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História Aprisionado - Drarry - 33


Escrita por: Tiiago

Notas do Autor


Para aqueles que estavam curisosos para saber a história do Harry.

Capítulo 33 - 33



8 anos:

1...2...3...Lá vou eu!- escutei Nev gritar do andar de baixo. Eu me escondi dentro do guarda roupa dele e joguei as roupas em cima para me esconder e já estou me arrependendo, as meias estão sujas. 

Pelas brechas da porta eu conseguia ver uma parte do quarto, ao mínimo ruído eu já travava e prendia a respiração. 

- Harry, eu vou te achar!- tremi um pouco e percebi que ele já estava no corredor, provavelmente na frente da porta do quarto. 

Me encolhi indo mais para o fundo do armário e me escondendo atrás dos casacos de Nev, segurei um espirro que ameaçou escapar e preguei os olhos na porta.

A luz entrava por algumas brechas e eu conseguia ver um pouco do que se passava do outro lado; me enrolei mais forte quando vi a sombra de Nev entrar correndo no quarto.

- Harry?! Apareça, papai já chegou!- eu não me movi um centímetro sequer, não vou cair em mais uma das pegadinhas dele.- Harry!

Mas e se for verdade? Não quero apanhar de novo; da última vez eu desmaiei e só acordei com Nev me dando banho. Eu nunca sei o por que apanho, mas sempre dói.

Cocei um dos curativos na minha mão e fiquei olhando o sangue manchar o esparadrapo, um círculo foi se formando e molhando a minha mão me deixando paralisado. Me assustei quando vi a sombra do meu irmão deixar o quarto mas então pude respirar. Eu estava prestes a me mexer quando Nev entrou novamente no quarto, ele estava meio cambaleante e quase caiu uma vez. Senti um frio na espinha e fechei os olhos com força, esperando ele ir embora.

Estranhei porque Nev parecia maior, a sombra dele estava diferente e ele fazia muito barulho. A porta do armário foi aberta e me arrastei tentando me esconder melhor. Abri os olhos e todo meu corpo tremeu.

Vá embora! Va embora! Vá embora!

Não era Nev.

14 anos:

- Ei, Potter!- ouvi Mary me chamar com o dedo, vi seu sorriso manchado de batom vermelho e seu vestido preto extremamente curto.- Eu vou dar uma saidinha, sabe como é, preciso resolver umas coisas para o seu pai.- ela deu um risinho e jogou vinte dólares na mesa.- Para a pizza!- cantarolou. 

Vadia, você é uma vadia.

Eu sei muito bem quais problemas ela vai resolver, ela vai resolver o que meu pai não dá conta na cama. 

Sentei no sofá e fiquei encarando o televisão desligada. Eu preciso levá-la pra o conserto, a temporada de futebol está quase chegando.

Fui até a cozinha e liguei para a pizzaria, pedi uma de quatro queijos e voltei para a sala. Nerville saiu para um dos bares de bicha e meu pai está roncando igual a um porco no fim do corredor. Ótimo. 
Estava quase cochilando quando a pizza chegou, comi metade e a outra guardei na geladeira, Nev sempre chega morto de fome.

- Boa noite, Harry!- Nerville chegou com sua calça apertada e sem camisa. 

E olha só quem chegou.

- Eu ainda me pergunto como seu pau respira nessa calça.- o "recebi" mal humorado.- Tem pizza guardada. 

Meu objetivo era voltar para o meu quarto e só sair no dia seguinte, mas Nerville me puxou para um abraço cheio de suor e glitter.

- Argh!- me debati tentando me soltar mas por incrível que pareça ele é mais forte do que eu.- Solta!- gritei. 

- Ah, tá irritada?- bufei, ele sabe que odeio quando me chama no feminino. 

- Idiota!- ele me soltou e pegou a pizza na geladeira, comendo-a fria mesmo. 

- Como foi o seu dia? 

- Não tem nada de interessante no meu dia, só Mary que foi dar para algum cara por aí enquanto nosso pai se afoga em bebida e morre.- sorri sarcástico enquanto fingia alegria. 

- Palhaço.- ele disse com a boca cheia de pizza. 

- Mas enfim...- coçei a nuca e sorri envergonhado.- Você acabou de completar vinte anos, e nunca me comprou o que eu te pedi. 

- Eu não vou comprar drogas, Halley.- revirei os olhos por escutar mais um dos apelidos idiotas. 

- Por favor!- juntei as mãos e fiz a minha melhor cara de pidão.- Só um pózinho! 

- Esqueça!- ele mastigou mais um pedaço e me olhou feio.- Quando você tiver idade pode comprar até um caminhão de pó, mas eu não vou comprar porra nenhuma! 

- Tanto faz.- dei de ombros e o deixei sozinho na cozinha. 

Eu posso ter o que eu quiser.

18 anos:

- Você sabe o quanto eu gastei te tirando da cadeia?!- Nev berrou.- Você é um filho da puta que se coloca em problemas para chamar a atenção! 

- Eu não quero a atenção de ninguém. 

Nesse momento eu estou do lado de fora da delegacia ouvindo meu irmão surtar. Fala sério! Eu já fiz coisa pior.

Furtos não são nada, mal sabe ele quantos caras estão enterrados por minha causa. Se os filhos da puta não me obedecem eu dou a eles uma viagem sem volta.

O que foi? Eu gosto do controle.

- Você acha que assim vai chamar a atenção daquele velho bêbado que nem olha pra sua cara?! 

Ele não cansa de gritar? 

- Olha, Nerville, eu não preciso de ninguém.- disse pausadamente. Abri os braços e dei alguns passos enquanto girava.- Eu sou o rei do mundo!- gargalhei quando quase dei de cara com o chão. 

- Você é doente.- Nerville revirou os olhos e foi para a direção oposta à minha.- Um dia você vai encontrar alguém que vai te fazer lamber o chão, e eu-gritou apontando para si- EU, irei assistir de camarote. 

Eu não preciso de ninguém. 

Eu não preciso...

Ninguém...

- Ninguém precisa de mim.- sussurrei enquanti via a única pessoa importante para mim se afastar.- Ninguém precisa de mim. 

22 anos:

- Harry, olha pra mim!- Nev segurou meu rosto e vi seu rosto molhado. Ele chorou.- Aconteça o que acontecer, eu te amo. 

- Nerville!- Blásio gritou e tentou puxar as correntes que o prendiam.- Merda! 

- Eles vão nos matar?- Krum gritou e senti meu sangue ferver. O desgraçado fodeu com as nossas vidas. 

- EU vou matar você!- berrei enquanto tentava arrancar aquelas malditas correntes, o furgão balançava e não conseguia ver nada do lado de fora, estava de noite e apenas a lua nos iluminava. 

- Silêncio!- ouvimos um barulho de tiro e Nev jogou seu corpo sobre o meu para me proteger. O policial apareceu no corredor do furgão e estava vermelho de raiva.- Eu não quero ouvir a voz de vocês! 

Ficamos em silêncio mas durante todo o resto do trajeto eu não tirei os olhos do Krum que estava sentado no outro lado do corredor.

Como eu fui me meter nisso?

semanas atrás:

Tomei mais um gole da cerveja e deixei a garrafa no balcão junto com o dinheiro, olhei para o relógio pregado na parede e bufei ao ver que o desgraçado estava meia hora atrasado.

Fiquei sentado de frente para o bar olhando o movimento; as mesas de sinuca estavam amontoadas de homens apostando tudo o que tinham, algumas mulheres, e até mesmo homens, andavam pelo bar procurando um serviço. O ambiente escuro dava espaço para todo o tipo de coisa, a música baixa era calma e brega, não combinando nada com o lugar.

Terminei mais uma cerveja até que finalmente quem eu queria ver apareceu. 
- Potter?- ouvi a voz conhecida se aproximar e o banco ser arrastado.- Temos algumas coisas para resolver, não é? 

- Krum.- o cumprimentei.- Cerveja?- ofereci. 

- Não, é melhor resolvermos isso logo.- foquei minha atenção em seu rosto e percebi que ele estava nervoso. 

Ri internamente ao vê-lo secar o suor do rosto, ele sabe muito bem que esse talvez seja o nosso último trabalho e que se formos pegos nada vai nos libertar.

Eu vou entrar para a história. Tudo já foi planejado, as pessoas se lembrarão de mim.

- Vamos assaltar o banco central. 

Em Mors:

Eu estava encolhido no canto do quarto. O cheiro de sangue estava me sufocando. 

Com muito esforço eu consegui me levantar, mesmo com o calor, eu estava tremendo de frio; meus dentes estavam batendo um contra o outro e não consegui encontrar nada pra me esquentar.

Todo o meu corpo reclamava de dor, depois de tantos abusos eu consegui forças para acabar com isso. E eu fiz.

Quando Tom, o grandioso líder, tentou, mais uma vez, me estuprar, ele se deparou com uma surpresinha. Uma bela e afiada faca.

Agora seu corpo está jogado no chão, lavando-o de vermelho. E eu estou aqui, ainda respirando.

E sendo esquecido.

- Me ajude, mamãe. Eu sinto a sua falta.

- Ei, querido.- senti mamãe pegar a minha mão e afagar meu cabelo. 

Ela está fria, talvez com mais cobertores ela fique quentinha.

- Oi, mamãe.- torci o nariz ao ouvir aquele barulho chato do lado da cama dela. Hospitais são sem graça.- Eu tenho um presente. 

- E o que é, Harry?- ela me puxou para que me sentasse em seu colo e me abraçou. 

- Nev me ajudou com as tintas...e você sabe...eu gosto de tintas.- puxei o lenço do bolso do meu casaquinho e a mostrei.- Você só usa esses lenços na cabeça, aí eu pensei em fazer um pra você. 

A olhei e vi que ela estava chorando. Está muito feio? Nev sempre diz que meus desenhos o deixa com vontade de vomitar. A mamãe vai vomitar também?

- Gostou?- perguntei esperançoso. 

- É lindo.- ela tocou no lenço e o apertou contra o peito. 

- Tem flores, e é rosa!- mostrei todos os detalhes e o nome bordado. 

Mamãe Lilian

- Me ajuda a colocar?- sorri assentindo ansiosamente. 

Fiquei sentado de frente para ela e toquei no lenço amarrado em sua cabeça. Lentamente eu o tirei e vi sua cabeça sem um único fio.

- Nev disse que eu deveria te dar o meu cabelo.- murmurei concentrado no meu trabalho.- Você quer? 

- Oh, querido. Nev só diz bobagens.- mamãe afagou a minha bochecha e me ajudou com o nó.- Os seus cachinhos não combinam comigo.- grunhi quando ela deixou um beijo molhado na minha testa.- Hoje tem gelatina no almoço.- ri quando seu sussurro fez cócegas na minha orelha. 

- De morango? 

- De morango. 

Semanas depois:

- Eu quero a mamãe!- berrei tentando me esquivar do aperto de Nev. Ele estava tentando me colocar para dormir, mas só a mamãe pode fazer isso, eu estava tentando arrancar o pijama e jogar meu ursinho para longe. Nev já estava vermelho de raiva e puxava o meu cabelo ao mesmo tempo que eu tentava chutá-lo.

Suguei todo o ar que podia e berrei.

- EU QUERO A MAMÃE! 

- ELA ESTÁ MORTA!- travei quando ouvi Nev berrar comigo, ele estava chorando e triste.- D-desculpa eu não dever-ia ter dito isso. 

- Onde ela está, Nev?- sussurrei; ele me pegou no colo e me colocou na cama.- Nev? 

- Ela está no céu, Harry.- ele apontou para a janela e vi os pontinhos brancos brilharem.- Ela agora é uma estrela, toda vez que você se sentir triste é só olhar para as estrelas que a mamãe vai estar lá.- sussurrou lentamente.

- Mas elas são tão pequenas...- saí da cama e me aproximei da janela espremendo os olhos.- Como ela cabe lá? 

- Você não consegue ver, mas ela está aqui.- ele se agachou e apontou para o meu coração.- Enquanto as estrelas brilharem no céu ela vai estar com você. 

- Enquanto as estrelas ainda brilharem ela estará comigo.- ri sarcástico e a gargalhada saiu descontroladamente.- Não há estrelas em Mors.





















Notas Finais


Vocês gostaram? eu adorei! espero ler a opinião de vocês.


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