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História Aquela História - Aquela Uzumaki...


Escrita por: AkazawaSG

Capítulo 2 - Aquela Uzumaki...


O despertador do celular estava gritando enquanto sufocado embaixo do travesseiro e eu acordei meio sem acordar, afastando as cobertas sem nenhuma energia.

Alcancei o aparelho barulhento e, preguiçosamente, o desliguei, coçando os olhos arenosos por alguns segundos enquanto me sentava e ficava ali parado, observando o quarto escuro e voltando aos pouco a realidade...

Então olhei as horas na tela.

 

– Puta merda!!

 

Levantei apressado, catando meu material esportivo espalhado pelo quarto. Mamãe havia me mandado arrumar com antecedência, mas acabei adiando ate esquecer e agora me arrependia.

Joguei tudo na bolsa: Luva, bastão, uniforme e chuteira. O boné do time foi direto para a cabeça.

 

– Mãe, vou indo! Tchau, tchau!! – Cheguei na cozinha as pressas, peguei uma torrada na mesa, já correndo para a porta.

– Boruto Hyuuga! Volte aqui. Você não sai antes de conversarmos.

– Mãe... Eu tenho treino agora cedo e já estou atrasado.

– Não. Eu tentei falar com você antes, mas esteve fugindo de mim o final de semana inteiro e, com o baile na sexta, só vamos nos ver no sábado, certo?! Tem que ser agora, Boruto.

– Mas eu...

– Sente-se. – Ela puxou uma cadeira para mim. – Ou pode me desobedecer, sair e dar adeus ao seu presente de aniversario.

 

Ah, não... Minha motocicleta, não...

Daqui a dois meses vou fazer meus 16 anos, tirarei minha carteira de motorista e poderei abandonar minha vida de moleque vivida no selim da minha bicicleta.

Eu implorei por um carro, mas mamãe não me achava “responsável” o bastante, então meu tio, de brincadeira, me prometeu uma moto. Ela ficou doida de raiva com a ideia, como qualquer mãe ficaria, e repensou a história do carro, mas ai já era tarde. Eu queria aquela motocicleta.

No fim, mamãe aceitou, só que fez um trato de “bom comportamento” comigo e sempre que precisava me cobrar alguma coisa, vinha com essas ameaças: faça isso ou nada de presente...

E pior, eu não duvido de nada que venha da senhora minha mãe, a doutora Hinata Hyuuga.

Bufei e me sentei ao seu lado na farta mesa de café da manhã, ela comia lentamente enquanto eu estava uma pilha de nervos. Me impressionava como ela sempre agia tão calmamente, mesmo quando zangada.

 

– É sobre o seu avô...

– Ah, isso de novo?!

– Eu só quero entender, ok?! Por que vocês brigaram daquele jeito?

– A senhora sabe como o vovô é... Ele veio com aquele papo de nome da família, honra e dever...

– Sim, eu sei perfeitamente.

– O vovô pode ser um advogado incrível e a senhora é a promotora mais temida dos tribunais, mas não quer dizer que eu quero isso para mim. Ai ele vem falando sobre eu herdar o escritório?! E ainda premeditar que vou virar juiz?! Fala sério...

– Mas você o insultou, Boruto. Na frente de vários clientes, dos sócios e da família.

– Ele me colocou contra a parede.

– Não, não vou aceitar justificativas. Eu criei você para lutar por seus ideais, mas perdeu qualquer razão agindo daquele jeito.

– Ele não queria entender e eu perdi a cabeça. – Baixei o olhar, estava com raiva e decepcionado, ninguém parecia me entender. – Me arrependi do que disse depois daquilo, mas não tinha mais jeito de consertar...

 

Ela me olhou por um segundo analítica, o assustador olhar que deu fama aquela promotora. Mas logo sua expressão se suavizou, sorriu de forma compreensiva e doce e eu soube que ela não estava mais zangada.

 

– Você não queria mesmo ir aquele coquetel, não deveríamos ter te obrigado.

– A comida estava boa, mas a senhora não me deixou beber nada.

– Álcool só quando for maior de idade. – Ela tirou o meu boné enquanto falava.

– Mãe! – Reclamei passando a mão por entre os cabelos, ajeitando a juba despenteada.

 

Sempre odiei quando arrancavam meu boné – ou toca – de surpresa, ainda mais se era exclusivamente para escancarar meu cabelo grande e mal cortado... Era proibido e qualquer um que fizesse ganhava minha inimizade perpetua.

Mas não para a minha mãe... Aquela Hyuuga era a exceção a essa minha regra e, sabendo bem disso, ela se aproveitava descaradamente. Meu cabelo nunca ficava escondido por muito tempo se ela estivasse por perto e ainda ria divertida por me ouvir reclamar.

 

– Você não tem mesmo nenhum interesse em advocacia? – Ela me perguntou, verdadeiramente curiosa.

– Eu? Não sei. Não tenho certeza se quero pensar nisso ainda... Eu gosto mesmo é de jogar e... Sei lá...

– Muito bem então... Falarei com seu avô para ele parar de te pressionar como tem feito. E o senhor, rapazinho, se desculpa com ele no próximo final de semana. Estamos entendidos?!

– Mas ele está zangado comigo... E eu também falei muita besteira... Talvez ele não vá querer...

– Boruto, o que eu sempre digo? Nunca é tarde para concertar as coisas.

 

Sem ter o que responder, apenas baixei o olhar, os segundos passaram e logo a senti recolocar o boné no topo da minha cabeça.

 

– Agora vá. – Ela me mandou. – Ou vai acabar se atrasando de verdade.

 

Eu já tinha esquecido! Me apavorei, conferindo novamente a hora no meu celular e já pulei da cadeira em direção a porta. Parei no ultimo segundo e me virei para olha-la e, sorrindo, me despedi:

 

– Ate sábado, mãe! – Disse e ela me respondeu sorrindo de volta.

 

Fui correndo para fora do apartamento, alcançando o elevador em tempo recorde.

O motorista já me esperava lá em baixo. Eu avisei que tinha treino e que precisava sair antes da hora normal e ele devia estar me xingando ate a alma por tê-lo feito acordar cedo só para deixa-lo esperando ate agora. Mas o que fazer se eu dormi de mais?!

Saímos do condomínio, eu, agitadamente, o apressando, ciente de que tínhamos que correr em 30 minutos uma distancia que levaria quase uma hora para alcançar.

 

Cheguei 20 minutos atrasado no treino e o técnico não me deixou explicar nada, me mandou ir pagar as corridas que eram o castigo geral por atrapalhadas como aquela.

Rodeei o campo que tinha forma de diamante enquanto observava os outros jogadores treinando rebatidas com a maquina que cuspia as pequenas bolas de couro em alta velocidade, enquanto o catcher e pitcher faziam um treinamento a parte com dicas diretas do técnico.

 

Quando acabei minhas, quase infinitas, voltas de castigo, pude me reunir com os outros no momento em que fora decidido que faríamos um jogo teste e, enfim, assumi minha posição habitual de rebatedor e astro do time de beisebol de Konoha.

Infelizmente, faltavam poucos minutos para que eu pudesse aproveitar. O horário do treino acabou e só tive tempo de tomar uma ducha rápida antes de vesti meu uniforme e ouvir o sinal tocar, alertando o inicio das aulas.

 

– Estou acabado...

 

Bati a testa contra minha mesa, já na sala de aula, suspirei cansado.

 

– Mas ainda são só oito horas, Boruto... – Ouvi Sumire falar e me ergui para encara-la.

 

A garota sentada a minha frente havia se virado e sorria para mim como se esperasse explicações.

 

– Foi o pior final de semana da minha vida...

– Hum, o seu avô de novo?! Como foi aquele coquetel empresarial?

– Uma droga... Acabei fazendo merda e o vovô não quer nem olhar na minha cara.

– Estranho. Na sexta-feira você saiu daqui decidido a “se resolver com ele permanentemente-tebasa”. – A garota imitou o meu jeito de falar no final da frase e eu suspirei, caindo de novo de testa na mesa.

– Eu sei, mas não consegui falar como eu imaginei que falaria. Aquele velho sempre acaba com meus argumentos antes mesmo de eu começar...

– Acho que é isso que advogados fazem. – Ela riu.

– Pior, mamãe me mandou pedir desculpas e eu não tenho ideia de como fazer isso sem recuar. Do jeito que as coisas andam, vou acabar cursando Direito sem conseguir dizer nada contra.

– Você tem tempo, depois da aula eu te ajudo a pensar num discurso bem convincente que nem seu avô poderá contradizer.

 

Então o professor de biologia entrou na sala, habitualmente vestido de sobretudo e óculos escuros, como se o sol da manhã o incomodasse. Ele abriu sua pasta, tirando e organizando seus papeis sobre a mesa enquanto todos pararam suas conversas e fofocas, sentavam-se comportadamente e o esperavam iniciar a aula.

Sumire também havia se voltado para frente e eu me endireitei sentado, desanimado com meus problemas familiares, mas esperançoso de que uma semana puxada de estudo me faria pensar bem em como me desculpar com o vovô sem dar brecha para ele “me convencer” de que advocacia é a minha vocação.

 

Então houve uma leve batida na porta, que atraiu a atenção de todos, incluindo o professor, e me tirou dos pensamentos. A coordenadora apareceu, segurando a maçaneta como se abrisse passagem para alguém.

 

– Bom dia, classe. Hoje receberemos uma nova aluna.

 

Minha mesa ficava no fundo da sala, de onde eu não podia ver quem estava lá, mas pude perceber como os alunos que ficavam mais a frente estavam de boquiaberta. Isso me deixou curioso.

 

– Perdoe o atraso dela, professor. Foi minha culpa. – A mulher se explicou.

– Tudo bem, ainda não comecei a aula de qualquer forma. Vamos, entre. – Ele fez um gesto com a mão para aquela que eu ainda não conseguia ver, mas como pareceu ser ignorado, repetiu o chamado: – Não seja tímida, venha.

 

A coordenadora riu um pouco, quase cética as palavras empregadas pelo professor e então encarou a garota, que ainda estava fora de vista, de forma séria.

 

– Por favor, comporte-se.

– Eu vou... – Ouvi sua voz e o sarcasmo que a cobria.

 

Então a garota entrou. Andando? Não. Estava desfilando, na verdade. Como se fosse dona do colégio, dona do mundo talvez... Tão cheia de confiança que era ate intimidante.

Todos a olhavam espantados, descrentes, sem reação. Pois ela usava o uniforme do Colégio, mas não era "uniforme"...

Por tradição, o uniforme era composto por uma blusa de malha pv branca com detalhes na gola social e nas mangas em vermelho. Os meninos usavam calça preta e as garota poderia escolher pela saia habitual ou uma bermuda que não poderia ser, obrigatoriamente, menor que um dedo acima do joelho.

Bem, parece que aquela garota não leu nenhum regulamento ou simplesmente não liga para as punições ao quebrar as regras...

Ainda tinha o emblema do colégio, mas ela escolhera uma blusa alguns números maior e simplesmente passou a tesoura nas mangas e na gola para transforma-la em uma regata folgada. Sua bermuda também fora cortada de mal jeito, ficando exageradamente curta e desfiada.

Tinha brincos, pulseiras e usava uns óculos escuros enormes, coisas prontamente proibidas de serem usadas pelos alunos em horários de aula.

Todos estavam pasmos com aquela completa falta de respeito, mas eu não... Observei-a miraculosamente enquanto andava ate a mesa do professor e lhe entregava um papel dobrado, talvez os dados de matricula que ele precisaria.

Não, eu não a olhava sem fala por causa do modo de se vestir, nem me importou também a forma debochada com que ela se encostou na parede de braços cruzados enquanto esperava o professor lhe apresentar ao resto da turma e indicasse onde se sentaria.

Eu estava impressionado, sim, mas por outros motivos...

 

– Está é Himawari. Será companheira de vocês, então espero que se deem bem no decorrer do ano letivo. – O professor falara lendo o documento e logo a olhou, pedindo. – Apresente-se, por favor.

– Olá, Sou Himawari Uzumaki. – Ela fez uma leve reverencia com a cabeça. – Espero que possamos ser amigos, mas não se acostumem tanto comigo. Não pretendo ficar muito tempo.

 

Ela retirou os óculos escuros, o pendurando na gola destruída do uniforme e se sentou onde o professor indicara. Duas mesas na diagonal direita de Sumire.

Foi quando estava perto o bastante para poder ver perfeitamente seus olhos azuis como os meus e as marquinhas de nascença em suas bochechas copias das minhas...

Além disso, havia o cabelo curto, cortado repicado, que tinha um tom escuro azulado... O formato do rosto e nariz... O sorriso que deu para “tentar” parecer amigável ao outros em volta...

Eu vi... Reconheci... E não acreditei...

Apesar de todas as diferenças... O sentimento nostálgico era inevitável... Olhar para essa garota era como encarar uma foto antiga da minha mãe...

 

– Que porra de garota é essa?!



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