– O que você vai fazer mais tarde?
Eu fingi pensar em algo.
– Vou procurar saber dos lugares que você não vai e começar a frequentar.
– Tô falando sério – ele riu.
– Eu também.
Ele deu um sorriso torto.
– Então você é difícil? – ele se aproximou.
– Não é que eu seja difícil – aproximei nossos lábios –, só não sou pro teu bico.
Ele achou mesmo que eu ia beijá-lo, e aquilo me fez sorrir.
– Você tá enganado se acha que vai acontecer alguma coisa entre a gente - falei, e ele sorriu irônico.
– Você que tá enganada se acha que não vai acontecer nada.
-
Nos olhamos por algum segundo, e vi Arthur se aproximando.
– Rafael – ele disse.
Então eles se conhecem?
– É isso que você tem pra fazer, Agatha? – pareceu nervoso.
Eu não sabia o que responder. Ainda estou digerindo que os dois se conhecem, e agora, eles não se gostam? Hã?
– Você tinha razão, era eu quem estava enganado.
E assim ele saiu. Com uma cara de bravo e me deixando sem entender nada. Olhei para Arthur tipo: QUE?
– É uma longa história.
– Eu tenho tempo – sorri.
Fomos andando até a calçada e vi que Rafael parou de nos olhar, o que me incomodou um pouco. E não sei porquê. Ele comprou duas águas de coco e me entregou uma. Nos sentamos.
– Então... Você conhece o Rafael de onde? – ele me perguntou.
– Eu tive o azar de me mudar pro apartamento em frente ao dele.
Ele riu.
– Azar mesmo. A gente se conhece há um tempo, mas... Nós realmente não vamos um com a cara do outro porque...
Ele hesitou.
– Porque...?
– Porque eu namorei com a ex dele.
– Ah...
– Ele não tinha superado na época, na verdade não superou até hoje... – bebeu mais um pouco. – É por isso que ele ficou puto quando nós nos falamos, ele sei lá, deve ter ficado afim de você.
– Não, não acho que seja isso.
– Não? – sorriu. – Você é linda, mora na frente do apartamento dele. Uma hora ele vai tentar algo.
– Eu acho que não. Até porque já vi ele com uma garota ontem.
Ele riu.
– É a primeira de muitas que você vai ver.
– Você não tá exagerando? Ele não parece...
Ele negou com a cabeça. Me calei.
– E ah, obrigada pelo "linda" – sorrimos. – Me fala sobre você.
E ficamos conversando. Ele me disse que sempre foi do RJ, tem 21 anos e é dono de uma academia há umas quadras de onde moro e professor de luta. Está explicado todo esse físico. Logo me disse que precisava ir embora, nos despedimos e eu fiquei de encontrá-lo na academia qualquer dia. Continuei sentada por um tempo mas logo fui pra casa. Cheguei em casa e tomei um banho demorado, depois fui arrumar mais algumas caixas.
(...)
Acordei às 9h, tomei um banho e pus um short jeans e uma camiseta cinza larguinha. Fui até a cozinha para comer algo e vi um bilhete e um cartão de crédito, escrito "precisamos de compras!". Sim, precisamos. Atrás do bilhete tinha uma lista enorme, então peguei as chaves, minha bolsa e sai. Mas calma aí, eu não faço ideia de onde tenha um supermercado.
Fui até o 802 e bati na porta. Marcos me atendeu.
– Ei gatinha, entra aí.
Entrei e ele fechou a porta, estava vendo TV.
– Você tá ocupado? Eu meio que preciso de uma ajuda.
Ele sorriu.
– Pode falar.
– Preciso saber onde tem algum mercado, ou se você puder ir comigo.
– Ir eu não posso, tenho aula daqui a pouco. Mas eu te explico, não é tão longe.
Balancei a cabeça, e me sentei com ele no sofá.
– Você vai pegar a Avenida da...
Rafael apareceu no cômodo, com a cara amassada de quem acabou de acordar, e o cabelo bagunçado. Eu ri, mas ele praticamente me ignorou. Ok. Como se eu me importasse.
– praia e ir até o...
Rafael foi para a cozinha, e não sei o que pensei, mas fui atrás.
– Que foi? – eu disse.
– Você que veio atrás de mim.
– Mas você tá estranho.
– Você fala como se me conhecesse.
N-o-s-s-a.
– Porque você tá falando comigo desse jeito? – falei, me aproximando. – É por causa do Arthur? Ele me disse que...
– Agatha, esse cara não presta! Eu não quero saber o que ele te falou sobre mim, mas é mentira. E quer saber? Dá licença.
Ele passou por mim, esbarrando, e saiu da cozinha. Eu fiquei paralisada por alguns segundos, sem entender nada. Mas de uma coisa eu tinha certeza: o Arthur não me contou tudo. E talvez eu queira descobrir. Voltei pra sala e falei pro Marcos:
– Obrigado por ter explicado, já tô indo.
– Mas eu nem...
Sai e chamei o elevador, rapidamente. E quando abriu, ninguém menos que a maravilhosa loira amiga de elevador do Rafael apareceu, com um decote imenso e um cheiro que me deu náuseas. Que se fodam. Os dois.
Achei um supermercado depois de entrar em 3 ruas, e estacionei o carro na garagem. Eu não era a melhor motorista do mundo, mas nunca tive nenhum problema. Só duas batidas. Nada demais. Fiz as compras e devo ter gastado umas 3 horas. Levei tudo pro carro e fui pra casa. Na portaria, me ajudaram a subir com todas as sacolas e colocar dentro do apê. Que sufoco. Tirei minha blusa e joguei no sofá, ficando só de sutiã. Peguei umas sacolas e levei para a cozinha, e quando olhei pela janela, o casal do ano estava de pegação, e o pior: ela estava sem blusa, o que me fez ter uma visão horrível. Aqueles peitos eram perfeitos!
Quando desviei o olhar, Rafael me olhou. A garota logo me viu também e puxou a cortina.
Só me fez um favor.
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