História Tudo que não posso ver - Alguém é capaz de me amar?

Pov Narradora

Fábio engoliu aquelas palavras a seco, o de olhos azuis não fazia ideia do que responder, afinal, ele nunca imaginou aquela situação, nem em seus piores pesadelos, Gina apenas o encarava aflita, só agora ela parecia perceber o peso de suas palavras, não negaria que havia falado tudo aquilo por impulso, mas, agora, vendo Fábio encara-la de uma forma angustiante, ela realmente sentiu-se arrependida da confissão.

- Gina, eu realmente não sei o que dizer. – aquilo foi o máximo que o Arantes sobre pronunciar.

- Diga o óbvio, que não sou correspondida, que ama a Amanda, que somos apenas amigos e que eu confundi as coisas, enfim, faça todo aquele discurso clichê de sempre. – Gina revirou os olhos, ela não perderia a pose, de maneira alguma.

- Gina, e-eu realmente queria gostar de você dessa forma, mas... – Fábio respirou fundo e a encarou. – você é como se fosse uma irmã para mim.

Um tiro doeria menos.

- Okey, eu já entendi, aliás, eu já sabia o que você ia dizer antes mesmo de te falar isso, eu só falei para poder desabafar, sabe? Queria tirar todo aquele peso das minhas costas. – Gina disse dando as costas.

- Desculpe, mas, eu tenho que ser sincero com você. – Fábio falou sendo sincero, ele ainda prezava por aquela amizade.

Gina esboçou um sorriso fraco, impedindo que seus olhos lacrimejassem, ela já estava acostumada com isso, a esconder tudo aquilo que lhe doía, a ser forte, forte como a maioria das pessoas não era capaz de ser.

- Eu entendo. – Gina disse firme.

Não, sinceramente, ela não entedia porra nenhuma, mas, aquela era a maneira mais fácil de encerrar aquela conversa, afinal, não é disso que as pessoas precisam? De alguém que as entenda? Enfim, a Borges não era lá muito fã de mentiras, mas, se era para manter a pessoa que ela ama tranquila e por perto, então, ela mentiria quantas vezes fosse necessário.

- Podemos continuar amigos? – Fábio perguntou, depois daquela conversa absurdamente clichê, nada melhor que a pergunta mais clichê de todas para encerrar com chave de ouro.

- Claro. – Gina disse e o abraçou levemente.

- Não quero perder a sua amizade, você é muito importante para mim, e sabe disso. – Fábio falou afagando os cabelos da jovem.

- Você nunca me perderá, e sabe disso. – Gina disse antes de lhe dar um beijo na bochecha e sair pela porta, sem olhar para trás.

Pov Elena Campbell

A conversa com alguém nunca havia sido tão agradável, Miguel era uma ótima companhia, e devo confessar, que nunca havia ouvido uma gargalhada tão boa quanto a dele, chegava a aquecer a alma.

- E então, há quanto tempo conhece a Gina? – perguntei interessada.

- Não faz muito tempo, nos encontramos por acaso aqui na praça, enfim, acabamos virando amigos, nem eu sei direito como isso aconteceu, acho que foi impossível não me cativar por ela. – Miguel disse e pude sentir a sinceridade em sua voz. – e você? Desde quando a conhece? – perguntou interessado.

- Desde que me entendo por gente. – falei rindo, digamos que, ele não precisava saber de tudo que Gina e eu passamos.

- Conhece o Fábio também? – perguntei e ele demorou a responder, por um instante, pensei que o tal moço bom gostasse de Gina, e vocês sabem o que quero dizer com “gostar”.

- Conheço. – foi a única coisa que ele disse.

- Fábio é um babaca. – Marina, que até então estava calada brincando com meu celular, resolveu se pronunciar.

- Marina! – a repreendi. – desde quando fala desse jeito das pessoas? – perguntei brava.

- Desculpa Elena, mas, eu sou do fandom Pedrina. – Marina disse e juro que tive que segurar o riso, imagina, Pedro e Gina juntos? eles se odeiam, não sei de onde que Marina tirou essas ideias.

- Okey, me sinto completamente desatualizado. – Miguel disse nos fazendo rir.

- Coisa da cabeça da Marina. – falei dando de ombros.

- Percebo coisas que a maioria das pessoas não percebem. – Marina disse convencida, as vezes me surpreendo com sua inteligência.

- Acredito em você. – Miguel falou rindo fraco.

Pov Gina Borges.

Sentei em uma calçada qualquer, sentindo um cansaço nas pernas, havia corrido muito desde que sai da casa de Fábio, eu era uma idiota, uma completa idiota apaixonada pelo melhor amigo.

- Quem amaria você Gina? Quem? – perguntei encarando o céu nublado, tudo que eu queria era desabar.

Pela primeira vez eu me senti exatamente aquilo que as pessoas diziam que eu era, uma gorda inútil, e me senti mais inútil ainda por ter tais pensamentos, sempre fui tão firme, nunca fui de me importar com aquilo que falavam de mim, mas, parece que aquele amor não correspondido por Fábio fez toda a minha autoestima de antes desabar.

Uma lágrima solitária brotou dos meus olhos, e eu fiz questão de limpa-la rapidamente, droga, eu detestava chorar, detestava me sentir fraca, olhei ao redor, quem estava comigo agora? Ninguém, ninguém nunca esteve comigo, e eu me senti mais idiota ainda nesse momento.

- Porque estou sendo fraca assim? – falei me levantando e tentando me recompor, chega desse melodrama.

Caminhei com passos apresados, atordoada, eu mal podia enxergar as coisas ao meu redor, e não me surpreenderia se um carro me atropelasse a qualquer momento, mas, antes que eu pudesse processar qualquer coisa senti um impacto de um corpo sobre o meu.

- Droga, não olha por onde anda? – queria ter paciência em certos momentos, mas, simplesmente não dá.

- Gina? Tudo bem com você? – pronunciou a tal pessoa, e ao olhar em seus olhos realmente desejei ser atropelada por um carro.

- Ah ótimo, justamente quem eu queria encontrar. – falei irônica revirando os olhos, Pedro me encarava sério.

- Aconteceu alguma coisa? Você está... – Pedro parecia estar analisando o meu rosto, tentei ignorar o meu nervosismo estranho com aquilo.

- Não aconteceu nada, e mesmo se tivesse acontecido, não é dá sua conta. – esbarrei em seu ombro com certa brutalidade e caminhei a passos largos.

Deveria ser mais legal com ele, eu sei disso, só que definitivamente não estou em um bom dia, mas, farei uma nota mental em minha cabeça para que um dia lhe peça desculpas, ou não.