História Aprendiz de cupido - As três mosqueteiras parte III

Eu não sabia o que fazer agora, nem as minhas outras personalidades; eu tentei esquecer, mas a pessoa que eu menos queria ver agora era Felix.

- Felix? – falei pra mim mesma tentar acreditar que o mesmo estava ali – o que esta fazendo aqui?

- ai – foi a única coisa que falara antes de quase desmaiar, é chute no saco deve doer pra cac*te – vim arrumar as coisas na casa do Niko pra ele ter mais acessibilidade.

- ah... Ele... Ele vai andar com cadeira de rodas agora? – perguntei tão baixo quanto um sussurro, eu estava muito hesitante quanto à resposta. E quando ela veio foi como se mil agulhas estivessem espetando meu coração.

-... Sim – depois dessa frase eu fiquei estatística, não tinha nada que eu podia fazer a não ser chorar, mas eu não faria isso na rua, não faria isso em publico, não faria na frente do Felix... – Ailyn... Você tá chorando?

- o que? Não claro que – antes que eu terminasse a frase eu solucei, e percebi que varias lagrimas caiam sobre meu rosto.

E quando o namorado do meu melhor amigo enxugou uma lagrima minha que caia, eu não aguentei, eu comecei a chorar, chorar tanto a ponto de soluçar; eu estava aguentando muita pressão de uma vez só, era como uma doença que nasceu pequena e se espalhou pelo corpo inteiro até ele não aguentar mais.

Felix me abraçou e ficou me consolando, eu não distinguia muito o que ele falava, mas dava pra ouvir “tudo bem, a culpa não foi sua” na maioria das vezes, mas eu sabia que era mentira, a culpa era minha; porque eu não sei nem quantas personalidades eu tenho agora.

Quem me conhecia dizia que eu era uma menina madura porque não mostrava minhas fraquezas, mas isso não me fazia sentir forte, eu me sentia completamente inútil. Pra mim, alguém falar aquilo saia mais como “você é tão inútil que não consegue nem confiar em alguém pra mostrar suas fraquezas”.

Então era isso que era ser madura? Desistir de si mesmo pra passar uma imagem de confiança pros outros? Esquecer suas fraquezas como se elas nunca existissem em cada célula sua? Viver apenas como algo que os outros nunca vão conseguir ser só pra fazê-los se sentir felizes?

Então só posso ser uma garota egoísta, porque eu não quero ser essa pessoa, eu quero chorar quando estou sofrendo, quero fugir quando sentir que não aguento mais; quero fazer o que quiser pra me sentir feliz, mesmo que pros outros estou sendo uma louca irresponsável.

Será que é impossível eu fazer isso sendo eu mesma?... Sendo apenas... Eu? Sem personalidades opostas, sem brigas consigo mesma, sem duvida de que sou eu que estou controlando minha própria mente?

Será que isso que é ser egoísta?

Eu estou esquecendo quem eu sou, na verdade eu nem sei quem eu sou agora. Parece que estou interpretando a frase que li uma vez no livro “Alice no país das maravilhas”.

“Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”

É engraçado como livros de mais de um século ou dois pode narrar o que esta acontecendo nos dias de hoje...

E termino esse pensamento com: qual foi a ultima vez em que eu fui eu mesma?

Paro de chorar e finalmente limpo minhas lagrimas restantes, me desamparo dos braços de Felix.

- obrigada – agradeço num sussurro e torço pra ele não ouvir a minha voz que ainda esta embargada.

- de nada... E você não esta bem – falou enquanto segurou meu braço, estragando a minha tentativa de fuga.

- eu estou... Não é normal chorar quando alguém próximo de você está passando por algo horrível?

- chorar não vai adiantar nada.

- isso é o que as pessoas falam pra você se tornar uma estatua – repliquei.

- uma estatua?

- sim, uma estatua é bela, impenetrável e principalmente, não mostra seus sentimentos; é perfeita pras pessoas olharem e quererem ser ela – respondi, devo ter feito uma cara muito brava, pois Felix tremeu - e estou cansada de ser uma estatua – terminei e me virei pra sair dali, mas Felix me acompanhou.

- se você não é uma estatua agora, você é o que?

Pensei um pouco e sorri.

- eu sou eu mesma.

leiam as notas finais