História Aquarela - Primeira impressões

Um Ano Depois

 

Founders Hall, Nova Iorque- 09:15

 

 

Após a noite anterior, eu estava completamente acabado. Mal havia adentrado no quarto, deixando meus pertences pelo caminho antes de sentir o colchão contra meu corpo.

 

Revirei o corpo, deslizando o peitoral para baixo, enquanto passava o braço por baixo do travesseiro, enquanto ia aproveitando os últimoa momentos antes de despertar. Abri os olhos lentamente, vendo a situação do quarto, ainda deitado na cama. A mochila estava caída perto da cadeira, ao lado da camisa e do sapato que havia ficado pelo caminho antes de desmaiar na cama.

 

Passei a mão pelo rosto, me acostumando com a luz que entrava pela janela do quarto enquanto me sentava, apoiando as costas na parede.De onde estava, tinha uma boa vista da cidade que nunca dormia, que havia se tornado meu lar no último ano. Estudar medicina pode ser pesado, mas a sensação após inúmeras horas de estudo, pesquisas e práticas (depois de uma noite bem dormida) é inexplicável.

 

Levantei da cama, sentindo os músculos das costas arderem enquanto endireitava a postura e me dirigia ao banheiro, puxando a toalha sobre a cadeira.

 

Após fazer minha higiene matinal, vesti uma calça enquanto terminava de enxugar o cabelo sentado na cama quando ouvi o telefone vibrar ao meu lado. 

 

Cameron-  E ai cara. Algum programa animado para esse sábado?

 

Shawn- Vou ficar por aqui tocando um pouco.

 

Digitei a resposta, deixando o telefone sobre a cama enquanto ia até o violão encostado ao lado do armário, voltando para a cama, sentando com o instrumento no colo. Apesar de gostar da medicina, a música era minha paixão, aquela coisa que corria pelas minhas veias, fazendo com que eu me levante a cada dia disposto a viver dia após dia de bem com a vida e comigo mesmo. E quando eu aprendi a tocar o violão (após muitos vídeos assistidos no youtube e muita prática) ele se tornou uma extensão de mim, me acompanhando por onde quer que eu vá.

 

Senti o telefone vibrar novamente enquanto dedilhava algumas notas, parando por um momento e visualizando a mensagem.

 

Cameron- Perfeito, cara. Mais tarde vou me encontrar com alguns amigos no flat do meu primo, incluindo algumas gatas da faculdade. Porque você não pega seu violão e vêm ficar aqui com a gente depois?

 

Encarei a mensagem enquanto pensava. Cameron sempre me convidava para suas festinhas, apesar de não ter ido à metade delas. Ele sempre o festeiro, extrovertido e animado das rodas de amigos enquanto eu era o garoto reservado, que preferia ficar tocando o violão e compondo minhas músicas. 

 

Olhei novamente a tela do aparelho em minha mão e resolvi radicalizar um pouco.

 

Shawn- Okay, Dallas, me convenceu. Mais tarde me junto a vocês.

 

Deixei o telefone de lado, enquanto voltava a soltar algumas notas no violão com meu fiel caderno do lado, onde continham inúmeras letras e rascunhos que escrevi algum tempo atrás. Sempre havia sonhado em seguir carreira na música, mas nem todos dão sorte nesse mundo e como sempre tive essa vontade de poder ajudar os outros, decidi seguir esse caminho e continuar com essa paixão de uma maneira mais íntima.

 

Continuei o que estava fazendo, intercalando os olhares para o caderno ao meu lado e através da janela que dava vista à cidade. Logo estaria escurecendo, enquanto eu continuava imaginando as surpresas que aquela noite me reservavam.

 

 

 

          *                   *                           *      

      

 

 

Miami, Flórida- 18:30

 

 

Ainda terminava de arrumar minhas coisas dentro da mala, tentando fazer tudo caber lá dentro, com as mãos trêmulas devido ao nervosismo. A sensação de frio em minha barriga me lembrava da reviravolta que estava prestes a passar. Ouço o telefone vibrar na mesa à frente, então estico o braço até o aparelho, visualizando a mensagem.

Ally- Ei Mila, já acabei de arrumar as minhas coisas e logo estarei chegando no aeroporto. To mega ansiosaaa com isso rsrsrs. Até daqui a pouco, bjos.

Sorrio com a mensagem, verificando o horário marcado na passagem, uma viagem só de ida a Nova Iorque. Senti um arrepio levantar os pelinhos do meu braço ao bloquear a tela do aparelho, apoiando-o na minha perna.

-Esta pronta, hija ? -Mama estava encostada na porta, enquanto estudava minha expressão. 

-Sim, mama. Só um pouco nervosa.-Abaixei o olhar, encarando o telefone em minhas mãos. 

Mama se aproximou de mim, sentando ao meu lado envolvendo-me num abraço apertado. Naquele momento um carnho de mãe era mais que bem-vindo, enquanto o coração apertado não queria sair do ninho.

-Não se preocupe,querida. Você é uma jovem linda, inteligente e mais forte do que imagina. Além do mais, você vai morar com suas amigas, o que ja me deixa mais tranquila.

-Porque elas vão cuidar de mim? -Perguntei, encaixando minha cabeça em seu colo, enquanto sua mão fazia um chamego no meu cabelo.

-Na verdade pensei que você cuidaria delas. -Um sorriso se formou em meu rosto enquanto riamos disso. Ao virar os olhos para a porta, vi Sofi correndo até o quarto.

- Kaki!!! Kaki!!! A Dinah está lá embaixo te esperando.

Sai do colo da Mama, puxando Sofi até mim enquanto nos duas fazíamos cócegas naquela pequena, enquanto tentava usar seus braços para se defender. Failed mission.

Ouço passos vindo do corredor e vejo Dinah parada a alguns metros da porta.

-Não acredito que finalmente conseguiu fechar essa mala. Achei que teria que colocar ela do meu lado na viagem e despachar você. -Lancei um olhar mortal a ela, mas logo ri de uma careta zoada que ela fez.

Papa apareceu atrás dela, assustando-a sem intenção, arrancando uma risada de mim.

-Garotas, vamos para o aeroporto antes que percam o horário de vocês. -Ele desceu as escadas novamente, seguido de Dinah, enquanto ficava de pé,  puxando a mala comigo para fora do quarto. Parei na porta do quarto, dando uma última olhada no meu cantinho.

- Hasta luego, mi casa.

 

 

 

                        *                                 *                          *          

 

 

 

Nova Iorque- 18:35

 

 

Olhei para o relógio no telefone, marcando 18:35 enquanto seguia caminhando pela rua até o endereço que Cameron havia me mandando. O violão sacudia levemente dentro da capa a cada passada que dava, enquanto meus olhos passeavam pela rua vendo a movimentação na vida noturna dos nova iorquinos.

 

Após alguns minutos, cheguei até o prédio, caminhando até a recepção para falar com o gerente.

 

-Boa noite. Apartamento do senhor Dallas, por favor.

 

O gerente me indicou o andar e apontou o elevador, enquanto seguia na direção do mesmo. O cara morava na cobertura do edifício, então chegando lá, entrei direto na casa, vendo algumas pessoas sentadas no sofá a longe com vários copos sobre a mesa. Dei os primeiros passos dentro do local, sentindo um braço rodar meu pescoço, apoiando em meu ombro.

 

-Que bom que você veio, cara. -Cameron disse, levando-me até as outras pessoas, enquanto segurava o copo com a outra mão. -Pessoal, este aqui é o Shawn, meu vizinho de quarto. Ele faz medicina.

 

Cumprimentei as pessoas, enquanto Cameron ia até a cozinha ao lado encher novamente o copo que segurava. Alguns garotos se aproximara perguntando sobre meu curso e de onde era, puxando assunto, enquanto algumas garotas conversavam perto da porta que dava pra sacada, desviando os olhares até mim algumas vezes. A maioria ali eram amigos do curso do Cameron, mas haviam vários estudantes de outros cursos lá, incluindo a garota que estava me observando.

 

A garota vestia um vestido preto colado ao corpo que mostrava seus ombros, indo até acima do joelho. Sua pele era tão branca como a minha e seus olhos pareciam ferozes e vorazes enquanto percorria meu corpo de cima a baixo. Levei o copo com o refrigerante à boca, desviando a atenção dela enquanto ainda podia sentir seu olhar em mim. Cameron deve ter percebido,pois se aproximou de mim, dizendo em meu ouvido.

 

-A Lauren não para de te olhar desde que você chegou, praticamente está te devorando desde o minuto que pisou aqui.

 

-E...-Perguntei, enquanto levava o copo novamente à boca.

 

Cameron fez uma cara meio que confusa misturada com indignação. 

 

-Ela é uma das minhas veteranas mais gatas e sempre tem vários cara embaixo do salto. Nunca vi ela secar alguém como agora.

 

 

Apenas balancei os ombros, desviandl a atenção. Ele tomou o copo da minha mão, levando até o nariz, afastando-o, com um olhar indignado.

 

-Refrigerante, Mendes? -Ergui os ombros enquanto o via se afastar. -Não vou permitir que passe essa noite como numa festinha infantil. - Vi ele se afastar e voltar com outro copo, entregando-o na minha mão. Levei até o nariz, sentindo um cheiro forte invadir minha narinas, era vodka com energético.

 

-Pronto. Agora beba isso, vá falar com aquela garota e seja feliz. Isso é uma ordem.- Acenei a cabeça, com um sorriso no rosto enquanto bebia o líquido no recipiente, sentindo-o rasgar levemente minha garganta ao descer.

 

-Acho melhor tocar algo primeiro. Vai me ajudar a me soltar. - Cameron apenas concordou com a cabeça diversas vezes, enquanto me empurrava em um banquinho, fazendo-me sentar enquanto chamava a atenção de todos ali.

 

-Atenção, gente. Meu amigo aqui é um ótimo cantor e toca muito bem. -Sua voz já havia começado a ficar meio atrapalhada, enquanto via o copo balançar em sua mão. Cada vergonha que ele me fazia passar...  Dallas, você me paga. -Vamos lá cara, toca algo aí.

 

Ele sentou no sofá ao lado, enquanto a atenção das pessoas estava depositada em mim. Senti um leve tremor nos dedos, mas assim que estralei senti ela passar. Tirei o violão da capa, posicionando-o em meu colo, enquanto tentava me lembrar de alguma letra, quando me lembrei da primeira música que havia escrito. 

 

Posicionei os dedos, e as primeiras notas foram saindo enquanto as palavras saíam da minha boca.

 

I love it when you just don't care

I love it when you dance

Like there's nobody there 

So when it gets hard, don't be afraid

We don't care what them people said

 

Algumas pessoas que ainda estavam distraídas mudaram a atenção totalmente para mim, como se estivessem surpresas com a minha voz. Senti um leve frio na barriga, mas apenas respirei fundo e continuei tocando.

 

I love it when you don't take no

I love it when you do what you want

Cause you just said so

Let them all go home, we out late

We don't care what them people said

 

Naquele momento, haviam vários celulares com as câmeras apontadas para mim, enquanto tentava me manter concentrado e não perder o foco.

"Se concentra Shawn !!!!!", repetia essas palavras na minha cabeça, tentando ignorar tudo que acontecia ao meu redor.

 

We don't have to be ordinary

Make your best mistakes

'Cause we don't have the time to be sorry

So baby be the life of the party

I'm telling you to take your shot

It might be scary

Hearts are gonna break

'Cause we don't have the time to be sorry

So baby be the life of the party

 

( https://www.youtube.com/watch?v=O986FuTmQcM  - Shawn Mendes, Life Of The Party (Official Version) ) 

 

 

Meus dedos pararam sobre as cordas do violão enquanto levantava o olhar, vendo a expressão deles. Camerom me olhava, com se disesse " meu garoto" com seu olhar, enquanto seus amigos se aproximava de mim, aparentemente surpresos com o que havia acontecido.

 

Deixei o violão encostado na parede, ficando de pé com o copo na mão enquanto conversava com alguns deles. A noite pareceu correr mais naturalmente depois daquela pequena apresentação. 

 

Algumas garotas se aproximaram,  inclusive a de vestido preto e olhos verdes, com um copo balançando em uma das mãos. 

 

-E aí, curtindo a noite? -Seus olhos verdes me encararam enquanto a mesma levava o copo até os lábios. 

 

Olhei para Cameron pouco mais ao longe, vendo o pronunciar  "Vai Fundo !!", enquanto levava o copo até a boca, tomando um longo gole da bebida. Olhei para ela por um instante, enquanto ela aguardava a minha resposta.

 

- Está melhor do que imaginei. -Um sorriso se formou nos seus lábios enquanto a conversa começava a fluir. Quem diria, Mendes, o risco pareceu ter valido a pena.

 

 

 

*                         *                    *

 

 

 

Nova Iorque- 20:45

 

 

A vista daquela sacada era incrível. Meus braços estavam apoiados no concreto enquanto segurava o copo com uma das mãos. Ja estava ficando tarde, mas ninguém estava querendo dar o braço a torcer. 

 

Virei o pescoço para trás,  vendo três desmaiado no sofá com vários copos na mesa à frente, enquanto alguns conversavam na cozinha do flat. Cameron provavelmente estava ficando com alguma garota em algum cômodo do apartamento,  como era de costume dele.

 

Senti uma mão apertar levemente meu ombro, deslizando para meu pescoço  quando vi o rosto de Lauren aparecer do meu lado.

 

-Achei que você estaria la dentro,  tocando mais um pouco. -Seus olhos pareciam seguir meus movimentos de maneira discreta. Movi os olhos para frente, observando a cidade.

 

-Só vim tomar um ar. -Levei o copo á boca, tomando mais um gole. Senti seu corpo aproximando do meu, enquanto uma das mãos livres mexia em algumas mechas do meu cabelo, com um sorriso exibindo os dentes .

 

-Cameron me disse muito sobre você. Mas admito que fiquei surpresa com o que presenciei mais cedo. -Seus lábios entreabertos pararam a alguns metros do meu rosto.

 

-Pois é, não sou do tipo festeiro como Cameron. Prefiro ficar mais na minha.

 

Sua mão rodou a minha cintura, aproximando ainda mais nossos corpos. Virei o rosto na direção da garota, enquanto sentia o fogo arder dentro de seus olhos.

 

Podia sentir seu hálito de hortelã se aproximando do meu rosto. Naquele momento havia travado, com a boca entreaberta enquanto via a morena se aproximar,  colocando a mão livre sobre a minha.

 

Seus olhos se fecharam a poucos centímetros da minha boca, quando fui surpreendido por uma garota que se aproximou,  colocando a mão em meu ombro. Lauren parou o movimento, recuando um pouco enquanto mudava a atenção à garota.

 

-Desculpa te incomodar, mas o Cameron bebeu um pouco além da conta e...

 

-Tudo bem. -Dei um passo na direção da porta, virando a cabeça para Lauren. -Eu... Tenho que ir.

 

Ela acenou com a cabeça, pronunciando um "tudo bem" com os lábios, enquanto me dirigia até o quarto onde Cameron estava cochilado. Passei o braço pelo seu corpo, ajudando-o a ficar de pé.

 

-Mendes...-Ele estava com um sorrisinho bobo no rosto enquanto apertava minha bochecha com a mão livre. -Que pele maciiiiia você tem..

 

Balancei a cabeça, como se concordasse com tudo que ele estava dizendo, enquanto caminhava com ele até fora do apartamento, pegando o violão na capa pelo caminho e pondo nas costas, enquanto apertava o botão do elevador.

 

Chamei um táxi, colocando Cameron deitado no banco de trás, enquanto dizia ao motorista o endereço para seguir caminho.

 

                 *                     *                  *

 

 

John F. Kennedy International Airport- Nova Iorque, 21:30

 

 

Assim que havia chegado no aeroporto, encontrei Ally e seguimos todas juntas para a sala de embarque, após ouvir a chamada do nosso voo. Depois de uma viagem tranquila, com algumas turbulências, aterrissamos em NY City, indo pegar as nossas malas.

 

-Caramba Camila, você por acaso tem um corpo dentro da sua mala? -Dinah resmungava enquanto tentava tirar a minha mala da esteira. Peguei a da Ally, que estava chamando um táxi enquanto seguíamos até a saída do terminal de desembarque. Após passarmos por uma enorme multidão que parecia não ter fim, encontramos Ally com um táxi parado em frente. 

 

Colocamos as malas e logo entramos,eu e Ally atrás e Dinah no banco do carona.

 

-Para onde as moças estão indo? -Perguntou o taxista, educadamente.

 

-Founders Hall, por favor. -Disse, enquanto as duas olhavam maravilhadas pela janela aquela enorme cidade que brilhava tanto que era capaz de observar do espaço, eu imaginava. Era incrível como aquela cidade era movimentada e diversificada, como se o mundo inteiro houvesse reduzido.

 

-As moças são de fora, não são? - O taxista disse, vendo nossas caras bobas de admiração.

 

-Somo da Flórida- Disse-Bom, pelo menos eu e a minha amiga do seu lado. Ally é do Texas, mas passava tanto tempo conosco que é como se morasse lá.

 

-E as moças estão estudando na NYU?

 

-Sim. -Ally disse, após tirar uma foto da cidade e logo postar, guardando o celular.- Eu vou estudar Enfermagem. Minha amiga aqui- Ela me balançou, arrancando uma risada de mim- Vai estudar Desenho junto com a Dinah. -O senhor balançou a cabeça, seguindo o caminho até nosso destino.

 

Após um percurso um tanto longo, no qual passei a maior parte do tempo encarando tudo do outro lado da janela, paramos em frente ao local onde iriamos viver nos próximos anos. Tiramos as malas do carro, enquanto segurava também minha mochila que estava comigo. Ally foi na frente, descobrindo onde ficava nosso quarto e pegando a chave, enquanto íamos até o elevador.

 

Ally veio correndo, entrando pouco antes de fechar, segurando uma chave em cada mão.

 

-Ué, Allycat...Porque veio com duas chaves?-Perguntei, enquanto o elevador continuava subindo.

 

-É porque eu e Dinah vamos dividir o quarto, Mila. você conseguiu um só para você.

 

Dinah me olhou, com uma expressão mesclando malícia e um pequeno olhar mortal.

 

-Eh, dona Karla Camila... Vê se não apronta muito durante a minha ausência na sua vida.

 

Todas nós rimos quando a porta do elevador abriu, enquanto tirávamos as malas. Estava tentando me equilibrar enquanto seguia até meu quarto quando senti um empurrão do meu lado, fazendo meu corpo encostar na parede enquanto a mochila caía no chão. Estava com a cabeça confusa, e apenas ouvi alguém dizer.

 

-Cuidado por onde anda!!- Quando virei o olhar, vi dois garotos andando, meio cambaleando enquanto o da direita parecia manter o outro em pé.

 

-Seu grosso.- Disse, fazendo surgir um biquinho involuntariamente em minha boca, enquanto Dinah se aproximava , quase xingando os dois garotos, me ajudando a pegar a mochila do chão.

 

-Eita, Camila. Mal chegou e já deu um encontrão com um boy. E um boy até bonito, tenho que dizer...-Ela virou o rosto, vendo os dois garotos se afastar, enquanto eles entravam no elevador, sumindo das nossas vistas.

 

Peguei a chave, abrindo a porta do meu quarto e começando arrumar as minhas coisas, tentando colocar as coisas em ordem, incluindo a minha cabeça.

 

                      

 

                               *                          *                   *

 

 

-Poxa Mendes, não acredito que você quase derrubou aquela garota lá. 

 

Tentava ajeitar Cameron de pé no elevador, enquanto a porta do mesmo abria, carregando o garoto até seu quarto. Abri a porta do seu quarto, deixando- o na cama, enquanto via o mesmo se revirar sobre o lençol.

 

-Do que você tá falando? Você que tentou se agarrar nela, antes que eu te puxasse para longe.- Tirei o casaco dele, colocando na cadeira enquanto o mesmo tirava a camisa, olhando os músculos do braço e apertando com um dedo, com um biquinho infantil na boca.

 

-Mas você foi muito "grossu" cum ela.- Ele já estava mais alterado que quando tirei ele da festa. Ajudei ele a ficar de pé, levando-o até o banheiro e o colocando embaixo do chuveiro.

 

-Aquilo foi porque você pisou no meu pé quando te puxei pra longe dela, e ela pisou no outro quando caiu tentando se afasta de você. Agora, cala essa boca e tira essa roupa, porque do jeito que tá vamos ter que incendiar essa coisa.

 

Ele tirou a camisa, jogando no chão enquanto colocava a mão na barra da calça.

 

-Shawn Mendes não resiste aos meus encantos? -Cameron disse, tentando fazer uma pose sexy, cambaleando dentro do box. 

 

Dei uma risada, enquanto gravava aquele momento no meu celular para mostrá-lo na manhã seguinte. A noite estava sendo, apesar de todas as palhaçadas e problemas, a mais divertida da minha vida,até o momento.

 

-Vai se ferrar, Dallas. Vê se descansa e não faça nenhuma besteira. 

 

Sai do banheiro, enquanto ouvia ele cantarolando com o vidro do shampoo em mãos, se achando um cantor no Grammy. Fui para meu quarto, caindo na cama virado para cima, encarando o teto sobre minha cabeça enquanto pensava na noite maluca que havia passado.

 

-Pois é...Quem diria? - Um sorriso se formou de canto a canto de meu rosto, uma boa maneira de finalizar a noite.