eu também te amo, Sr. Solace, te amo mais do que pode imaginar- digo sorrindo pra ele. Ele se aproxima pra me beija de novo, mas uma vozinha nos interrompe:
_ E eu amo vocês- disse Bia, entrando na cozinha e abraçando nossas pernas. Will a pega no colo com uma mão e a outra ainda na minha cintura.
_ E nós te amamos também, meu amorzinho- digo e lhe dou um beijo na testa e ela abraça meu pescoço.
_ Ok, quem ta com fome nessa casa?- Will pergunta.
_ Eu, eu, eu, eu!- Bia diz sorrindo e pula do colo de Will- vou buscar o Tommy, ele deve ta com fome também- e corre para fora da cozinha.
_ Deixa eu ver o que vou fazer pra comermos e você arruma a mesa?- confirmo com a cabeça e me viro para arrumar, mas antes, ele me puxa e me da um selinho demorado- saiba que sou a pessoa mais feliz por ter você, gatinho.
_ E também sou a pessoa mais feliz- sorrio- mas, deuses, tem que me chamar de gatinho?
_ Só digo o que é verdade, e você é um gatinho, meu gatinho- sorri malicioso.
_ Seu...- ele abre a boca pra falar junto comigo- atrevido. Isso! Atrevido!- sorrio. Ele abre a boca pra falar, mas Bia o interrompe com um grito:
_ Panquecas!- chega correndo com seu ursinho na mão.
_ Menina, te acostumei muito mal- Will diz correndo atrás dela.
Vendo aqueles dois rindo e brincando juntos não poderia me deixar mais feliz. Era minha família, e eu não poderia deixar de pensar um dia se quer na sorte que eu tinha, na sorte de ter Will e Bia na minha vida.
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