1. Spirit Fanfics >
  2. Are you my clarity? >
  3. Disputada

História Are you my clarity? - Disputada


Escrita por: itsmejubs

Capítulo 5 - Disputada


Manhã normal, dia normal. Lá estava eu, mais uma vez, seguindo o velho caminho pelo corredor do colégio até o meu armário. Eric, como sempre, estava lá encostado nele, um sorriso lindo estampado no rosto. Sorri de volta pra ele e ele me puxou pra dar um selinho.

-- Bom dia, coisa linda -- ele cumprimentou.

-- Bom dia! -- ser bem tratada assim, logo de manhã, dá pra animar o humor de qualquer um.

Enquanto eu abria meu armário e pegava meus livros, Gabriela apareceu do meu lado praticamente saltitando.

-- Bom dia, amores da minha vida! -- um beijão estalado no meu rosto, um abraço apertado no Eric. Ninguém entendeu nada.

-- Já vi que alguém acordou com o humor lá em cima, né? -- não podia deixar essa passar.

-- Nas alturas! Preciso te contar como foi a saída com o Ítalo no sábado! Ele me buscou em casa de carro, a aventura começa aí. Eu nem sabia que ele tinha carro! -- e destrambelhou a falar, nem respirava direito entre as frases.

-- Ei, não quero saber dessas coisas -- Eric reclamou. -- Te vejo na hora do intervalo, amor. Vou ali encontrar os caras.

Eric se afastou e Gabriela revirou os olhos:

-- Vocês dois não andam se pegando não, é? Esse menino anda de muito mau humor.

-- Na verdade, Gabi, é você quem anda com um humor bom até demais -- eu ri de leve. -- Anda, continua a história sobre seu boy magia.

-- Então, onde eu tava? Ah sim, o carro! Amiga, dá pra acreditar que ele tem UM CARRO? O cara nem saiu do colégio ainda. E era um carro desses caros, acho que era um Jeep.

-- Deve ser dos pais dele. Um monte de menino aqui do colégio dirige o carro dos pais.

-- Não, ele disse que era dele! Nem em sonho meus pais me dariam um carro antes dos 18. Enfim, ele me levou pra jantar num restaurante super chique no centro... Tão caro que achei que pediriam nosso comprovante de renda na entrada.

Eu só sabia rir com as histórias de Gabriela. Minha amiga era maluca. Ela dava pra fazer parte do elenco de algum filme de patricinhas de Hollywood, porque era o exemplo perfeito de uma. Nós íamos conversando juntas até a porta da nossa sala, quando entrei e pensei ter visto um rosto conhecido sentado em uma das cadeiras. Minha respiração parou na hora, senti meu peito dar um solavanco. Não. Era. Possível.

-- ...e uma pegada sensacional! Nunca tinha sentido isso antes... Ei! -- Gabi chamou minha atenção, eu tava viajando olhando pra pessoa. Ela tava de cabeça baixa, lendo um livro, mas aquela cabeleira loira eu reconheceria de longe. -- Você tá me ignorando!

-- O quê? Não... Gabi, espera. -- eu disse e saí, deixando minha amiga resmungando atrás.

-- Oi -- eu disse, ficando de frente à cadeira da pessoa sentada. Ela levantou a cabeça e seu cheiro subiu pelo ar. Eu engoli em seco e tentei ignorar minhas mãos suadas, meu coração acelerado.

-- Oi! -- ela sorriu. Porra, eu ia ficar assim toda vez que ela sorrisse?

Depois que saí da casa do Eric naquele fim de semana, decidi que precisava tirar essas coisas estranhas da minha cabeça. Eu nunca tinha me sentido atraída por mulher nenhuma, e não seria agora que sentiria. Devia ser só uma primeira impressão muito boa que eu tive dela, ou então achei ela muito bonita, ou qualquer merda que pudesse acontecer. Mas atração não era, eu me fazia acreditar nisso. Os dias foram se passando e eu não a vi mais, nem tive mais notícias, só quando o Eric comentava por cima as coisas que se passavam na casa dele. Segundo ele, a Sara parecia ser bem tranquila, meio na dela, e ainda estava se acostumando às coisas na casa. Tinha um pouco de vergonha até de levantar de madrugada pra comer e incomodar alguém. Mas tudo estava se encaminhando. A única coisa que eu via o Eric reclamar era de que o pai passava agora a maior parte do tempo falando sobre a filha, mimando ela, perguntando a cada segundo como ela estava se sentindo lá e querendo saber sobre seu passado. Sara respondia educadamente, mas não parecia estar tão apaixonada pelo pai quanto ele estava por ela. Lógico que o Eric sentia ciúmes. E segundo ele, para a Alison tanto fazia como tanto fez.

-- Parece que alguém foi matriculada, não é? -- eu disse, tentando manter a aparência descontraída.

-- O Jorge moveu mundos e fundos pra isso acontecer logo. E parece que seremos colegas de sala, né? -- ela piscou pra mim e eu me derreti toda. Por quê, Deus, por quê??? Me diz, o Senhor tá me testando?

-- Ao que tudo indica, sim... Você e o Eric vieram juntos?

-- Sim, viemos andando. Mas ele parou no corredor, disse que ia te esperar, e eu fui procurar a minha sala.

E por que diabos ele não me contou que a Sara já tinha sido matriculada, que era o primeiro dia dela? Eu teria me preparado psicologicamente pra isso. Não tive tempo de abrir a boca pra dizer nada, porque Gabriela encostou onde estávamos e encarou a Sara. Depois me olhou, olhou pra Sara e olhou pra mim de novo, com uma cara que claramente dizia "ei, me apresenta pra novata".

-- Gabi, essa é a Sara -- eu disse, meio sem graça -- Sara, essa é a Gabriela. Gabi, a Sara é a meia irmã do Eric.

Minha amiga não escondeu a cara de surpresa, o queixo despencou na hora. Arregalou os olhos e levou a mão à boca. Deu uma boa analisada na Sara e me olhou.

-- Meu Deus! Sério?? Ai, desculpa! Prazer, Sara -- ela estendeu a mão e a loira apertou, rindo. -- Eu sabia que você vinha, mas não sabia que seria hoje... Você parece... Mais velha.

Eu dei um pisão no pé de Gabriela mas mantive o sorriso no rosto, disfarçando. Ela deu um gritinho e depois disfarçou também.

-- Mas claro, é só impressão... Você é linda, Sara! Que cabelo é esse, menina? E esses olhos?

Gabriela tava se comprometendo mais do que se ajudando. Queria mandar ela calar a boca.

-- Não é impressão, eu sou mais velha mesmo -- Sara respondeu, não parecia ter ficado chateada. -- Tenho vinte anos.

Gabriela despencou o queixo de novo e sua boca se mexeu pra falar algo, mas eu interrompi antes que ela cagasse de novo.

-- Sara, seja muito bem-vinda! Espero que você goste aqui do colégio. Qualquer coisa já sabe, estou por aqui -- eu disse rapidinho e puxei aquela maluca dali.

Colocamos nossas coisas e sentamos no fundo da sala. Olhei pra ela e disse:

-- Você ainda me mata vergonha! A Sara deve estar achando que você é doida.

-- Ai, desculpa, Rê! Passei vergonha mesmo, né? Mas você não deveria me dar uma notícia dessas assim, eu não tava esperando! Ela não se parece naaada com o Eric.

-- Deve ser porque eles não são irmãos dos mesmos pais, né, cabeção? Ela só é filha do pai dele.

-- Os olhos são inegáveis! A desgraçada é bonita. Vai fazer sucesso aqui no colégio, já me vejo perdendo o posto.

Meu estômago embrulhou imaginando as centenas de olhares que a Sara receberia. Além de ser linda, era "carne nova" no pedaço, eu já via o tanto de menino que cairia em cima dela.

-- Que posto, Gabriela? Tá viajando?

-- O posto de mais gostosa do colégio, filha! Tá pensando o que?

Eu ignorei e olhei pra frente, bem a tempo de ver a Sara virando pra nós e sorrindo pra mim. Depois se virou pra frente de novo, porque o professor já entrava na sala.

-- Vocês se conhecem desde quando? -- Gabi perguntou.

-- Tem uma semana, mais ou menos... Um dia depois que ela chegou eu fui vê-la na casa do Eric. Agora, por favor, se comporte na frente dela.

Gabriela só deu um sorrisinho e pegou o celular na bolsa. Vi que ela mandava mensagem pra alguém no whatsapp, mas preferi não pensar que era sobre Sara.

Aquela aula passou arrastada. Biologia é uma matéria que eu gosto, me dou bem, mas tava insuportável prestar atenção. Eu só olhava pra Sara. Maldita hora que sentei no fundo, deveria ter sentado na frente, pelo menos não teria acesso a tudo que ela fazia. Ela nem parecia prestar atenção na aula. Tinha arrumado o cabelo em um coque meio desarrumado no alto da cabeça, e aquilo parecia deixar ela mais linda do que já era. Pegou o livro de Biologia e colocou na frente daquele que ela tava lendo antes, de modo que o professor achasse que ela estava acompanhando a matéria, mas na verdade estava lendo outra coisa. Quis saber que livro era aquele que ela lia tão atentamente. O sinal tocou e acho que fui a primeira da sala a dar um pulo da cadeira. Tava louca pra sair dali, espairecer um pouco.

-- Eita, calma! -- Gabi brincou, pegando o celular e levantando da cadeira. -- Tá fazendo xixi nas calças?

-- Quase isso -- respondi rápido. -- Vamos, preciso ir ao banheiro!

Saímos da sala passando pela Sara, que guardava as coisas na mochila. Eu não tava com vontade real de ir ao banheiro, mas me tranquei em uma cabine e fiquei um pouquinho lá dentro, disfarçando. Aproveitei pra organizar a mente. Precisava agir normalmente, Eric provavelmente apresentaria ela pra todo mundo e teríamos de passar o intervalo juntas. Calma, Renata, respira.

Saí da cabine mais tranquila e voltei com Gabi para a sala de aula. A Sara não estava lá, tinha saído.

-- Tava mandando mensagem pra quem naquela hora? -- não resisti perguntar a Gabriela.

-- Pro grupo do pessoal. Contei sobre a irmã do Eric! Perguntei porque ele não disse pra gente que ela viria hoje.

-- E precisava espalhar assim? A menina vai ficar constrangida.

-- Que nada. Ela parece ser legal. Eric disse que vai apresentar ela oficialmente no intervalo. A Amanda já tava perguntando se ela era bonita. Não apaga nunca esse fogo no cu.

A Amanda? Pela primeira vez me passou pela cabeça a dúvida de qual era a sexualidade da Sara. Hetero? Gay? Bi? Ela não parecia ser lésbica. Mas como quem vê cara não vê fogo no cu, parafraseando minha brilhante amiga Gabriela, é difícil saber. Só perguntando ou esperando pra ver se ela se interessa por alguém. Amanda com certeza jogaria umas indiretas pra testar, e eu já imaginava o Cássio e o Felipe brigando pra ver quem pegaria primeiro.

Depois que a professora já tinha entrado na sala, a Sara voltou. Não olhou pra ninguém, apenas sentou em sua cadeira. Como eu estava sentada no fundo, com visão ampla da turma, vi algumas pessoas comentando baixinho, algumas riam e alguns meninos desidrataram a menina sem dó. Novato sempre sofre.

O sinal do intervalo tocou e eu levantei rápido de novo. Antes que a Sara pensasse em levantar e sair, eu cheguei nela e falei:

-- Ei, quer passar o intervalo com a gente? Conhecer o resto do pessoal? -- sorri.

-- Claro, deixa só eu passar na coordenação primeiro. Preciso pegar um atestado de matrícula -- ela disse, levantando e passando a mão pelo meu braço. Foi um gesto normal, mas minha pele arrepiou todinha com aquele toque. Acho que ela percebeu, mas não falou nada, só saiu andando. Merda, não era pra isso acontecer!

Fomos nos encontrar com o resto do pessoal, Eric, Juliana, Cássio, Felipe e Amanda. Estavam sentados numa mesa no pátio, e quando chegamos nos bombardearam de perguntas:

-- Como assim a irmã do Eric tá aqui?? Por que esse filho da puta não contou nada? -- Cássio, revoltado.

-- Ei, tinha alguma necessidade? -- Eric se defendendo. -- Ela é alguma estrela, por acaso? É uma estudante normal. Eu ia apresentar ela, mas não precisa virar notícia.

Acho que alguém tá com ciúmes. Eric me puxou pra sentar no colo dele.

-- Responde, Gabriela, você não deu as informações todas! Ela é gata? -- Amanda, os olhos brilhando de interesse.

-- Ai, garota, deixa de ser atirada! -- Gabriela. -- Ela é bonita sim, mas acho que não joga no seu time. Pelo menos não parece.

-- Ué, quem é que dizia "quem vê cara não vê fogo no cu"? -- Juliana.

-- Ela gosta de homem -- Cássio, precipitado. -- E vai se interessar por mim. Confirma aí, Eric.

-- Eu não sei de nada não -- ele resmungou -- Ela é normal. galera. Não sei adivinhar a sexualidade de ninguém. Quando ela chegar, vocês perguntam. Cadê ela, amor? Ela acabou caindo na sua sala.

-- Ela disse que iria passar na coordenação e viria pra cá -- respondi.

-- Como ela é? -- Felipe.

-- Já disse, é normal. Não parece muito comigo. -- Eric.

-- Ela é beeeem mais bonita que você, Ericzito -- Gabriela. -- Desculpa a sinceridade, mas é verdade. Parece modelo de capa de revista.

-- Sério? -- Amanda quase babando. -- Já quero dar casa, comida, roupa lavada a ela...

-- Ei, disfarça que ela tá chegando -- Eric.

Indiscretamente, todos olharam na direção que ele tava olhando, inclusive eu. Não dava pra não olhar, gente. Sara vinha andando até nós realmente parecendo uma modelo, o cabelo loiro solto esvoaçando ao vento, a calça jeans marcando as curvas do corpo lindo. Até usando uniforme a criatura parecia um anjo.

-- Puta que pariu -- foi só o que Felipe disse. Acho que explanou o pensamento de todo mundo ali.

Ela finalmente se aproximou de nós, mas manteve certa distância da mesa. Todo mundo encarava a coitada fixamente. Ela tava super sem graça, o rosto vermelho.

-- Chega aqui, Sara! -- Eric fez um gesto com a mão. Ela veio. -- Galera, essa é a Sara, minha meia irmã. Esses são Felipe, Cássio, Juliana, Amanda, Gabriela... A Rê você já conhece.

-- Oi -- ela sorriu, tímida, e se possível, fez os meninos e Amanda babarem mais ainda.

-- Olá -- Cássio, abrindo um sorrisão. -- Prazer em conhecê-la, Sara.

-- Senta aqui com a gente -- Ju, simpática, afastando um pouco no banco para ela ter espaço pra sentar. Ela se sentou entre Ju e nós, eu sentada no colo do Eric.

-- Então, Sara... Tá gostando do colégio? -- Amanda atirada.

-- O professor de Biologia é insuportável -- ela comentou, sincera, e todos rimos. -- Fora isso, acho que é tranquilo. Eu gostei do ambiente.

-- E as pessoas? -- Cássio não disfarçou. Felipe fuzilou ele com o olhar. -- Já conheceu os colegas?

-- Na verdade, vocês são as primeiras pessoas com quem eu converso. Só conheci uma menina de outra turma que me ajudou a achar minha sala mais cedo.

-- Qualquer coisa que você precisar, se tiver dúvida, pode falar com a gente -- Ju. -- É difícil mesmo se acostumar no início.

O pessoal estava sendo bem simpático com ela, e pela cara do Eric ele não tava gostando muito disso. Tava meio carrancudo.

-- Você perdeu muito assunto até agora, já tem mais de um mês que as aulas começaram -- Gabriela. -- Se você quiser, eu te empresto meu caderno pra estudar.

-- Até parece que você anota alguma coisa, Gabriela -- Felipe. -- Posso emprestar o meu, eu copio até o espirro que o professor dá.

Eu revirei os olhos. Já tava ficando feia aquela disputa de atenção. A Sara sorriu e disse:

-- Tudo bem, gente, acho que já conheço os assuntos do terceiro ano de cabeça.

-- Como assim? -- Ju. -- Fez cursinho ou é repetente?

-- Sou repetente um ano só -- Sara. -- Depois fui expulsa do colégio onde estudava, e por uns motivos pessoais tive que largar os estudos por um tempo. -- ela pareceu ficar triste tocando no assunto, os olhos perderam-se num ponto fixo.

-- Então você deve ter facilidade em tudo, né? -- eu disse, tentando arrancar ela desses pensamentos.

-- Se vocês quiserem, eu empresto meus cadernos antigos pra vocês estudarem -- ela sorriu e eu sorri pra ela de volta.

-- De onde você é, Sara? -- Amanda fazendo a ficha da menina.

E assim o papo seguiu até o intervalo acabar. Encheram Sara de perguntas, quantos anos ela tinha, o que gostava de fazer da vida, o que estava achando da cidade... Perguntaram até se ela tava comprometida! Essa foi o Felipe que soltou. Ela riu e disse que não, acho que deu até pra ouvir o suspiro de alívio dele. Os meninos investindo pesado e a Amanda, coitada, toda esperançosa de ela reagir a alguma indireta. Mas nada. Sara só era educada com todo mundo.

A manhã acabou e eu estava esperando minha mãe na porta do colégio, junto com o Guilherme. Eric e Sara passaram por nós, indo para casa, e meu namorado me deu um selinho de despedida. Sara só sorriu e piscou, me deixando mais feliz do que me senti com o Eric me beijando. Tem alguma coisa errada. Muito, mas MUITO errada aqui.


Notas Finais


Não sei se tenho mais pena da Renata ou do Eric hahuahuha


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...