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História Archangel or Demon - Prefácio


Escrita por: Thaliacast

Capítulo 1 - Prefácio


A humanidade se via perdida em suas crenças, acreditando que sua vida era um pecado, e que seria perdoado ao morrer, mas as coisas não funcionam assim. 

Vivo a mais de três mil anos, nasci em meio aos humanos, fui criado como um, e ensinado a adorar um Deus, e que, se não o adorasse, iria queimar eternamente ao lado daquele que não falavam o nome, tinham medo. Eu não. Viver com medo era o que a população fazia, mas eu os enfrentava de frente, minha coragem e astúcia não foram reconhecidas, muitos me viram como perdição, cria do inferno. Fui expulso de muitas cidades até meus vinte e dois anos. Foi quando meu corpo chegou no seu limite, já não sentia mais nada, e meus olhos se fecharam pela eternidade. 

Morri muito jovem na vida humana, vítima de uma doença desconhecida para a humanidade, a tuberculose, que hoje é uma doença banal. Eu passei a viver sozinho desde que fui expulso da primeira cidade aos quinze anos. Um adolescente que se preparava para a batalha, sem medo de enfrentar seus inimigos, que logo se via perdido em um mundo atrasado. Já pensei assim, embora minha primeira vida tenha sido perdida de forma banal e solitária, passei a ter uma melhor, ninguém imaginava que poderia acontecer isso, mas minha alma ficou no meio termo, foi quando fechei meus olhos para partir.

Minha primeira impressão foi de que eu estava nas nuvens, em um mundo repleto de algodão branco, e que havia um grande trono dourado que, sentado nele estava a entidade suprema. Mas parei de sonhar, e abri meus olhos, vendo o que não esperava ver. O mundo estava destruído, as ruas cobertas de sangue, as pessoas faziam coisas que não eram normais, tudo estava encoberto pela escuridão, impedindo que o dia pudesse se manifestar. Havia seres, não pertenciam ao mundo dos humanos, tinham longas asas, negras como a noite, carregava consigo um corpo, era de um homem, também possuía asas, mas eram brancas, seu corpo demonstrava fraqueza, e não estava acordado. A ascensão de um mal ainda maior não deixava de ser iminente, e aquele que controlava todo o poder, deixou seu lar, vivendo nas sombras das pessoas, com um estado ainda pior.

Senti meus olhos abrirem em um estalo, começava a acreditar que estava vivendo naquele mundo, mas tudo era apenas um sonho. O teto possuía muitas pinturas, todas representações de anjos, lutando contra o grande mal. Olhei para os lados, era como um quarto qualquer, porém estava limpo, as paredes tinham o tom bege, e as camas longos lençóis brancos de seda fina, bordados por uma renda branca de flores, era tudo muito perfeito, a beleza era terna.

Sentei-me na cama tentando ver algo mais, era um longo salão, cobertos de camas brancas, e em cada uma delas havia vários corpos, que se levantavam confusos e sem saber onde estavam. Então eu havia me lembrado: Eu estava morto. Ao menos meu corpo, mas logo me dei conta de que estava na vida eterna, algo que não acreditava. Mas como todos ali, permaneci confuso.

Começava a me perguntar muitas coisas, que minha cabeça não estava mais ali, observando. Cheguei a levar um pequeno susto quando uma das enfermeiras chamou minha atenção.

- Miguel, você está bem? - a voz feminina me tirou dos pensamentos tolos, questionei o motivo de ter me mencionado como Miguel.

- Acho que você se confundiu. Eu me chamo Anthony, não Miguel. -  alguma coisa não estava certa, e sabia que logo iria obter respostas.

- Mas é claro que é. - cheguei a me surpreender com sua persistência. - Você é o arcanjo Miguel, ele não te contou? - As minhas dúvidas aumentaram, e ninguém me explicava a situação.

- Ele quem? 

A cada lugar em que passava, me surpreendia a cada momento, todos sempre diziam que era um local cheio de seres angelicais. Mas era diferente. Havia sim, anjos, mas também pessoas comuns, que viviam em suas casas construídas ao longo da vida humana. Fui levado a um dos lugares mais altos daquele templo - como chamava aquele local - , doze tronos estavam posicionados um ao lado do outro, o do centro era o maior e o mais detalhado, feito de ouro puro, os detalhes eram de ouro, desenhos que estavam organizados de forma indescritível. No mesmo trono uma entidade estava sentada, um homem alto, vestes brancas, e uma luz branca reluzia dele.

Podia sentir uma enorme quantidade de poder vindo desta entidade, tanto que abaixei minha cabeça, chegando a perceber o quanto ele era poderoso.

- Porque abaixas sua cabeça meu filho? - meu coração acelerou, não podia imaginar que falaria comigo, levantei minha cabeça para respondê-lo.

- Sua plenitude é grande que não consigo olhar diretamente para ti. - minha voz branda soou de uma forma que jamais pensava em usar.

- Hm...Bem, você não tem tempo para conversar comigo Miguel, tem muito o que aprender com os outros anjos.

- Anjos? Então, está me dizendo que...

- Eu o escolhi para ser um arcanjo Miguel, você tem potencial, agora vá, antes que eu decida o contrário. - percebi que seu tom de voz na última frase era preenchido por uma risada, e pude ver o destino que me foi dado.

Os anjos me buscaram nos Doze Tronos, senti que voava por conta devido às asas em minhas costas, eram brancas como as pérolas, sentia que fazia parte de mim, e que deveria usa-las devidamente.

Estava em pleno treinamento, eram quase as mesmas coisas todos os dias: treinamento de combate, voo, meditações para controle das emoções e aulas sobre a vida humana. Cada arcanjo tinha um trabalho a fazer, e isso estava escrito nos próprios nomes: Rafael era o anjo da cura, responsável pelos milagres de curas impossíveis, e também era o chefe do hospital, pois sempre haviam treinamentos que levavam a ferimentos leves e médios; Gabriel era o mensageiro, levava e trazia mensagens orais e escritas, vivia sempre ocupado, e quando estava a disposição me ensinava as diversas maneiras de como usar as asas para voar; Samuel era o arcanjo mais confiável, nos Doze Tronos ele se sentava à direita, sendo sempre o conselheiro fiel, já que tiveram um caso perdido; Ithuriel era o anjo responsável pelo julgamento das almas, aqueles que rejeitavam a bondade de vossa grandiosidade, era pessoalmente levado por Ithuriel até as portas do inferno, onde passaria a eternidade no sofrimento, mesmo ocupado ele me ensinou diversas maneiras de descobrir se a pessoa mente, ou se simplesmente é um caso perdido.

Fui ensinado por vários anjos e arcanjos todas as coisas que cada um sabia, nada ficava em segredo, tudo era revelado, pois todos deveriam saber para que pudessem agir quando algo do tipo vier a acontecer. Nas minhas horas vagas, ia até um enorme saguão, havia estantes de madeira preenchidas por livros grossos e antigos, havia uma outra mais ao canto,  nela os papéis de pergaminhos muito antigos estavam enrolados e guardados de modo uniforme, eram mais velhos que os livros, já que era perceptível pela cor do papel, amarelado como se tivesse derramado chá quente. Havia um canto dentre todo aquele local onde eu me isolava, e passava longas horas lendo um livro de capas grossas e letras desgastadas, já perdi a conta de quantos livros e dias "perdi", mas chegou uma hora em que todos os livros e pergaminhos, foram lidos e guardados devidamente, jamais pensava que leria tudo aquilo .

Depois de longos meses, talvez anos, séculos, meu treinamento estava completo, e meu lugar nos Doze Tronos estava garantido, o primeiro trono do lado esquerdo, nele sentava o arcanjo mais poderoso em força, inteligência, estratégia, astúcia, compaixão, amor, honestidade e acima de tudo, fidelidade. Os Doze Tronos representavam todos os arcanjos mais fortes do templo celeste, e cada um possuía a própria legião de serafins, anjos com hierarquia inferior a dos arcanjos. Cada legião era escolhida a dedo pelo arcanjo, e cada um tinha uma especialidade sendo que esta batia perfeitamente com a do arcanjo, no meu caso a minha legião era de guerreiros, defensores do templo, guardas dos portões, garantindo sempre a segurança para algo inesperado. Como se algo pudesse acontecer em plena paz.

Em um dos livros que li no grande saguão falava sobre a Guerra Santa: Assim como eu, havia um arcanjo em especial, era forte, corajoso e acima de tudo era o braço direito de vossa grandiosidade, seu nome era Samael, para alguns era Lucífer. Exímio combatente e conselheiro, um arcanjo que qualquer um confiava para tudo, mas se via cada vez mergulhado na escuridão, buscava sempre uma maneira de obter mais poder, almejando sempre o trono central. Seus seguidores fortaleciam seus argumentos, até que uma guerra foi travada, levando Lucifer ao extremo fracasso, sendo enviado para a Terra, junto de seus milhares de seguidores, tendo uma frase destacada no livro, que me chamou a atenção: "Os céus queimarão, e o inferno ascenderá, sua vida de Deus está chegando ao fim, você se tornará fraco, e todos aqueles que o seguem serão meu servos ou morrerão, no fim, estará sozinho e sofrerá a eternidade em minhas mãos, não fuja do seu destino, pois é isso que lhe aguarda. Os humanos viverão sob os Pecados e o dia nunca mais ganhará sua cor, o céu se tornará negro e a lua vermelha, enquanto as ruas das cidades se banham com sangue de inocentes, mulheres e crianças, todos eles viverão um inferno na Terra, pois foi pra isso que me expulsou de meu lar." Por um momento cheguei a me surpreender ao ler tal frase, soava quase como uma profecia sendo profanada de forma bruta, quase como uma ordem decretada por um rei.

Ficar sentado naquele Trono durante as reuniões as vezes chegava a ser chato, você ficava quieto até quando a assunto lhe era direcionado, as decisões eram sempre tomadas por vossa grandiosidade, enquanto eu fingia que olhava as penas de minhas asas. Já havia perdido a noção de tempo, não havia noite e a luz era o que reinava no templo, só sabia o ano em que estava devido ao calendário humano, às vezes fazia visitas a Terra e via como eles haviam evoluído tecnologicamente, enquanto muitos tinham um pensamento primitivo e arrogante, que fazia pensar que alguns não iriam obter a salvação. Foi esse o meu descuido, ir para a Terra quase que frequentemente me fez esquecer dos serviços que possuía, acabei por levar uma bronca de meu superior, que me fez permanecer no templo.  Como sempre, o Trono é o lugar para um arcanjo permanecer, enquanto os serafins fazem o seu trabalho, e nesse tédio, avistei um de minha legião voando em direção ao meu Trono.

- Senhor, temos um problema...- sua respiração era ofegante, dava para ver o quanto estava cansado.

- Calma, respira. Agora diga-me, qual a situação a reportar?

- Os guardas foram neutralizados...

- O que? - me levantei em quase um estalo ao ouvir as palavras do serafim - Mas quem conseguiria passar por meus guardas? 

- Luci...- Antes de pronunciar o nome, este foi morto por uma flecha, atravessando o seu peito, e logo uma poça vermelha se formou ao redor do corpo. Ergui o rosto para ver quem poderia ter matado um de meus serafins., era um homem alto, em suas mãos empenhava um arco retalhado de madeira, seus cabelos eram longos e negros, em seus olhos dava para ver a cor do sangue, vermelhos intensos, que me fitavam com ódio; em suas costas havia um par de asas, as penas eram negras e outras estavam manchadas de sangue, atrás de si estavam seus servos, e dentre eles quatro anjos, todos de asas negras, e seus rostos eram familiares: Rafael, Gabriel, Samuel e Ithuriel, meus amigos e instrutores, pessoas na qual confiei para tudo, seguiam agora o "traidor".

- Não imaginava que o encontraria nos Doze Tronos Miguel. - dizia Lucifer enquanto se aproximava com o arco em mãos.

- O que você quer Lucifer? - Como o melhor arcanjo, sempre andava com uma espada na bainha, não a saquei, já que todos ali estavam armados, e não queria acabar como um de meus serafins.

- Oh, você sabe quem eu sou...me diga novato, você sabe qual o meu objetivo? - seus olhos vermelhos olhavam diretamente para os meus, enquanto guardava o arco em suas costas.

- Poder. Você quer o Trono central para ser um Deus...não é isso? - enquanto o tom de voz de Lucifer era irônico, o meu era sério e frio, não queria ficar comprando briga com ele e com os demais arcanjos que o seguem.

- Ora, vejo que sabes do que fala. É, você acertou, porque não se torna um de meus servos? Pessoas com amplo conhecimento são difíceis de achar, e além disso, te darei tudo o que desejar! -  Suas mãos vinham de encontro ao meu rosto, tentado toca-lo, me afastei dessa tentativa e pensava em uma maneira de fugir.

- Vai pro inferno! - meus dentes cerraram quando o vi tentar tocar meu rosto novamente, quando se afastou, soltou uma alta risada.

- Que pena. Eu gosto tanto de você Miguel. - Se afastou um pouco, indo em direção ao local de seus servos. - Matem-no. - assim que deu a ordem para os quatro saiu, indo sozinho por todo o templo.

Rafael, Samuel, Gabriel e Ithuriel voavam em minha direção, apanhando suas espadas da bainha o quanto que depressa, desferindo golpes para me ferir. Meio que de prontidão abri minhas asas e por uma brecha na formação, consegui sair. Todo o templo estava em um enorme caos, vários serafins morriam por outros que seguiam Lucifer, as pessoas que residiam aos poucos se rendiam pela grande oferta que lhes eram oferecida. O único local em que estaria "seguro" seria a Terra, os portões até lá estavam cheios de servos de Lucifer, e por isso, os meios convencionais são inúteis, mas as vezes são chatos. Havia vários atalhos espalhados por todo o templo, e todos estavam bloqueados, com exceção de um. Havia me lembrado que havia um nos Doze Tronos, exatamente no Trono central, dei a volta por todo o templo, sendo perseguido por meus ex-companheiros que almejavam a minha morte, as portas da sala do Doze Tronos estavam sem guarda e sentado no Trono Central estava Lucifer, criei uma lança com meus poderes e a joguei em direção ao Trono em que o mesmo estava sentado, enquanto Lucifer olhava confuso para minhas ações, coloquei mais força nas asas para ir rapidamente até o trono. Lucifer havia desviado da lança, quebrando por completo a parte de cima do trono  e atrás dele havia um portal. O portal estava para se fechar, assim que atravessei, olhei para trás, para ver se estava sendo seguido,  Lucifer empenhou seu arco e atirou uma flecha em minha direção, acertando minha asa direita, antes do portal fechar por completo pude ver a expressão de Lucifer ao me acertar,acreditando que morreria com a queda.

Era uma longa distância até o chão, tentava estabilizar meu corpo em queda livre, tirei a flecha de minha asa e pequenos jatos de sangue manchava as penas brancas, o ferimento causava uma dor intensa, que faria qualquer humano urrar de dor e derramar lágrimas de sofrimento. O chão estava próximo quando me coloquei em uma posição em que não morreria se caísse de cabeça. Apesar da dor, abri as asas no intuito de planar, evitando a queda suicida. Com certa dificuldade, já próximo do chão, fechei minhas asas e acabei por cair no chão. Um pequeno urro de dor saiu de minha boca, a dor da asa se espalhava pelo corpo. O sangue já havia parado de sair, minha regeneração já estava acontecendo, mas com a gravidade do ferimento, seria bem lenta.

O barulho de água era próximo o suficiente para alcançar meus ouvidos, um rio seguia seu fluxo, como se nada estivesse acontecendo. Fui andando com certa dificuldade até lá, as águas eram cristalinas o suficiente para criar um reflexo, igual ao de um espelho. Coloquei minha asa direita nas águas geladas, o frio era mais perceptivel no ferimento, todo o sangue que estava nas penas aos poucos ia sendo levando pelas águas e o branco voltou a ganhar cor, trajava apenas uma armadura, o peso da mesma iria atrapalhar, a retirei, ficando apenas com as roupas que trajava por debaixo, uma camisa e uma calsa, tudo bem simples. A situação que Lucifer deixou na Terra era catastrófica, as ruas da cidade estavam cobertas de morte e sangue, e aquelas que restavam faziam de seus atos em referência aos Pecados Capitais, mesmo tendo nojo, não mudava a expressão. Os servos de Lucifer estavam em todos os lados, e minhas asas estavam muito à mostra, isso denunciaria minha sobrevivência a Lucifer, as recolhi de modo que ficassem por baixo da camisa. Olhei para o céu, era noite, e a lua estava vermelha como sangue, todas aquelas palavras ditas no livro não era apenas uma fantasia, a profecia negra se cumpria, e era apenas o começa de uma nova Idade das Trevas.



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