História Aquela Noite - Fim da missão

A noite ficava tão clara quando era lua cheia, os barulhos da noite traziam uma certa paz, faziam alguns minutos que estávamos nos olhando, Itachi acariciava minha bochecha com a ponta dos dedos, havíamos voltado para nosso acampamento, mas dessa vez Itachi ficou ao meu lado, seu olhar estava longe, mas mesmo assim me passava uma certa paz, aqueles olhos castanhos eram minha perdição, eles me traziam tantas dúvidas em meio às minhas seguranças, mas tantas certezas em meio às minhas inseguranças. Kiro dormia tranquilamente ao lado, ou pelo menos era o que parecia, tudo aquilo com Itachi era uma novidade pra mim, meu coração se enchia de alegria por tudo que estávamos vivendo, mas havia em mim um sentimento estranho, como se tudo não passasse de um sonho.

- O que deu em você? - perguntei baixinho, a pergunta saiu sem pensar, mas eu realmente queria saber.

- Como assim? - questionou com um certo ar de sarcasmo.

- Você quer mesmo que eu detalhe todas as coisas que aconteceram nesses últimos dias, todas as atitudes que você está tendo fora do comum?

- Quero! - falou soltando uma risada baixa, seus olhos se fecharam em satisfação.

Bufei de inconformação, não estava afim de cair em sua provocação, então resolvi ficar em silêncio, se ele não queria falar tudo bem, não iria forçar. Itachi puxou minha cintura colando nossos corpos. Tranquei a respiração, um pouco surpresa, então ele começa...

- Eu resolvi me dar a chance de viver Izumi, eu resolvi parar de fugir dos sentimentos que guardava dentro de mim e então os enfrentei, você é um destes sentimentos que eu guardava e que eu fugi. Por muito tempo fiquei focado apenas nas questões da nossa vila, do nosso clã e com isso cada vez mais eu me afastava de tudo e de todos, Shisui morreu e eu me perdi mais ainda, estava tão imerso na escuridão, perdido e então em um dia voltando para nosso distrito vi você, depois de tanto tempo, você estava deitada no gramado, dispersa, longe dali, você parecia tão em paz e então eu senti algo, como se você fosse capaz de me levar para sua paz, ou me ensinasse encontrar a minha. Me lembrei da nossa amizade, de quando comiámos dangos, brincávamos, como era bom a sensação quando estávamos próximos, senti isso tão profundamente que foi como se visse uma luz, mesmo que longe, quem sabe eu pudesse sair dessa escuridão. - Itachi despejou essa série de palavras em cima de mim, aquilo foi tão intenso que não conseguia assimilar direito tudo que foi dito. Ele me olhava como se quisesse que eu falasse algo, porém, eu não conseguia. Então ele continuou. - Aquele dia que te encontrei na estrada para a vila, fazia alguns dias que eu te seguia, eu sei que isso parece um pouco estranho, mas… mas eu queria encontrar um momento certo para falar com você. Sua folga a umas três semanas atrás foi a primeira vez que te vi depois de tanto tempo, aquele dia eu ainda não estava preparado para ir falar com você, teve outras vezes, mas você sempre estava acompanhada, ou por sua mãe, ou por algum companheiro Shinobi. Nessa última vez quando você estava novamente aproveitando seu dia no gramado, sua expressão era tão satisfatório que a única coisa que eu queria era observá-la. Então, no próximo dia eu havia decidido que iria falar com você, foi aí que te encontrei na floresta, depois disso, pedi para o Hokage me deixar ir nessa missão com vocês, queria me aproximar de você novamente, eu não sabia ao certo o que iria acontecer, como você reagiria, mas eu tinha uma certa esperança de que você sentisse algo por mim, acho que não estava errado pelo jeito. - disse acariciando meus cabelos enquanto mordia seu lábio.  

Eu havia ouvido tudo em silêncio, estava de certa forma satisfeita com o que havia ouvido, aquilo parecia um sonho, o que ele me dizia e se encaixou  tão perfeitamente com coisas que eu pensei e sonhei por tantas vezes.

- Eu esperei isso por tanto tempo, que por algum tempo eu nem pensava mais. Estou feliz por tudo que aconteceu. Arigatou Itachi. - disse me aconchegando em seus braços e me deixando embalar pelo sono que vinha insistindo.

A luz da manhã dava indícios que estava próxima, esfreguei os olhos me forçando acordar. Itachi não estava mais do meu lado como noite passada, olhei para o lado e Kiro também não estava mais ali, já estava ficando irritada comigo mesma, era sempre a última acordar.

- Por que vocês não me acordaram quando vocês levantaram? - questionei antes de mais nada.

- Ohayo pra você também! - Itachi respondeu sorrindo. Kiro que estava de braços cruzados acenou com a cabeça sem entender muito meu mal humor.

- Izumi, coma algo que vamos sair em breve, estamos próximos ao nosso destino, nosso prazo está um pouco em cima, mas hoje completamos nossa missão. - Itachi falava enquanto juntava seus pertences. Comi algumas frutas secas que carregava, bebi um pouco de água e partimos, o sol estava brilhando forte, de um jeito que não parecia real, era estranho aquela luz, fiquei um pouco inquieta com aquilo, como se o sol fosse fictício, como em um genjutsu.

- Hey, vocês não acham que esse sol está um pouco estranho? - Kiro olhou para cima e me olhou sem entender, Itachi pareceu um pouco estranho mas concordou com Kiro me respondendo.

- Pra mim parece normal, vamos seguir. - falou puxando nosso grupo.

Essa situação me incomodou um pouco, mas tentei seguir viagem sem mais pensar nisso. Mas que era estranho era.

Chegamos ao nosso destino, a ilha de Atami, era pequena, cercada por água, o comércio era basicamente de venda de peixes e iguarias aquáticas. O lugar cheirava a peixe. A casa do senhor Shiawase era em uma parte um pouco afastada da concentração de casas. No portão da casa haviam duas estátuas grandes no formato de peixe, o caminho da entrada era cercado por um tipo de árvore que eu desconhecia. Era deslumbrante tudo que havia em volta, aquele senhor sem sombra de dúvidas tinha muitas posses. Estava encantada com todo aquele cenário, quando sinto a mão de alguém encostando na minha.

- Izumi, vamos. - Itachi me puxou levemente me tirando de meu deslumbramento, seu jeito me derretia por completo. Batemos algumas vezes na porta até que uma senhora nos atendeu, ela percebeu nossas bandanas e nos saudou com as mãos.

- Entrem, entrem! - nos convidou a entrar, sua voz era tenra e simpática. A senhora nos mostrou alguns acentos e nos sentamos ali a espera do senhor Shiawase. Em uma mesa próxima haviam algumas bebidas e biscoitos, a senhora de poucas palavras nos apontou o local nos oferecendo os alimentos que ali estavam. Agradecemos, mas dispensamos. Logo em seguida um senhor adentrou a sala onde estávamos, ele possuía os cabelos compridos e grisalhos uma barba longa e olhos fundos, vestia roupas claras e largas, logo atrás dele grudado em suas roupas um menino se escondia atrás do homem, o menino também tinha cabelos longos, na verdade ele parecia uma miniatura mais nova daquele senhor.

- Olá, agradeço por terem vindo, a folha sempre foi uma grande amiga de nossa ilha. Eu particularmente já contratei algumas vezes os serviços de vocês.  - o senhor Shiawase sorria sem abrir os olhos. Itachi muito profissional agradeceu aos elogios a nossa vila e aos nossos serviços, e iniciou o procedimento para que seguíssemos nossa missão, a criança que era muito tímida demorou a se desvincular do avô. O velho abraçou o pequeno e desejou boa sorte, nos explicou algumas peculiaridades  da estrada e o caminho a seguir, além  de nos entregar um pergaminho destinado ao seu filho. Eu fiquei encarregada de levar a criança no colo para que fôssemos mais rápido. A viagem  nao demoraria muito, pois o local não era muito longe, cerca de umas cinco horas e já chegaríamos ao local. Faltando uma hora de distância do local, diminuímos o ritmo pois era uma das partes mais perigosas da viagem. Uma caravana de ladrões passava pela estrada, Kiro havia nos informado anteriormente, com isso, nos escondemos na copa das árvores, o menino ficou um pouco aflito com toda aquela situação, não era de se estranhar, eram homens e mulheres anormais, gritavam e brigavam entre si, como se fossem inimigos. Alguns foram mortos durante o trajeto, tentava desviar atenção do menino e ao mesmo tempo mantê-lo em silêncio. Kiro entregou uma pequena borboleta na mão da criança que se distraiu até não haver mais ninguém no caminho. Nós havíamos nos concentrado o máximo possível para disfarçar nosso chakra e pelo jeito havia dado certo. Suspirei de alívio, e continuamos nosso destino. A meia hora de chegarmos a casa do filho do senhor Shiawase Itachi deu um sinal, nós estávamos sendo seguidos. Eu e Kiro seguimos e Itachi ficou para dar um jeito em quem nos perseguia, quinze minutos depois Itachi nos encontrou quase no portão de nosso destino, ileso, sem nenhum arranhão. O filho de senhor Shiawase veio ao nosso encontro, a criança correu ao encontro do pai que aparentava alívio com nossa chegada. Entregamos o pergaminho direcionado a ele e seguimos nossos caminho de retorno, cumprindo nosssa missão.

….

Chegamos em Konoha após dois dias e meio, tudo havia ocorrido bem, minhas noites foram maravilhosas ao lado de Itachi, ele me mostrou seu lado carinhoso e atencioso o qual eu não conhecia. Nós nos conectamos de um jeito que me deixou mais apaixonada ainda, nós conversávamos e dormimos juntos todas as noites, Kiro fingia que não percebia nossa relação, na verdade acho que ele não estava muito interessado em saber sobre, eu preferia assim, não queria que soubessem, queria que fosse só eu e Itachi e aquilo que estávamos vivendo.

Meu sonho, um sonho?