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História Are you my clarity? - Segredos


Escrita por: itsmejubs

Notas do Autor


Me esperem nas notas finais porque precisamos discutir o relacionamento KKK
Ademais, boa leitura!

Capítulo 9 - Segredos



Acordei de mau humor no domingo porque sim. Primeiramente, estava com uma ressaca insuportável, quase não levanto da cama pela manhã. Segundamente, a festa na casa do Ítalo foi um saco. Não que o ambiente não estivesse animado, mas o clima pra mim não tava bom. Além de ter que ficar vendo o Felipe e a Amanda disputarem a Sara a noite inteira, eu ainda tinha perdido a oportunidade de ter a resposta que ia sanar a dúvida de todo mundo: a orientação sexual da loira. Depois que a Gabi me puxou e interrompeu nossa conversa, Sara fugiu de mim a noite toda, evitava qualquer situação em que pudéssemos ficar a sós e não dava muita abertura para as nossas conversas. É, acho que ela não queria mesmo responder a pergunta.

O Eric tinha ido lá pra casa naquela tarde, ele tinha chegado de viagem pela manhã. Destrinchou com detalhes a festa de casamento do tio, dizendo que nunca tinha tomado tanto whisky importado numa noite só, e que só não tinha gostado de ter que usar gravata o tempo todo. Ele odiava. Eu me sentia mal porque simplesmente não estava prestando atenção no que meu namorado dizia, minha cabeça estava latejando e eu só queria voltar a dormir.

-- Você não tá prestando atenção em mim – ele percebeu e reclamou.

-- Desculpa, amor... É que eu tô quase naqueles dias, tô me sentindo péssima. Minha cabeça tá estourando – menti, massageando as têmporas com as mãos.

-- Naqueles dias, é? Isso pra mim tem outro nome. Ressaca – ele fechou a cara. Não gostava quando eu bebia muito, mas eu não tava com a mínima paciência pra discutir.

-- É, talvez seja, tanto faz – disse, meio seca, e me joguei na cama. Estávamos no meu quarto.

-- Foi mal, Rê, não queria parecer grosso – deitou na cama ao meu lado. – Quer que eu te faça uma massagem pra você relaxar?

-- Só a massagem? – perguntei, porque sabia que esse menino era cheio de segundas intenções.

-- Bom, a princípio... Mas não garanto nada – sorriu malicioso.

-- Então deixa pra lá. Vamos só ficar deitadinhos aqui mesmo – virei de lado e puxei ele pra me abraçar por trás, numa conchinha.

Ele resmungou mas me abraçou. Estava começando a adormecer quando escutei o barulho de uma mensagem chegando no celular. Nem me mexi pra pegar, achei que estava sonhando. O Eric levantou da cama e disse:

-- Foi o meu celular – e voltou a deitar comigo.

Alguns minutos depois ele levantou da cama de novo. Não movi um músculo. Ouvi a porta do quarto abrir, e depois de um tempinho fechar. Eric sentou na cama e sussurrou perto do meu rosto:

-- Amor...? Tá dormindo?

Como é que você faz esse tipo de pergunta a alguém que claramente tá cochilando? Ai, gente, desculpa, mas tô de péssimo humor hoje.

-- Hummmm... – grunhi em resposta.

-- Vou precisar ir pra casa agora – ele continou. – Tá rolando uma coisa tensa por lá.

-- Coisa tensa? – eu enfim abri os olhos, me virei e olhei pra ele. – Como assim?

-- A Sara sumiu.

-- A Sara o quê? – meu coração acelerou.

-- Ninguém sabe onde ela tá, ela saiu de manhã, tá quase anoitecendo e nada de ela aparecer. Ligam pro celular e ela não atende.

-- Como é que é? – levantei da cama num pulo. Minha dor de cabeça parece que passou num piscar de olhos, agora eu estava bem acordada. E preocupada. – Posso ir com você pra sua casa?

-- Ia te chamar agora. – ele disse, indo rápido até a porta do quarto. – Vamos logo, até eu estou preocupado com ela.

O Eric estava com o carro da mãe naquele dia, então chegamos rápido à casa dele. Abrimos a porta e estava Alison e os pais dele sentados no sofá. Todos numa expressão tensa.

-- Ela apareceu? – Eric perguntou, mas a resposta tava estampada na cara deles.

-- Ainda não – Alison. – Não atende o celular de jeito nenhum, acabamos de tentar de novo.

Meu namorado parecia meio agitado, eu nunca imaginei que ele fosse ficar assim por causa da Sara. Parecia nem gostar muito dela, era todo indiferente, todo frio. Eu tentava demonstrar calma mas por dentro estava surtando. Tinha visto a garota na noite anterior e agora ela estava desaparecida.

-- Ela não disse pra onde ia? – perguntei, mesmo sabendo que aquele era um assunto de família. Mas eu não podia resistir, tava preocupada também.

-- Disse que ia resolver uns problemas da mãe e logo voltava, mas até agora nada.

Problemas da mãe? Ela tinha me dito a mesma coisa há algumas semanas, quando eu estava aqui na casa do Eric e logo após... Bom, logo após a gente quase se beijar no sofá da sala.

-- Que problemas são esses que ela sempre tem que resolver? – dona Miranda, mãe do Eric, perguntou pra ninguém em específico.

-- Não faço a mínima ideia – seu Jorge, num tom sombrio.

De repente, ouvimos o som da porta da frente destrancando. Nos voltamos para olhar, o silêncio era aterrador, só o barulho da porta abrindo. Aí aquele rostinho lindo de olhos claros surgiu, uma expressão que era um misto de tensão e medo.

-- Graças a Deus! – Jorge levantou num pulo, correu até Sara e abraçou com força. Olhei pro Eric e toda a preocupação dele havia sumido, agora ele apertava os olhos para o pai e a irmã se abraçando.
Logo dona Miranda se juntou a eles, mas seu Jorge não desgrudava da Sara. Ela correspondia ao abraço de olhos fechados.

-- Ainda bem que você chegou, que está bem, que está aqui... – o pai passava as mãos pelos cabelos, rosto da filha, como se quisesse confirmar que ela era real. – Onde você estava, minha filha, o que aconteceu?

Acho que eu nunca tinha visto o pai do Eric ser tão cuidadoso com ele ou com a Alison como demonstrou ser ali com a Sara. Agora eu entendia o motivo dos ciúmes de Eric.

-- É, Sara, onde você estava? – Eric instigou, mas dava pra sentir a raiva na voz dele.

-- Tenho que pedir desculpa a vocês – ela começou, uma voz baixa, parecia meio atordoada. – Meu celular descarregou, eu não tive como avisar a ninguém. A agência do banco onde eu ia resolver as coisas da minha mãe estava fechada, tive de pegar um ônibus até o subúrbio pra ir em outra agência. Acabei demorando lá... E peguei engarrafamento na volta, só consegui chegar agora...

Seu Jorge sorriu e abraçou ela com força de novo. Eric, ao meu lado, se mexeu e bufou. Não parecia ter acreditado muito. A Alison continuava sentada no sofá, analisando a cena toda.

-- Por que não voltou pra casa e nos avisou? – dona Miranda. – Eu fiquei aqui o dia inteiro, poderia ter te levado de carro até lá. Ou então podíamos ter ido resolver outro dia.

-- Desculpa mesmo, dona Miranda, não queria incomodar... Vocês não precisam ter que ficar resolvendo as coisas da minha mãe, não é papel de vocês – Sara disse, mas não foi num tom hostil, foi sincero. Acho que ela não queria encher o saco de ninguém com o assunto.

-- Tudo bem, o importante é que você está aqui agora – seu Jorge. – Essas coisas acontecem. Na próxima tente ligar a cobrar de um orelhão, pegar o celular de alguém na rua emprestado e mandar uma mensagem... Não tenha vergonha.

-- Obrigada, de verdade – Sara sorriu, mas foi meio forçado. Era só eu que tava percebendo que tinha alguma coisa errada naquilo tudo? – Perdão mais uma vez, mas vocês me dão licença? Passei o dia inteiro na rua, suei, preciso de um banho. Tô muito cansada.

-- Claro, claro... – dona Miranda. – Vamos, Jorge, precisamos ir ao mercado hoje ainda. A Sara está bem, nada aconteceu.

-- Vamos. Se precisarem de alguma coisa, crianças, liguem. Liguem mesmo, não hesitem.

A Sara passou por nós e subiu as escadas em direção ao quarto. Eric estava de braços cruzados, eu em pé ao lado dele, Alison sentada no sofá. Os pais deles saíram e ficamos só nós três ali na sala. Eu me sentia aliviada, de verdade, por nada ter acontecido com ela. Quando a vi chegar naquela porta parecia que tinha tirado mil quilos dos ombros. Mas meu sexto sentido me dizia que algo estava errado.

-- Você acreditou nessa história, Ali? – Eric perguntou pra irmã.

-- Parece plausível – ela respondeu numa voz calma. – Você não acreditou?

-- Claro que não. Aí tem coisa...

-- É, ela parecia mesmo meio nervosa. Até porque... – falou isso e se calou.

-- Até porque o quê, Alison? – Eric.

-- Os bancos não abrem aos domingos.

Nós três nos entreolhamos, a ficha pareceu ter caído. Como é que ela tinha ido ao banco resolver algo se nem estava aberto hoje? A não ser que ela tenha ido ao caixa eletrônico, mas aí não precisava ir tão longe, bastava utilizar um caixa 24h desses espalhados por aí.

-- Essa menina tem algum podre escondido – Eric disse, uma voz sinistra.

-- Se não for verdade, amor, certamente deve ser algo que ela não quer contar agora – eu disse, tentando acalmar os ânimos. – Não necessariamente uma coisa ruim. Ela não parece ser uma pessoa ruim.

-- Não sabemos nada dela! – ele rosnou. – Eu tava certo em trancar a porta do quarto quando ia dormir. Essa garota não é confiável.

-- Para com isso, Eric – repreendi, não gostei dele falando assim da Sara. Se ela tivesse mentido, eu não acreditava que ela fosse mesmo ruim. A energia boa que eu sentia perto dela, o jeito dela de falar, de olhar pras pessoas... Não, ela não era má pessoa. – Tá tirando conclusão precipitada. Você não a conhece ainda.

-- É, é melhor se acalmar, Eric – Alison finalmente levantou e se dirigiu às escadas. – Seja o que for, a gente vai saber na hora certa. E nada de ficar julgando a menina, a vida dela não tá sendo nada fácil ultimamente.

Eric não deu o braço a torcer, mas não tocou mais no assunto. Respirou fundo e me olhou:

-- Quer que eu te leve em casa ou quer ficar aqui mais um pouquinho?

-- Você quer que eu fique? – achei a pergunta necessária, o clima ali na casa era pesado.

-- Quero – ele segurou meu rosto com as mãos e me beijou. – Você sempre acalma tudo, me faz muito bem.

-- Então eu fico – acariciei seu rosto. – Posso pedir uma coisa? Promete que não fica chateado?

-- O quê? – ele arregalou os olhos e me olhou. – Por favor, chega de emoções por hoje.

-- Posso ir lá conversar com a Sara? Pra esclarecer mais essa história, talvez ela precise conversar com alguém. Parecia meio assustada. 

-- Sério? Você quer conversar com ela? Por que fica defendendo, hein? Você às vezes é simpática demais, ingênua demais, amor. Quer ajudar todo mundo, mas nem todo mundo merece ser ajudado...

-- Você me deixa triste falando essas coisas, Eric, sério. Não tô defendendo ninguém, só quero saber do lado dela o que tá se passando. Não esquenta, vai ser rapidinho.

-- Tá, tanto faz. Vou esperar aqui embaixo. Qualquer coisa já sabe, grita.

-- Não vou gritar – franzi o cenho pra ele. – Ela não vai fazer nada comigo, não tenho medo dela.

Subi as escadas e cheguei na porta do quarto dela. Encostei o ouvido pra ver se escutava algo, ouvi o barulho do chuveiro, acho que ela estava tomando banho. Bati na porta, chamei seu nome, ela não respondeu. Acho que não ouviu. Com toda a ousadia do mundo, girei a maçaneta e entrei.

O quarto ainda estava decorado com alguns móveis que eram do quarto de hóspedes, antes de se tornar o quarto dela, mas algumas coisas haviam mudado. Havia um guarda-roupa maior, uma cama nova maior que a antiga, alguns quadros de paisagens feitos à mão por alguém muito talentoso. Sentei na cama enquanto esperava, olhei pro criado-mudo ao lado da cabeceira. Tinha um porta-retrato ali, com uma foto de uma mulher abraçada a uma criança. Peguei a peça para analisar melhor.

Era uma mulher em torno de uns 35 anos, loira, olhos azuis, com um sorriso tão grande no rosto que fazia os olhos ficarem pequeninhos. Era muito bonita. Trazia nos braços uma garotinha, também loira, de maria chiquinha nos cabelos, usando um vestido estampado com flores. O sorriso dela faltava alguns dentes na frente, mas era tão aberto quanto o da moça que a abraçava. Parecia um riso solto, sincero, contagiante. Não pude deixar de sorrir também olhando a foto. A paisagem do fundo era um gramado verdejante, várias flores permeavam o caminho e deixavam tudo mais colorido. Que fotografia linda, passava uma nostalgia, uma sensação de paz...

Fui interrompida dos meus pensamentos com a porta do banheiro abrindo. Sara levou um susto ao me ver ali, alçou as sobrancelhas e franziu o cenho. Estava só de toalha, os cabelos úmidos, um cheirinho gostoso de sabonete subindo no ar. Linda, sexy, atraente até daquele jeito. Aquele anjo não podia ter algum podre escondido. Eu me recusava a acreditar. Meu coração, que descompassou no peito ao vê-la, também se recusava.


-- Oi... – eu disse, baixinho. Sara encarava minhas mãos. Ops, tinha sido pega no flagra. – Desculpa, eu vi de longe e quis olhar melhor. É a sua mãe, né? Com você no colo?


-- É sim – ela se aproximou de mim, pegou o porta retrato da minha mão e olhou pra ele. Suspirou fundo e fechou os olhos. – Você quer alguma coisa comigo?


-- Quero saber como você está – eu disse, sincera. Ela tava ali tão perto de mim, cheirosa, só de toalha, senti meu corpo formigar. Eu não ia deixar nunca de ter essas sensações? -- Você parecia meio tensa lá embaixo... Aconteceu alguma coisa, Sara?

-- Eu estou bem -- a voz dela não tinha firmeza. -- Não aconteceu nada não, Rê. Relaxa.

-- Eu sei que não tá tudo bem, mas tá ok se você não quiser me contar. Só quero que você saiba que tem uma amiga se precisar desabafar. Eu tô aqui, pode me procurar.

-- Certo, obrigada...

-- E para de me agradecer desse jeito, toda formal, porque eu tô falando sério. Não é um favor, eu realmente quero te ajudar...

-- Mas não tem nada para ajudar -- agora ela tava séria, seus olhos estreitaram. Tá, entendi o recado, ela não queria tocar no assunto. -- Mas se eu precisar, eu falo com você, não se preocupa.

-- Seus olhos mudaram com seu humor agora -- eu disse, abrindo um sorriso, tentando apaziguar o clima tenso que tinha se formado. Ela relaxou e acabou sorrindo também.

-- Foi mesmo? Como eles ficaram?

-- Soltando raios pra mim -- ela riu, tão fofinha. Não resisti e levantei da cama, fiquei de frente a ela e a abracei.

Era a primeira vez que eu a abraçava assim, sentindo seu corpo todo no meu, era um abraço com vontade. Ela correspondeu. Seu corpo estava fresco por causa do banho, já o meu estava quente por estar ali perto dela. Percebi que foi péssima ideia a gente ter se abraçado. O cheiro da Sara pós-banho, seu corpo coberto só pela toalha, seus braços envolvendo com firmeza minha cintura... Enterrei meu nariz na dobra entre o ombro e o pescoço dela e aspirei discretamente. Seria um abraço normal entre amigas se não tivesse aquela tensão sexual rolando ali. Mas quem eu tô tentando enganar? A Sara poderia ser qualquer porra minha, mas não era sentimento de amiga o que eu tinha por ela.

Senti que ela arrepiou quando cheirei seu pescoço. Apertou mais seus braços ao meu redor e eu já tava toda mole, quase entregue. E minha cabeça rodando a mil por hora...

-- Sara... -- eu sussurrei perto de seu ouvido, ela estremeceu. Naquela hora eu entendi que não era só eu que me sentia atraída. Não podia ser só eu.

-- Oi? -- ela respondeu com um fio de voz.

Não disse mais nada, tirei meu rosto de seu pescoço e olhei pra ela. Nossos rostos bem próximos como já estiveram antes, mas o ar agora era muito mais intenso. Parecia uma quase coisa magnética. Olhei fundo naqueles olhos, agora num tom de azul claro já conhecido. Desci meu olhar pra sua boca, entreaberta, os lábios vermelhinhos. Ela passou a língua devagar entre eles num gesto involuntário de quem se prepara para um beijo. Inclinei minha cabeça em sua direção, ela fechou os olhos... Eu não ia conseguir resistir.
 


Notas Finais


Galerinha, primeiramente peço desculpas por não ter postado ontem, meu dia foi corridão. O que eu queria avisar é que o próx capítulo é no tão esperado POV da Sara. Tá grandinho, mas é necessário, peço que vocês leiam com carinho <3 Não dividi esse em dois pra não quebrar a narrativa. A história vai dar um "break" no próximo capítulo, mas nada demais, vocês vão entender quando eu postar. E MUITO OBRIGADA pra galera que tá comentando e favoritando!! Meu coração é de vocês, valeuzão mesmo!


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