– Tem uma garota pra você conhecer – Marlon me disse.
– É gatinha? – perguntei.
Ele balançou a cabeça e Bianca concordou.
– Muito – ela disse.
Eu ri. Ela estava um pouco alterada. Bebi mais um pouco.
– Falando nisso, olha ela ali – Bia falou.
Me virei e... cara, isso é impossível.
– Agatha, esse é o Rafael.
POV Agatha - point.of.view
Só pode ser brincadeira com a minha cara. Não é possível que eu fiz amizade justamente com os amigos do Rafael. E ele é um babaca pra ter amigos tão legais.
– Agatha? – ele me olhou surpreso.
Eu sorri.
– Rafael, prazer! – falei irônica. – Nós já nos conhecemos.
– Ah é? De onde? – Géo perguntou.
– Ela é minha vizinha.
Entrei na piscina e a galera voltou a conversar. Fui pegar mais bebida na beira da piscina e Rafael veio atrás. Eu o olhei.
– Eu não imaginei que fosse te ver aqui – ele falou, meio sério.
– É, eu sei. Eu também não.
Tomei mais um pouco de vodca.
– Veio sem sua namoradinha?
Ele riu.
– Aí, casal, vamos dançar? – Cadu gritou pra gente.
Eles estavam saindo da piscina e nos olharam.
– Tô dentro – falei.
Saímos da piscina e fomos para a sala espantando a galera porque todos estávamos muito molhados. Bia aumentou o som e começou a dançar com outras meninas na pista, o Caco e o Marlon/Lucas também. Rafael já tinha desaparecido, provavelmente estava com a língua enfiada em alguma boca. Mas porque eu tô pensando nisso?
Me levantei e fui dançar com as meninas, mas fazer quadradinho de biquíni não era muito confortável. Senti alguém me puxando poucos segundos depois. E me guiou até o final do corredor.
– O que foi? – falei.
– É melhor você colocar sua roupa – Rafael disse.
Eu dei risada. De verdade.
– Qual foi, pai? – disse nervosa.
– Aqueles caras tão falando um monte de merda de você.
– Porque você não se junta ao grupinho? Aposto que você tem muito o que falar de mim também.
Ele riu sarcástico.
– Agatha, só coloca sua roupa. Eu não tô pedindo nada demais...
Balancei a cabeça negando, com um sorriso no rosto.
– Não sou só eu de biquíni. Porque você vem encher logo meu saco?
Ele não respondeu.
– Qual é o problema comigo? – falei, olhando em seus olhos.
Ele não me respondeu, e eu já ia sair dali. Quando menos esperei, ele me prensou na parede, colando nossos corpos. As mãos dele estavam na parede, para que eu não pudesse sair. Não que eu fosse.
– O único problema é que a sua boca tá longe demais da minha.
– Então porque você não resolve isso de uma vez? – falei, olhando seus lábios.
Quando nossas bocas estavam a menos de 1 centímetro de distância, alguém nos interrompeu. E não poderia ser pior.
– Rafael? Que porra é essa? – ela disse.
Era a "amor". E que bom lembrar disso. Eu devo estar bêbada pra ter quase beijado esse cara. Eu devo estar muito bêbada. Ele tirou as mãos da minha volta, e eu continuei na parede.
– Clara, você disse que não vinha...
– E você bem que aproveitou, né? Eu não acredito! Logo com essazinha, Rafael?
Revirei os olhos.
– Essazinha? – falei. – Garota, aprende a xingar. Da próxima me chama de Clara que vai me ofender muito mais.
Rafael continuava sem dizer nada.
– E olha, não precisa se preocupar, eu não tenho interesse nenhum no seu namorado.
– Não foi o que pareceu – ela falou. – Pera aí, é essa garota que se mudou pro apartamento em frente ao seu, não é, Rafael? Eu não acredito!
– Não que eu tive escolha...
– Clara, vamos sair daqui – ele disse.
– É, é melhor vocês saírem mesmo. E quer saber? Me deu uma vontade de dançar... – olhei pra ele.
– Olha só... – Rafael falou.
– Olha só o que, Rafael? – Clara o interrompeu.
– É. Olha o que? – falei.
Ele respirou fundo se segurando para não dizer nada, e eu dei riso frouxo. Fui para a pista e continuei dançando com as meninas. Mas na minha cabeça eu só conseguia pensar no que quase tinha rolado. Eu não acredito no que disse, como eu consegui dizer aquilo? Foi praticamente um pedido pra ele calar a boca e me beijar e, pelo amor, eu não quero que ele pense que eu estou afim.
Porque eu não estou. Eu não...
– Agatha? – Géo disse.
– Oi...
– Eu te chamei umas 3 vezes, sua louca – ela riu –, você vem amanhã?
– Amanhã? Fazer o que?
– A noite. O mesmo de hoje. Quer dizer, amanhã é a kiss party.
– Kiss party? – perguntei.
– Você não entende inglês? – ela riu.
– Entendo. Por isso mesmo perguntei. Não tinha um nome menos brega?
Nós rimos. Bebi um pouco da bebida dela.
– É porque o tema da festa é beijar como se o mundo fosse acabar amanhã – ela disse me fazendo rir.
– Então seria melhor uma sex party. Se o mundo fosse acabar amanhã eu preferiria estar de quatro.
Nós rimos juntas, e ela concordou com meu ponto de vista.
– Então eu te vejo aqui, certo?
– Eu não sei.
Ela revirou os olhos.
– É que sei lá, vai que eu não queira beijar ninguém?
– Você tem duas escolhas: ou beija, ou nem vem na festa – ela riu. – Isso não costuma acontecer, porque se não fosse pra beijar, não seria a kiss party. E eu aposto que você vai encontrar sim alguém. Se não já encontrou, né.
Caco me deu uma carona umas horas depois, quando já estava bem pra dirigir porque passou no meu teste de se equilibrar com uma perna só. Qual é, nenhum bêbado consegue fazer isso.
Eram 3h quando cheguei em casa, e minha mãe já estava dormindo. Foi o que fiz também.
Acordei quase 11h, com um sol horrível na minha cara porque não me lembrei de fechar a cortina. Fiz um macarrão que ficou péssimo mas comi muito porque estava com fome. Depois do almoço, decidi ir ao shopping comprar um móvel que minha mãe tinha me pedido, para a clínica.
Pus uma blusa preta larguinha de banda, uma calça jeans rasgada e um allstar meio velho. Ótimo. Peguei minha bolsa de lado e sai. Quando estava saindo, Marcos estava esperando o elevador.
– Olá, vizinho.
– Oi, Agatha.
– Matando aula? – perguntei brincando.
– Não, hoje não tive aula – ele falou.
Entramos no elevador.
– Aí, você joga videogame? – perguntou.
Eu o olhei.
– Foi um convite? – nós rimos.
– É. Se você quiser jogar, mais tarde. O Rafael é péssimo, e falando nisso, ele não chegou até agora – olhou seu relógio.
Até agora?
– Se você quiser eu posso acabar com você no street fighter – falei.
Ele riu.
– Tá marcado.
E o elevador abriu. Fui para o shopping, e com a cabeça na lua. Mas quando eu digo lua, você sabe a quem me refiro.
Eu estava passando por um corredor do shopping quando vi, num reflexo de loja, Rafael e Clara juntos. Mas por um milagre divino, não estavam se beijando. Cheguei perto a ponto de escuta-los, mas sem que eles pudessem me ver.
– Eu já te disse mil vezes e você continua insistindo nisso – Rafael falou.
– Porque eu vi, Rafael. Você quase beijou aquela garota – ela falou. – Além do mais, você disse que não ia na festa.
– Você também disse mas foi – rebateu.
– Eu fui na sua casa, foi o seu irmão que me disse!
Ele ficou calado. Devia estar com aquela linda carinha de bravo. Eu ri pensando.
– Tá bom, Clara, você tá certa. Eu quase beijei ela mesmo, e ela devia estar bem bêbada pra quase ter me beijado também!
O QUE?
– Você tá ouvindo o que você tá me falando? – ela falou quase gritando – Eu não acredito que você tá afim dessa garota... Olha pra mim, Rafael...
– É, mas eu tô. E você tá certa, eu acho melhor a gente acabar com isso de uma vez.
O QUEEEE???
– Não, eu não... amor... Eu não quero terminar, eu só tava com raiva, e...
– Mas eu quero, Clara. Não dá pra continuar com você se eu só consigo pensar nela.
O QUEEEEEEEEEE?????
Calma. Respira. Conta até 10. Até 10 mil. O que tá acontecendo? Me virei e voltei, se eu passasse naquele corredor ele ia me ver e...
Eu só tenho duas palavras pra descrever o que estou pensando: O QUE?
Fui embora com a boca aberta porque era difícil acreditar em tudo o que tinha escutado. E porque eu estou agindo dessa forma?
Puta merda.
Fui pro estacionamento e peguei o carro, quando estava saindo vi ele entrando em um táxi.
Guardei o carro na garagem e fui pra portaria, e quando cheguei, ele tinha acabado de entrar no elevador.
Dei passos rápidos e assim que entrei pela porta, o elevador se fechou.
Ele me olhou nos olhos e ia dizer algo, mas eu não queria ouvir nada. Não naquela hora.
Por isso que não pensei duas vezes em beija-lo.
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