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História Aquilo da Noite da Festa de Formatura - Capítulo Único


Escrita por: Matsu_Megurine

Notas do Autor


Uns dias atrás eu tive uma ideia envolvendo bdsm e shizaya e vim escrever essa fic....
Acabou que praticamente não teve bdsm porque eu não sei escrever :'D Nem sei fazer lemon :'D

Mas eu, por mais que eu msm me surpreenda com isso, adoro escrever sobre eles dois, então tá aí XD

Capítulo 1 - Capítulo Único


Orihara Izaya. 17 anos. É, esse sou eu na minha festa de formatura.

Estão vendo a multidão de admiradores e de garotas loucas para se jogarem nos meus braços? Não? Pois é, não tem ninguém. Apesar de vir de uma família consideravelmente prestigiosa e de ser um prodígio em diversas áreas, para não falar da boa aparência, eu estou aqui na sacada do edifício onde a festa está acontecendo, apenas observando a todos, à distância.

“Pelo menos aquele cara não apareceu pra tentar arremessar alguma coisa em mim. Ou me arremessar daqui, vai saber”, eu penso, com um risinho.

Meu melhor (lê-se único) amigo, Shinra, não veio para a festa para ficar em casa com a tal garota misteriosa dele, mas eu já sabia que ele faria isso. E, graças à má-fama que adquiri, ninguém tem muito interesse em se aproximar de mim. Exceto aquele cara.

Shizu-chan é tão explosivo e me odeia com tanta força que ele simplesmente não consegue ficar longe de mim. A ironia me diverte imensamente, admito. Ver aquela chama nos olhos dele, em geral tão contidos, e saber que apenas eu sou o responsável por isso infla o meu ego de uma forma... Bem, eu não sei porque é tanta.

Gosto de pensar que ele não me interessa. Shizu-chan é tão óbvio, tão transparente, tão livre de nuances que se torna desinteressante. Ele tem um alinhamento bom demais. Mas eu sei que na realidade ele é esse monstro descontrolado e que apenas se esforça para tentar viver em comunidade. Como uma fera enjaulada.

Patético.

Eu fecho os olhos, aspirando o ar noturno, então reclino a cabeça para vislumbrar umas duas constelações pela metade, cobertas em parte pelas nuvens. À minha frente, o salão está em polvorosa. Parece que o representante da série vai fazer um discurso, e ouço uma garota tropeçando no vestido e quase levando junto a amiga. O som do copo dela se estilhaçando me faz olhar e eu rio, imaginando se ela ficará desesperada pelo estado do vestido ou se tem um namorado por quem é louca o bastante pra saber que não precisará dele no fim da noite.

No fim, outras pessoas passam pela cena e não vejo mais as duas. Mas não importa. O cenário inteiro é um palco deslumbrante. Eu estou aqui de camarote.

Resolvo me aproximar. No mais, pode ser que tire algo de bom do discurso de meu colega. No menos, deve ser legal ver os alunos (ex-alunos) que estiverem reunidos não prestando atenção. Eles devem ter um pouco mais de mentalidade própria, ou o completo oposto, então é melhor do que só ficar vendo a horda.

Sento num dos bancos do bar, a poucos metros da sacada de onde vim, virado para a pista de dança e o jovem de pé ali.

Blá-blá-blá ótimos amigos blá-blá-blá nova fase da vida blá-blá-blá recordações...

- Que falta de originalidade. – Com um gesto, eu peço um coquetel ao barman atrás de mim e ele atende. Bem, tecnicamente eu não posso beber ainda, nem ninguém nessa festa. Mas quem é que vai entrar numa festa privada e exigir as identidades dos anfitriões? Definitivamente não os professores reunidos displicentemente num dos cantos.

Eu provo o líquido azul, brilhando por causa da iluminação, e ele desce queimando minha garganta. Mas o gosto é bom. Provo outra vez, sem me importar de fato com o sabor amargo do álcool, aproveitando o calorzinho surgindo dentro de mim. Antes de terminar o copo, faço um sinal para o garçom trazer outro.

Meu olhar vagueia pelos alunos enquanto pego o segundo copo. Talvez fosse divertido ver as coisas mais de perto, mas eu já sei que interagir diretamente não é uma opção que valha a pena...

Até que meus olhos batem numa forma loira e emburrada debruçada na outra extremidade do bar. Com um sorriso se alargando, eu faço outro sinal para o barman, então olho para meu copo e viro todo o conteúdo restante, pegando o novo. Com uma análise rápida sobre meu queridíssimo colega, eu percebo que ou ele foi obrigado pelos pais a vir para cá ou levou um fora de uma namorada. Ambas as possibilidades me fazem querer mexer com ele.

- Você parece estar precisando de companhia. – Eu digo, apoiando-me ao lado dele no balcão, com um sorriso provocativo. Shizuo se espanta e está prestes a, sei lá, me espancar até a morte, eu acho. Mas coloco um dedo sobre a boca dele, o calando. – Tem gente demais aqui e você não tem dinheiro pra pagar pela decoração se quebrá-la.

Ele dá um tapa com força na minha mão, jogando-a para longe e se levantando para me olhar alguns centímetros de cima.

- O que faz aqui, seu inseto?

- Ué, também é a minha festa de formatura.

Ele só agora corre os olhos rapidamente pelo meu blazer escuro com a camisa acetinada por baixo. Apesar de eu ter vindo absolutamente sozinho, é bom se vestir bem.

- É? Eu não ligo. Só suma da minha vista.

- Por quê, já vai perder o controle? – Eu pergunto e me sento num banco alto.

- Eu não faço questão de ter paciência com você.

Cada palavra é afiada como uma espada e seus olhos estão nublados de ódio e desprezo.

Meus olhos se movem discretamente para as suas mãos, os punhos apertados com força, e eu vejo que, sim, ele está irritado. Na verdade, sabendo como ele é, me surpreende é que ele ainda esteja conseguindo manter a calma.

Eu bebo um gole demorado de minha bebida olhando para ele. Ele tenta desviar o olhar e esquecer de mim. É claro que eu não deixo, me aproximando mais dele até encostar em seu braço. Então ofereço meu copo para ele.

- Quer um pouco?

Ele faz uma cara de nojo para mim.

- Acha que vou querer algo em que você já pôs a porcaria da boca?

Eu solto um risinho. É a primeira vez que estou conseguindo me divertir de verdade às custas dele, já que nossos encontros são sempre batalhas de vida ou morte.

- Qual é, não seja tão ranzinza.

- Eu já tenho o meu, de qualquer forma. – Ele indica levemente com a cabeça um copo pela metade.

Subitamente, eu estendo a mão e pego o copo dele, provando seu conteúdo. É bem mais forte que o meu, apesar de eu não fazer ideia do que exatamente é a bebida. Faz sentido porque o copo ainda estava tão cheio. Shizu-chan deve ser fraco demais para beber alguma coisa pura daquele jeito.

Antes que eu possa largar o copo, ele investe contra mim, fazendo-me escorregar do banco e ter que usar as duas mãos para me apoiar no balcão do bar atrás de mim enquanto minhas costas colidem contra ele. Minha mão vacila e o copo escorrega, sendo seguido por um som de estilhaço conforme Shizuo se põe de frente para mim, olhos fixos nos meus e mãos junto de minha garganta.

- Shizu-chan não aguenta uma bebida~ – Eu implico, sendo cortado por ele.

- Já chega! – Os olhos dele brilham com o ódio. – Que tal se eu calar essa sua boca de vez?

Eu entorto as sobrancelhas num sarcasmo.

- É isso? – Falo, em voz baixa. – Vai finalmente me matar, depois de tantos meses? Na frente de todos os seus colegas, para eles verem o quão desequilibrado e doentio você é?

Minhas provocações surtem o efeito desejado, exceto que ele aperta os dedos sobre meu pescoço, me privando parcialmente do ar e me fazendo ofegar.

- Que diferença isso faz pra você? Você morre primeiro e a vida de todos fica melhor por tabela. – É a primeira vez que consigo ver aqueles olhos castanhos próximos daquele jeito, e eles estão inflamados como nunca antes. Percebo-me começando a sorrir, sem conseguir desviar o olhar, pensando em como é fascinante que ele fique assim por mim.

O que é esse efeito que eu, apenas eu, consigo causar nele?

Shizu-chan tem seus problemas com sua força desmedida, claro, mas ele estava tentando se tornar um ser humano comum, controlando isso e reprimindo sua fúria... Por que então ele explode tão facilmente quando sou eu?

Eu respondo, porque o pouco oxigênio me desconcentra:

- Você perderia, o seu sentido se não fosse, por mim. – Eu respondo, ainda sorrindo, porém com bastante sinceridade. – Você ficaria perdido, sem me ter como sua antítese...

- Do que é que está falando? Eu ficaria muito bem!

- Você é um monstro, Shizu-chan! – Eu rio. – Sem soltar a sua raiva em mm, você a soltaria no mundo—

- Cale. – Mais forte. Ai. Forte demais. – A. Boca.

Minhas mãos desistem de tentar me libertar, então eu procuro meu canivete no bolso do blazer. Com ele distraído demais para olhar para minhas mãos, consigo mover a direita em direção ao seu rosto, mas minha velocidade é prejudicada e ele desvia, rasgando apenas o blazer, na junta do ombro.

Ele solta um grunhido e suas sobrancelhas se levantam, como se surpreso por minha ousadia, antes de me suspender do chão e, imediatamente, me arremessar para o outro lado da sala. Eu perco o canivete no meio do movimento e caio por cima de uma mesa, levando ao chão vidro e tudo o que havia sobre ela. Minha cabeça bate com força num banco acolchoado me fazendo ver estrelas.

Abrindo os olhos tão rápido quanto posso e tentando me por de pé outra vez, apenas para cambalear e cair sentado no banco, eu vejo Shizuo correndo em minha direção outra vez. Jogo-me para o lado e ele chuta o pufe onde eu estava, mandando-o para a parede como uma bola de futebol. Percebendo que errou o alvo, ele se vira para mim. Eu sorrio e levanto o dedo do meio para ele, sentando nas costas de um sofá.

Quando Shizuo está prestes a me dar um soco forte o bastante pra me levar pro hospital, tipo, pra valer, ele é parado por um par de professores, mais alguns alunos que veem a briga. Eu rio, mas ninguém vem me ajudar, já que minha moral como delinquente juvenil já está bastante consolidada.

- Você – um professor diz, olhando para ele, depois desviando o olhar para mim – e você. Fora daqui antes que eu tenha que obrigá-los a isso.

- O senhor que manda. – Eu me levanto, ainda meio zonzo, fazendo uma reverência, com um sorriso tonto na cara. Diversões à parte, é melhor mesmo que não chamem a polícia.

Shizuo me observa por uns instantes e dá um aceno rápido para o professor, livrando-se das mãos dos colegas, para então obedecer e dar o fora do salão.

Atravesso a porta que dá para o pequeno hall, à espera do elevador. Olha, pelo menos essa festa realmente vai ter alguma coisa para todos lembrarem, eu penso, e rio. Um segundo depois, Shizuo aparece, parecendo estar numa luta interna bem forte.

O elevador chega, eu abro a porta e faço um sinal para ele entrar, a que ele aceita muito a contragosto. O clima no cubículo é pesado e cada um de nós fica espremido no canto oposto. Eu não sei aonde meu pequeno experimento vai levar, mas, agora que estaremos soltos ao ar livre, talvez eu deva me preocupar. Ou pelo menos ter um plano B.

Eu o observo, agora sem o sorriso irônico. Apenas o observando. Quem sabe se por baixo desse monstro não tem um homem com quem se possa barganhar?

- Shizu-chan... – Começo.

Ele não responde.

- Shizuo. – Tento outra vez. – Será que dá pra gente... Conversar?

- O que você quer? – Ele pergunta, ríspido, levantando os olhos para o visor que indica que falta pouco para o térreo.

- Chegar num consenso, eu acho. – Ele fica em silêncio. – Sabe, eu não quero que você me mate assim que a gente pisar fora daqui.

Ele solta um riso seco e se vira para mim com um quê de sarcasmo nos olhos. Ele dá um passo para perto de mim, então mais um.

- Devia ter pensado nisso antes. Eu realmente quero te matar.

Ouvimos o tilintar do elevador chegando ao térreo e escapo pelas portas duplas assim que elas se abrem, criando uma distância entre mim e ele.

- Exato. Mas, sabe, ao menos uma vez a gente podia tentar uma abordagem diferente.

Shizuo se encosta na parede ao lado do elevador, sem se aproximar mais de mim, mas com o mesmo olhar mortal. Ele respira fundo, cruza os braços e parece fazer força para se segurar, quando enfim diz:

- Apenas porque depois de hoje eu provavelmente não vou ter mais que ver a sua cara, eu vou deixar você explicar.

Nesse momento, eu tenho que admitir para mim mesmo que não tenho plano algum. Mas é pouco provável que eu consiga escapar aqui. O álcool das bebidas parece fazer mais do que só esquentar minha barriga, então eu não apostaria nas minhas habilidades de fuga. Aliás, ele faz minha mente viajar, mas como não tenho outras ideias:

- Que tal se tentássemos... Entender mais um ao outro? Apenas por esta noite...

O teor alcoólico me faz sorrir com ideias insanas, mas uma parte de minha mente apenas imagina que ele vai me espancar até a morte agora mesmo.

Para minha surpresa, ele fica no lugar:

- Durante esta noite, você diz? Por que eu iria concordar com isso?

- Ah, eu realmente tenho interesse em saber quem exatamente você é, no fim das contas. – Solto.

- ...

- Minha família não está em casa, se precisar de um lugar.

- No que está pensando? Acha que vou ser seu cãozinho ou sua cobaia de experimentos?

- Nem tanto, na verdade. Não estou com segundas intensões.

- Você sempre tem segundas intensões.

- Então... Isso quer dizer um sim?

Ele fica calado, fecha os olhos e leva a mão a uma das têmporas.

- Isso quer dizer que eu preciso de um lugar pra ficar. Meus pais e meu irmão estão fora até tarde e eu não tenho chave de casa. E não me sinto muito bem.

Eu não consigo conter o riso espontâneo.

- Shizu-chan não sabe beber...

- Repita isso e eu prometo que repenso a conversa e acabo com você na hora.

Ao invés de me ameaçar, o tom dele me deixa empolgado. Eu passo por ele e sigo meu caminho, não deixando de me surpreender quando ele realmente me segue.

Quando abro a porta e acendo as luzes, minha cabeça está a mil. Viro-me para olhar para ele. Shizuo. Heiwajima Shizuo. Shizu-chan. Quais segredos que seus olhos escondem? Do que é preciso para que ele se dispa de suas fachadas sociais e mostre o que realmente pense, quem realmente é? Ah, seria adorável descobrir assim, direto da fonte.

Muito receoso, ele me segue para dentro do apartamento, sem me olhar nos olhos. Será que eu deveria tentar embebedá-lo para que ele se abra melhor? Sei que meus pais guardam bebida em algum—não, não, ele não suportaria o sabor e acabaria dando no mesmo.

Sento-me numa poltrona com uma perna por cima de um dos braços dela, observando-o enquanto ele olha ao redor sem jeito.

- O que estamos fazendo aqui, Shizu-chan?

Ele me olha de cara feia.

- Não me chame assim. E eu só vim porque era o jeito...

- O quê? Seus pais não deixam uma chave reserva ou algo do tipo?

Ele vira o rosto, mas eu vejo que está corado.

- Eu não deveria beber... – Ele balbucia.

- Owwn, que bom filho você é. – Endireito meu corpo. – Ou não, já que os desobedeceu e foi expulso da festa.

Com um grunhido, ele se afasta, indo até a pequena varanda da sala. Ele se debruça no parapeito, olhando para a noite. Não consigo deixar de pensar que, ali, é a primeira vez que ele parece apenas... Um jovem normal. Não alguém que quer me ver morto. Não um monstro com quem todos inexplicavelmente simpatizam.

.... Talvez haja, afinal, uma razão para as pessoas gostarem dele...

Vou até ele, lentamente. Para todos os casos, ele ainda é um animal selvagem que pode se assustar e investir contra mim a qualquer movimento brusco que eu faça.

- O que nós estamos fazendo aqui? Hm, Izaya? – Ele copia minha pergunta, sem me olhar. Sua expressão ainda tem irritação, mas acho que é só por ter que falando comigo, mesmo.

Eu me escoro na parede, olhando para seu rosto de perfil.

- Para nos conhecermos?

- Eu já sei quem você é.

Solto um riso entredentes.

- Você olhou para mim por um instante e já tinha certeza que eu não prestava.

- Eu errei? – Ele finalmente olha para mim.

Lá está. O fogo. A intensidade no olhar que ele só dirige a mim. Eu sei, eu reparei. Eu sorrio de lado.

- Nesse caso.... Acho que depende.

Dou um passo a mais na direção dele. Eu definitivamente não sei quanto ele já tinha bebido antes de eu chegar, mas eu não estou em condições de pensar com muito cuidado em minhas ações. Além do mais, é desse monstro que estamos falando, não é? Feras só agem pelo instinto, então acho que posso me guiar por ele pra fazer tudo dar certo...

De repente, quando estou a talvez menos de um palmo dele e nossos olhos se encontram, ele puxa meu rosto contra o seu, beijando minha boca.

Surpreendo-me, mas não desfaço o beijo, abrindo a boca e trançando minha língua na dele. Ele resfolega, mas eu o prendo junto a mim, passando os braços por sobre seus ombros.

Eu nunca tinha beijado um cara, mas.... Não é como se tivesse uma grande diferença para o beijo de uma garota. Shizuo passa as mãos por meus ombros e minhas costas e não consigo conter um sorriso de divertimento. Amor e ódio, sério mesmo? Ele está nesse cliché?!

- .... Viu só? – Digo, em voz baixa, quando ele se afasta num impulso. – E nem tive que falar nada pra te provar o contrário.

- O contrário...? – Ele pergunta, meio grogue.

- Uhum. Eu presto pra muita coisa. – Rio. – E parece que você se interessa por algumas.

- Vai pra merda. – Ele se afasta um passo, com o cenho franzido. – Eu não quero nada que tenha a ver com você.

- Qual é.... Não vai dormir aqui? A gente pode dividir a cama, se é esse o caso.

Só quando eu termino a frase meu cérebro processa as palavras. Mas o que....?!

- N-Nem a pau! – Shizuo está completamente corado. – Eu ainda posso acabar com você!

- Na minha própria casa? – Replico. – Menos do que uma vida na prisão você não ganha. Já não é maior de idade?

- Quase.

- Mesmo assim.

Eu abro um sorriso diabólico e ele olha para a sala e o corredor após ela, como se planejasse uma rota de fuga. Então aponta um dedo para mim, com o olhar quase desesperado de tão sério.

- Você continua sendo a pior pessoa que já conheci.

- Pelo menos deixei de ser um inseto. – Brinco. Ele range os dentes. – Calminha. Eu sei como tratar bem uma visita, tá legal? É só você ser um bom menino e se comportar.

- Eu não confio em você.

- Não estou pedindo isso. – Eu sorrio, me aproximando novamente. – Mas eu tenho alguma experiência com o que acontece entre duas pessoas entre quatro paredes, se quiser que eu demonstre—

Shizuo segura meu punho logo antes que eu toque seu rosto.

- Se vamos fazer qualquer coisa, eu fico no comando. Não pense que vou te obedecer.

Percorro seu peito com um dedo.

- Estou ansioso para conhecer mais do verdadeiro você.

Nesse momento, ele parece desistir de se controlar. Shizuo me beija com toda a sua alma. Suas mãos mal descem por meu corpo, mas cada toque seu é como se estivesse me reivindicando todo para si. Eu faço questão de manter o contato, não me divirto assim há eras. E ele beija muito bem.

- Shizu-chan...

- Cale a boca e só mostre logo onde é o quarto.

Eu rio e me afasto apenas o bastante para lhe dar um olhar cheio de segundas intenções. Tão fácil. Tão deliciosamente fácil. Eu assinto e o arrasto pela mão comigo por uma direção.

Meu quarto não tem nada de muito especial, mas tem uma cama maior do que seria necessário, para onde eu o empurro. Shizuo cai sentado, mas me puxa para junto dele pelo braço.

- Eu disse que ia ficar no comando. – E inverte as posições, me pondo com as costas na cama. Eu rio para ele.

- Fica mais atraente assim.

- Te prendendo?

- Não. De perto.

Ele fica intensamente corado, outra vez. Então tira o blazer que vestia. Eu me levanto um pouco, faço o mesmo e começo a abrir os botões da camisa. Ele me para com uma mão sobre meu peito.

Sem palavras de explicação, segura meus punhos e usa as mangas do casaco para amarrá-los e prendê-los junto da cabeceira da cama. Solto um risinho anasalado. Inclino meu corpo como posso para alcançar os lábios dele, a que ele corresponde avidamente enquanto seus dedos passeiam por minha camisa, a abrindo com destreza.

A maior surpresa é esse controle, essa calma dele. Mas logo percebo que isso é só fachada, pois assim que minha camisa revela completamente meu torso, ele se debruça sobre mim, inclinando minha cabeça para o lado e levando a boca à base de meu pescoço.

Minhas mãos involuntariamente tentam ir até ele quando a pontada de prazer me atinge. Suas mãos exploram meu corpo, primeiro no tronco, até chegarem à cintura e as pernas, ainda vestidas. Ele crava os dentes em minha pele e eu arquejo.

- Eu não pretendo ser legal com você.

- Eu não esperava que fosse. – Solto, num meio riso.

Ele segura meu rosto, prendendo nossos olhos.

- Você é um depravado. – Ele resmunga.

- E você está incontrolavelmente atraído por mim.

A outra mão dele esmurra o colchão ao lado de minha cabeça.

- Não queira me fazer chegar no meu limite.

Os olhos dele brilham. Cheios de sentimento. Cheios de vida. Isso é lindo. Eu quero mais dessa parte dele, quero ver as nuances do humano que pode haver aí dentro. Inclino a cabeça para falar junto de seu ouvido:

- Eu vou te fazer passar dele.

Shizuo parece não saber como reagir ao meu comentário. Mas eu vejo seu olhar se desviando para o meu corpo e seu rosto readquirindo o rubor. Com alguma hesitação e muita raiva sendo emanada, ele leva as mãos para minha braguilha.

Um arrepio passa por mim ao sentir seus dedos próximos à minha virilha. Meu coração acelera. Um momento de clareza me faz perguntar internamente o que diabos eu estou fazendo aqui. Eu estou literalmente pondo minha vida em jogo, deixando que esse monstro faça o que quiser comigo.

Eu não ligo.

Eu não sei porque eu não ligo, mas suspeito que é porque eu preciso de mais do fogo do olhar de Shizuo, me consumindo dos pés à cabeça.

Ele abre minha calça e a puxa para baixo. A forma como ele me olha faz meu rosto ficar vermelho e o volume dentro de minha cueca aumentar. Dolorosamente devagar, ele retira as próprias roupas, como se fizesse questão de prender minha atenção. Apesar de seu rosto ainda endurecido para mim, a linguagem corporal dele diz coisas demais a meu respeito.

Ele então me arranca outro beijo, abaixando-se até que nossos corpos se toquem. A mão dele escorrega até minha genitália enquanto ele outra vez chupa meu pescoço, desta vez do outro lado. Meu membro pulsa pelo contato dos dentes dele e solto algo como um gemido.

De novo, minhas mãos tentam chegar até ele, sendo impedidas. A boca de Shizuo prova de toda a parte superior de meu tronco e isso me distrai o bastante para que eu nem perceba quando já estamos os dois completamente nus.

Ele se levanta e me lança outro daqueles olhares que me devoram por inteiro. Nenhuma reclamação por minha parte. Ele segura minhas pernas e as deixa abertas com brutalidade. As pontas de seus dedos tocam a parte interna de minhas coxas, meu pênis e meu ânus, nessa ordem. A cada toque, eu sinto mais das pontadas de prazer. Mas eu não quero apenas pontadas.

- Está com medo, Shizu-chan? – Pergunto, meio provocativo.

Ele franze as sobrancelhas para mim, depois força um dedo para dentro de mim. Minha boca se abre num “o”, pego de surpresa.

- Você entende que não posso simplesmente ir até o meu limite, porque ele é bem diferente do seu. – Ele movimenta o dedo dentro de mim. Eu devia... Ter arranjado algum tipo de lubrificante, ou sei lá... Shizuo leva a outra mão até a base de meu queixo, forçando-me a olhar para ele. – Você poderia... Quebrar.

É bem bizarro ouví-lo falando assim. Parece que sou uma coisa ao invés de um ser... Ou que ele já teve experiências ruins com isso.

Eu esboço um sorriso sedutor, me forçando a me acostumar com o movimento na parte de baixo quando ele adiciona mais um dedo.

- Não precisa se conter comigo. Eu aguento o que você tiver pra dar.

Ele retira os dedos, apenas para inserí-los de volta com força. Um gemido me escapa, dessa vez realmente mais alto.

- Shizu-chan—

Uma pancada no rosto.

- Eu disse para não usar esse apelido.

Sustento o olhar profundo dele.

- Por quê?

Ele separa os dedos dentro de mim, me fazendo morder os lábios assim que falo para impedir um gemido. Porra. Isso é bom.

É, talvez eu seja meio depravado.

- Parece que somos íntimos. Coisa que não somos, nem nunca seremos—

- Olha a posição, em que você está. – Um riso. – Já estamos bem íntimos.

Mais um dedo. Minha mente se nubla pela dor, mas meus olhos reviram por conta de um prazer que não imaginava que fosse continuar lá.

- Só nessa sua cabeça de merda. E sempre que me chama parece um deboche.

- Isso... Não é verdade.

Devo dizer, não é mesmo. Uma implicância por eu ver que ele não gosta do apelido, talvez, mas não um deboche.

Estou prestes a responder, mas Shizuo retira os dedos de dentro de mim e puxa minha cabeça para cima pelo cabelo, em seguida girando meu corpo 180 graus, me pondo com a barriga para baixo e de costas para ele.

Meu pulso esquerdo dói um bocado pela torção e tento me apoiar pelos cotovelos.

Imediatamente, eu sinto aquilo tudo.

Todo o comprimento dele entrando, enquanto eu grito por dor e reflexo. Ele me segura por um ombro e pela cintura. Eu tento respirar normalmente, mas.... Tarefa difícil....

Shizuo movimenta os quadris, fazendo meu coração bater cada vez mais forte. Parece que vou explodir.... Ele metendo em mim é algo de que eu realmente não deveria estar gostando.

É humilhante.

É um tabu.

É...

Wow, é a melhor coisa que já senti!

- Shizu... O.... – Eu solto, num gemido alto demais, com o fôlego pela metade.

- Você é meu, tá entendendo? Você pertence a mim.

- Apenas a você. – Respondo.

Sinto ele lamber minhas costas até chegar na nuca. O prazer me transpassa, físico. Os lábios dele tocam meu ombro, mordiscando aqui e ali. Eu inclino o rosto em busca deles, a que ele atende. Nos beijamos com uma fome insaciável ao mesmo tempo em que ele mete em mim. E eu ainda não vejo problemas na situação.

Eu quase diria que estou satisfeito, mas ele simplesmente não dá atenção à “parte da frente”, nem eu estou capacitado de fazer isso. Aperto os olhos pelo prazer crescente sempre que ele toca minha próstata. Está tudo meio... Instável.

Quero dizer, sexualmente falando. Mas eu e Shizuo já somos um barril de pólvora naturalmente.

Eu movimento meu quadril também, feliz em ouvir o ofegar dele.

Sem nenhum maldito aviso, ele vem.

Meu interior é encharcado pelo prazer dele, mas não consigo chegar no clímax ainda.

Ele me vira com a barriga para cima de novo e segura meu membro com uma das mãos, finalmente, final-caralho-mente. É menos de um minuto para que eu goze também.

Shizuo observa a mão coberta pelo líquido esbranquiçado e, surpreendentemente, seu olhar é mais brando. Quase penso ver um sorriso.

No entanto... Vocês notaram, não é?

Olhar brando.

Que saco. Quer dizer que esse é o único lado humano e interessante dele.

Eu tombo a cabeça para trás. Apesar de tudo, foi uma excelente transa. E eu já sei o que farei...

Assim que ele liberta minhas mãos, eu vou em direção ao criado mudo e pego algo na primeira gaveta. Presentinho de Shinra.

Shizuo me olha, querendo saber o que fui fazer, até que ele vê a agulha da seringa em minha mão. Eu sorrio e injeto tudo no braço dele.

Imediatamente, Shizuo está desacordado, caído na cama sem roupas. Eu observo a vista.

- Venci, então?

***

Eu deixei Shizuo na casa de Shinra naquele dia, depois daquilo. Eu fiz ele me prometer que não contaria a Shizuo que o que houve foi real e parece que ele fez isso mesmo.

Eu olho para o lado. Uma moça de cabelos escuros dorme tranquilamente apesar das marcas de cortes e pancadas na pele descoberta.

Solto um suspiro.

“De fato, eu só posso pertencer a ele. ”


Notas Finais


Elogios? Críticas? Sugestões? To aceitando tudo kk
~sutoruberi kissus


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