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História Are you my clarity? - Dividida


Escrita por: itsmejubs

Capítulo 14 - Dividida


-- Amoooor... Me perdoa, vai... Não fica assim comigo... -- Eric me abraçava por trás, me dando beijos no rosto, falando com uma voz melosa. -- Eu sei que errei, me desculpa...

Eu revirava os olhos com essa melação toda. Eu já tinha dito a ele que estava perdoado depois da nossa briga pelo modo com que ele tinha falado com o Guilherme. Só não estava caindo aos pés dele, toda romântica, e ele achava que isso significava que eu ainda estava com raiva. Mas na verdade só não estava a fim mesmo de ficar de amorzinho.

-- Eric, eu já te desculpei -- eu disse, tentando manter a tranquilidade, mas me afastando de leve dos braços dele. -- Não vai adiantar nada você ficar nessa.

Estávamos na sala da casa dele. Do outro lado, na cozinha, Sara e Alison estavam preparando alguma coisa juntas, conversando, mas várias vezes a loira lançava um olhar pra nós. Não tava com uma cara muito boa, mas disfarçava e continuava no papo com a Alison. Eu sabia que deveria ser horrível pra ela ficar vendo eu e o Eric juntos, pra mim também era muito chato. Mas eu faria o quê? Não dava pra terminar com ele do dia pra noite. Eu não estava mais gostando dele do jeito de antes, mas tinha medo de acabar com tudo. Tinha medo das consequências. Apesar de tudo que eu sentia pela Sara, aquilo que a gente tinha era muito louco. De repente, uma meia irmã desconhecida do meu namorado chega feito um furacão na minha vida e eu começo a gostar dela. Ela era uma mulher, mais velha, eu não sabia quase nada sobre sua vida. Que coragem eu tinha de dar uma de revoltada e largar tudo pra ficar com ela? Nenhuma. Sabia que era um extremo egoísmo meu fazer isso, mas era muito confortável pra mim levar essa vida dupla: de um lado, ela; do outro, minha vidinha pacata e o Eric. Nem preciso dizer que isso me deixava mal, muito mal. Estava enganando todo mundo e a mim mesma.

-- Quer sair pra jantar comigo hoje? -- meu namorado insistiu. -- Onde você quiser a gente vai. Te levo no melhor restaurante da cidade.

-- Eu tô bem, Eric, sério -- agora eu já tava enchendo a paciência com essa insistência toda. -- Não tô com raiva, já pode parar de tentar me agradar.

-- Sabia que você nem me chamou de "amor" hoje ainda? -- ele reclamou. -- Depois diz que não tá chateada.

-- Sério? Mas foi distração minha mesmo. Foi mal, amor -- eu falei só porque sabia que o motivo de aquela briga ainda rolar era esse. Tomara que agora ele me deixe em paz.

-- Agora sim! Tranquilo, AMOR -- ele disse, alto, abrindo um sorriso e me puxando pra um beijo.

Correspondi sem muito ânimo, até que ouvimos uma pessoa pigarreando próximo a nós. Eu me afastei pra olhar.

-- Desculpa atrapalhar -- Sara nos encarava de olhos apertados. -- Mas eu e a Ali terminamos o bolo, vim perguntar se vocês querem um pedaço.

-- Não, obrigado -- Eric respondeu, seco. Estava mais grosso do que nunca com a Sara depois da confusão no colégio.

-- Eu quero -- eu disse com uma voz fina. Levantei logo do sofá. -- É com cobertura?

-- É -- Sara respondeu, dando as costas e indo pra cozinha. -- Se quiser, tá na mesa.

Ihhh, ela também não tava de muito bom humor. Droga. Eu imaginava o motivo.

-- Tem certeza que não quer? -- perguntei ao Eric. Ele ainda estava no sofá.

-- Absoluta, pode ir pegar seu pedaço. Eu espero -- ele resmungou, pegando o controle e ligando a TV.

Fui pra cozinha e encontrei a Alison terminando de decorar o bolo e a Sara lavando a louça. A morena colocou um pedaço num prato pra mim e eu provei. Delícia.

-- Tá ótimo! -- elogiei, dando mais uma garfada. -- Quem fez? Você, Ali?

-- Eu só ajudei, o mérito maior é da Sara mesmo. -- ela respondeu. -- Disse que é uma receita da mãe. Tá mostrando os dotes culinários. Se meu pai descobrir que ela cozinha bem vai escravizar a coitada.

A Sara só se virou e sorriu pra Alison. Sorriso lindo, vontade de encher de beijo. Tinha tempo que nós não ficávamos a sós, desde aquele dia em que ela praticamente fugiu da nossa pegação. Não explicou pra onde ia, só me acompanhou até em casa e foi pra algum outro lugar. Fiquei revoltada. A garota me enche de tesão e não termina o trabalho, fala sério. Inclusive passou pela minha cabeça que ela foi encontrar a Amanda, mas preferi afastar a ideia e não ficar de paranoia.

-- Daqui a pouco eu volto pra enxugar a louça, Sá -- Alison disse, saindo da cozinha. -- Vou só tomar um banho.

Aproveitei que estávamos a sós agora e me aproximei da loira na pia.

-- Sá, é? -- eu perguntei baixinho, sorrindo. -- Tem até apelido? Já vi que vocês estão bem próximas.

-- É -- ela só respondeu isso, foi quase um resmungo.

-- Tá brava comigo? -- eu sabia a resposta mas queria ouvir da boca dela. Como estávamos sozinhas e da sala o Eric não podia nos ver, cheguei perto dela e dei um beijinho em seu ombro. Ela parou de ensaboar um prato pra me fuzilar com os olhos. Que delícia essa mulher com raiva, gente.

-- Para com isso -- ela sibilou. -- Seu namorado tá ali na sala, se você não lembra.

-- Eu sei -- eu não consegui tirar o sorrisinho do rosto. -- Mas quem eu quero tá aqui, linda até de avental e lavando a louça.

Ela me ignorou e voltou pro que estava fazendo. Apelei, afastei seu cabelo pro lado e dei um beijo demorado em seu pescoço. Senti que sua pele arrepiou. Ela desligou a torneira, largou a bucha e me olhou de novo.

-- Renata, eu tô falando sério. Para de ficar me provocando.

-- Me fala então porque você tá com essa cara.

-- Por vários motivos.

-- Me conta só um, então. Eu sou um deles?

-- Você definitivamente é o maior deles.

-- E por quê?

Ela lançou um olhar pra porta da cozinha, voltou a encarar meus olhos e aproximou seu rosto do meu:

-- Você acha que eu gosto de ficar te vendo se agarrando com o Eric?

-- Tá com ciúmes? -- sorri de novo.

-- Para de rir! Tá brincando comigo, é?

-- E você quer que eu faça o quê? -- fiquei séria. -- Quer que eu termine com ele? E que eu diga o quê? Que é por causa da irmã dele?

Ela bufou, agora bastante irritada, e tirou o avental. Percebi que falei merda.

-- Sara... -- eu chamei, tentando segurar sua mão, ela ia saindo da cozinha.

-- Não, me solta. Eu sei que você não vai terminar com ninguém pra ficar comigo. Eu que sou muito burra mesmo.

E saiu andando rápido. Pooooorraaaaa!!! Que merda eu fiz??? Como é que eu digo uma coisa dessas pra ela?? Sou muito egoísta mesmo. Saí da cozinha atrás dela, mas ela saiu quase correndo e já tava na metade da escada. Parei porque o Eric alternava olhares interrogativos entre eu e ela. M e r d a.

-- Aconteceu alguma coisa? -- ele perguntou enquanto eu me dirigia ao sofá.

-- Não sei, será que a Ali e a Sara brigaram? Ela parecia irritada -- menti descaradamente. Foi a única coisa em que consegui pensar.

-- Ué, não estavam tão amiguinhas? -- Eric num tom irônico. -- Fazendo bolinho e tudo? Já brigaram?

-- Estranho, né? -- vou para o inferno com tanto cinismo. -- Vou ao banheiro rapidinho, tô apertada. Já volto.

Eric assentiu e eu subi as escadas. Olhei lá pra baixo pra conferir, ele continuava prestando atenção na TV. Em vez de entrar no banheiro, escolhi a porta ao lado e entrei rapidamente no quarto da Sara.
Ela tava mexendo em alguma coisa numa gaveta no armário e levou um susto quando me viu.

-- Que susto! Tá fazendo o que aqui? -- ela perguntou, ainda com uma expressão de raiva.

-- Vim fazer isso -- cheguei perto dela, segurei seu rosto e a beijei. Beijo de verdade, com mordidas e chupadas. Finalizei com um selinho e disse: -- Desculpa! Falei sem pensar, Sara, me desculpa... Não foi pra te magoar que eu disse isso...

-- Mas de qualquer forma é verdade, não é? -- ela pôs as mãos em cima das minhas que estavam no rosto dela e as retirou. -- Rê, isso não tá certo. Você é namorada do Eric. Eu acabei de conhecer meu irmão. Ele já me odeia o suficiente, isso porque nem sabe o que se passa entre a gente. Eu não vim pra cá pra atrapalhar a vida de ninguém...

-- Mas não atrapalha... -- eu segurei seu rosto de novo e fiz um carinho em sua bochecha. -- Eu sei que a gente não tá junta do jeito certo, mas é questão de tempo. Eu já nem sinto mais a mesma coisa pelo Eric. Eu só penso em você o tempo todo, em ficar com você, em te encher de beijo...

Ela pareceu relaxar a expressão, até abriu um sorrisinho. Puxei ela e abracei bem forte, fazendo um carinho em suas costas. Reparei na parede do quarto uns quadros com umas paisagens pintadas. Eu já tinha visto eles ali, mas nunca tinha dado muita atenção. Eram muito bem feitos, a pessoa que pintou sabia escolher bem as cores e os ângulos.

-- Foi você quem fez? -- eu perguntei quando nos separamos, apontando para a parede.

-- Foi -- ela respondeu, olhando pra eles. -- Mas tem tempo que eu não pinto nada.

-- Você não me contou que era talentosa assim -- eu fixei o olhar em um quadro específico. Era um gramado extenso e bem verde, várias flores coloridas enfeitando. Uma casinha feita de madeira ao fundo. Aquela paisagem me era familiar. -- Eeeei! Aquele é o cenário da foto com a sua mãe? Onde é isso?

-- É sim. É na casa de um amigo dela, lá em Goiânia. Eu pintei esse quando tinha uns quinze, dezesseis anos, sei lá.

-- São muito lindos, de verdade! Além de cozinheira é artista, tem mais alguma coisa que você faça bem que eu não saiba?

Sara levantou uma sobrancelha e deu um risinho malicioso. Demorei pra entender, mas quando a ficha caiu dei um tapa em seu braço.

-- Ai! O que foi? Não falei nada! -- ela reclamou.

-- Mas pensou! -- eu nem tinha ficado mesmo chateada com isso. Mas mudei de assunto: -- Você só desenha paisagem ou sabe desenhar pessoas também?

-- Depende da pessoa.

-- Que tal eu?

-- Desculpa, só desenho paisagens bonitas.

Dei outro tapa no braço dela, dessa vez mais forte.

-- Engraçadinha! -- eu resmunguei, mas depois ri. -- Depois desse 1x0, tô indo embora. Tchau pra você. 

Dei as costas e fui andando, ela me puxou pelo braço e colou nossos corpos de vez. Seu rosto bem próximo do meu. Eu amoleci inteira, fechei os olhos e esperei o beijo.

-- Você não é bonita, Renata. Você é linda -- ela sussurrou, eu entreabri a boca esperando por ela. Nossos lábios já se roçavam. Tinha tempo que eu não sentia aquela boca gostosa. -- Mas seu namorado tá te esperando lá embaixo.

Abri os olhos na hora e olhei pra ela, incrédula. Ela tava mesmo chateada com essa história. Suspirei mas não tive coragem de dizer mais nada. Sara estava certa, tinha mais consciência das coisas do que eu. Só me limitei a assentir, fui até a porta do quarto. Mas antes de sair, chamei:

-- Sara?

-- Oi.

-- Eu tô apaixonada por você.

Não esperei ela dizer mais nada, fechei a porta só a tempo de ver o queixo dela despencar. Nem eu mesma acreditava no que tinha acabado de dizer. Era verdade, só que nem eu e nem ela esperávamos que eu dissesse isso numa hora dessas. Ela tava chateada por ciúmes do Eric? Então precisava fazer ela entender quem era que eu queria naquela confusão toda. Embora soubesse também que aquilo provavelmente a deixaria mais confusa. Jesus do céu, me ajuda, eu preciso resolver a minha vida.

Desci as escadas e o Eric simplesmente estava cochilando no sofá. Se eu soubesse que ele nem tava me esperando, teria demorado mais tempo lá com a loira. Dado uns bons beijos naquela ciumenta.

-- Eric... -- eu chamei baixinho, me aproximando dele. Coloquei a mão em seu ombro. -- Acorda...

Ele acordou no susto, em um pulo só ficou sentado. Me olhou sem entender nada.

-- Hã? Eita, acabei dormindo... Foi mal, amor...

-- Tudo bem, relaxa. Tá cansado, né?

-- Esses treinos do futebol estão me matando. O campeonato chegando e o treinador botando com tudo em cima da gente...

-- Então descansa, eu já vou pra casa...

-- Não, fica... -- ele falou, numa voz manhosa, me puxando pela mão. -- Eu lavo o rosto, tomo um café... Vamos sair pra jantar juntos, não vamos?

-- Fica pra próxima, a gente deixa pra outro dia. Você tá cansado e eu também. Amanhã a gente se fala.

-- Você tá estranha esses dias -- ele disse. Ai meu Deus, discussão agora não. De novo, não.

-- Tô normal, amor -- disfarcei. -- Coisa da sua cabeça. Vou ligar pra minha mãe vir me buscar. Me leva na porta?

Ele levantou, meio a contragosto, e me levou até lá. Liguei pra minha mãe e eu e ele ficamos conversando um pouco até ela chegar. Nos despedimos com um selinho rápido, eu já ia indo pro carro quando ele me puxou e disse:

-- Renata?

-- Fala.

-- Eu te amo. Não esquece disso.

Meu coração deu uma batida dolorosa. Nem respondi "eu também", ou "eu te amo", nem sequer um "que fofo, amor". Nada. Só baixei a cabeça e saí andando. Senti o olhar dele nas minhas costas. "Tô fudida", pensei.
 


Notas Finais


Capítulo curtinho só pra instalar a treta na história hahahah Relaxem que o próximo tá "pior"


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