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História Are you my clarity? - Ela


Escrita por: itsmejubs

Capítulo 3 - Ela


A sexta-feira chegou vinda de jegue. Demorou um século pra semana passar. As provas estavam chegando, eu não tava dando conta da avalanche de assuntos que o terceiro ano passa, o Eric não tinha melhorado o humor e o meu irmãozinho mais novo só aprontava cada vez mais. Eu não tinha paz de espírito hora nenhuma, em lugar nenhum. Eu tentava ao máximo não demonstrar que estava tensa, estressada, mas às vezes eu acabava dando uma patada em alguém ou tratava friamente e tinha que pedir desculpas depois. Eu não sabia se era TPM, inferno astral ou se era só uma fase ruim mesmo.

Pra completar o combo da semana, hoje era o dia em que a bendita meia irmã do Eric chegaria na cidade. Finalmente eles iriam se conhecer. A única pessoa da família que já tinha botado os olhos na menina, e só por foto, era o pai dele. Era uma completa surpresa como ela era, como se comportava, do que vivia e do que se alimentava. Nessa sexta, no Globo Repórter, vamos descobrir quem é a dita cuja.

-- Sara -- o Eric falou, do nada, enquanto andávamos até o pátio do colégio na hora do intervalo. Se esse menino não estava bem desde o início da semana, hoje ele estava péssimo. Ansioso, distraído, à flor da pele. Não falava muito, e quando falava parecia que estava drogado, não saía nada com nada.

-- O quê, amor? -- eu, com toda a paciência do mundo, tentava entender a situação dele. Afinal, não é todo dia que a gente ganha uma irmã mais velha dentro de casa.

-- O nome dela -- ele completou. -- O nome da minha irmã é Sara. Sara Fernandes. Ela usa o sobrenome da mãe.

-- Ah -- eu só respondi. -- O nome é bonito.

Ele não falou mais nada. Nos juntamos ao resto do pessoal, que estavam sentados numa mesa no pátio. Eric já tinha contado pra eles a história, tava todo mundo ansioso para conhecer a tal menina. Comentaram sobre isso a semana inteira, mas isso deixava meu namorado extremamente incomodado.

-- E aí, Eric, preparado pra hoje? -- Felipe perguntou quando chegamos.

-- Nem um pouco -- ele grunhiu. -- Se eu pudesse, nem apareceria lá em casa, mas meu pai me mataria.

-- Será que ela é gata? -- Cássio. Eu revirei os olhos.

-- Claro que é -- eu comentei. -- É a irmã do Eric, tem alguma chance de não ser?

-- É justamente disso que eu tenho medo -- Amanda. -- Se ela for uma versão feminina dele, vai todo mundo ficar decepcionado.

-- O que ela faz da vida, Eric? -- Ju perguntou. -- Ela é mais velha, né? Já faz faculdade?

-- Eu não sei, mas acho que não. -- ele respondeu. -- Eu não sei muita coisa sobre ela, mas parece que ela nem terminou o colégio ainda. Ouvi meu pai comentando com minha mãe algo sobre matricular ela aqui o mais rápido possível.

-- Meu Deus, ela vai estudar aqui? -- Felipe. -- É, parceiro, você vai ter que se acostumar com ela de um jeito ou de outro. Vai conviver todo dia.

-- Claro que eu vou conviver todo dia, cara, ela vai morar na minha casa! -- Eric disse, ríspido. Aquele assunto já estava deixando ele irritado.

-- Mas isso é bom, quer dizer que eles vão ter tempo pra se conhecer melhor -- eu tentei acalmar os ânimos. Mudei de assunto: -- Gente, alguém viu a Gabriela? Essa menina tá muito esquisita hoje. Tá só se esgueirando pelos cantos.

-- Ela tá se roçando com aquele menino de outra sala -- Amanda. -- Como é mesmo o nome? Ícaro?

-- Ítalo -- corrigi. -- Nem esperaram chegar a hora do encontro pra se agarrarem, Já iniciaram os trabalhos.

-- Eu queria ter alguém pra me agarrar também -- Ju suspirou, jogando os cabelos cacheados para o lado. -- Você bem que podia ter arranjado um irmão ao invés de uma irmã, né Eric?

Ele revirou os olhos e nem respondeu. Eu fiz um carinho nas suas costas.

-- Fica calmo -- eu sussurrei em seu ouvido, dando um beijo em seu ombro. -- Vai dar tudo certo hoje.

Combinamos que ele me mandaria mensagem logo que a menina chegasse em casa e eles fossem apresentados. Hoje a noite era só da família, só para que eles interagissem e se conhecessem. Eric insistiu muuuito para que no sábado eu fosse visitá-lo logo de manhã, para conhecê-la também. Eu estava ansiosa também, não vou mentir, mas estava disposta a tentar enturmar a garota com o resto do pessoal. Tomara que ela seja legal.

-- Estamos todos animados com a Festa da Lagoa que tá chegando? Ou só eu estou? -- Juliana comentou, abrindo um sorrisão e batendo palminhas. A Festa da Lagoa era tipo um luau que nosso colégio organizava anualmente, numa lagoa que tinha num lugarejo próximo da cidade. Todos os anos eram maravilhosos, o clima lá era muito bom e sempre tocava uma bandinha que animava a galera. Tinha direito a fogueira, bebidas (mas o colégio só liberava as alcoólicas pra quem fosse maior de idade) e uma vista incrível que a lagoa tinha quando a noite caía.

-- Estamos! -- eu respondi por todos, sorrindo também. -- Parece que esse ano a banda do Janjão vai tocar... Lembram dele? Ele estudou com a gente no primeiro ano, mas depois trocou de colégio.

-- Como esquecer? -- Cássio. -- O cara me atravessou e pegou a menina que eu estava a fim há um tempão. E ele sabia que eu queria ficar com ela.

-- Águas passadas, supere isso -- Felipe. -- Eles chegaram a namorar e ela traiu ele, lembra disso também? Acho que você se livrou de uma cilada.

E continuaram fofocando e comentando sobre o luau. Quando o sinal tocou, fomos todos para nossas salas. Quando a aula de Geografia começou, eu quis fugir correndo dali. Percebi que a professora podia apresentar uma tese de doutorado sobre a cura de câncer que eu só ouviria "bla, bla, bla..." saindo da boca dela. Que matéria insuportável, meu Deus. Olhei para a Gabi do meu lado e ela fingia prestar atenção na aula, enrolando uma mecha de cabelo nos dedos. Chutei de levinho seu pé e ela olhou para mim.

-- Onde você tava? Ninguém viu nem a sua cor hoje -- eu sussurrei pra ela. Ela sorriu largamente.

-- Com o Ítalo! -- ela sussurrou também, toda animada. -- Depois te conto tudo. A gente vai sair amanhã à noite, mas por mim já seria hoje. Tô apaixonada!

-- Sua paixão não dura um mês, basta apagar o fogo.

Ela abriu a boca pra responder, com uma expressão ofendida, quando a professora chamou nossa atenção:

-- Renata e Gabriela... Estão conversando sobre a aula? Querem vir resolver a questão aqui na frente da turma?

-- Desculpa, professora -- eu só respondi. Deus me livre contrariar essa mulher. Eu já tenho medo suficiente dela.

Na saída do colégio, abracei o Eric com força e o beijei antes que ele fosse pra casa. A irmã dele só chegaria no fim da tarde, mas como eu não o veria mais hoje, desejei boa sorte e disse que se acontecesse alguma coisa, era só ele me ligar que eu iria correndo até lá.

-- Obrigado, de verdade, amor -- ele disse, me dando vários selinhos. -- Não sei o que seria de mim sem você.

No caminho pra casa, no carro da minha mãe, outra briga começava a se instalar entre ela e o Guilherme. Ela tinha finalmente conhecido o tal Pedro, e disse que não tinha gostado nada do garoto. Ele era mais velho que meu irmão, tinha 16 anos, os braços todos tatuados e usava umas roupas de "menino perdido", segundo minha mãe. Nada a ver com o tipo de amigo que meu irmão arranjaria, ele era todo mauricinho.

-- Você nem conhece ele para estar julgando -- Gui reclamava, irritado. -- Não é porque ele tem tatuagem ou usa umas roupas diferentes que ele é drogado, malandro ou "perdido".

-- E por que você não queria me apresentar ele, hein? Por que sempre que você some sem avisar você tá com esse rapaz? Eu tenho medo da influência dele, meu filho... Você é muito novo...

-- Novo pra certas coisas, né? Pra outras a senhora vive dizendo que eu sou grandinho.

Minha mãe me olhou com uma expressão que era quase como dizer "me ajuda, pelo amor de Deus". Ela já tinha tido um milhão de conversas com meu irmão, mas as coisas não pareciam mudar. Ela se sentia sozinha na educação dele. Meus pais eram separados há cinco anos, e o Gui era pequeno quando isso aconteceu. Se foi uma barra pra mim na época, imagina pra ele. Ele começou a ficar irritadiço, desleixado, rebelde. Frequentou até psicóloga durante um tempo, mais ou menos até os treze anos, mas depois disse que não queria mais ir e simplesmente não tinha quem o tirasse de casa. Eu conversava com ele várias vezes, realmente me preocupava, mas não brigava como a minha mãe fazia. Na maioria das vezes ele me escutava e melhorava o comportamento por um tempo, mas aí voltava a aprontar de novo.

-- Calma, dona Sandra -- eu disse a ela, sorrindo. -- Eu e o Gui vamos conversar sobre esse amigo dele, não é, Gui? Ele vai me apresentar a ele -- eu olhei pra ele, sentado no fundo do carro, e ele só me encarou emburrado. Depois voltou a olhar pela janela.

Minha mãe reclamou mais algumas coisas mas depois ficamos em silêncio. Almocei bem rapidinho e fui para o meu quarto para estudar as provas que já estavam batendo na porta e na minha cara. A tarde passou bem devagar, eu não via a hora de o Eric me mandar a bendita mensagem dizendo como estavam as coisas lá. Pensei em mandar primeiro, mas pelo horário a irmã dele já devia ter chegado e eles deveriam estar no meio da reunião de família. Eu estava nervosa.

Jantei, tomei banho, assisti um dois episódios da série que estava acompanhando e nada do Eric dar sinal de vida. Já era quase dez da noite. Quando eu já tinha decidido entrar em contato, com o celular na mão, a tela acende anunciando uma mensagem dele no whatsapp.


Eric: "Boa noite, amor! Desculpa a demora, só tive tempo livre agora."
Renata: "Tá tudo bem, sem problemas! E aí? Me conta como foram as coisas!"
Eric: "Ela chegou aqui em casa de tarde. A Ali tava no cursinho, tive que recepcionar ela sozinha com os meus pais."
Renata: "E como ela é? Ela é legal, simpática? Vocês se deram bem?"
Eric: "Ela é normal. É simpática sim, bem educada. A gente não conversou muito, eu e ela, porque meu pai encheu a menina de perguntas a noite toda [emoticon revirando os olhos]"
Renata: "É questão de tempo, vocês vão ter oportunidade ainda. Ela se parece com você? Como ela é?"
Eric: "Não parece muito, acho que ela puxou mais a mãe. Nossos olhos se parecem um pouco. A Alison disse que ela é bonita, mas eu achei normal. Amanhã você vai conhecê-la."

Meu coração acelerou. Gente, eu não sei se tava preparada pra ter outra cunhada assim, vinda de lugar nenhum!

Renata: "Com certeza vamos nos dar bem. Se ela tem o mesmo gene da sua família, deve ser bem gente boa."
Eric: "Ela parece ser. Tô mais tranquilo agora que a gente finalmente se conheceu. Tirei um peso das costas."
Renata: "Onde você tá agora?"
Eric: "Tô no meu quarto. Quer vir aqui ficar comigo? Dá tempo. [emoticon com cara de safado]"
Renata: "Não, seu besta! Queria saber se vocês ainda estavam juntos, conversando."
Eric: "Ah, não, ela tá no quarto de hóspedes. É lá que vai ser o quarto dela. Depois de alugar a menina a noite toda, meu pai dispensou ela, dizendo que ela deveria estar cansada da viagem e ainda tinha que arrumar as coisas. Eu queria conversar mais, mas ela foi logo pro quarto."
Renata: "Entendi. Amanhã a gente vê como as coisas vão ficar. Mas tá tudo bem mesmo, né?"
Eric: "Tá sim, amor, fica tranquila. Vou indo dormir aqui, já que você não quer vir dormir comigo... :("
Renata: "Ai, não fala assim. Você sabe que se eu pudesse eu iria. Tô cansadona, vou dormir também."
Eric: "E você sabe que pode, se quisesse realmente vir. Enfim, boa noite, amor. Dorme bem, te vejo amanhã."
Renata: "Boa noite, lindo! Sonha comigo :*"

Bloqueei o celular, encostei a cabeça no travesseiro e apaguei em poucos minutos.

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Acordei mais cedo que de costume para o horário de um sábado. Era por um bom motivo, eu ia apoiar o Eric nos problemas lá da casa dele. Levantei, tomei um banho, tomei café e me arrumei para ir para lá. Minha mãe me deixou na casa dele e disse que me buscaria mais tarde. Eu respirei bem fundo antes de tocar a campainha daquela casa que era quase uma mansão. Esperei alguém atender.

-- Oi, Rê -- a Ali abriu a porta, me cumprimentando e sorrindo. Não parecia com raiva, triste ou tensa. Bom sinal, as coisas por ali estavam bem.

-- Oi, Ali, bom dia! -- eu disse, entrando na casa. -- O Eric já acordou?

-- Já sim, ele tá ali na sala com meus pais. Entra, pode ir lá.

Eu fui com o coração parecendo que tava batendo na garganta. Minhas mãos suavam. Acho que era assim que eles deveriam estar ontem, esperando a tal da Sara chegar. Será que ela estava ali na sala com eles? Fui preparada para encontrá-la, mas por sorte só estava o Eric e os pais.

-- Oi, amor! -- ele levantou do sofá e veio me cumprimentar com um beijinho.

-- Oi! -- eu sorri pra ele. -- Bom dia dona Miranda, bom dia seu Jorge.

-- Olá, Renata -- o pai do Eric me cumprimentou, mostrando um sorriso por trás da barba espessa e escura. A mãe dele só assentiu com a cabeça, não parecia estar de bom humor.

Escutei um barulho de uma porta se fechando no andar de cima. Meu coração acelerou ainda mais. Eric envolveu minha mão na sua.

-- Ei, calma -- ele tentou me tranquilizar. -- Tá tudo bem. Ela já deve estar descendo.

Antes que eu abrisse minha boca para responder, meus olhos captaram um vulto parando no alto da escada, no andar de cima. Eu olhei para ela e ela me olhou de volta, uma expressão curiosa.

Meu coração acelerou tão rápido, mas tão rápido, que chegou a doer no peito. Acho que dava até pro pessoal em volta ouvir as batidas. Senti meu sangue todo correr para os pés enquanto olhava, ou melhor, encarava fixamente enquanto a menina descia as escadas lentamente. Eu só consegui desgrudar meu olhar do seu para analisá-la de cima a baixo. Ela era alta, magra, um corpo de dar inveja a qualquer modelo. Os cabelos loiros escuros longos e lisos jogados para um lado. Vestia um short jeans simples, uma camiseta branca. Eric disse que Alison havia achado a menina bonita, mas era mentira. Porra, a menina era linda! A pele clara mas um pouco bronzeada, os traços do rosto fino, feminino... Os lábios bem desenhados, em um tom rosinha. Como é que eu pude perceber tanta coisa numa pessoa em tão pouco tempo? Eu parecia hipnotizada.

A menina finalmente desceu e parou no pé da escada. Olhou pra mim, olhou pro Eric, depois de novo pra mim. Assim de perto, o olhar dela me deixou mais nervosa ainda. Realmente parecia com o olhar do meu namorado, mas o tom de verde dela era mais puxado para o azul, enquanto o dele era mais puxado pro castanho. Eu engoli em seco e sustentei aqueles olhos lindos nos meus.

-- Rê, essa é... Bom... -- o Eric começou, pigarreou, parecia sem jeito. Eu não sabia o que dizer, a Alison e os pais dele nos encaravam.

Foi a menina quem tomou a atitude, deu um passo a frente, ficando mais próxima a mim. O cheiro dela invadiu meu nariz com toda força, me deixou inebriada.

-- Prazer, meu nome é Sara. Sou a irmã do Eric e da Alison -- ela disse, estendendo a mão pra mim.


Notas Finais


Eita, Renata! hahahaha


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