Enquanto Itachi interrogava o homem que descobrira o corpo (já nitidamente mais calmo, agora que o choque havia passado), que se apresentou voluntariamente à delegacia, a delegada e o investigador Sato se dirigiam até o local onde o corpo havia sido encontrado mais cedo. Ainda havia um grande fluxo de pessoas, que paravam e ficavam olhando para a portaria daquele pequeno prédio, como se ainda pudessem ver algo, mesmo que não estivesse mais nada lá. Retiraram o corpo, limparam o sangue, e fizeram uma pequena busca por quaisquer outras pistas, que não foram encontradas, e tudo foi deixado exatamente como antes.
Alguns repórteres também estavam lá, tirando fotos, mas felizmente, não foram incomodados por eles. Mas, para a surpresa dos dois agentes, não precisaram nem mesmo procurar por alguém que estivesse disposto a falar: uma jovem, mais ou menos perto da idade deles, chorava copiosamente ao lado de uma outra mulher mais velha, que pela semelhança, poderia ser sua mãe. — E-eu vi, eu vi, okaa-san! Eu vi t-tudo... — ela dizia, entre soluços.
Aquilo chamou a atenção dos dois, nitidamente, que se encaminharam até as duas. Apresentando os distintivos, eles também se apresentaram. — Investigador Pain Sato e delegada Konan Shimizu. Estamos cuidando do homicídio do senhor que foi deixado na rua, na frente desse prédio. Se você tiver alguma informação valiosa para o caso, é de grande ajuda. — Pain explicou.
A garota enxugou as lágrimas, mas ainda soluçava muito, e por isso, a mãe falou em seu nome. — E-eu sou Tsubaki Suna, e minha filha Matsuri diz que viu o assassino noite passada.
— Vocês se importam de nos acompanharem até a delegacia, para registrar isso formalmente? — a delegada indagou. As duas mulheres consentiram.
(...)
As declarações haviam sido formalmente prestadas. Matsuri Suna tinha vinte e seis anos e trabalhava como garçonete num bar um tanto distante daquele distrito, e naquela noite de domingo estava voltando para casa, um prédio que ficava na quadra seguinte a quadra onde Maito Gai fora encontrado. Segundo ela, havia descido na estação de metrô quadras antes dali e voltava a pé para casa quando, na porta do fatídico edifício, encontrou dois homens.
Matsuri disse ter sentido o cheiro de bebida na hora e, imaginando que fossem bêbados, atravessou a rua com medo. Um deles reconheceu como sendo Maito Gai e o outro não pôde identificar: usava um cachecol enrolado no rosto (era novembro e certamente estava frio, então não estranhou isso na hora), além de uma touca, luvas e um longo casaco que cobriam o corpo praticamente todo, e a única parte visível era o rosto. Os dois estavam sentados lado a lado, e, na hora, a jovem achou que Gai dormia, com os olhos fechados (a rua estava muito escura a essa hora para que pudesse ver os ferimentos das facadas). Percebendo que estavam bêbados, ela simplesmente acelerou o passo, assustada, e não olhou para trás, com medo de que pudesse vê-los seguindo-a. Ela chegou em casa bem, e, apenas na manhã seguinte, quando viu no noticiário, percebeu que o homem morto era Gai, que vira na noite passada.
A última parte deixara os policiais intrigados, afinal, em momento algum foi autorizada a revelação da identidade de Gai e com isso suas fotos para reconhecimento de familiares e amigos, mas a mãe da jovem tirou um jornal da bolsa, um tabloide chamado Notícias de Tóquio, que tinha como foto de capa o corpo de Maito Gai, caído como fora encontrado, com alguns carros de polícia ao fundo. Na notícia, seu nome não era mencionado, e a foto não deixava seu rosto em evidência, mas com um pouquinho de esforço, era possível reconhecê-lo.
Concluíram que o cheiro de bebida que estava presente nas roupas era apenas um disfarce, como imaginado, para fazê-lo se passar por bêbado; Hinata mesmo dissera que ele não ingerira nada perto da hora da morte, então era possível que o assassino tivesse derramado algum sakê com cheiro forte em suas roupas para fazer parecer que ele bebera e afastar as pessoas. Uma estratégia inteligente, tinham que admitir. Apenas mais um indício de que esse crime havia sido friamente calculado.
A garota e sua mãe foram liberadas, e Itachi finalmente conseguiu terminar o depoimento do homem que encontrara o corpo. Onoki Tsuchi havia contado a história diversas vezes, se perdido no meio e recomeçado, e lembrava de novos detalhes a cada momento, então quando ele finalmente acabou tudo, o Uchiha sentiu-se aliviado. Já era fim do expediente daquele dia cansativo e por fim poderiam ir todos para casa, mas antes, passou na sala da delegada para informar o que conseguira extrair de importante, e com sua presença, estava o Quarteto completo ali.
— Depois de horas, finalmente acabei o depoimento do senhor Tsuchi. Ele contou e recomeçou a contar a história tantas vezes que posso repetir tudo de cabeça sem problema algum. — ele falou.
— E o que ele disse? — Hinata questionou.
— Nada de muito importante, basicamente tudo que já sabíamos: que ele chegou ali às sete da manhã, vinha do trabalho de vigia noturno, e encontrou o cadáver ali, enfim, o que já era esperado. A informação nova, que parece realmente importante, é que ele reconheceu o sujeito, Maito Gai, como sendo um trabalhador de uma empresa de móveis ali perto, ele até me deu o nome, se chama Santorini Móveis. Consegui o telefone, e Maito Gai é o dono da empresa, que foi herdada do pai, aparentemente, e ele é quem fabrica todos os móveis. Não cheguei a perguntar o preço, mas sendo fabricação artesanal, não deve ser barato. Deve ser coisa de quem tem muito dinheiro mesmo. — o Uchiha deu de ombros.
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