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História Aprisionado - Drarry - 39


Escrita por: Tiiago

Notas do Autor


oe amores que veneram, como estão?

Capítulo 39 - 39



Eles ainda não saíram.


Rony estava com a cabeça apoiada na minha perna e roncava baixinho enquanto eu acariciava seus fios ruivos. Comárco e Oliver conversavam do outro lado do nosso abrigo e Oliver estava com um pano enrolado nos olhos, por ter crescido no escuro eles se tornaram sensíveis a luz; além de que estamos no deserto, levaria um tempo até ele se acostumar.


Sem que Rony acordasse eu me levantei e andei pela areia. Após sairmos da chaminé, descemos a montanha em que Mors se escondia e minutos depois caminhando pela areia encontramos uma rocha com escavações que serviu como enconderijo.


As estrelas cobriam o céu e a brisa fresca me ajudou a caminhar pela areia que a cada passo engolia meus pés. 


Subi um morro de areia e me sentei no topo, de lá eu podia ver claramente a montanha que escondia muitos segredos obscuros e que se mantinha além da imaginação humana. Quantos sabem dessa prisão? 


Suspirei longamente e me joguei na areia fofa enquanto ficava admirando as estrelas; quando estava quase encontrando o que parecia ser a ursa maior a minha barriga decidiu reclamar de fome. 


Ainda de dia Cedric saiu a procura de comida, ele chegou murmurando que não sabia que existia tal espécie por aqui e mostrou algo que me fez rir de nervoso; não imaginei que ele fosse trazer uns tipos de cactos achatados e nos entregar com as simples palavras "Aproveitem o almoço."


Eu nem sabia como se comia aquilo, a palma da minha mão ainda estava pinicando por causa dos espinhos mas no fim aquilo até que serviu para pelo menos afastar a fome.


Pelo menos até agora, eu já estava com fome novamente. Engoli em seco sentindo meu estômago vazio e suspirei tristemente; eu me enganei em pensar que tudo ficaria bem ao sairmos de Mors, no fim os nossos problemas apenas pareciam estar começando.


§§§§§§


Mais três dias se passaram e ninguém voltou. Nem mesmo Viktor que havia ficado para vigiar a chaminé. A tensão estava tão grande que se fosse possível eu poderia tocá-la, além de tudo eu podia sentir que algo estava acontecendo em Mors, mas eu não sabio o quê.


Eu tentei voltar para lá e procurar Potter, ou pelo saber se ele havia quebrado a sua promessa, mas Cedric ficou me vigiando o tempo inteiro. Eu não podia nem mais sair para caminhar. Nada.


Eu fiquei quieto, trocava poucas palavras com Rony e só, era como se não tivesse mais forças para lutar contra tudo o que estava acontecendo.


Choveu mais uma vez, e dessa vez o sol havia acabado de nascer. Era um milagre estar chovendo no Arizona mas ninguém ali iria reclamar, Rony já desmaiou três vezes e Cedric suspeitava de desidratação ou anemia. Qualquer água seria bem vinda.


Na pequena abertura em que estavamos a água entrava por algumas frestas e acabou criando uma poça no meio de onde estávamos. Pelo menos uma vez em muito tempo as coisas pareciam estar acontecendo a nosso favor.


Cedric estava na entrada e olhava a chuva cair, eu vi uma lágrima brilhar em sua bochecha. Pisquei repetidamente e bufei irritado.


O que eu menos queria pensar veio como um soco, um que me fez fechar os olhos bem forte e apertar a cabeça como se isso fosse fazer a dor passar. Respirei fundo e me desliguei do que acontecia ao meu redor, a imagem dele me veio à mente. Seus olhos verdes estavam me encarando sem emoção alguma; do nada seu rosto se tornou vermelho e sangue escorria por todo a sua face. Eu tentei me aproximar para abraçá-lo mas ao dar o primeiro passo eu caí. 


E continuei caindo.


Era como Alice no país das Maravilhas em que a queda parecia não ter fim. O grito ficou preso na minha garganta me sufocando enquanto tudo ficava escuro. No meio da queda rostos apareceram na minha frente; rostos que eu amava.

Rony

Cedric

Viktor


Eles não me trouxeram conforto, muito pelo contrário, eles estavam assustadores. A pele repuxada e os olhos esbugalhados como se os rostos fossem feitos de cera e colocados perto do fogo. Não consegui prestar atenção nos outros, um em especial chamou a minha atenção.


Luna


Sua feição adorável foi se deformando, ela gargalhava de uma maneira que me fez chorar como um bebê. Seus dentes foram caindo, mostrando o buraco negro e sangrento que sua gengiva se tornara. Seus olhos se tornaram uma gosma branca deixando um buraco no lugar deles, tentei fechar os olhos mas não conseguia raciocinar direito. Nem mesmo fugir eu podia.


Eu ainda estava caindo.


No lugar das gargalhadas uns barulhos animalescos rasgaram meus tímpanos me fazendo berrar de dor. Em meio a queda consegui tampar meus ouvidos, senti algo quente molhar as minhas mãos mas não as tirei, tive certeza que era sangue.


Fitei o buraco negro dos seus olhos e ofeguei apavorado, ele estava ali gritando por ajuda. Potter se debatia e chorava enquanto gritava palavras sem sentido.


- Para!- gritei para mim mesmo socando a minha cabeça.- Para! 


Arranhei meu rosto, belisquei, bati, mordi e mesmo assim aquilo continuou. Enchi meus pulmões de ar e gritei o mais alto que podia.


Então parei de cair.


Eu estava deitado no chão e Rony respirava calmamente ao meu lado. Olhei em volta e ninguém parecia ter percebido que eu estava tendo um pesadelo. Toquei meu rosto e tudo estava em ordem.


Respirei fundo e segurei o choro. Me arrastei até a entrada, estava de noite e encontrei Cedric dormindo, nem me lembro mais a última vez que o vi descansar; embaixo de seus olhos bolsas roxas eram visíveis por conta do cansaço. Olhei para dentro do nosso esconderijo e vi Comárco dormir encostado no peito de Oliver, e Rony resmungar durante o sono. Suspirei sentindo um calor agradável preencher meu peito; eu ainda estava meio perturbado após o pesadelo por isso saí sem fazer barulho algum. Uma caminhada talvez me deixasse mais relaxado.



Andei sem rumo até que parei no mesmo morro de areia. Mors entrou no meu campo de visão e senti um calafrio agonizante percorrer meu corpo. Sentei na areia e dessa vez não consegui admirar as estrelas, eu estava desconfortável, algo estava me incomodando profundamente. Aquele sonho que tive incomodaria qualquer um.



Sacudi a cabeça tentando esquecer as minhas preocupações por pelo menos um instante. Fiquei murmurando uma canção que há muito tempo atrás era a única que tocava no meu celular, tocava quando eu ainda era livre. Foi incrível como a letra surgiu na minha mente mesmo após tanto tempo.


One of these days the sky's gonna break and everything will escape and I'll know
One of these days the mountains are gonna fall into the sea and they'll know
That you and I were made for this I was made to taste your kiss
We were made to never fall away
A cada trecho minha voz ficava mais alta até que eu começasse a cantar sem medo de ser ouvido.
One of these days letters are gonna fall from the sky telling us all to go free
But until that day I'll find a way to let everybody know that you're coming back, you're coming back for me
'Cause even though you left me here I have nothing left to fear
These are the only walls that hold me here*
Hold me here, hold me here


Continuei cantando até o fim. Na última frase minha voz saiu embargada quase um sussurro doloroso.


You're coming back for me


Fechei os olhos e deixei poucas lágrimas caírem; após muito tempo senti meu corpo pesar para um lado por conta do sono. Estava quase dormindo ali mesmo até que me assustei com alguns barulhos.


Tiros?


Escutei mais quatro tiros até que o silêncio voltou. Olhei em volta tentando encontrar de onde aquilo viera mas tudo que vi foi areia.


- Corram! 


Fui pego de surpresa e com o susto tropecei na areia e saí rolando enquanto engolia areia. Fiquei paralisado sem saber se corria para pedir ajuda ou se ficava para ver quem era.


As vozes ficaram mais altas indicando que eles estavam cada vez mais perto. Meu coração acelerou ao reconhecê-las, estavam tão perto.


Me levantei e subi o morro aos tropeções e em uma súbita felicidade. Ao subir tudo vi homens correndo tão trôpegos quanto eu, dois deles estavam segurando armas. Só voltei a correr quando os reconheci.


Eles estavam vivos.


Quase caí de novo mas me apoiei e voltei a correr até eles. Quanto mais me aproximava mais preocupado ficava, passei por Viktor e Simas e me joguei naqueles braços que tanto sentia falta.


- Eu te amo!- pronunciei entre soluços.- Não me deixe, nunca mais! 


Circulei sua cintura com meus braços e percebi o quão magro ele estava. Podia sentir as suas costelas e ao ser abraçado de volta senti sua fraqueza.


- Eu não vou, Dray.- Potter beijou a minha têmpora e ficou assim, parecia que cada movimento seu exigia uma força que ele não tinha mais.


Fiquei agarrado a ele e se pudesse nunca mais soltaria, mas ainda não estávamos bem. Beijei seu pescoço e o soltei com má vontade, não era hora para sentimentalismo, não ainda.


- Temos que ir.- Nev sussurrou olhando toda hora para trás.- Vamos dar o fora daqui. 


Ainda sem soltá-lo os guiei até nosso esconderijo. Potter estava com um lado do rosto sujo com sangue seco, essa parte do rosto estava inchada e com todo a certeza estava roxa. Ele estava mancando e tinha a ajuda de Nev para caminhar, na realidade todos estavam correndo; percebi que ele estava fazendo um esforço além do normal para correr.


Deixei as perguntas para depois mesmo que elas estivessem martelando na minha cabeça. 


Chegamos no nosso esconderijo e Cedric já estava acordado. Ele gritou como se tivesse acabado de levar um choque e foi abraçado fortemente por Viktor que começou a chorar.


Me encostei na parede e tossi a areia que ainda estava presa na minha garganta. Potter praticamente caiu no chão e ficou sentado respirando com dificuldade; me aproximei e rasguei um pedaço da minha camiseta molhando-o na pequena poça de água que por sorte ainda estava com uma quantidade considerável de água.


Passei por seu rosto enquanto ouvia choros de felicidade e risadas animadas. Parei por um instante para ver Rony ser acordado por Blásio, o ruivo choramingou e logo viu o homem a sua frente. Achei que ele fosse chorar mas ele surpreendeu a todos socando o rosto do maior que foi para trás assustado.


- Idiota!- Rony pulou para abraçá-lo e vi se rosto, seu olhos brilhavam pelas lágrimas mas sabia que ele não as deixaria cair.- Eu te amo!


Blásio desfez a cara de assustado e soriu no meio do abraço. 


Finalmente todos estavam juntos.


Potter tocou meu rosto e me fez virar para encará-lo, o lado do seu rosto que estava machucado estava tão inchado que seu olho estava fechado. Apenas uma esmeralda me encarava.


- Como você está? 


- Como você está.- rebati. Terminei de limpar o sangue do seu rosto e vi o quão ruim estava. 


Em alguns pontos o roxo estava quase negro, a pele estava arranhada e no fim da bochecha o corte havia sido tão grande que podia ver a gordura. Infelizmente não tinha muito o que fazer, apenas amarrei um pano de modo que o machucado não ficasse exposto. 


- Já estive melhor.- ele riu baixinho e grunhiu quando mexeu a perna.- Sabe o que eu percebi? Você não chorou muito quando me viu. 


- Você queria que eu me desmanchasse no chão em lágrimas?- ri debochado enquanto voltava a minha atenção para sua perna, teria que chamar Cedric. 


- Na verdade não. Eu gosto quando você é forte, me deixa aliviado saber que você vai continuar de pé quando eu cair. 


- Se você cair eu vou ser forte por nós dois. 


- Promete?- ri ao ouvir suas palavras e descansei minha cabeça em seus ombros. 


- Você não acha que o nosso relacionamento está sendo muito baseado em promessas? 


- Algumas pessoas usam aliança, nós vamos usar promessas.- ele deu de ombros e segurei a vontade de beijá-lo. 


- Se você diz...- dei dois tapinhas na sua coxa, levantei a minha mão e sussurrei em seu ouvido.- Eu prometo amá-lo e respeitá-lo pelo resto da minha vida, Harry Tiago Potter. Promessa de dedinho. 


- Eu prometo tudo isso, princesa. Promessa de dedinho. 


Cruzamos nossos dedinho e beijei a palma da sua mão.


- Também senti a sua falta, Tiago.- sorri sentindo o cansaço me abater. 


Eu estava quase dormindo quando o ouvi sussurrar.


- Eu vou de dar uma vida melhor, promessa de dedinho. 


E após muito tempo eu dormi com o coração mais leve.
 


Notas Finais


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