História Aqueles Olhos (ROMANCE LÉSBICO) - Quando vamos falar sobre isso, Rose?

      POV SHAY

Hoje terei que pegar um táxi para ir á faculdade, o carro de Taylor deu um problema e como ele teria que sair da cidade para resolver algumas coisas da empresa, ele pegou o meu carro emprestado.

Eu só não contava com o pequeno detalhe de que Ash e Troian não fossem à aula hoje, não havia me preocupado muito com táxi já que elas seriam minha carona, e para o meu azar as duas resolveram faltar e não me avisaram antes.

As aulas demoraram um pouco para acabar, mas finalmente poderei voltar para casa. Acabei demorando um pouco para chegar ate á saída da faculdade por causa do meu pé que ainda doía. E pelo visto hoje não é o meu dia mesmo, pois assim que chego á saída, não encontro nenhum táxi e ninguém conhecido para que eu possa pegar uma carona, o jeito é ir para o ponto de ônibus.

Fui andando com certa dificuldade, e quando estava me aproximando do ponto de ônibus, percebo um Honda Civic preto se aproximando e logo já reconheço de quem se tratava.

- Está sem carro hoje? – Pergunta assim que abaixo o vidro.

- Sim, meu irmão pegou o meu carro. – Digo sem encara-la e continuo andando.

- Quer uma carona? – Ela pergunta, e eu paro de andar e a encaro, estranhando seu comportamento.

- Não precisa, vou esperar por um ônibus.

Rose está muito estranha, boazinha de mais.

- Vamos, Shay. Eu te levo em casa. – Insiste.

- Rose, já disse que pego um ônibus. – Olho para os lados e a rua já estava deserta, somente três garotos mal encarados esperando por algum ônibus.

Rose sai do carro e caminha em minha direção.

- Não vou te deixar sozinha aqui com esses garotos e ainda mais com esse pé machucado. – Ela pega os materiais que estavam em minhas mãos e os colocam no banco de traz de seu carro. – Deixa de ser teimosa. Vamos, entra no carro. – Abre a porta para que eu entre. Pensei em recusar, mas realmente estava muito perigoso ficar ali.

Entro no carro e logo em seguida Rose se senta ao meu lado e da partida. Expliquei a ela onde era o meu apartamento e um silencio agoniante pairou sobre nós.

- Como está seu pé? – Me olha de relance.

- Está doendo um pouco, acabei forçando-o enquanto andava. – Olho para meu pé inchado.

- Quer passar em alguma farmácia e comprar algo para a dor? – Me olha com preocupação.

- Não, está tudo bem. Irei tomar quando chegar em casa. – Rose afirma com a cabeça e volta sua atenção ao transito.

Novamente o silencio toma conta do carro, mas não demorou muito, pois já estávamos em frente ao meu prédio. Ela estaciona o carro, fica um tempo olhando para a rua deserta e depois se vira de lado, me encarando de um jeito estranho.

- Você está bem? – Pergunto estranhando-a.

- Estou sim. – Força um sorriso. – Acho melhor você ir. – Respira fundo, mordiscando os lábios. – Precisa de ajuda?

- Não, eu consigo sozinha. – Ela se vira para frente e volta sua atenção à rua deserta. – Rose? – Espero ela me encarar. – Não podemos fingir que nada está acontecendo entre a gente, você sabe que algo muito forte rola entre nós.

- Shay, por favor... – Suspira. – Não quero falar sobre isso agora. – Abaixa sua cabeça por alguns segundos e depois a levanta para me olhar nos olhos.

- E quando vamos falar sobre isso, Rose? Porque você sempre quer fugir do assunto. – Dou uma pausa e ela respira fundo – Foi você quem me beijou da ultima vez, você não teria feito isso se não sentisse algo por mim.

- Eu sei... – Abaixa a cabeça novamente, respirando fundo.

- Se você sabe, então me diz o que você sente?

- Eu não sei explicar, Shay, é tudo muito confuso. Eu... Você... – Suspira. – Isso é tudo muito confuso.

Encosta a cabeça no volante e fica calada por alguns longos segundos.

- Eu sou casada e amo o Ian, mas você me faz perder a cabeça. Eu me sinto tão culpada por ter traído o meu marido. – Da uma pausa, respirando fundo. – Eu tentei e ainda tento reprimir isso que sinto por você, mas eu simplesmente não consigo controlar.

A felicidade em ouvir suas palavras era tanta que não consegui mais me controlar e seguro em sua nuca, puxando-a para selarmos nossos lábios em um beijo apaixonado.

Parece que eu estou sonhando, Rose finalmente admitindo que sente algo por mim. Parece ser bom de mais para ser verdade.

Rose retribui o beijo na mesma intensidade, estamos tão entregues que não percebemos mais nada que acontece ao nosso redor.

Nos separamos somente quando o ar nos faltou, e só então percebemos que o celular de Rose estava tocando.

- Merda! É o Ian. – Diz assim que pega o celular. – Meu Deus, o que estou fazendo? Ele não merece isso. – Deixa o celular de lado e passa as mãos em seus cabelos.

- Rose, calma. – Seguro uma de suas mãos e com minha outra mão, faço carinho em seu rosto, ela fecha os olhos, respirando fundo.

- Acho melhor a gente ficar longe uma da outra. – Diz abrindo os olhos e tirando minha mão de seu rosto.

- Não, por favor. Rose, isso não. Por favor. – Tento me aproximar novamente, mas ela se afasta. – Eu não quero ficar longe de você. Eu já tentei varias vezes e não deu certo quando eu queria, agora que eu não quero aí que não vai dar certo mesmo. E eu sei que você também não quer.

- Mas é preciso, Shay. Eu sou casada. Não tem outra saída há não ser nos afastar.

- Então é isso mesmo que você quer? Você tem certeza que é isso mesmo? – Questiono com a voz embargada, tentando segurar o choro.

- É o certo a se fazer. – Limpo uma lagrima que escorreu em meu rosto, e ela abaixa a cabeça.

- Tudo bem. Se for isso mesmo que você quer, tudo bem. – Ela levanta a cabeça, me olhando nos olhos, e vejo que seus olhos estão vermelhos. – Espero que você seja feliz com seu marido. – Abro a porta do carro, pego minhas coisas no banco de trás e entro no meu prédio.

Assim que entro no elevador, não consigo mais segurar o choro.

Quando finalmente Rose admite que sente algo por mim, e eu penso que finalmente iriamos nos acertar, ela vem e me acerta com um balde de água fria.

Está doendo muito, mas é o que ela quer, então irei respeitar. Mas se já não era fácil antes, quero ver como vai ser agora, ter que vê-la e não poder nem me aproximar, não poder sentir o seu cheiro, seus beijos, isso será uma tortura.