História Aprisionada - Capítulo Único

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“Why can't we all all just be honest?”

"The kids are in danger they're all getting habits

Cause from what I can see everyone's at it

Everyone's at it”

Everyone's At It - Lily Allen

Desvio lentamente minha cabeça para o lado. Meus olhos piscam algumas vezes, e permanecem cerrados quando olham para a luminosidade que escapa da pequena janela perto ao teto, iluminando o quarto escuro e abafado, tão abafado que às vezes respirar vira uma tarefa árdua e cansativa.

A luz do sol incomoda meus olhos; talvez por que eu já esteja a horas de mais neste ambiente, ou quem sabe, dias. Um período que mal percebi passar. Na verdade, não saio para o lado de fora há muito tempo, e já sinto como se houvesse correntes em meus pés e mãos; eu as sinto doerem em meus pulsos e calcanhares, mas não me incomodam tanto quanto esse maldito sol.

Olho para a porta de madeira que está atrás de mim. Está destrancada. E eu sei disso, assim como eu sei que seriam poucos passos de onde estou para que eu consiga fugir. Ser livre...

Será que quero ser livre?

O cheiro da comida passa por baixo da porta, (provavelmente vindo da cozinha) fazendo meu estômago roncar de fome, mas não posso sair daqui, assim como não posso sair para aplacar minha enorme sede. Ouço risadas de adolescentes vindas do andar de baixo. Parecem alegres, todos se divertiam...

Mas, não posso sair daqui.

Estou aprisionada a esta cadeira, meus pés descalços, minha mão continua em cima do mouse e a outra digita com rapidez no teclado sobre meu enorme tédio em alguma rede social, e meus olhos voltam para a brilhante tela azul do computador na mesa a minha frente. Inclino-me cada vez mais perto, até que eu me sinta...

De volta à prisão.