História Arcano - Capítulo dezesseis: DNA

— Eu juro por tudo que é mais sagrado nesse mundo, se esse filho da puta encostar um dedo em você, eu não sei nem do que sou capaz! — Pain disse, claramente nervoso, andando em círculos pela sala da delegada.

Quatro horas haviam se passado desde os acontecimentos em Shinjuku. O corpo havia sido finalmente retirado da avenida, e nesse momento, a Hyuuga ainda estava fazendo a autópsia. Orochimaru ainda estava incomunicável, provavelmente no caminho de volta para Tóquio, considerando que seu celular estava desligado, e ninguém fazia ideia de onde, exatamente, ele se encontrava. Na sala da delegada, o quadro dos crimes estava ficando cada vez mais cheio, tanto de pistas quanto de mortes. A situação estava ficando insustentável, ainda mais depois da descoberta das últimas provas. No entanto, tudo parecia estar indo de mal a pior: todas as pistas levavam apenas a becos sem saída, e todos os suspeitos tinham álibis que pudessem inocentá-los até segunda ordem, com exceção de Orochimaru, que, pior que todos os outros, estava ainda sumido. Nem mesmo fornecer um álibi ele podia, pelo menos não por hora.

— Pelo amor de todos os deuses, fica calmo, não vai acontecer nada. Nós somos da polícia e vamos resolver essa situação. — Itachi tentou acalmá-lo — Além do mais, você ainda está no trabalho, tem que manter pelo menos a profissionalidade.

— Eu não ligo, não dá para ser profissional numa hora dessas, é a vida da minha namorada em risco, Itachi! Nós temos que prender esse maluco, isso já é questão de honra agora, não podemos deixá-lo solto... — o ruivo respondeu, sem nem se importar se do lado de fora o ouviriam ou não. Nada disso era segredo para ninguém, e no momento, ele estava muito preocupado com coisas mais urgentes do que compostura.

— Eu preciso pensar. Se você puder se desesperar um pouco menos... Estou falando sério, nada vai acontecer. — a delegada disse, rindo, tentando acalmá-lo e também a si própria — Precisamos nos concentrar aqui. A motivação agora está clara, é controle, pura e simplesmente isso, ele está tornando cada vez mais suas mortes espetáculos. Ele está nos confrontando diretamente agora, inclusive, não resta dúvidas acerca do combustível que o mantém matando. Eu descobri de onde vem a foto que estava no verso da carta, foi publicada ontem, em vários jornais, mas ainda não encontrei exatamente a fonte original. Era uma em que nós quatro estávamos saindo da delegacia, não percebi quando foi tirada, acho que nenhum de nós percebeu. Só recortaram meu rosto e colaram. Enfim... O Orochimaru está inalcançável, até agora não conseguimos nem localizá-lo... Para onde ele foi?

— Essa é a questão, não encontramos passagens de avião em seu nome, nenhuma reserva de hotel em todo o país... Ninguém sabe onde ele está, pois para todos os efeitos, ele ainda está em Tóquio. — o Uchiha falou.

— Vamos ter que pedir um mandado de busca na casa dele, ele pode estar lá escondido. — Pain disse. Nesse momento, ele finalmente se sentou.

Segundos depois, a porta da sala foi aberta, e quem entrou foi Hinata, que parecia imensamente preocupada. — G-gente... Achei algumas coisas importantes sobre esse caso aqui. Primeiro de tudo, Tsunade Senju já estava morta há mais de um dia, pelas facadas. A mesma arma, uma faca de cozinha, vinte facadas espalhadas pelo tronco e pernas. Desconsiderando os danos post mortem da queda, esses eram os únicos ferimentos de verdade. Mandei fazer o teste toxicológico por segurança, mas não acho que dê nada... Havia marcas roxas nos pulsos e tornozelos, de amarras bem apertadas, e pelo jeito, eram ante mortem, significa que ela foi sequestrada e mantida sabe-se lá por quanto tempo presa, provavelmente jamais chegou ao destino que planejava, no hotel. Nenhum sinal de violência sexual, no entanto. Mas... Eu encontrei algo interessante, um punhado de cabelo, que parece ter sido puxado, na blusa dela, caindo por dentro da gola. Era cabelo escuro, então não era dela, a Tsunade era loira natural. Mandei para a análise por causa disso, e acabou de voltar. Para ter sido rápido e conclusivo assim, era de alguém que já tinha ficha criminal, e com isso as amostras de DNA estavam guardadas nos bancos de dados.

— Suspense à parte, de quem é o DNA? — Itachi foi direto ao ponto.

— Orochimaru Taka. O m-marido dela. — a Hyuuga falou, mordendo os lábios apreensivamente — Posso mandar repetir o exame se necessário, mas a taxa de compatibilidade foi de mais de 99,6 por cento... É impossível que haja engano. Não sei por que ela tinha fios de cabelo dele, mas tinha, e isso é muito sério para dispensarmos como evidência.

— E alguém conseguiu localizar o Orochimaru? Não, claro que não. — Pain disse, com desdém — Precisamos emitir um mandado de prisão, e urgente, para o país inteiro, quem sabe até para a Interpol, vai saber se ele fugiu do país. Esse cara é o principal suspeito de ter brutalmente assassinado três pessoas, não têm álibis, não se apresentou para prestar declarações, simplesmente sumiu, e pior de tudo, ainda pode planejar matar mais gente, ainda restam dezenove arcanos maiores.

Ele se levantou da cadeira, pronto para emitir aquele mandado agora, mas a delegada observou, em um tom de voz calmo e lento. — Não sei não... Isso está fácil demais. Qual é a próxima carta do tarot, o próximo arcano maior...? — ela se perguntou por alguns instantes, tentando lembrar — O Imperador. Certo. Espero mesmo que seja ele, pelo bem dessa cidade.